Wednesday, January 04, 2006

Welcome to Japan!

Do drio de Miyako Kinoshita

Desde que cheguei de Beauxbatons para passar as férias com a família, que minha vida havia se tornado um tédio... Ficava em casa o dia todo, comendo, lendo e escrevendo para Gabriel e Ty... Teve dias em que nem sabia mais o que lhes escrever, então mandava bilhetes do tipo: Oi, tudo bem? Beijos, Miyako! Achando que não iria melhorar, mas chegando à conclusão de que pior não ficaria, apenas me conformei em ficar o dia inteiro encarando as moscas.

Mamãe lamentava muito não poder ficar mais tempo em casa mas me dizia que devia sair pois os negócios da família não podiam estancar. Tia Yhara passou o Natal conosco e embarcou para o Havaí... Até iria com ela, mas para variar ela não tinha uma data certa de regresso! Tio Yuri não parava em casa e dava plantões todos os dias no St.Hishus enquanto o Tio Yoshi trancafiava-se no laboratório de poções que montara em casa e só dava as caras no jantar. Ele tinha uma expressão tão tensa no rosto que mal me atrevia a falar qualquer coisa com ele.

Então, uma idéia meio louca me surgiu... Entusiasmei na hora, mas depois a deixei de lado, falando para mim mesma que não seria possível acontecer! Havia comentado com mamãe e ela não disse nada, mas enquanto eu conversava com as paredes do meu quarto, ela planejava tudo! Mandou cartas e mais cartas e como recebeu respostas afirmativas, um dia após a virada do ano ela me deu a melhor notícia das férias: Mi, é bom descansar muito hoje, porque dois amigos seus chegarão aqui amanhã! Nem acreditei momentaneamente, mas uma onda de animação transbordou que eu mal consegui dormir planejando nossos passeios...

Acordei no outro dia com um sorriso de orelha a orelha e me posicionei diante da lareira esperando. Com um estalinho, alguém de cabelos bem vermelhos brotou nas chamas se espanando e olhando ao redor.


GS: Nossa! Finalmente... Acho que a sua é a última das lareiras do sistema de flú!

MK: Ah, eu nem acredito que sua mãe deixou você vir passar essa última semana comigo...

GS: Nem eu! Pra falar a verdade, eu acho que ela me despachou pra não ter que me matar! Estava de castigo por tempo indeterminado depois o Reveillon... Achei que ela me proibiria de vir.

MK: Acho que ela deixou pela minha insistência também... Fiz mamãe ligar todos os dias para a sua pedindo que você viesse! A mãe do Ty não foi tão difícil como a sua...


Ouvimos um barulho das chamas novamente e lá estava Ty sacudindo a capa e arrumando os cabelos. Ele saiu da lareira nos sorrindo satisfeito.


TM: Como estão? Nossa alfabetinho, que casa legal! Estranho... Quando saí de casa estava de noite, o céu cheio de estrelinhas, e olha lá, mal amanheceu no Japão! Esse negócio do fuso horário é bem interessante...

MK: Vamos logo! Temos muitos lugares pra ir hoje...


Os meninos deixaram as malas no quarto de hóspedes e saímos de casa. O sol tinha acabado de nascer quando chegamos ao centro da cidade... Passávamos pelas lojas e eles faziam comentários dos lugares. Quando passamos em frente de uma loja de kimonos, Ty parou diante a vitrine e um sorriso se estampou. Sem que falasse mais qualquer coisa, nos arrastou pra dentro da loja e olhava as prateleiras...


MK: Er... Ty, pra que você quer kimonos?

TM: Oras, estamos no Japão não é mesmo? Temos que nos vestir adequadamente... Olha só você de kimono! Não quero andar com você e todo mundo me olhando e tendo a certeza de que sou um turista... Anda Gabriel, escolhe um pra você! Já escolhi o meu.

GS: Ah, não, obrigado! Não nego minhas origens... Sou turista, andarei como um!


Ty deu de ombros e saiu todo animado pra dentro do provador. Quando saiu vestindo um kimono que mais parecia roupa de cigano e se achando o máximo com aquilo, Gabriel entrou na onda e pegou um pra ele também... Quando os dois estavam devidamente vestidos, Ty escolheu um kimono de seda pra mãe dele e tentou fazer mímicas para a vendedora, querendo que ela embrulhasse. Depois de ter que falar com a ela e finalmente sairmos da loja totalmente caracterizados, pegamos um metrô até a saída de Tokyo e descemos... Levei-os por uma estrada e a temperatura estava abaixando a cada passo...


TM: Ok, já fiz meus exercícios diários! Podemos voltar?

GS: Ótima idéia!

MK: Ei, calma... Já estamos chegando... Pronto! Olhem pra cima!


Estávamos ao pé do Mont Fuji. A neve havia coberto todo o topo, e no caminho tinham seis marcas de pés que pareciam marcha. Os meninos olharam pra cima chocados... Fizemos guerra de bola de neve e depois, quando já estávamos totalmente molhados, voltamos para Tokyo...


GS: Aonde vamos agora?

MK: Tokyo Tower... Vamos subir até o topo dela! De lá vocês terão uma visão completa da cidade!

TM: Ótimo, tudo que meu pé precisa é de mais escada...


Andamos, andamos, andamos e chegamos aos pés da torre. Pegamos o elevador até o topo e subimos. A vista lá de cima era incomparável... Dava pra enxergar no chão minúsculos pontinhos andando e a linha escura do metrô contornando rapidamente a cidade. Quando chegamos à conclusão de que estávamos com fome, digo, quando Ty nos convenceu de que estava com fome, segui pelo centro da cidade procurando um restaurante... As ruas agora estavam movimentadas e o sol forte. Entramos em um restaurante quase vazio e os levei ao fundo.


TM: Ué, roubaram as mesas do restaurante?

MK: Almoçamos no chão Ty... Senta aí nessa almofada!


Ele e Gabriel sentaram e pegaram os cardápios olhando chocados...


GS: Isso mais parece um caderno de desenhos do que um cardápio! O que são esse monte de desenhos?

MK: Não são desenhos... É o nosso alfabeto!

GS: Ah, agora me ficou claro... Esse aqui parece uma pata! Quer dizer que um dos pratos é pato assado?

TM: Blergh... Não tem McDonald’s?

MK: Tem, mas do outro lado da cidade! Quer caminhar até lá?

TM: Hum... Fico com o pato, agradecido!

MK: Aqui não tem pato! Só comidas japonesas... O que querem? Sushi? Sashimi? Yakisoba?

GS: Dá pra parar de me xingar?

MK: Vou querer sushi... Arroz e peixe enroladinhos como panquecas! O Yakisoba é um macarrão com muitos tipos de verduras e o Sashimi é peixe...

GS: Nada de peixes! Fico com o macarrão vegetariano...

TM: Dois!

Chamei o garçom e fiz o pedido... Ty não demorou muito e viu os dois palitinhos de madeira em cima do vidro. Desenrolou do guardanapo e mostrou pra Gabriel que pegou um da mão dele e eles começaram a duelar com os palitos como espadas...


TM: Legal! Enquanto esperamos a comida podemos começar o treinamento para Samurais...

GS: Isso que eu chamo de valorizar a cultura nacional!


Fiz força pra não rir da cara de bobos deles, mas vendo que o restaurante todo observava os dois e a brincadeira, arranquei os palitos das mãos...


MK: Dá pra vocês dois ficarem quietos um segundo? Isso aqui não é nenhuma espada Ty, é o seu talher, e se você quebrar eu não me responsabilizo!

TM: Você está me dizendo que eu vou ter que equilibrar o macarrão com esses dois palitos?

MK: Sim, é exatamente isso que eu estou te dizendo! A não ser que você queira comer com as mãos, encoste os palitos aí e espere quieto!


Os dois ficaram quietos e calados até o garçom chegar com os pratos... Gabriel pegou os dois palitos e tentou pegar um fio de macarrão que deslizou... Seguiu a tentativa umas cinco vezes e já olhava irritado pro prato. Ty já tinha derramado muitos pedaços de cenoura ao redor e parecia estar se desesperando pelo desperdício da comida. Parei de comer e mostrei aos dois como deveriam segurar e pegar... Eles não aprenderam muito bem, mas desenvolveram uma técnica e conseguiram enrolar o macarrão...


TM: Hum, até que é bom...

GS: Sim... É melhor que o macarrão do tio Scott!

MK: Querem provar Sushi?

TM: Pode ser!

GS: Porque não?


Molhei um rolinho de Sushi no molho e dei a Gabriel... Ele fez cara de quem comeu e não gostou e empurrou pra dentro com dificuldade. Dei um ao Ty e ele fez uma cara ainda pior... Pensei que cuspiria o negócio da boca a qualquer momento, mas com muita relutância ele conseguiu engolir.


TY: Eca, é peixe cru! Esqueceram de cozinhar... Quer um isqueiro Mi?

MK: É peixe cru mesmo, e é uma delícia!


Acabamos de comer e saímos do restaurante... Ty havia se encantado com as tortinhas crocantes de chocolate e saiu carregando cinco na mão. Fomos até uma larga avenida e estava ocorrendo uma exposição de animes... Ty logo se animou e entramos para ver. Depois fomos ao departamento de novas tecnologias onde estavam demonstrando o funcionamento de um robô dono de casa. Passamos o dia todo andando por lojas e galerias e quando anoiteceu voltamos pra casa exaustos... Apresentei-os à mamãe e jantamos (por sorte ela havia feito pedido de pizzas, o que os fez suspirar de alívio). Subimos e os dois capotaram nas camas e estão imóveis... Acho que eles não agüentam caminhar tanto amanhã! Vou levá-los a lugares bem mais calmos então!

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