Tuesday, October 31, 2006

O primeiro dia do ano mais louco da minha vida

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Nosso Bateaux havia aportado na Pont de la Concord às 19hs e madame Maxime e todos os professores foram escoltando os alunos até a parte bruxa de Paris, onde uma grande festa de Halloween acontecia. Os mais novos estavam fantasiados e seriam assessorados por alguns alunos do 6° e 7° ano que se candidataram para sair pelas ruas da parte trouxa coletando doce. Eu, Miyako e Ty não tínhamos planos, a não ser curtir um pouco a festa, sem confusões. Ty logo avistou uma Rory empolgada com os variados drinks e disse que ia dar uma volta.

- O que vamos fazer? Deveríamos ter nos inscrito para a coleta de doces, ao menos estaríamos do lado de fora. – Miyako falou entediada
- Se querem sair, a hora é agora...

Virei para ver de quem era a voz e vi Dominique, um dos batedores da Nox, parado com uma garrafa de whisky de fogo na mão acompanhado de Viera, Manuela e Madeline. Ela também carregava uma garrafa e Viera parecia ocupado observando a movimentação dos professores.

- O que vocês têm em mente? – Miyako perguntou animada
- Vamos dar o fora daqui, se quiserem vir, são bem vindos.
- E os professores não vão perceber? - perguntei
- Os professores estão ocupados bebendo e dançando, não vão dar falta de seis alunos no meio de mais de 100. – Mad falou
- Vamos, né Biel? Isso aqui ta morto! – Mi falou já parando do lado deles
- Tudo bem... Vamos chamar o Ty, onde ele se meteu?
- Seu amigo ta ocupado, deixa ele – Manu falou rindo, apontando para Ty cercando a Rory.
- Ok, estamos no esquema, depressa!

Viera voltou com mais uma garrafa de whisky de fogo e abriu a porta apressado, empurrando os demais para fora. O som da musica alta foi abafada assim que ele fechou a porta: estávamos no lado trouxa de Paris. Muitas pessoas circulavam pelas ruas, sua maioria sendo crianças fantasiadas, e nos misturamos a elas para sairmos de fora do alcance de algum professor.

Os quatro iam andando pelas ruas bebendo e cantando alto, e logo Miyako e eu estávamos fazendo parte do couro. Quase todas as musicas eram parodias com os professores e de deboche com o tamanho da diretora. Fomos beirando o Rio Senna até que paramos no meio da Pont Neuf e Viera sentou na mureta dela, puxando Manuela pra perto dele. Miyako e eu encostamos perto deles, ainda meio calados, e Madeline e Dominique abriram cada um uma garrafa de whisky de fogo, bebendo.

- Argh, preciso de um cigarro ou vou enlouquecer. Ainda sobrou algum Nick? – Mad falou impaciente
- Sim, reforcei o estoque na ultima visita. Aqui... – ele puxou um maço inteiro do bolso e entregou a ela, que passou aos outros.
- Na obrigado, não fumo. – falei quando Viera me ofereceu e vi que Miyako ficou tentada em pegar um, mas recusou ao ver minha cara pra ela.
- Qual é Gabriel, se a Miyako quer um, deixa ela! – Dominique falou
- Não, eu não quero não, sério! – ela falou depressa
- Não liga pra ele, vocês não precisam fumar ou beber pra andar com a gente... – Mad falou entregando o maço a Dominique
- Sim, não esquentem a cabeça com isso. – Manu falou - o Ian não fuma também, Samuel também não... Bernard não fuma e nem bebe!
- Ei, Bernard bebe sim! – Viera a corrigiu
- Bernard bebe como a minha avó, não conta – Dominique falou e todos riram.
- Enfim, não se preocupem com isso, não é requisito pra entrar pro grupo.
- Mad, Mad... Por que você não me da mais confiança?
- Sai pra lá Nick, não começa!

Ela o empurrou rindo e sentou na mureta, me puxando para ficar na frente dela, longe dele. Miyako olhou pra minha cara e como ela devia estar da cor dos meus cabelos, abafou o riso. Dominique continuou fazendo graça e os outros riam incentivando, então ela envolveu os braços em volta do meu pescoço, apoiando o queixo na minha cabeça.

- Se afasta tentação! Estou acompanhada do Gabriel hoje, não quero nada com você.
- Mas você sabe que eu sou apaixonado por você, né? – ele falou fazendo graça
- Vou dizer algo bem infantil, mas que serve: figurinha repetida não completa álbum! – ela falou e Manu e Viera caíram na gargalhada
- Bom, eu poderia colar sua figurinha no meu álbum repetidamente, se é que você me entende... – ele rebateu provocando
- Você é ridículo! – ela falou, mas riu em seguida.
- Estou com calor... Sou só eu ou vocês também estão sentindo o tempo quente?
- Que calor, Dominique? – Miyako falou espantada – Está esfriando!
- Liga não, Mi, é fogo! – Viera falou rindo
- E já que a Mad não quer apagar ele... – Dominique completou, tirando a camisa.
- Aonde você vai? – perguntei vendo ele se afastar
- Dar um mergulho...

Dominique deixou a camisa em cima dos sapatos e subiu na mureta da ponte, saltando em seguida. Viramos todos juntos a tempo de vê-lo cair na água. Ele era maluco! A temperatura devia estar quase 20º! Dominique começou a gritar para pularmos também e Viera e Manuela foram logo tirando os sapatos e casacos, pulando atrás dele. Mad chutou a sandália dela pra longe e largou o casaco em cima da ponte, pulando também. Ficamos apenas nós dois.

- Vamos também? – Mi falou sorridente
- A água deve estar fria!
- Gabriel, Miyako, pulem logo antes que a policia apareça! – eles gritaram da água
- Se quiser ficar ai, à vontade... – falou já arrancando os sapatos – mas se quiser impressionar a Mad, é melhor pular!
- Quem falou que eu quero impressionar ela??
- Ninguém, só a sua testa! Vem ou não?
- Bom, ficar sozinho aqui é que eu não vou!
Tirei meu casaco e deixei perto do tênis, pulando atrás de Miyako. O espaço entre a ponte e a água era curto e num instante já estávamos dentro do rio Senna. A água estava gelada e não consegui evitar gritar quando bati nela. Essa provavelmente foi a coisa mais louca que já fiz, mas me senti melhor do que nunca!

Monday, October 23, 2006

Estágios de humor

Do diário de Isa McCallister

SB: Aceitou? Mas... JÁ?
IM: Sim! Ah, Samuca! Muito obrigada!!! – Dei um beijo na bochecha do Samuel, e ele sorria transtornado. – Acabei de sair do escritório dela! Ela disse que até amanhã os dormitórios femininos vão estar liberados também!!!
SB: Uau! Não pensei que seria assim tão instantâneo. Mas o que ela disse?
IM: Hem hem...
“Senhorita McCallister, andei revendo o seu pedido para a liberação dos dormitórios femininos.”

Imitei o sotaque francês de Madame Máxime, fazendo Samuel, e o recente chegado Ian caírem às gargalhadas...

IM: “Ouso dizer que talvez tivesse tomado a perspectiva equivocada... Ela não me parece tão absurda assim. Afinal, como foi apresentado no seu projeto, não há nada que vocês meninas não possam fazer no dormitório dos meninos não é mesmo? Então pensei se o sensato seria bloquear o dormitório dos meninos também, ou se seria liberar o de vocês... Mas, bom, decidi que vou liberar os femininos. Casos de urgência, e outras eventualidades, reconheço a necessidade de ajuda que as garotas geralmente possuem...”
IL: Dá pra desenhar? – Ian girou os olhos pensativo, como se estivesse tentando captar a mensagem.
SB: Ela vai liberar e ponto!
IM: Essa é a última palavra dela! Ah, que ótimo! Mal posso acreditar... Devo isso a vocês! Se arriscaram demais...
IL: Disponha! O pior não foi o risco, e sim a visão do inferno na conclusão...

Ele desenhou um vaso de flores no ar com as mãos, e caímos na gargalhada ao notarmos que estava fazendo referência ao corpo “escultural” de Máxime. Depois desci com eles até o jardim, e segui sozinha para o Campo de Quadribol, treinar. Ah, não me lembre desse treino! Acho que foi o pior desde o começo do ano! Ta, o treino em si não foi tão ruim... O que está acontecendo comigo afinal?

Tinha acabado de entrar no campo, animadíssima com a notícia dos dormitórios, quando vejo uma cena que me faz parar e meu estômago dar uma volta completa. Rubens e a namorada, Nicole, estavam se beijando com tanta pressa que eram capazes de se engolirem mutuamente. Ela estava encostada contra a parede do vestiário, e ele a segurava com força enquanto se agarravam. Fiquei parada como uma idiota, olhando os dois ali, sem perceber que estava com náuseas. Entrei no vestiário e me joguei no banco, ao lado de Brendan que já estava de uniforme.

BL: Você está bem Isa?

Lancei um daqueles olhares lunáticos para ele, que logo percebeu que eu não estava bem coisíssima nenhuma. Antes, porém que ele me perguntasse o que estava acontecendo, Rubens entrou com os cabelos bagunçados, a boca vermelha, e a roupa amassada, um sorriso estampado no rosto. Acho que seria capaz de vomitar se tivesse comido algo mais consistente no café da manhã.

RW: Então, podemos começar afinal?
CC: Até que enfim de soltou da Nicole, Binho! Pensei que não começaríamos o treino tão cedo...

Ele sorriu e mostrou uma aliança prata na mão direita, novinha. O restante do time soltou assobios e aplausos, fazendo brincadeiras.

JM: Então, finalmente, resolveu assumir mais sério com ela han? Depois de dois anos enrolando?
RW: Uma hora eu tinha que assumir... Mas vamos parar de palhaçada porque eu não vim aqui pra vocês discutirem a minha vida pessoal sentimental não! Ao treino!

Acho que eu devia estar verde. Não sei mesmo o que anda acontecendo comigo! Meu estômago embrulha todas as vezes que vejo cenas assim, românticas... Será que eu ando precisando de um namorado, afinal? Ah, deixa de bobeira Isabel! O que acontece é que fiz um treino completamente mal-humorada, deixei duas goles passarem pelas minhas mãos de bobeira, não fiz nenhum gol, e ainda recebi um recado de “mais atenção, Isa, por favor” do Rubens! Aonde mesmo eu guardei aquela minha felicidade repentina que compartilhei com Ian e Samuca mais cedo?
Saí arrastando minha vassoura, tensa, até o castelo. Brendan veio correndo atrás de mim.

BL: Dá pra você parar de descontar sua raiva, fúria, frustração, ou seja lá qual for o nome, na sua vassoura?
IM: A vassoura é minha, certo?

Ele correu com mais velocidade e agarrou meu braço me fazendo parar.

BL: Para! Nossa! Que saco... Vamos conversar!
IM: Eu quero um banho, só isso, será que é pedir demais?
BL: Antes nós vamos conversar!

Saiu me arrastando para o outro lado do jardim e me forçou a sentar de frente a ele embaixo de uma árvore.

BL: Agora eu entendi o motivo de você ter ficado gelada antes do treino. É ele não é?
IM: Ele quem? Ah Brendan, outro dia ta? To cansada...
BL: É o Rubens! Você gosta dele!
IM: O QUÊ? Você bebeu?
BL: Isabel, quer mentir pra mim? Assume que é ele, Merlin!
IM: Não há o que assumir! Só a sua loucura é incontestável aqui...
BL: Ok então... Quer ficar se remoendo para sempre, faça bom proveito! Se for pra ficar branca todas as vezes que pegar os dois se agarrando pelo castelo, é bom preparar seu espírito, porque como você deve ter escutado, agora estão com aliança e tudo...
IM: Já disse que não me importo com isso!
BL: Ótimo! Agora estou aliviado! Deve ser chato ver a pessoa que a gente gosta se amassando em outra sem piedade! Bom, então vamos voltar ao castelo e você poderá tomar seu banho!

Ah, qual é? Porque o Brendan é assim? Às vezes eu desconfio que um olhar dele é capaz de fazer um exame raio-X por meu corpo todo. Não só fisicamente, mas psicologicamente! Não tem como mentir pra ele. Ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar, mas então, eu cai no choro. É, no choro mesmo! Lágrimas, soluços, rosto vermelho, todas esses clichês de um choro comum...

IM: Eu gosto dele! Pronto!
BL: Ah, mas agora eu já conheço a Isabel! Para de chorar!
IM: Ele gosta dela! Estão juntos há dois anos... Vou ter que esquecer, é caso perdido!
BL: Ih, já não é mais a Isabel que eu conheço!
IM: Droga, meu olho vai ficar do tamanho de uma laranja quando eu parar... –tentando controlar as lágrimas.
BL: Ok, você é a Isabel ou não, afinal? Chorar não vai adiantar nada! Levanta, vamos voltar, você vai tomar seu banho, e depois conversaremos melhor sobre isso, de acordo?

Concordei com a cabeça, e em minutos estava dentro da banheira. Eu só podia estar louca! Gostar de um menino que nem se quer me repara? Com tantos aí disponíveis, eu vou gostar logo do mais apaixonado pela namorada do castelo? Isso só pode ser praga!

Troquei de roupa, mas não sabia se queria realmente descer pra falar sobre isso com o Brendan, então fiquei no dormitório mesmo. Até ouvir a conhecida voz de sempre...

- Isabel? Máxime quer vê-la novamente...

Ótimo! Vai dizer que desistiu de liberar os dormitórios, e em lugar disso, vai bloquear os masculinos também! Ótimo, realmente...

IM: Tudo bem Gerard, já estou indo ok?

Ele saiu e eu fiquei um tempo no dormitório, antes de sair. Já estava conformada com a notícia quando estava frente a frente com Máxime, que sorriu meigamente (até demais) e apontou para a cadeira em sua frente.

- Desculpe senhorita McCallister, mas esqueci de falar mais cedo...
IM: Sim?
- Bom, eu e os professores decidimos sobre a festa de Halloween. Será em Paris, na parte bruxa. Os alunos mais velhos, a partir do 4° ano, poderão andar pela parte trouxa dentro de seus limites, claro. Mas para os alunos mais novos, temos outros planos... Organizaremos uma coleta de doces para eles, onde serão guiados e supervisionados por duplas de alunos dos 6° e 7° anos pela parte trouxa, então pensei se...
IM: Eu não poderia ajudar? Posso, claro, mas como?
- Você aceitaria participar do grupo de monitores desses alunos? Só o que precisa fazer é incentivá-los a não se desgrudar do restante. Seguirem vocês por todos os lugares, parando apenas para pedirem e coletarem os doces. Os trouxas devem se convencer de que são estudantes trouxas!
IM: Hum, por mim, tudo bem. Quem mais vai monitorar?
- Por enquanto só você! Nenhum dos alunos que conversei até agora se disponibilizou a largar a festa para monitorar os mais novos. Sugiro que você tente recrutar mais amigos. No fundo, será bem divertido. Todos esses alunos irão fantasiados, e vocês, se quiserem também. Poderão fazer coletas na parte trouxa e bruxa, e aproveitar o restante da festa quando se cansarem...
IM: Recrutar mais amigos? – de repente aquilo me pareceu extremamente improvável! Como ela mesma tinha lembrado, ninguém largaria uma festa para guiar alunos mais novos por uma coleta de doces! – Vou tentar, o máximo!
- Está ótimo então! Se conseguir mais voluntários, avise-me ok? Pode ir...

Sai do escritório um pouco confusa. Porque ela tinha me chamado para essa tarefa? Eu lá tenho cara de babá? Aii, que coisa horrível Isabel! Você sempre gostou de crianças, e sempre se animou a fazer a festa delas! Realmente eu não estou bem! Preciso dormir e esquecer da cena nauseante, para pensar em nomes que poderiam, de bom grado, me ajudar nessa coleta monitorada...

Thursday, October 19, 2006

O feitiço se vira contra o feiticeiro!

Lembranças cômicas de Samuel Berbenott

SB: Eu não estou sendo exagerado Patrick! Essa foi a pior das burradas que eu já me meti na minha vida estudantil! Teatro? Merlin! Até mais, vou ali me afogar no rio!
PB: Olha, não adianta fazer escândalo! Depois você diz que a professora Mariska consegue me convencer a fazer tudo que ela quer, e agora está aí pagando a língua por causa da Emily! Eu vou rir muito da platéia, ok?

Lancei um olhar fulminante ao Patrick, que continuou rindo, e sai do dormitório batendo a porta com força. Precisava arrumar um meio de me livrar dessas aulas de teatro urgentemente, ou ia pirar! O que será da minha sagradíssima reputação no castelo se a professora levar isso a sério? Pensando assim, até que prefiro encomendar um telescópio bom e entrar pro Clube de Astronomia!
Mal tinha sentado à mesa da Nox pra tomar café da manhã, que Isa veio tremendo de fúria andando depressa. Ela carregava uma pasta rosa, e gesticulava baixinho consigo mesma.

SB: Isa! Isa! ISABEL!
IM: O QUE FOI? MERLIN!

Arregalei os olhos pra ela. Nunca tinha visto a Isa gritar com ninguém, ainda mais com um dos amigos...

SB: Nossa! O que aconteceu com você?
IM: Nada! Todos nós temos direito a ter um dia ruim, certo?
SB: Certo, mas seus amigos não são obrigados a receber seus aborrecimentos para eles, certo? Agora se acalma, senta aqui e me conta o que aconteceu!

Ela me encarou indecisa. Acho que estava considerando a idéia de me mandar ir catar tronquilhos, mas como ia ser complicado falar esse tanto de desaforo rapidamente, respirou fundo e se sentou de frente pra mim, depositando a pasta na mesa. Notei que estava tremendo um pouco.

SB: O que foi? Está tão cedo ainda para alguém já ter causado esse stress todo em você...
IM: Aí é que você se engana! Não acredito! Tava tão bom! Simplesmente irrecusável! Se ela soubesse o tanto que deu trabalho recolher opiniões e juntar as idéias de todos... E a maioria das meninas aprovou. Me explica, porque não?
SB: Dá pra você parar de falar sereiano e me explicar o que aconteceu?

Ela me olhou de novo, mais impaciente ainda, respirou fundo mais uma vez e começou a me contar do projeto de liberação dos dormitórios das meninas para a entrada dos meninos que Máxime tinha acabado de negar.

SB: E porque ela recusou? A idéia é tão...
IM: Boa! Eu sei! Mas às vezes ela acha que só porque é giganta e sabe se livrar de qualquer coisa sozinha, as outras meninas não precisam de um dormitório com acesso livre aos meninos para pedir socorro em uma emergência! Argh! Estava tão empolgada com a minha entrada no grêmio, com esse projeto, e o jornal... Que droga!
SB: E quem garante que ela consegue se livrar de tudo sozinha?
IM: Ela não consegue entender que... Hã? O que você está dizendo?
SB: Isa, você vai ter esse seu projeto aprovado ok? Deixa comigo! Até por que... Nossa, isso vai ser hi-lá-rio!

Ela continuou querendo saber o que eu estava querendo dizer, mas não havia tempo pra explicar naquela hora. Dei um beijo na testa dela e sai correndo em direção à mesa da Sapientai, onde Ian tomava café com os outros...

***

SB: Pronto? 1,2,3... Abre!

Ian abriu a caixa e nós saltamos pra longe. Na mesma hora, um pelúcio saltou e começou a rodar pelo quarto, derrubando a mesa de cabeceira. Ao mesmo tempo, eu larguei um diabrete que mordia a palma da minha mão furiosamente. Olhei para o Ian, e ambos garantimos que era hora de sair à francesa, mas aí...

MM: Amanhã a gente resolve isso Gerard! Boa noite...

Passos ecoaram no corredor. Sem dúvidas, Madame Máxime estava próxima, e ia dar de cara comigo, Ian, a caixa vazia e o resto do quarto sobrevivente quando abrisse a porta. Meu coração estava prestes a saltar pela boca quando Ian me puxou e nos enfiamos no armário, com caixa e tudo. Antes que eu conseguisse pensar, a porta abriu.

MM: Mas o que é isso? AHHH, me solta! Me solta!

O diabrete agarrou os cabelos de Máxime e a fez levantar alguns centímetros do chão. Devo dizer que esse diabrete era realmente mais forte do que imaginei. O diabrete soltou uma risadinha debochada e soltou os cabelos dela de uma vez. Quando os pés bateram com força o chão novamente, ele deu uma leve tremida, o que me fez apavorar ainda mais. O pelúcia já tinha se encarregado de destruir o quarto todo em busca de algo brilhante, inclusive a maçaneta da porta, arrancando-a violentamente. Quando viu Madame Máxime cheia de anéis e correntes, podia jurar que o bicho sorriu.

Não deu outra. Ele pulou nela e agarrou as correntes arrancando-as no mesmo instante. Um colar de pérolas se espatifou, voando bolinhas brancas para todos os lados. O bicho começou a morder forte os dedos de Máxime, que tentava lutar brava e inutilmente por seus anéis, mas perdeu a batalha assim que percebeu que ele seria capaz de arrancar seus dedos.

Madame Máxime deu um berro ensurdecedor, enquanto tentava se livrar do pelúcia arrancando seus dedos, e do diabrete dando gargalhadas no seu ouvido. Novos passos foram ouvidos no corredor e Gerard bateu a porta.

MM: Entre logo Gerard! DEPRESSA!
- Eu não posso, a porta está bloqueada! A maçaneta! Cadê a maçaneta?
MM: HAM? Mas, mas... ME SOLTA! Cadê minha varinha? Onde enfiaram a minha varinha?
- Diretora, a senhora terá que se livrar deles sozinha, ou arrastá-los até aqui fora! Não posso entrar no seu quarto!

Madame Máxime soltou um xingamento forte e começou a revirar os bolsos atrás da varinha. Finalmente a encontrou, mas só conseguiu parar os dois muito tempo depois, quando já estava descabelada, com a roupa totalmente rasgada, o quarto destruído e muitos hematomas no rosto e braços.
Lançou um feitiço que explodiu a porta e Gerard entrou, chocado.

MM: Leve esses bichos para longe daqui Gerard! Você é o responsável por descobrir quem os colocou aqui dentro, o mais rápido possível!

Ele assentiu e catou os dois bichos petrificados no chão, saindo do quarto em seguida. Máxime foi organizando o quarto, ainda sentada, com acenos de varinha. Depois consertou a porta, e a trancou. Segurei com mais força do que deveria o braço do Ian, que parecia estar congelado. Máxime vinha caminhando para o armário. Era o fim! Já estava preparando meu sorriso escarlate para dar um alô à diretora, quando ela foi até o banheiro.
Ta, você não vai acreditar na cena seguinte, mas ela voltou do banheiro só de camisola! Não, quem dera isso fosse brincadeira! Senti as pernas desabarem, e Ian puxou o ar, tampando a boca com as mãos rapidamente para abafar o barulho de choque.

Vestiu um casaco, deu uma olhada tensa para o quarto, como se esperasse encontrar algum animal por ali, e saiu porta afora. Foi a minha vez de puxar Ian, que estava com um aspecto roxo, para fora do armário, e de lá, para fora do quarto. O corredor estava deserto, mas tínhamos que nos esconder rápido por ali. Todos os alunos já deveriam estar dormindo. Se Gerard ou Máxime nos encontrasse... Merlin!
Saltei escadarias até chegarmos dois andares acima, e empurrei Ian porta adentro do Salão Comunal da Nox, onde desabamos no sofá. O ar começou a voltar devagar e Ian conseguiu ficar um pouco mais rosadinho, mas ainda em choque.

IL: Eu vi o inferno! Pensei que nunca chegaria a conhecer, mas eu o vi!
SB: Essa foi por pouco, foi por muito pouco!
IL: Ela estava de camisola! Eu vi o inferno!
SB: Acho que vamos ter que pedir sessões de terapia, ou alguma coisa assim.

Ele riu, e pouco tempo depois, o choque passou. Começamos a repassar a cena enxugando as lágrimas de riso. Ta, admito que nos arriscamos demais, e o desfecho da confusão foi traumático, mas que valeu a pena ver o desespero da giganta, ah, valeu! Acho que depois desse susto, ela vai repensar a idéia de liberar os dormitórios femininos...

Wednesday, October 18, 2006

Tudo pela arte

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Não foi culpa sua...

Eu estava sentado no gramado de um cemitério. Era dia, o céu ainda estava claro. Eu encarava uma lápide enquanto chorava, tinha os olhos vermelhos. Alguém mantinha a mão em meu ombro, repetindo sempre a mesma coisa.

- Não foi culpa sua...
- Sim, foi! Eu vi e não fiz nada, podia ter impedido!
- Não havia nada que você pudesse fazer Ian...

- LUKE acorda! Vamos nos atrasar!

Saltei da cama assustado. Meu lençol estava todo embolado no meu pé e minha camisa colada no corpo, de suor. Bernard estava parado na minha frente já arrumado, me encarando.

- Outro sonho?
- Não, o mesmo sonho...
- Como assim?
- Sonhei com a mesma coisa. Lembra aquele que te contei semana passada? Então, sonhei com ele de novo, exatamente igual!
- Não conseguiu então ver o nome na lápide e de quem era a mão?
- Não, não reconheço a voz e não consegui ver quem havia sido enterrado. Bê, eu estou ficando louco!
- Você não ta ficando maluco, isso é efeito daquele feitiço, seu avô já explicou. Quando ele vem até a escola mesmo?
- Só mês que vem.
- Então só resta esperar... Vamos embora ou nos atrasamos para a aula.

Arrumei-me para a aula e depois de algum tempo descemos juntos para o café, ainda discutindo o sonho pelos corredores. Não conseguia entender porque tinha aqueles sonhos. Vovô já havia me explicado que era um efeito colateral do feitiço, que não poderia fazer nada para reverter isso, mas não compreendia o sentido deles. Bernard e ele diziam que eu não poderia mudar o rumo das coisas, mesmo sabendo delas. Mas se eu não poderia mudar, qual a vantagem de sabe-las antes de todo mundo?

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- Sei que estou fugindo um pouco do contexto de nossas aulas, mas sou um pouco fascinada por esse assunto e gostaria que vocês se interessassem também. Quem ainda não pegou a roupa, por favor, se apressem ou não irá sobrar nada!
- Com licença professora, mas... Eu não vou vestir isso! – Samuel exclamou ao meu lado, fazendo careta ao receber o figurino dela.
- Nem eu! Não vou vestir essa saia de alumínio! – o apoiei
- Isso não é uma saia meninos, os homens da Grécia e Roma antiga usavam! Mas não precisam vestir, só mesmo quem é muito seguro de si pode usar sem problemas... - e a turma inteira começou a rir e assobiar
- Passa essa saia pra cá! – puxei a saia da mão dela e voltei para o fundo da sala indignado.

A turma inteira já estava caracterizada, iríamos simular a Guerra de Tróia e eu fazia parte dos gregos, deveria representar Aquiles. Samuel era um troiano, Páris, e estava visivelmente contrariado por usar aquele manto que mais parecia um lençol enrolado no corpo. Marie iria representar Helena de Tróia, Dominique seria Menelau e Viera Heitor. Vesti aquela roupa a contragosto e nos amontoamos na frente da sala, onde a professora já organizava o resto do ‘elenco’.

Nunca fui fã de teatro, sempre preferi o lado do espectador, mas também não vou dizer que não me diverti. Ninguém ali sabia atuar, o que tornou tudo muitíssimo engraçado. Dominique sacudia Marie com tanta violência que ela já estava gritando de verdade, implorando que Samuel se apressasse no resgate. O cavalo de Tróia foi representado por vários alunos embolados, na tentativa de formar um, que depois se espalharam pela sala aos gritos, atacando todo mundo. Samuel e eu ainda conseguimos reunir força em meio aos risos para encenar um verdadeiro drama quando Páris acerta uma flecha no calcanhar de Aquiles. Samuel atirou uma pena no meu pé e eu me joguei no chão, demorando um bom tempo para apagar. A turma inteira já estava rindo e Samuel agarrou a gola da minha camisa, me sacudindo e gritando para que eu partisse logo para o além.

A professora encerrou a simulação rindo bastante e dizendo que tinha adorado. Já arrumávamos as coisas para sair quando ela pediu que esperássemos mais uns minutos, pois madame Maxime queria falar com a turma. A diretora entrou em seguida e todos se sentaram outra vez.

- Bom tarde classe! Não vou demorar, mas antes de vocês voltarem aos seus dormitórios, preciso dar um aviso. Todos vocês já sabem que no 7° ano, exigimos que os alunos tenham créditos concebidos com atividades extracurriculares para que sejam aprovados nos NIEMs e como o quadribol não está mais incluído nessa lista de atividades – e os alunos que jogavam quadribol começaram a protestar – Sim, o quadribol agora é considerado apenas lazer! Como dizia, por não termos mais esse item nas opções, novas atividades foram incluídas. Fazem parte das atividades que dão créditos o clube de astrologia, Grêmio da escola, as nossas já cobiçadas aulas de esgrima, o clube de poções...
- Nerds... – Samuel e eu falamos ao mesmo tempo
- E foram incluídas duas novidades: o jornal da escola que está sendo desenvolvido pelo grêmio e aulas de teatro.

A sala se encheu com o som dos cochichos ao ouvirem que agora teríamos um jornal e aulas de teatro. A professora parecia satisfeita na frente da sala e suspeitei que tivesse o dedo dela nessa ultima atividade. Madame Maxime pediu silencio e nos calamos.

- Acho que não é preciso lembra-los que todos são obrigados a fazer parte de alguma das atividades, correto? Espero que vocês comecem a pensar já de agora o que pretendem fazer. Aos interessados na aula de teatro, as inscrições vão até quinta-feira, pois na sexta, depois das aulas do dia, teremos nossa primeira reunião. A professora Elizabeth estará à frente da turma de teatro, juntamente com um outro professor que os interessados conheceram na sexta-feira. Quem quiser se juntar ao projeto basta procurar a professora aqui, vocês têm dois dias! Classe dispensada!

Michel, Marie e Bernard já diziam que iriam se inscrever e Viera e Manuela os apoiavam, deixando os nomes com a professora. Eu estava considerando a idéia de me juntar às aulas de esgrima novamente, mas elas eram muito cansativas e eu sou preguiçoso. Samuel parecia compartilhar desse pensamento comigo, quando a professora nos parou na porta da sala.

- Espero que vocês estejam considerando a idéia de se juntarem à turma de teatro!
- Ahn, bem... Não sei se é uma boa idéia! – Samuel falou sem jeito
- Mas vocês foram tão bem hoje... Pensam em se juntar a qual atividade então?
- O jornal? – falei incerto.
- Não, muito trabalho, tem que pensar pra escrever... Esgrima?
- Não, muito cansativo e o professor é casca grossa! Clube de astrologia? – e demos uma gargalhada, descartando a idéia.
- Pois então entrem para a minha aula! Vocês vão adorar, tenho certeza. Vou colocar seus nomes na lista, não aceito desculpas, espero os dois sexta-feira aqui!

Ela puxou o pergaminho e anotou nossos nomes, sorridente, e ficamos os dois com caras de idiota sem responder, apenas sorrindo sem graça. Como íamos dizer não para uma professora linda como aquela? Ai Merlin, olha no que fomos nos meter agora...

Tuesday, October 17, 2006

Eu, meus pais e a... outra.

Anotações de Ty McGregor

Acordamos cedo para o passeio a Paris, tomamos o café da manhã e do nada eu me vi no meio de uma confusão com a Miyako e a Savannah. No fim o saldo foi: Savannah indo para ala hospitalar cheia de bolhas vermelhas e com pus, Miyako segurando meu braço rumando decidida para o barco da escola e Gabriel enxugando lágrimas de riso junto conosco. No barco, sentados junto com Griffon e Seth, começamos a falar do acontecimento e a pensar em formas de proteção contra a vingança da garota-porrinho, quando notei Rory junto com os irmãos. Embora eu ainda estivesse chateado pelos comentários dela, não deixei de notar como estava bonita. Se fosse qualquer outra garota eu simplesmente ignorava, mas ela eu... Não consigo.
Quando desembarcamos, nós andamos um pouco pelos arredores e logo nos separamos: Griffon e Seth iriam fazer turismo pela cidade, Gabriel e Miyako tinham outras coisas a fazer e eu optei por tomar o caminho do restaurante. Conhecia o caminho de cor, era um local pequeno que freqüentávamos a muitos anos. Cheguei e o gerente que me conhecia me cumprimentou:
- Olá, Ty. Prazer em tê-lo conosco.
- Obrigado Jacques. Vim encontrar meus pais.
- Madame já chegou, vou leva-lo até a mesa dela.
Seguimos por algumas mesas e logo avistei mamãe. Á primeira vista me pareceu bem, e deixei de lado as minhas preocupações sobre ela cair em prantos, devido aos problemas.
- Oi mãe. – cumprimentei enquanto a abraçava.
- Oi, querido, como está? Deixe-me olhar para o meu menino lindo. - mexendo no meu cabelo.
- Mãe... Assim você me mata de vergonha. - comecei a arrumar meu cabelo, pois tinha visto umas pessoas rindo na outra mesa.
- Desculpe querido, mas estava morta de saudades de você.
- Onde está ele?- disse me referindo ao meu pai. - e minha mãe se retesou.
-"Ele" chama-se papai, e logo estará aqui. Sabe que vamos esclarecer isso hoje, então tenha um pouco de boa vontade Ty. - me repreendeu suavemente e assenti.
E começou a perguntar sobre meus progressos com a projeção, contou sobre sua viagem para os EUA, onde irá conhecer uma jovem que segundo o tio Logan tinha poderes como os nossos, e se realmente ela tiver, mamãe terá que dar um jeito de ajudá-la a se controlar.
O restaurante foi ficando cheio e eu me levantei para ir ao banheiro. Quando voltei, vi meu pai de pé em frente à mesa e ao seu lado estava a professora de Mitologia.
Fui andando rápido até lá e disse irritado:
- O que ela faz aqui?? Não vou admitir que você faça isso com a minha mãe.
- Oi filho, precisamos conversar. Vamos nos acalmar ok?
- Ty...- avisou mamãe e a professora me olhava espantada.
- Que calma, o que mãe, ele teve a coragem de trazer esta mulher para cá, e você quer calma?- meu pai abriu a boca para falar, mas mamãe foi mais rápida:
- Ela é sua irmã Tyrone. Faz parte da família.
- Selene.- disse papai agitado.
- Desculpe Kyle, mas detesto quando o Ty começa a fazer escândalo e entre uma bofetada e a verdade, preferi a verdade. Olá, Emily querida, sente-se. O que gostaria de beber? – disse mamãe como se estivesse em nossa casa recebendo alguém para uma festa.
Meu pai puxou a cadeira para a garota sentar-se e ficou me encarando um tempo. Então ele puxou a cadeira e se sentou. Depois de um tempo, acabei me sentando também.
Não demorou muito e Jacques trouxe o vinho e nos serviu. Eu ficava olhando da professora para meu pai e perguntei:
- Que história é esta?
- Emily é minha filha. - ele respondeu e pôs a mão dele sobre a dela, e isto me irritou profundamente.
- Sei... E ela veio de onde? Do repolho?- e mamãe estreitou aqueles olhos verdes dela numa ameaça muda. Ignorei.
- Fui noivo de Elizabeth, mãe da Emily, alguns anos antes de me casar com a sua mãe. Eu não sabia da existência dela. Só fui conhecê-la há pouco tempo em Londres, quando ela me contou sobre nosso parentesco, quando dividíamos a responsabilidade pela família do Ministro trouxa, ela é auror como eu e sua mãe. - e notei como ele falou isso orgulhoso. Eu fervi por dentro.
- E como você tem tanta certeza disso? Ela pode ser filha de qualquer um. - disse cínico.
Ok, eu merecia uma porrada agora. Minha mãe fechou os punhos, diante da minha grosseria e a garota tinha uma expressão magoada. Papai tinha uma veia latejando no pescoço, e eu sabia que ele se controlava com esforço, ele nunca levantou a mão para mim, mas percebi que faltava pouco.
- Ela é minha filha. Conheço o meu sangue. - ele disse entredentes.
- Como deixa um filho seu vagando por ai? Você sempre me cobrou responsabilidade, vejo que você não conhece esta palavra direito. - E levantei bruscamente da mesa. Sai do restaurante e dei um esbarrão num grupo de pessoas.
- Cuidado meu jovem. - disse o homem.
- Desculpe. – disse e continuei andando. Precisava arejar a cabeça.
- Ei, é o Ty. Olá Ty. - disse uma garota, mas nem parei para olhar, andava rápido para me afastar dali e ouvi passos apressados me seguindo. Senti alguém puxando meu braço e me virando, e eu já estava com os punhos cerrados:
- O que aconteceu? - era a Rory, exibindo um ar preocupado.
- Não é da sua conta. Me solta. - respondi grosso.
Ela pensou por um tempo e me soltou:
- Está bem, vai e faça a burrada que sua cara ta prometendo. Mas eu não vou deixar você ir sozinho.
- Faça o que quiser. – respondi e andamos até uma pracinha com um playground cheio de crianças. Sentei-me num banco e ela se sentou ao meu lado. Após algum tempo, soltei:
- Tenho uma irmã. - como ela continuasse quieta completei:
- É a professora de Mitologia. E antes que você diga que isto é legal, eu digo que não é.
- Porque não é legal? Eu gosto de ter irmãos. - ela comentou cautelosa.
- Ela surgiu do nada ok? De repente vejo meu pai abraçando aquela mulher e pensei que eles fossem amantes, conto para minha mãe, a vi se controlar para não chorar como se o mundo tivesse acabado, eles se separam, agora ele vem e me diz que ela é minha irmã? O que ele esperava? Que eu achasse isso lindo e desse algum apelido carinhoso para ela tipo: nana, naninha, ou qualquer outro inha por ai? Eu não quero ter uma irmã, já quis quando pequeno, mas agora não preciso mais. – e contei tudo que meu pai havia falado e parei para respirar.
- Sabe você devia se olhar no espelho agora. Parece um garoto de três anos que descobriu que não pode andar no cavalinho do carrossel.
- Não venha zombar de mim. Já sou crescidinho. ¬¬
- Não Ty, você não é. Pelo que pude perceber você nem deu uma chance para o seu pai poder explicar como tudo aconteceu, já julgou e deu seu veredicto. E nem mesmo deixou espaço para a garota falar alguma coisa. Agiu como um bebê mimado.
- Não sou mimado... - comecei e ela respondeu:
- Não? Então como você explica este seu jeito? Já tentou se pôr no lugar dela? Ou você acha que é fácil para alguém, depois de adulto chegar ao seu pai e dizer: Olá sou sua filha, e esperar receber algum carinho em troca? Daí quando ela vai ser apresentada ao irmão, ele quer saber se ela veio do repolho? Ora, francamente, sua sensibilidade, é do tamanho de uma noz. Isto é o que eu acho, e se você não quiser mais olhar na minha cara tudo bem, não vai ser diferente de como você vem agindo há alguns dias.
Fiquei quieto por um tempo, vendo as crianças brincarem e vi quando um menino dividiu um doce com uma menininha menor que ele. Eles se pareciam fisicamente e deduzi que eram irmãos.
Comecei a lembrar deste período em que Emily era nossa professora. Eu reconhecia que ela era boa no que fazia, e entendi o porquê que ela patrulhava os corredores com uma postura diferente de um professor normal. Passei a vida toda vendo aquela postura alerta em meus pais e no meu padrinho. E acabei assumindo para mim mesmo o real motivo da minha explosão: papai havia realizado seu sonho de ter um filho auror e era isso que havia me descontrolado.
Droga, Rory tinha razão. Agi como um bebê mimado. Fiquei mais alguns minutos pensando e vi quando ela se levantou para ir embora:
- Bem... Não deveria te dar conselhos, mas vou dá-lo assim mesmo: Você deveria voltar pra lá e pelo menos ouvir tudo o que eles têm a dizer. É sua família e merecem esta consideração de sua parte. Até qualquer hora Ty.
Fiquei ali absorvendo tudo que ela disse e no fim acabei voltando ao restaurante para conversar com meus pais e pedir desculpas a todos pelas grosserias. Não é porque eu não quero ter uma irmã, que meu desejo vai se realizar. Nem sempre querer é poder.

Sunday, October 15, 2006

Cauchemar

Diário de Seth K. C. Chronos

Hoje é o primeiro passeio da escola para Paris do ano, confesso que estou ansioso. Já visitei Paris antes, mas não sob a supervisão do colégio e tendo a companhia do resto do colégio, promete ser bem interessante. O Ty já tem compromisso e o Gabriel e a Mi vão ficar passeando por Paris, vou ver se os acompanho. Ou então eu e o Griffon vamos explorar Paris sozinhos, ele quer ver o Arco do Triunfo de Napoleão e eu o Louvre. Mas primeiro: batalha do dia, acordar meu irmão...
SC: Griffon acorda!
GC: Humm...Arrr... – E dezenas de outros sons impossíveis de se entender.
SC: Griffon acorda! Vamos nos atrasar! Todos já devem estar tomando café e daqui a pouco perdemos a saída para Paris!
GC: Não enche Seth, é sábado quero dormir!
SC: Mas tem saída para Paris seu idiota! Acorda!
GC: Não enche! – Ele levantou a cabeça por um segundo e tacou o travesseiro em mim que desviei fácil.
SC: Aé? Pois vai acordar por bem, ou por mal!
Eu cruzei o dormitório até minha cama onde Toth já esperava porque eu pretendia mandar uma carta para papai e mamãe quando voltássemos. Eu a acariciei no topo da cabeça e ela saltou pro meu braço estendido.
SC: Vai lá garota, acorda o tio. – Ela bicou o ar feliz e voou até a cama do Griffon. Toth tem um gosto por bicar o Griffon...Ela pousou de leve em cima da cama dele enquanto ele continuava a roncar alto. Eu segurei o riso pra ele não levantar antes da hora, e Toth foi pulando devagar até perto da orelha dele. Ela então deu um pio alto no ouvido dele e mordeu a orelha dele com força. Griffon deu um berro e saltou da cama, mas Toth voou para a cabeça dele feliz e começou a bicar a testa dele e a puxar os cabelos dele. Griffon saiu saltando pelo dormitório tentando tirá-la de cima, mas Toth não saia de jeito algum. Eu rolava de rir na minha cama e me controlei para assobiar e Toth voltou pro meu braço estendido soltando pios de alegria.
GC: ESSA CORUJA SACANA!
SC: Ela gosta do tio ué, gosta tanto que quer rançar pedaço dele!
GC: FOI VOCÊ NÃO!!??
SC: Euu??? Eu não faria isso! – e fiz a cara mais séria que consegui enquanto olhava pra testa dele toda arranhada e bicada.
GC: Vocês dois me pagam...É sábado!
SC: É, mas tem a saída para Paris, vamos logo.
GC: Eu tinha até esquecido! Que droga! Por que não me acordou antes?! – Ele saiu correndo pra se arrumar e arrumar o cabelo pra esconder as cicatrizes.
SC: O que você acha que estou tentando fazer há mais de meia hora? – Eu perguntei olhando pra ele, e voltei a rir descontroladamente.
GC: O que foi?
SC: HAHAHAHAHAHAAHAHAHA! Você ta parecendo o Potter! Virou fã dele Griff?
GC: Não enche! Vamos logo então – ele se olhou no espelho fazendo caras e bocas enquanto arrumava o cabelo.
SC: É, se arruma, acho que sua queridinha vai estar lá também...
GC: Que?
SC: Não se faça de bobo, acha que sou lerdo? Eu já notei Griff...Meu irmão está apaixonado!
GC: Do que você está falando?! – Ele tentou disfarçar, mas foi ficando vermelho.
SC: Nada...Só que os professores também podem ir sabia? – Falei virando as costas e rindo começando a descer as escadas do dormitório.
GC: Ei! Volta aqui, não é nada do que você está pensando!
Descemos juntos pra tomar café e ele continuou tagarelando no meu ouvido sobre várias coisas, parece que os testes para o time de quadribol da Lux iriam começar em breve. Quando chegamos pra tomar café, o salão já estava quase vazio e olhei vitorioso pro Griff enquanto ele se fazia de desentendido. Pegamos alguns sucos de abóbora e bolinhos e corremos pra saída do colégio. Lá encontramos o Gabriel, com uma cara risonha, a Mi, parecendo estressada, mas vitoriosa, e o Ty, que parecia meio sem vontade de ir. Gabriel nos contou às gargalhadas o que acontecera entre a Mi e uma tal de Savannah, e o Griffon quase explodiu de tanto rir, ficaram ele e o Gabriel conversando sobre isso, o Griff quer mandar uma carta para os Gêmeos Weasley, e a Mi parecia interessada. Só eu e o Ty que estávamos um pouco calados, mas logo o Ty voltou a ser o Ty e passamos o resto do caminho conversando e rindo.
Quando chegamos a Paris, nos separamos. O Ty ia encontrar a mãe, e se não fosse um encontro familiar, eu iria junto, gosto da Tia Alex . Eu e o Grff nos despedimos do Gabriel e da Mi, eles iam passear por Paris e eu e o Griff íamos fazer um pouco de turismo.
GS: Nos encontramos na volta então! Divirtam-se, e Kam, cuida do Griff, vai que ele se mete em confusões com a polícia trouxa francesa?!
MH: É, o Griff gosta de uma confusão, aí se a gente ver um monte de carros da polícia passando a gente sabe que é ele e vai atrás, ok?
SC: Hahahahaha com certeza! Se virem ambulâncias é porque ele explodiu alguma coisa!
GC: Ei! Dá pra parar de falar assim? Eu esqueci minhas bombas de bosta...Droga...Porque até que seria uma boa idéia!
Nos separamos rindo e eu e meu irmão fomos na direção do Arco do Triunfo, Griffon estava meio saltitante já! Quando chegamos ao Arco, ele só faltou babar e ficou um tempão olhando os desenhos das vitórias de Napoleão. Eu tive que puxar ele arrastado de lá, o que foi até fácil, e fomos andando para o Louvre. Mas acabamos nos perdendo!
GC: Er...Já passamos por aqui não?
SC: Sim...Griffon Fuuma! Por que você tinha que correr atrás daquela mulher que vimos passando?!
GC: Pensei que era alguém da escola...ai pedíamos informações!
SC: Sei que alguém você pensou que era... – Ele ficou vermelho e meio que me ignorou olhando em volta procurando alguém pra pedir informações. Ele falou com um padeiro da rua e ele nos mostrou o caminho que deveríamos seguir.... Andamos por várias ruas e boulevards, mas sem nunca chegar ao Louvre. Até que avistamos a Torre Eiffel e em poucos minutos estávamos aos pés dela, e já estava anoitecendo.
GC: Érr...Acho que pedi as informações erradas...
SC: Griffon....você é mesmo meu irmão? Você é uma anta! Não acredito que pediu informações pra vir pra cá em vez do Louvre! Pensei que ...
Nesse momento eu fiquei paralisado e o mesmo aconteceu com o Griffon. Pessoas passavam ao nosso redor, inclusive alunas do colégio (parecia que estavam nos seguindo, mas tudo bem...), mas nós dois não os notávamos...Eu sentia uma pulsação no peito, um calor forte que apontava para uma direção da cidade...Griffon estava ficando meio pálido, mas seus olhos brilhavam e ele olhava na mesma direção que eu sentia algo diferente. Nossos olhos se encontraram e os dois sabiam o que o outro sentia...
GC: Também está sentindo isso? Eu estou me sentindo meio mal...
SC: Ele está aqui...
GC: Ele quem?
SC: Vem!
Eu o puxei pelo braço até um lugar onde ninguém nos visse e usando minha força saltei com ele para um prédio próximo, depois saltei para o topo da torre onde o deixei de pé e pudemos olhar grande parte de Paris. Minhas pupilas se dilatavam e meus olhos estavam vermelhos. Os olhos dele estavam brilhando num tom claro e nem parecia mais o Griffon sem cérebro de sempre.
GC: O que está acontecendo Kamui? Quem está aqui?
SC: Ele está aqui...Hellion, o Maldito.
GC: Ele está aqui?! Mas como você sabe? – Ele ficou um pouco chocado e me encarou.
SC: Eu apenas sei...Eu tenho essa maldição por causa dele, eu e nosso pai, então posso senti-lo, papai já tinha me alertado que eu poderia senti-lo. Mas não entendo como você o sente...
GC: Somos gêmeos esqueceu? Sempre falaram que gêmeos tem uma forte ligação...O que vamos fazer então?
SC: Não sei...Vamos atrás dele, agora quem quer um pouco de confusão, sou eu. Concentre-se nele, vou usar algo que papai me ensinou...
Griffon fechou os olhos e apontou uma direção, eu me concentrei naquela direção também e fechando os olhos. Mantive-os fechados e um tempo depois podemos ouvir os latidos e uivos de vários cães da cidade. Pareciam que os cães tinham enlouquecido, mas eu e o Griffon sabíamos que não...Vimos alguns deles passando correndo na rua abaixo da Torre, indo na direção de onde sentíamos a presença de Hellion.
SC: Vem. Não precisa ter medo.
GC: Eu não tenho medo seu idiota.
Nos seguramos um no outro e eu saltei, entrando em queda livre. Fui descendo a torre, tomando cuidado para que ninguém nos visse, mas parecia que uma luz nos envolvia e era como se nada pudesse nos ver. Ao chegar ao chão, Griffon me olhou e acenou para eu ir na frente, pois eu era mais rápido. Comecei a correr e em pouco tempo havia alcançado os cães, correndo entre eles. Incrivelmente, Griffon vinha pouco atrás e em alguns minutos estávamos na margem do Rio Sena, onde podíamos ver o pôr do sol quase completo. Os cães avançaram rosnando contra um homem alto e meio pálido que se assustou um pouco, mas entendeu o que se passava. Ele nos encarou, mas não nos reconheceu e num salto desapareceu de vista e paramos de sentir sua presença. Meus olhos e os do Griffon voltaram ao normal e os cães pararam de latir, e voltaram para os locais onde estavam antes. Encarei o Griffon e não precisamos de muitas palavras, ambos sabíamos: aquele era Hellion...
SC: Vamos voltar...Daqui a pouco temos que voltar para o colégio.
GC: Sim...vamos mandar uma carta para o papai?
SC: Sim, mas acho que ele já sabe. Ele sente quando eu fico desse jeito.
GC: Entendo...vamos voltar então...
Voltamos pelas ruas de Paris meio calados, mas apesar da tensão, Griff rapidamente readquiriu o bom humor e falava com todos que encontrava, mas parecia que procurava alguém, enquanto eu continuava de mau humor e pensativo...Eu me mantinha calado e apertava mais meu sobretudo. O dia de hoje me deixou meio desconfiado e surpreso com o Griffon. Aquilo não foi apenas uma ligação de gêmeos...Hoje vou para o telhado do castelo pensar provavelmente...

Friday, October 13, 2006

Furnunculus

Do diário de Miyako Kinoshita

TM: Sinceramente, não consigo entender o que minha mãe quer conversar comigo amanhã! Se ela começar a chorar, eu vou ficar ainda com mais raiva... Não vejo como isso pode terminar bem!

Ty se sentou ao meu lado parecendo extremamente aborrecido. Gabriel abriu a boca pra falar alguma coisa, mas acho que preferiu guardar pra ele. No dia seguinte teríamos nossa primeira visita a Paris do ano. Eu estava animada a sair um pouco do castelo e dar umas voltas, e como Gabriel também não tinha compromissos, iríamos passar o dia andando juntos.

Já estava no fim da tarde e as aulas tinham acabado de terminar, o que explicava um grande fluxo de alunos circulando pelos gramados. Decidimos voltar para o castelo. Assim que estávamos chegando na entrada...

TM: Ah não, que saco!
MH: Que foi Ty?
TM: Savie... Vamos sair daqui, depressa! A última coisa que quero agora é conversar com ela!

Ty agarrou minha mão e saiu correndo desabalado. Gabriel ficou pra trás nos olhando correr, e rindo, decidiu entrar. Quando demos uma boa volta e chegamos na entrada lateral, paramos de correr forçando a respiração.

MH: Nossa! Essa daí deve ser bem enjoada mesmo hein? Você correndo dela... – disse enquanto apoiava as mãos nos joelhos.

Ele não respondeu, mas concordou com a cabeça, o que já foi suficiente...

-*-

Levantei cedo. Não consegui dormir direito, estava inquieta e nem mesmo sabia por quê. O castelo ainda estava silencioso, e o dia estava acabando de amanhecer. Me vesti e fui tomar café da manhã, sozinha, pois Denise ainda dormia profundamente.

JB: Oi Mi! Tudo bem? – Jardel, um dos artilheiros do time, sorriu me cumprimentando quando me sentei na mesa da Nox.
MH: Estressada, você?
JB: Beleza...

Servi um pouco de leite, quando alguma coisa me atacou nas costas com um baque forte, fazendo o leite derramar na saia. Virei pra trás instantaneamente, e vi Savannah se distanciando.

MH: Ei, Savannah!

Ela se virou, e me olhou dos pés a cabeça indiferente.

SB: Sim?
MH: Acho que você devia prestar mais atenção com os movimentos bruscos que faz com seus braços enquanto anda! – disse sem rodeios, começando a alterar a voz.
SB: Como?
MH: Você acabou de me fazer derramar todo o leite na roupa, com um golpe nas minhas costas!!!
SB: Oh, me desculpe! – sorrindo afetadamente me estendeu um lenço cor de rosa. – eu realmente não tive a intenção, estava distraída!
MH: Uff... Tudo bem!

Virei a cara totalmente nervosa e voltei a me sentar. Porém, um segundo depois, senti alguém me cutucar suavemente no ombro.

MH: Eu já disse que está tudo bem, não se preocupe!
SB: Ah, não é isso, Mi... Queria dar uma palavrinha com você, se for possível!

Tive que conter com todas as minhas forças a vontade de jogar o resto do leite na cara dela. Além de me encharcar toda, ainda estava me chamando de... Mi??? Quero dizer, todos meus amigos, próximos ou não, me chamam de Mi, mas ela? Ela nunca conversou comigo, nem desejou bom dia... Sempre me olhando com uma cara reprovadora, e sem contar que estava deixando o Ty aterrorizado com a sua perseguição! Ela falou “Mi” com tanta falsidade, que me deu náuseas. Encarei Jardel, que parecia ter percebido minha cara de descontentamento, e me levantei, seguindo-a pela fileira da mesa.

SB: Então, você é amiga do Ty?
MH: Sim. Quase irmã, posso dizer...
SB: Mas você é SÓ amiga, certo?
MH: É claro! Já disse... Somos quase irmãos! – “Um hipógrifo incomoda muita gente, dois hipógrifos incomodam incomodam muito mais...”
SB: Certo! Ah, bom, é, só poderiam ser...
MH: O que disse?

Ela parou de caminhar me encarando, e dessa vez, friamente, como se estivesse analisando cada centímetro do meu corpo.

SB: Quero dizer, o Ty não ficaria com uma menina como você, não é mesmo?

Menina como eu? O que aquela lambisgóia estava querendo me dizer? Porque não ficaria? Aliás, acho que se eu não fosse tão amiga do Ty...

MH: Como assim, “querida”?
SB: Quero dizer que você é legalzinha, e tudo mais, mas já está tão fora de moda! Se veste largada, como um... menino! O Ty procura uma menina bonita, popular, moderna...

Ok, agora ela exagerou! Ela estava me chamando de brusca? Sem educação? De homem? Essa salamandra seca e pálida está me chamando de homem???

MH: E imagino que ele ainda não tenha encontrado alguém assim... – disse pensativa. – É, os últimos comentários dele sobre as meninas desse castelo não são bem positivos...
SB: Oras, é claro que ele já encontrou! EU sou perfeita para o Ty!
MH: Oh, sim, é claro! Tanto que ele corre de você! – “Três hipógrifos incomodam muita gente, quatro hipógrifos incomodam incomodam incomodam incomodam muito mais...”
SB: Hahaha... Você está com ciúmes? Só porque o Ty nunca quis nada com você?
MH: Não vou discutir com você a minha amizade com o Ty, ok? Me dá licença!

Nessa hora, porém, Ty e Gabriel entraram no salão me acenando. Levantei a mão em resposta e fui até eles. Estava sentindo meu rosto queimar de raiva. Me sentei com eles na mesa da Sapientai, e contei minha conversa com a “Savie”. Gabriel segurou o riso. Acho que ele queria rir da minha atitude de ter ficado estressada com esse tipo de provocação. Ty, porém, levantou as sobrancelhas.

TY: Essa menina é um porre Mi! Sou muito mais você! – ele sorriu e transmitiu toda a sinceridade que poderia ter.
MH: Ararambóia delgada! Tronquilho de hortelã...

Savannah passou por nós enquanto eu repetia ofensas. Estava com muita raiva, não só dela, mas precisava de alguém em quem descontar... Antes que um dos dois pudesse me impedir, agarrei minha varinha e apontei para a cabeça loira se afastando...

MH: Furnunculus!

Um raio azul atingiu em cheio Savie nas costas, que pareceu petrificada uns segundos. Gabriel se engasgou com o suco e Ty olhava dela para mim, estupefato. Savannah soltou um grito de horror, e levou as mãos ao rosto. Bolhas surgiam em cada centímetro do rosto dela. Vermelhas e cheias de pus.

SB: Foi VOCÊ! Eu te odeio! Te odeio! O Ty nunca vai sair com você! Você vai me pagar, ah, sei vai!
MH: Ok, depois você se vinga, mas se eu fosse você, iria para a ala hospitalar agora mesmo, antes que fique pior... Se isso ficar mais intenso, é fatal!

Ela saiu bufando de ódio, me xingando e chorando. Bebi o restante do leite sorrindo.

TM: MI, genial! Obrigado!
GS: Cara, adoro briga de mulher! É sempre mais emocionante! – Gabriel agora ria deliberadamente.
MH: Essa daí estava merecendo!

Rindo, fomos juntos conversando até chegarmos em Paris. Não é que eu seja má, exatamente... Eu só não levo desaforo pra casa! E foi ela quem provocou primeiro!

Tuesday, October 10, 2006

Agremiações

Do diário de Isa McCallister

- Entre...
IM: Professora Defossez, quer falar comigo? – disse enquanto segurando em uma das pontas da saia, fazia um cumprimento como os que ela ensinara nas aulas.
- Encantadora Isabel! Sim, desejo-lhe falar! Pode se sentar, sim?

Sentei de frente para a poltrona dela e fiquei observando seu rosto fino dar a volta e se sentar para me encarar.

- Então, quer beber alguma coisa?
IM: Não, obrigada.
- Bem, então vou direto ao ponto... Como você bem sabe, o castelo possui um grêmio de alunos, que de tempos em tempos apresentam projetos de mudanças para o castelo à diretora. Eu ouvi dizer que a senhorita andava tendo idéias e iria fazer um plano, estou certa?
IM: É, é verdade! É sobre a liberação do dormitório das meninas para a entrada dos meninos! Ontem tive que enfrentar sozinha uma barata voadora, porque o Brendan não pôde passar da porta...

Defossez que estava me encarando um pouco confusa, arregalou os olhos, parecendo transtornada.

- Mas isso é um absurdo! Oh, minha querida, você deve estar abalada até agora, creio eu?
IM: Bom, agora eu já me recuperei, mas foi um terrorismo!
- Imagino! Isso, você está certa! Então agora a minha idéia faz muito mais sentido de ser apresentada!
IM: O que é professora?
- Estive pensando se você não desejaria fazer parte do grêmio? Cada um dos professores do castelo tem o direito de convocar alguém para fazer parte do grêmio, e eu ainda não indiquei ninguém... E o nosso grêmio realmente precisa de alguém sensato, criativo, educado... Assim como você minha querida!

Foi a minha vez de ficar transtornada. Eu realmente iria apresentar a idéia dos dormitórios para Madame Máxime, mas ela seria muito melhor vista se eu fosse do grêmio. Com essa conclusão, eu sorri e aceitei prontamente o convite.

- Ótimo! Não poderia indicar ninguém de mais confiança e sensibilidade a este grêmio... Vou anunciar a sua entrada, e você já poderá se apresentar na próxima reunião, amanhã de noite! Leve um projeto das suas idéias para os dormitórios! Tenho certeza que todos lá te darão apoio e novas idéias a acrescentar!
IM: Vou preparar tudo! Muito obrigada professora!

Sai da sala quase aos saltos, indo direto contar ao Brendan a novidade... Eu! Grêmio estudantil! Essa até a Anabel tem que saber!!!

Lembrar de: Recolher prós e contras sobre meu projeto. Como? Fazendo uma pesquisa popular entre os alunos durante o dia. O primeiro passo para passar um projeto à diretora, é ter o apoio quase completo de todos os interessados!

***

Fui uma das primeiras a chegar à sala do grêmio no dia seguinte. A única pessoa que estava lá era um menino alto, usando óculos, e lendo concentrado um pedaço de pergaminho.

WD: Isabel! Bem-vinda!
IM: Oi, Went... Obrigada. Eu não sabia que você era do grêmio...

Wentworth, ou só Went, era um dos monitores da Fidei. Já tinha cruzado algumas vezes com ele no Salão Comunal, mas sempre calado e sério.

WD: Sim, eu sou do grêmio desde o ano passado! Agora estou movimentando um novo projeto, que vou dizer pra você assim que os outros chegarem...

Mas ele não pode concluir, pois a porta da sala se abriu novamente, e um grupo bem grande de alunos entrou. Gabriel, Bernard, e todos os outros monitores, Miyako, Hanna (uma das batedoras do time da Lux), Anne (uma garota da Sapientai), Pietro Laurezi (um garoto do 7° ano da Sapientai, que tinha um ar muito sério) e Lucien Montpellier (um quartanista da Nox).

WD: Ah, chegaram finalmente! Antes de tudo, gostaria de apresentar-lhes o novo membro do grêmio, por indicação da professora Defossez... Isabel McCallister!

Todos estenderam as mãos me dando as boas vindas. Então, novamente, Went pigarreou...

WD: Bem, Gabriel, Miyako, agora que vocês já aceitaram participar do projeto do jornal, sugiro que já estão incluídos no grêmio também certo?

Gabriel e Miyako concordaram sorrindo. Went tomou ar e pegou o pedaço de pergaminho que estava lendo.

WD: Como eu havia dito semana passada, o projeto do jornal está quase pronto, e já está na mesa da diretora para ser aprovado... – ele suspirou- ...ou não!
GS: Ele vai ser! Fizemos uma ótima planilha!
MK: É claro! Logo poderemos agitar a edição inaugural!

Went sorriu mais confiante e o grupo inteiro retribuiu. Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, levantei a mão incerta.

IM: Será que eu posso falar da minha idéia? Eu trouxe um projeto quase finalizado, mas vocês poderão me dar dicas e novas dicas...
PL: Diz aí!

Antes de dizer a idéia em si, relatei o fato das baratas em detalhes, arrancando suspiros assombrados das meninas.

GS: É só um inseto!
HV: Para os homens! Mulheres geralmente não se empolgam com a idéia de matar um ser repugnante.
LM: Ta, ta, realmente chocante sua história baseada em fatos reais, mas que idéia pode ter surgido desse acontecimento?
IM: A idéia é a liberação da entrada dos garotos nos dormitórios das garotas! Por quê? Porque ontem tive que me virar sozinha enquanto meu amigo teve de esperar que eu conseguisse matar a barata, do lado de fora! As portas são lacradas com um tipo de feitiço que não deixa os meninos entrar!

Quando terminei de falar, mordi os lábios insegura da reação de todos. O primeiro barulho que ouvi, foi Lucien soltando um assobio baixo.

LM: Isso não seria nada ruim!
PL: Essa idéia é maravilhosa! Assim, claro, estou dizendo isso porque vocês nunca mais teriam de matar baratas nos dormitórios sozinhas... E vai que é algum bicho maior, como um pelúcia?
HV: Vocês estão viajando!
MS: É, a idéia é realmente boa, mas vocês não acham que Madame Máxime vai aprovar isso, acham?
WD: E por que não? A idéia está partindo de uma menina! Tenho certeza que se nós organizássemos todas as vantagens que isso poderia trazer, e juntarmos a aprovação da maioria das meninas do castelo...

Então Went e todos os outros começaram a dar novas sugestões, e me ajudaram a organizar melhor as idéias. Saí tarde da sala do grêmio, mas mais empolgada ainda com o plano de liberação dos dormitórios. Parecia simplesmente que a planilha estava boa demais pra ser recusada!

Saldo do dia: - Um distintivo do grêmio! Tem o brasão de Beauxbatons, e meu nome gravado...
- Novos integrantes à minha causa!

Monday, October 09, 2006

Confissões de uma adolescente em crise

Do diário de Rory Montpellier

Olá diário.... Meu dia foi péssimo. Minha vida está péssima, porque eu sinto que estou afundando em areia movediça.... Ok, estou sendo dramática, mas você me conhece, não consigo lidar com as emoções assim tão facilmente. Resumindo o meu dia foi assim:
- Droga....Droga... droga.... *uma fungada*- entrei no banheiro das meninas empurrando o que havia em meu caminho, depois de deixar meu material no dormitório para almoçar.
- Rory o que foi?- perguntou minha amiga quando me alcançou.
- Nada, Danielle. Tô gripada.- e virei para o espelho, para disfarçar e tentar esconder as lágrimas que caíam dos meus olhos.
- Onde você foi? Ah já sei. Foi confirmar o que a Savie disse, sobre o Ty querer se encontrar com ela.
- Não fui não... Ah eu fui sim. E era verdade, Danielle.
- Olha, se eles estão juntos o que eu eu só vou acreditar vendo e ....
- Eu os vi se beijando. Agora.- e funguei.
Minha amiga refletiu por alguns minutos, e disse:
- Não sei... Pra quem namora a Savannah ele é ausente demais. Nunca está com ela. E sabemos como ela é, gosta de ficar exibindo o troféu pela escola. E para você estar chorando assim, é porque gosta dele e muito. Admita!
- Não estou chorando por causa dele, já falei que fiquei resfriada. Não gosto dele, Danielle, eu não posso gostar dele.
- Não? Então porque você foi ver se ele ia se encontrar com a Savie? Ah, sim você foi tomar ar fresco e voltou gripada. E não me diga que você vai levar a sério aquela promessa que fez pra sua mãe?
- Tenho que levar a sério, eu prometi. - Danielle era a única que sabia sobre a promessa que fiz para minha mãe.
- Você fez uma promessa sem sentido para uma pessoa que delirava e não sabia o que dizia por causa da febre. Não tem nem cabimento. E você gosta dele, tá escrito na sua testa. Amor é muito mais importante que vingança. – Daniele continuou falando para provar seu ponto de vista. Fomos para as aulas e eu não tirava a cena dele beijando a Savie no corredor da minha cabeça.

Não fosse amor, não haveria planos
Como uma onda quebraria cedo
Fosse um momento, não faria estragos
Eu não estaria no chão, não, não

O resto do dia transcorreu normal, sem novidades. Quer dizer Savannah tinha um sorriso vitorioso nos lábios, e junto com as amigas dela fazia planos para o passeio a Paris, que com certeza ela faria com o Ty. Danielle iria com Went, talvez eu fique no castelo, não vou ficar de vela...

Não fosse amor, não causaria medo
Feito um brinquedo cansaria logo
Fosse ilusão não traria tanta saudade
E eu não choraria no chão, então
......
No fim do dia fui buscar uns livros na biblioteca e acabei encontrando o Ty no corredor. Não diário, eu não estava perto da Sapientai de propósito. Coincidências acontecem sabia? Ele usava umas roupas velhas, devia estar indo para o treino de quadribol. Ele veio na minha direção... E me convidou para sair com ele no dia do passeio a Paris.
Estava me sentindo estranhamente feliz. Ele queria se encontrar comigo???? Mas a alegria durou pouco: lembrei de vê-lo beijando a Savannah, e ela dizendo que eles vão sair no passeio a Paris, fiquei irritada e acabei dizendo o que me veio à cabeça:
- Você é muito cara de pau mesmo.
- Como cara de pau? Só estou te convidando para um encontro. É só dizer sim ou não, não precisa xingar. – respondeu um pouco irritado.
- Aliás, você deve achar isso comum não é? Já que seu pai e a professora de Mitologia são íntimos, pelo que ouvi dizer.
- Como você sabe disso? – segurou o meu braço, e eu acabei derrubando os livros no chão, mas o enfrentei:
- Eu ouvi sem querer você conversando com seus amigos. Você fala um pouco alto quando tá nervoso.
Ok, diário pode me chamar de idiotinha. Ele... Ele tinha um olhar tão triste que fez com que eu me arrependesse de imediato. Não devia ter dito nada. Primeiro não é da minha conta e mesmo que seja verdade isso o machuca, sei o quanto ele adora os pais. Mas eu tentei consertar a situação:
- Me desculpa não devia ter dito isso... Eu...
- Esquece. – ele pegou os livros do chão, e empurrou de qualquer jeito nos meus braços e saiu andando.
- Ty, por favor me desculpa....Ty...- ele continuou andando se fazendo de surdo. Voltei ao dormitório e deixei os livros com Danielle.
- Aonde você vai?
- Vou falar com o Ty. Ele tá treinando agora. Eu preciso pedir desculpas para ele.
- Hummm, o que você fez?
- Como sempre falei besteiras e acho que fui longe demais.
Fui ao campo e fiquei vendo ele rebatendo os balaços com fúria. Sabia que ele descarregava a raiva que devia estar sentindo da minha grosseria, aqueles balaços deviam ser para mim. Vou pedir desculpas, por ser tonta e não terminar de ouvir o que ele fala.
Ouvi o barulho quando o balaço atingiu o braço dele. Aquilo devia estar doendo horrores, mas ele estava de cara amarrada. E continuou treinando.. O time não estava escondendo a insatisfação, já dava para ouvir os resmungos.

Não saio daqui enquanto não me desculpar e se eu tiver uma chance eu vou aceitar sair com ele. Não, que idéia a minha ele tem namorada....Ah não sei o que vou fazer.... Uffa, o treino acabou. Ele me viu aqui e está desviando o caminho? o.O.
Não senhor, você não vai escapar fácil assim...

- Ty... Posso falar com você?
- Não. – foi a resposta curta e grossa.
E foi embora para o castelo, sem nem olhar pra trás. Grosso! O amigo dele, Gabriel me olhou como se pudesse ler meus pensamentos... Bem, ele deve poder mesmo, é ótimo em Legilimência. E se leu, deve ter visto o que aconteceu. E se sabe o que aconteceu, sabe que eu tentei pedir desculpas.... Aquela hora e agora, porém o Ty é turrão demais para me deixar falar.
Aliás, eu não vou mais me preocupar com isso. Fiz a minha parte indo atrás dele para pedir desculpas, mas ele é BOM demais para ouvir o que eu tenho para falar. No fundo ele e a Savannah se merecem. Que fiquem juntos, que sejam felizes.
Estou sendo hipócrita, devo falar a verdade a você diário: não quero que fiquem juntos, que briguem muito, e que terminem Aí quem sabe um dia...
Droga, continuo me sentindo péssima, pelo que eu disse a ele... Onde eu estava com a cabeça? Ok, devo pensar antes de falar, você tem razão. Mas eu fico um pouquinho irracional quando estou perto dele e acabo metendo os pés pelas mãos.
Ah quer saber diário? Ele que fique chateado comigo, que eu não vou me preocupar mais, o que tiver que ser, será.

Não fosse amor, não duraria tanto
A chama de um Banho-Maria brando
Fosse passado não passaria corrente
E eu não chamaria de amor, eu não
Deve ser amor, deve ser, então
Deve ser amor, deve ser, amor



N.AUTORA: música: Deve ser amor – Kid Abelha

Saturday, October 07, 2006

Acertos, balaços e confusões

Anotações de Ty McGregor

Mal amanheceu o dia e eu já estava acordado e pronto. Fui acordar o Gabriel:
-Lobão ta na hora de levantar... - disse perto da cama dele, mas sem me aproximar muito, uma vez fui cutuca-lo para que acordasse e ele me deu um soco no nariz.
Ele abriu os olhos sonolentos e procurou os óculos:
- Ty você já está pronto? O que aconteceu?- disse assustado.
- Não houve nada, relaxa. Eu acordei mais cedo, e quero pedir desculpas.
- É, você ficou com a consciência pesada mesmo, pra perder seus preciosos minutos de ronco. Tudo bem, eu não devia ter gritado com você, desculpa.
- Você estava certo. Agora corre porque se eu perder o café por sua causa, quem vai gritar sou eu. - e começamos a rir.
Após o café, fomos para a primeira aula do dia que era etiqueta e juro que me esforcei ao máximo para não errar nada, mas depois da bomba de bosta do Griffon, a Defossez começou a pegar no nosso pé. Teve a capacidade de reclamar que os óculos do Lobão não estavam limpos corretamente. Disse que Miyako sofria de ausência de graça natural, Griff era um caso perdido, eu caminhava para o abismo do suicídio social (olha que coisa besta de se dizer para um cara. ¬¬ ).
O único que agradava era o Seth. Aliás, ela olhava meio que hipnotizada por ele, engraçado que algumas meninas agiam assim também. Olhei para o lado próximo das janelas e Savannah sorriu para mim. Decidi que iria resolver a situação com ela e mandei um bilhete que foi passando de mão em mão até chegar nela. Ela leu e acenou positivamente com a cabeça. Rory ao seu lado me olhava séria, e logo desviou os olhos.
...
- Oi Savie tudo bem?
- Tudo Ty. O que você queria falar comigo? – perguntou me dando um beijo no rosto.
- Olha... É sobre o fato de ficarmos juntos outro dia e...
- Eu gostei de ficar com você. - ela interrompeu.
- Eu também, você é muito linda e tudo... Somos amigos e andam circulando uns rumores de que somos namorados e...
- Claro que somos amigos Ty. Não sei de onde surgiram estes rumores. Devem estar inventando isso, para deixar você chateado comigo. - ela interrompeu.
- Bem já que estamos esclarecidos vamos voltar pro salão comunal? Ainda não almocei. - disse aliviado porque ela não fez cena.
- Sim, vamos. Ty posso beijá-lo como amiga?
- Claro. - e achei que ela fosse beijar o meu rosto quando ela me agarrou e me deu um beijo na boca. Ouvi um barulho, e soltei seus braços do meu pescoço:
- Chega Savie. - disse firme procurando ao redor para ver quem estava ali.
Separamo-nos e eu voltei para o salão comunal para almoçar me sentindo intrigado.

Ao final do dia, antes do treino de Quadribol marcado para aquela noite, eu saía da Sapientai quando vi a Rory passando pelo corredor, carregada de livros. E o melhor: ela vinha sozinha. Era a minha chance, fui rápido até ela:
- Oi Rory.- disse confiante.
- Olá, Ty. – disse séria.
- Quer ajuda? Parece pesado. – ofereci.
- Não obrigada. Dou conta sozinha.
Como ela continuasse séria, resolvi falar logo o que me levou até perto dela:
- Rory, o passeio a Paris está próximo e eu quero saber se você gostaria de ir comigo. Sabe... Er... Tipo um encontro.
- Você é muito cara de pau mesmo. – disse e seus olhos azuis pareciam duas pedras de gelo.
- Como cara de pau? Só estou te convidando para um encontro. É só dizer sim ou não, não precisa xingar. – respondi um pouco irritado.
- Não sou do tipo de garota que sai com o namorado das outras.
- Mas eu não...
- Aliás, você deve achar isso comum não é? Já que seu pai e a professora de Mitologia são íntimos.
- Como você sabe disso? – segurei o braço dela, e ela soltou os livros no chão, e me encarou:
- Ouvi sem querer você conversando com seus amigos.
Acho que eu devia estar com uma cara péssima, e ela começou a dizer hesitante:
- Me desculpa não devia ter dito isso... Eu...
- Esquece. - Abaixei e peguei seus livros do chão, e coloquei em seus braços bruscamente, e sai andando. Ela ainda me chamou, mas eu ignorei, precisava bater em alguma coisa.
Cheguei ao campo e o time estava lá:
- Vamos treinar pesado hoje. - avisei.
Logo estávamos voando e todo e qualquer balaço que aparecia na minha frente eu rebatia com força, sem mirar direito, e uma hora quase derrubei DeVille da vassoura. Após umas duas horas de treino em que eu punha defeitos em todos, até no jeito do Gabriel procurar o pomo, Derkian veio perguntar:
- E aí já acabamos?
- Só acaba quando eu disser que acabou. - respondi rude.
Vi seus olhares revoltados, porém eles voltaram para o ar. Notei quando a Rory chegou e ficou sentada sozinha na arquibancada. Senti uma dor forte no pulso quando um balaço me acertou, e trinquei os dentes. Podia agüentar um pouco mais, mas ao ver o resto do time me olhando com cara de poucos amigos disse:
- O treino acabou. Obrigado.
Pude ouvir seus resmungos enquanto descia. Logo Gabriel estava do meu lado perguntando:
- O que foi isto?- se referindo ao meu jeito durante o treino.
- Nada. - e continuei andando em direção ao castelo e ele ia junto.
Rory se aproximou rápido e me chamou ofegante pela corrida que deu:
- Ty a gente pode conversar?
- Não. - respondi seco e ela ficou vermelha quando viu que Gabriel olhava dela para mim nos estudando.
Virei as costas e voltei a andar para o castelo, quando Gabriel perguntou:
- Vocês brigaram?
Fiquei quieto sem responder, e ele tomou meu silêncio com um sim e não falou mais nada. Agora que meu corpo voltava á temperatura normal, meu pulso latejava. Olhei para meu braço e ele estava pesado, inchado, e ficando roxo. Dei boa noite ao Lobão e fui para a enfermaria.
Quando voltei ao dormitório algum tempo depois, com o braço numa tipóia, Gabriel já dormia e em cima da mesinha de cabeceira havia uma carta da minha mãe, avisando que no dia do passeio a Paris, ela queria me ver num restaurante em que vamos sempre. Seria um encontro de família.
Ri sozinho: Queria entender a que família minha mãe estava se referindo.

Friday, October 06, 2006

20000 léguas submarinas – Parte II

Das memórias de Gabriel Graham Storm

- Então? O que estamos procurando?
- Uma pasta rosa! Deve ter escrito na capa ‘Projeto Dormitório’ ou algo do gênero.
- Essa aqui? – ela falou, puxando uma pasta chamativa de dentro da gaveta da diretora.
- Essa mesmo! Obrigado!
- O que tem ai, que fez você querer invadir a sala da giganta?
- Nada demais, só alguns desenhos...
- Ah garoto, para com esse negocio de que não é nada demais! Me dá isso aqui que eu quero ver!

Ela tomou a pasta da minha mão e começou a folhear até encontrar os desenhos, caindo na gargalhada em seguida quando viu as caricaturas dos professores.

- Não digo que você seria expulso, mas ia pegar uma bela de uma detenção... Quem é o gordo com a Maxime?
- Hagrid, guarda-caça de Hogwarts.
- E eles têm mesmo um caso??
- Sei lá, parece que sim. Ao menos é o que dizem por lá.

Ela continuou a olhar os desenhos e agradeci mentalmente por ter tirado o que fiz dela da mochila há semanas. De repente ouvimos passos vindo da escada, acompanhados das vozes de madame Maxime e do professor de Zoologia. Mad fechou a pasta, jogou de volta na gaveta dela e agarrou minha mão, me empurrando pra dentro de um armário e fazendo sinal para que eu ficasse calado. Encostei o ouvido na porta para ouvir o que eles diziam, torcendo para que saíssem logo.

- Queria poder levar as crianças na festa em Paris, mas não me sinto segura para mover mais de 100 alunos para a cidade à noite. E se os comensais resolverem atacar, como fizeram naquele final de semana?
- É realmente um risco que corremos, mas acho que valeria a pena. Não sei, podemos tentar montar um esquema de segurança.
- Sim, sim... O importante é que nenhum aluno fique sabendo dos nossos planos, pois assim não criamos expectativas. Como monsieur é o responsável pelo grêmio, veja se os alunos têm alguma idéia o Halloween, que possa substituir essa festa.
- Vou sondar os garotos. Acho que aquele aluno estava delirando quando falava de sala dos fundadores. Fizemos uma busca minuciosa pelo castelo e não encontramos nada. A única passagem secreta que ainda está aberta é a que tem dentro do seu armário, mas nessa não iremos mexer, visto que apenas a senhora, Gerard e eu sabemos sua localização e nos é muito útil...

Mas o resto da conversa nós já não ouvimos. Quando virei para trás, Mad já estava tateando a parece à procura da brecha que abriria a passagem. Amassei os desenhos recuperados no casaco e me juntei a ela. O armário era escuro e não podíamos usar o Lumus, o que fez com que Mad tropeçasse numa caixa largada no canto. Imediatamente tampei sua boca, olhando alarmado para a porta. A conversa do lado de fora havia morrido, eles estavam se encaminhando para o armário. Encostei a mão na parece em pânico e ela se moveu de repente, fazendo com que caíssemos dentro da passagem. Fomos escorregando no escuro e vi que a parede voltou ao lugar no instante em que tombamos. O que era bom, pois eles não saberiam se tinha ou não alguém no armário.

- Onde estamos? – falei me levantando e estendendo a mão para ela
- Não faço a menor idéia... Mas que vaca! A Maxime tem uma passagem secreta particular!
- Será que as casas também têm passagens como essa?
- Também não sei, mas pode ter certeza que vou procurar pela Nox toda! Mas que lugar é esse, afinal??

Olhamos a nossa volta intrigados. O lugar era completamente diferente da sala dos fundadores, que era bastante iluminada. Essa era mais escura, parecia que estávamos em um porão.

- Lumus – murmurei e a ponta da minha varinha acendeu, revelando uma escada logo a nossa frente.
- É um porão, com certeza. Onde será que a escada vai dar?
- Bom, só tem um jeito de descobrir... Damas 1º.
- Sim, claro, se sair um dinossauro da porta, ele me engole primeiro e você corre. – falou rindo e dei risada também

Mas a escada não dava no mundo do Elo Perdido, e sim numa sala pequena, totalmente desproporcional ao tamanho do porão abaixo dela. Não havia móveis, apenas uma mesa de vidro com quatro ou cinco cadeiras e algo do lado que mais parecia um pequeno aquário. Mad se adiantou e apertou um botão em cima da mesa. As paredes de repente começaram a se mover e se antes a sala estava escura, agora estava tomada por uma tonalidade azul, vinda da água que apareceu em volta do vidro. Estávamos em um imenso aquário dentro do lago!

- Essa é a sala de reunião dos sereianos! Ouvi falar dela, mas achava que era lenda. Gerard já ameaçou me trancar aqui diversas vezes.
- E como vamos sair daqui?? Temos que voltar, estamos longe demais, não quero perder a 1ª aula...
- Relaxa Gabriel, você não vai repetir o ano se perder um tempo de aula! Nós acabamos de descobrir uma passagem secreta!
- Pena que pra usar ela é preciso ser um peixe...
- Bom, melhor mesmo irmos andando. Ou nadando! Está com seus desenhos? Melhor lançar um feitiço impermeável neles... E vamos usar o feitiço cabeça-de-bolha também, estamos muito abaixo da superfície...

Puxei rapidamente os desenhos do casaco e executei os dois feitiços, bem a tempo. Mad bateu com a varinha na comporta e a sala se encheu de água. Agarrei-me na abertura e com dificuldade consegui lançar o corpo pra fora. Ela já estava parada me esperando, como se aquilo fosse a coisa mais natural da face da terra, e nadamos para cima demorando mais de 5 minutos para chegar à margem do lago. Àquela altura, já havia perdido a aula de feitiços e provavelmente perderia a aula de Botânica, pois estávamos ensopados e iria precisar trocar de roupa.

- Ai, nadar cansa! Mas até que foi divertido...
- Ô, super divertido... Quase nos afogamos!
- Mas como você é dramático!
- Mad, onde você estava? Por que esta toda molhada? – Manuela, a amiga dela que era da Sapientai, apareceu.
- Nossa você não vai acreditar! Vamos indo que preciso trocar de roupa, te conto no caminho. Até mais Gabriel!
- Até...

A amiga dela olhava para trás enquanto andava, me encarando e rindo. Retribui o olhar desafiador e quando elas sumiram pelas portas do castelo, me larguei na grama, ainda ofegante, e pensativo. Preciso começar a desenhar o mapa e não esquecer de fazer uma observação sobre essa passagem: é necessário preparo físico para sair dela!

Thursday, October 05, 2006

20000 léguas submarinas – Parte I

Das memórias de Gabriel Graham Storm

A idéia do jornal já havia se espalhado pelas salas de aulas e os alunos interessados em fazer parte do projeto não paravam de abordar o Went pelos corredores. Miyako também havia topado participar como colunista e eu me dispus a ficar com a parte gráfica e visual do jornal. Estávamos na aula de Etiqueta e eu ocupava meu tempo desenhando a professora, numa caricatura bizarra que fazia Miyako, Ty, Griff e Seth abafarem risos, principalmente depois que eles encontraram no meio do meu material uma que havia feito da madame Maxime.

- Esses desenhos estão ótimos! Você vai publicar isso no jornal, não é? – Ty falou rindo alto
- Está louco? Madame Maxime come meu fígado se ver isso!
- Sim... E fora que ela vai vetar o jornal na mesma hora! – Mi falou
- Então isso merece ser colado no mural das casas! Se quiser, coloco em exibição no mural da Lux e não digo quem é o autor... – Griff falou puxando o desenho da Defossez pra ele
- Não inventa Griff, vai criar confusão pro lado do Gabriel. Guarda essas caricaturas antes que caia em mãos erradas, como as do meu irmão. – Seth falou cauteloso e me devolveu o papel.

A aula terminou logo em seguida e me separei dos meus amigos, pois teria reunião do grêmio da escola na sala dos monitores. Isa havia convocado uma reunião de emergência para discutir a idéia de banir o feitiço que bloqueia o acesso dos meninos ao dormitório das meninas. Ela alegava ter passado por uma situação de pânico e teve que se virar para resolver sozinha, já que seu amigo não podia passar da porta. A idéia foi de imediato aprovado pelos garotos, mas nem todas as meninas se empolgaram. Mas como a maioria aprovava, ficou decidido que Isa faria uma apresentação por escrito para entregar a diretora e ela poderia recrutar quem quisesse do grêmio para ajudar. Juntei os papeis onde estava anotando as idéias e entreguei a ela, que ficou por lá com mais cinco alunos preparando tudo para ser entregue no máximo até o dia seguinte.

***************************

No dia seguinte...


- Onde estão meus desenhos???

Estava no dormitório com Ty e já havia revirado todas as minhas coisas, mas não encontrava nenhuma das minhas caricaturas. Começava a entrar em pânico, imaginando onde poderiam estar a essa altura, pois com certeza eles sumiram ontem, não havia mexido nas minhas coisas hoje.

- Calma Lobão, de repente o Griff pegou de brincadeira, vamos procurá-lo.
- É bom que estejam com ele...

Saímos do dormitório disparados para o Grande Salão e encontramos os gêmeos tomando café na mesa da Lux. Perguntei se algum deles estava com os desenhos, mas ambos negaram, pois eu havia guardado todos eles na mochila logo depois da aula e não os encontrei mais pelo resto do dia. Sentei desesperado ao lado deles tentando lembrar quando foi a ultima vez que vi aqueles papeis e meu coração quase saltou pela boca quando lembrei: na hora de arrumar as coisas no final da reunião do grêmio, eles devem ter se misturado com os papeis que deixei com a Isa!

- Acho que sei onde eles estão... Vejo vocês na aula!

Corri desabalado até a sala da Maxime, pois sabia que eles entregariam o projeto hoje pela manha para ela, mas quando cheguei Isa já estava saindo, parecendo satisfeita.

- Isa, por Merlin, você encontrou uns desenhos ontem, junto com as anotações que eu te dei?
- Hii Gabriel, não sei... Só juntei as coisas que você me deu e acrescentei com as que fizemos depois. Deve estar tudo dentro da pasta, que está em cima da mesa da Maxime...

É possível morrer por alguns segundos? Se for, acaba de ocorrer isso comigo! Por que quando mais se precisa de idéias geniais, elas simplesmente evaporam? Comecei a andar em círculos em frente ao escritório dela, até que a diretora saiu. Bom, pela sua cara animada, ela ainda não havia aberto a pasta. Tudo que precisava agora era entrar na sala dela, mas como, se não sabia a senha?

- Está tudo bem aí? – ouvi a voz da Mad atrás de mim e me virei rápido
- Não, não tem nada bem, está tudo péssimo!
- Nossa, mas o que aconteceu?
- Hoje é meu ultimo dia na escola, vou ser expulso!
- Você? Expulso? O que você pode ter feito pra tanto??
- Nada, deixa pra lá... – falei tateando a parede que dava acesso ao escritório da diretora.
- Ok então, se não quer falar... – e fez menção de ir embora
- Espera! Sabe se tem um jeito de entrar aqui sem a Maxime?
- Mas é isso que você precisa? Por que não disse logo? Sai da frente...

Mad me empurrou pro canto e encostou a varinha na parede, que se mexeu em seguida. Sem duvida ela usou um feitiço silencioso para que mais ninguém escutasse a palavra mágica. Uma escadaria de pedra se revelou, a mesma que vi nas tantas vezes em que estive aqui por alguma besteira que fiz. Ela fez uma reverencia de brincadeira para que eu entrasse primeiro e passei a sua frente, subindo depressa. Ela veio logo atrás, curiosa. Estávamos invadindo a sala da diretora da escola, eu devia estar perdendo o juízo...

(Continua...)

Wednesday, October 04, 2006

O tempo de errar de cada um

Anotações de Ty McGregor

Estávamos numa sala de estudos próxima da biblioteca pegando as informações sobre o trabalho da professora de Mitologia, que teríamos que entregar, quer dizer Miyako e Gabriel copiavam as coisas e eu batia os dedos impaciente na mesa.
- Ty pára com isso. Tá me desconcentrando... - reclamou Gabriel.
- Porque você não pega aquele livro grandão sobre Hermes, Ty? Iria ajudar muito no trabalho de Mitologia.
- Odeio esta matéria... - respondi.
- Você sempre gostou de Mitologia. O problema é a professora. Mas até que ela é legal. - disse Miyako e recebeu um olhar frio da minha parte.
- Ty, a Miyako tem razão. Não adianta você detestar a professora, sabemos o motivo e até achamos justo. Porém ser reprovado na matéria não resolverá nada, além de nos prejudicar.- disse Gabriel.
Eles tinham razão, e me senti envergonhado por estar falhando com eles. Comecei as ajudar no trabalho, e íamos trocando idéias, quando vi Savannah entrar junto com as amigas e acenou para mim. Retribuí e ela foi sentar mais distante.
Vi quando Miyako trocou um olhar com Gabriel e perguntou:
- Não vai se sentar com a sua namorada Ty?
- Ela não é minha namorada. Que idéia absurda. - respondi.
- Não? Pois não é o que anda circulando pelo banheiro feminino. – ela respondeu.
- É, e uns caras do sétimo ano me perguntaram se era verdade que você namorava a princesinha. - comentou Gabriel.
- O que anda circulando por aí que não estou sabendo?- perguntei curioso.
- Hummm vejamos: Os irmãos Chronos são novidade é claro, e algumas meninas já estão suspirando por eles. – como eu olhei impaciente ela riu e contou o que me interessava:
- A Savannah tava no banheiro feminino meio que anunciando para algumas garotas que ela era sua namorada.
- Que garotas?- e meu estômago se contraiu.
- Estavam lá a Desireé, e suas amigas... A namorada do Went e aquela menina CDF, a Rory com a irmã dela e mais algumas que não lembro agora. - disse minha amiga forçando a memória.
- Eu não sou namorado da Savannah, só ficamos uma vez e foi num impulso da minha parte, porque eu queria irritar a Rory. - expliquei e aí me dei conta do ar risonho dos meus amigos.
- A-há, eu sabia que tinha alguma coisa errada nesta história. Você me deve um galeão Lobão, porque eu disse que a Savie não fazia o tipo dele. - disse Miyako esticando a mão.
- Tá, mas você me deve um galeão porque eu disse que só podia ser alguma coisa com a Rory. - olharam um pro outro e disseram juntos enquanto apertavam-se as mãos e riam:
- Aposta paga.
- Dá para não ficarem apostando sobre a minha vida pessoal como se eu não estivesse aqui?- eles começaram a rir e eu acabei rindo com eles. Deu o horário para irmos embora, e após deixarmos Miyako na porta da Nox, voltamos para a Sapientai, na metade do caminho eu reclamei:
- Estou com fome.
- Novidade. – respondeu Gabriel.
- Vamos à cozinha comer alguma coisa?
- Só se for rápido. Mesmo eu sendo monitor posso pegar detenção.
Caminhamos rápido até a cozinha e fizemos um lanche reforçado. Voltávamos pelo corredor quando demos de cara com a professora de Mitologia.
- Senhores Storm e McGregor. Já é tarde para vocês estarem fora do dormitório não? - ela disse com aquele ar de boazinha que me irritava.
Pensei em responder que ela não tinha nada com isso, quando vi o olhar do Gabriel me pedindo para ficar calado, enquanto ele respondia:
- Desculpe professora, ficamos até tarde fazendo o seu trabalho e acabamos perdendo a hora. Já estávamos voltando para nosso salão comunal.
Ela ficou me encarando e disse:
- Voltem para o salão de vocês. Não se preocupem: não vou descontar pontos de sua casa desta vez.
- Não precisa bancar a boazinha comigo para agradar ao meu pai. – provoquei.
Ela me olhou séria, e respondeu:
- Não preciso fazer nada para agradar ninguém, Tyrone. Sei que é muito forte o que ele sente por mim. E se você disser mais alguma palavra com a intenção de me ofender, vou mudar de idéia com relação aos pontos da sua casa e posso até mesmo dar uma detenção. Quem sabe num dia de treino do seu time?
Ficamos nos encarando por alguns segundos e Gabriel me puxou, antes que eu fizesse mais besteiras:
-Já estamos indo. Boa noite professora.
Ele foi me puxando o mais rápido possível até entramos no salão da Sapientai. Ao chegar lá joguei meu material e disse zangado:
- Eu odeio aquela mulher. Ela é uma ...
- CALA A BOCA, TY.- gritou Gabriel e eu fiquei chocado com o tom de voz, enquanto ele falava rispido:
- Olha aqui tô cansado de ver você fazer besteiras desde o problema com os seus pais. Isto é um problema DELES. Pára de querer fazer justiça com as próprias mãos neste caso, ou você não vai se ferrar sozinho, vai nos levar junto. Que droga! - e saiu pisando duro para o nosso dormitório.
Quando entrei no dormitório ele já dormia a sono solto. Melhor, pois eu estava me sentindo péssimo, por saber que ele tinha razão. Estou agindo errado.De agora em diante vou guardar meus pensamentos hostis com a professora de Mitologia só para mim. Amanhã vou pedir desculpas para o Lobão e tentar ser um pouco menos idiota em minhas atitudes, não só com esta história da professora, como em relação a ser "namorado" da Savannah.
Está na hora de esclarecer algumas coisas.