Tuesday, January 17, 2006

Sem argumentos, sem explicações...

Da velha caderneta de Samuel Stardust


IS: Ah, eu agradeço imensuravelmente Olímpia, mas a situação atingiu níveis irrecuperáveis, e às vezes, precisamos tomar decisões que por mais que pareçam dolorosas para nossos filhos inicialmente, são para pensar em seus futuros! Sinto que a estadia do Samuel chegou ao fim nessa agradável escola.

OM: Bom, uma vez tomada a sua decisão, não há mais nada em que eu possa fazer. Fique tranqüilo... Samuel não nos prejudicou em nada! Passaremos uma borracha em cima dos últimos acontecimentos, e será sempre bem-vindo a retornar se assim quiser. Pedirei ao Gérard, para que te acompanhe até o dormitório do jovem Stardust. Foi um prazer em vê-lo Sr. Ministro.

IS: Igualmente professora! Com licença...

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GT: Por aqui senhor... Seu filho está em aulas agora, mas se você assim prefere, pode esperá-lo aqui no dormitório. Direi que ele suba ao seu encontro assim que terminar o jantar.

IS: Não é preciso que lhe diga nada Gérard. Esperarei por aqui quanto tempo for preciso, não se preocupe... Obrigado!

A sineta tocou e um tumulto percorreu por todos os corredores do castelo. Os alunos agitados com o fim de mais uma semana de aulas e animados fazendo programas para o fim de semana, saíram em direção ao grande salão para jantar. Uma péssima e desconfortável sensação me percorria da garganta ao estômago, subindo e descendo continuamente. Desde que voltara do acampamento, uma grande goles havia se entalado na minha goela e não queria descer...

Sabia, é claro, que papai havia recebido o berrador, e que soubera que andei cumprindo detenções durante toda essa semana, mas o que estava me deixando tenso, era a falta de notícias dele. Não sabia o que ele poderia estar pensando em fazer, mas desde que o pai de Ian o saiu carregando lareira afora, eu não duvido de nada que ele possa estar pensando.

Sai para jantar com Patrick, e me sentei à mesa da Nox próximo de Dominique. Durante o jantar, porém, Gérard se encostou onde eu estava e me avisou que meu pai me esperava no dormitório. A minha vontade foi de sumir, pegar o pó de flú na mochila e sair para onde me desse na telha, mas sabia que uma fuga repentina só tardaria o que estava por vir. Como fiquei totalmente sem apetite, e a goles na minha goela começando a inflar, decidi ir logo ouvir o que ele tinha pra me dizer e tentar em vãs palavras encontrar argumentos justificativos. Pedi que Patrick se demorasse mais para subir ao dormitório e me despedi com desejos de boa sorte.

Quando entrei ao dormitório, papai estava sentado na cama encarando as janelas.


SS: Pai?

IS: Já terminou o jantar Samuel?

SS: Bom, na verdade estava sem apetite... O que o senhor faz aqui?

IS: “O que o senhor faz aqui?”... Interessante que me pergunte isso. Gostaria que você pudesse me responder por que tive que voltar aqui Samuel.

SS: Na verdade eu sei o que veio fazer aqui. Olha pai, antes que comece o seu longo sermão, eu gostaria de argumentar...

IS: Argumentar? Não há nada para argumentar... E descobri que sermões não adiantam com você! Já tomei uma decisão. Só vim até o dormitório para que você preparasse suas malas... Estamos de partida hoje mesmo!

SS: Partida? Pra onde?

IS: Você está matriculado na Durmstrang... Já conversei com Madame Máxime e sua mãe já foi avisada. Começará seus estudos lá depois de amanhã. Agora, ande depressa... Em casa conversaremos direito.


Com uma onda gélida me percorrendo, e um total desespero de perplexidade, encarei meu pai incrédulo. Queria que ele estivesse fazendo uma brincadeira sem graça, que aquilo fosse um pesadelo, mas ele parecia imóvel e decidido, e com um simples aceno de varinha, reuniu todas as minhas coisas, me apontando a saída. Encontrei Dominique e Patrick conversando no Salão Comunal. Não dava pra acreditar no que estava acontecendo. Relatei rapidamente para eles e me vi obrigado a entrar nas verdes chamas da lareira. A viagem pra casa nunca me foi tão desagradável, e agora, eu consigo entender realmente, cada uma das sensações que Ian me descreveu na sua carta.

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