Thursday, January 12, 2006

De malas prontas... pra onde mesmo?


Quando pus os pés no castelo, de volta do acampamento, percebi que os berradores da professora Milenna, além de barulhentos, são extremamente rápidos. Encontrei Quim plantado ao lado da porta que dá acesso ao Grande Salão. Aquele tamanho todo, com a cara que olhava pra mim... se fosse um estranho, eu tinha petrificado! Acho que ele andou treinando caretas e olhares mortíferos durante o ultimo mês, no tal "serviço" da Ordem, porque essas eram novidade pra mim. E olha que eu já sou quase PHD quando o assunto é caras feias de Quim Shacklebolt.

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meus Deus, quanto tempo
Eu passei sem saber?


Quando me viu, ele saiu marchando, igual àqueles generais nazistas dos filmes trouxas sobre a segunda guerra mundial. Me pegou pelo braço e, sem dizer "Oi" nem nada, saiu arrastando, como se eu fosse um saco de milho, escada acima. Me senti a própria Olga Benário sendo carregada para a câmara de gás. Só que o meu carrasco tinha o dobro do meu tamanho e o triplo da minha força. Desisti de tentar me rebelar e deixei ele me arrastar. Já que o sermão era inevitável, pelo menos ia poupar minhas energias.

Parou em frente a um armário de vassouras, destrancou-o e me enfiou lá dentro.

AB: Ah não, Quim. Armário de vassouras de novo não.
QS: Quieta! Entra aí.
AB: É apertado demais aí dentro... por que não conversamos em uma sala de aul...
QS: E – N – T – R – A!
AB: Ok, ok... não precisa ficar nervoso. Olha o infarto...


Quim começou o monólogo de sempre. Você não é mais criança, blábláblá, onde anda sua cabeça, blábláblá, incendiar o acampamento, blábláblá, alguém podia ter se machucado, blábláblá...

Foi quando meu "pai" me disse:
Filha,
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir!


Não vai crescer nunca, blábláblá, aprender a controlar esse gênio, blábláblá, um berrador na frente do Primeiro Ministro trouxa, blábláblá, a reputação que eu tanto zelo indo por água abaixo, blábláblá.

Então ele parou por um momento, acho que pra tomar fôlego, ou pra lembrar alguma acusação que estava esquecendo. Aproveitei.

AB: Você esqueceu de citar um pequeno incidente aí no seu sermão, monsenhor Shacklebolt: Milenna assada regada à suco de abóbora e canções indígenas.
QS: Dessa vez, extrapolou todos os limites. Assar uma professora, Adhara? Você tem o que no lugar do miolos?
AB: Acabou? Fala sério, até que foi divertido!! Agora, é minha vez: foi VOCÊ quem me deixou enterrada nesse fim de mundo durante as férias, foi VOCÊ quem preferiu brincar de caçadores de aventuras e ir atrás de comensais da morte no Natal. VOCÊ também tem culpa nessa história, grandalhão. E não adianta dizer que é o seu serviço. Porque se fosse, poderia ter me levado junto. E tem mais, tô cansada de levar sermão por "agir como criança", e na hora de mostrar serviço, ser tratada como se tivesse 5 anos de idade. Temos que decidir isso: Ou você se convence que eu tenho dezoito anos – e não cinco, nem quarenta – ou então vira o disco e desiste, porque assim não vai dar certo.

Baby, baby, não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar


QS: Ok. Você venceu.
AB: E isso significa...?
QS: Você vem comigo.
AB: Como assim, vem? Pra onde, criatura? Tenho um exame de poções pra fazer na metade do ano, esqueceu?
QS: Não. Mas você pode fazê-lo depois de amanhã, em Paris. O ministro francês é meu amigo e... bem, digamos que ele concordou em abrir uma exceção para esse caso.
AB: Quer dizer que eu não preciso mais ficar enfurnada aqui?
QS: Não. Agora, faça-me um grande favor. Não dê motivos para o examinador transformar sua prova em picadinho.
AB: Fica frio, vou ser um doce anjinho. Com auréola e tudo. E depois, pra onde eu vou?
QS: Vai ficar comigo, oras. Estudar, academia de aurores. Pensei que a super gênio já tivesse entendido isso. Com o Lorde das Trevas agindo tão às claras, quero estar de olho em você.
AB: Sei... entendi a intensidade desse de olho em você. Antigamente você era mais criativo em suas desculpas esfarrapadas. E pra onde nós vamos?
QS: Londres. Alguém aqui tem que trabalhar, não é?

Baby, baby
Não vale a pena esperar
Tire isso da cabeça
E ponha o resto no lugar


Juntei minhas tralhas, me despedi da Bel. Apesar de tudo, acho que vou sentir falta disso um dia.

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N.A.: Música: Ovelha Negra, de Rita Lee.

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