Do diário de Miyako Kinoshita
MK: Acordem! Os dois! Temos que sair depressa ou perderemos metade do dia... Vamos, levantem...
O dia mal tinha amanhecido ontem e eu sacudia Ty e Gabriel... Gabriel tentou relutar, mas logo viu que seria inútil, se sentou e colocou os óculos. Ty continuava dormindo como se não tivesse escutado uma só palavra do que estava dizendo. Sacudi-o todo até que abriu os olhos sonolentos e esfregou-os. Levantou se espreguiçando e olhando seco para mim.
TM: Porque temos que nos levantar tão cedo? Pra onde quer nos levar dessa vez? Ao pico do Monte Everest e teremos que ir até lá a pé também?
MK: Ha Ha... Levantem logo... O café está esfriando e rosca fria é ruim!
TM: Rosca é? Estou faminto!
GS: Grande novidade essa...
Após eles vestirem novamente os kimonos, descemos para tomar café e saímos. O sol estava começando a brilhar forte quando passamos novamente pelo centro da cidade em direção à estação de metrô.
GS: Aonde iremos?
MK: Templo Budista...
TM: Para que?
MK: Oras... Para meditarmos, tentarmos achar nossa paz interior e espiritual!
TM: Ok, já que você insiste... Mas só para constar, eu já estou em total paz com meu interior. O café estava ótimo!
Quando descemos do metrô chegamos às proximidades de vários templos. Entramos em um alto, estava vazio e silencioso. Comecei a explicar para eles os símbolos marcantes do templo. Gabriel parecia muito interessado, mas Ty olhava tudo como se fosse uma coisa sobrenatural, até com medo eu diria... Saímos para o exterior do templo onde estavam as bandeiras de oração. Algumas pessoas estavam sentadas no gramado como posições de ioga, meditando e recebendo as boas energias trazidas pelas bandeiras... Agarrei os braços dos dois e levei até próximo de onde estavam e nos sentamos na grama.
MK: Agora sintam as energias... O fluxo do vento! Que maravilha... Sentem assim: Pernas cruzadas, braços em cima das coxas e façam um círculo com os dedos polegar e indicador. Respirem fundo e esvaziem a mente... Sintam seus corpos mais leves!
Por ironia do destino vi os dois sentados, um de cada lado, nas posições que havia indicado e respirando fundo, os olhos fechados... Após algum tempo, sentia meu corpo distante, quando Ty me chamou à realidade...
TM: My, eu acho que encontrei a paz interior! Ouço alguns barulhos vindo do abdômen, e estou tonto...
GS: Merlin! Ty, você está com fome de novo?
TM: Ham, são barulhos do meu estômago?
MK: Nunca ouvi barulho nenhum durante uma meditação, Ty...
TM: Podemos almoçar?
GS: Como almoçar? Você comeu seis rosquinhas no café!
TM: Mas mamãe disse que eu estou em fase de crescimento...
MK: Ok, ok, vamos logo almoçar antes que eu seja a responsável pelo nanismo de adolescência dele!
Saímos do templo e chegamos à sua fachada. Gabriel ia me relatando que conseguiu deixar a mente vazia de qualquer pensamento quando...
Blein! Blein! Blein!
Virei para trás quando vi Ty sacudindo o sino da porta do templo todo sorridente. Corri com Gabriel até lá arrancando Ty do sino e olhando para o interior do templo ansiosa. As pessoas olharam confusas e sai arrastando os dois pelo caminho acima...
MK: Será que você pode ficar quieto um segundo? Porque tinha que tocar o raio do sino?
TM: Nunca vi um sino que é feito para enfeite! Hunf... Achei que se tocasse aquele sino eles nos indicariam o restaurante mais próximo!
MK: Mais uma dessas e eu te indico o cemitério mais próximo, ouviu?
GS: Ei, My, o que há? É você ou um alien aí dentro? Você não é nervosa assim! –Gabriel estava rindo tanto que mal conseguia falar.
TM: Sai do alfabetinho ou eu te azaro!
GS: Ty, não podemos fazer magia fora da escola...
TM: Eu sei, mas o alien não sabe! Sai de dentro da alfabetinho ou eu juro...
MK: Parem a palhaçada! Abaixa essa varinha, e alfabetinho é a sua nádega TYRONE!
GS: Ih cara, é a My mesmo... Só ela fala Tyrone com tanta fibra assim!
Senti uma vontade louca de me juntar ao Gabriel e cair na gargalhada, mas me controlei. Levei eles ao restaurante italiano e comemos tranquilamente... Depois decidi levá-los à parte bruxa da cidade, pois teríamos que regressar à Beauxbatons hoje. Passamos nas lojas de penas, tinteiros e pergaminhos e abastecemos nossos estoques, e depois fomos à loja de Logros, à livraria, artigos de quadribol, poções, e por último à sorveteria.
GS: Eu não entendo... Como cabe tanta comida assim dentro do Ty?
MK: Acho que ele tem um buraco negro no lugar de estômago...
TM: Já disse, estou em fase de crescimento e faço a digestão rápido. Só isso...
GS: Acho que você nem chega a fazer a digestão Ty!
Foi realmente uma pena não tê-los levado para conhecer o SPA, mas já combinamos uma outra viagem para o Japão futuramente... Voltamos pra casa carregados de sacolas e ficamos jogando xadrez de bruxo o restante da noite.
Quando acordamos hoje, dessa vez sacudidos por mamãe, trocamos de roupas, não mais pelos kimonos, e descemos. Para a grande surpresa de Ty, o padrinho dele, Sergei, estava parado esperando-nos. Ty correu para cumprimentar o padrinho e o carregou até a mesa de café.
Era um homem realmente divertido o padrinho do Ty... Eu e Gabriel descobrimos de onde ele tinha herdado tanto humor. Ele nos disse que tinha ido nos apanhar para acompanhar até o castelo em segurança. Não sei se foi impressão minha, mas notei alguns olhares que ele e mamãe trocaram. Acho que Ty percebeu também, e Gabriel estava demasiado sonolento para notar! Vou averiguar isso diário... De onde será que os dois se conhecem?
Terminamos o café e arrumamos as coisas...
GS: Tchau Tia Yulli... Obrigado por tudo! Você me livrou de uma semana de castigo!
YH: Não há de quer! Com sua mãe eu me entendo bem... Mande lembranças a ela! Voltem sempre!
TM: Er... Tia Yulli, desculpe arrombar a sua geladeira de noite ta? Desculpe qualquer coisa...
YH: Foi um prazer ter vocês aqui em casa! Mande lembranças a sua mãe também Tyrone, er, digo, Ty!
Abracei mamãe e peguei novamente sua lista de recomendações para tomar juízo na escola e aproximei da lareira com os outros...
SM: Bom, desculpe qualquer coisa pelo Ty! A gente se vê em breve Yulli...
YH: Assim espero! Bom semestre pra vocês meninos...
Gabriel entrou na lareira e gritou Beauxbatons desaparecendo no meio das chamas verdes... Ty foi logo depois e quando desapareceu, entrei na lareira e olhei a última vez para mamãe que acenou se despedindo. Rodei pelas lareiras rapidamente, até cair com um baque no chão de um tapete azulado. Gabriel e Ty me ajudaram a levantar e espanei a sujeira da roupa. Ficamos encarando a lareira esperando o padrinho de Ty sair, mas nada dele... Quinze minutos depois ele aparece com um sorriso escarlate nos desejando bom semestre... Quando ele novamente desapareceu pela lareira, saímos da sala de Madame Máxime.
MK: Será que seu padrinho se perdeu nas lareiras?
TM: Não sei... Ele é meio lerdo mesmo! Mamãe não escolheu uma pessoa muito adequada para nos acompanhar né?
GS: Será que se perdeu mesmo nas lareiras? Pode ter se perdido na sua casa My...
MK: Pensei que você não tivesse notado os olhares de mamãe com ele!
Decidimos que iríamos investigar mais a fundo de onde se conheciam, mas naquele momento só queríamos comer alguma coisa e aproveitar o restante do último dia de férias.
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