Friday, December 29, 2006

Novidades no Natal

Diário de Seth K. C. Chronos

Natal finalmente chegou e nesse momento estou em casa com meus pais. Temos muitas novidades. Mas tudo em seu tempo, tenho que explicar o que aconteceu nas semanas que antecederam ao Natal.
Pra variar não houve nenhuma notícia do Lobo e eu continuava com medo de ter sido eu, e continuava lacrado. Eu evitava meus amigos, e mesmo se eles quisessem chegar perto de mim, o lacre os impedia de se aproximar demais. O Grif era o único que às vezes conseguia se aproximar, e o Ty também em alguns momentos conseguiu atravessar.
Mas o que é esse lacre? O lacre foi criado pelo meu pai, após vários momentos de sua vida juvenil e até mesmo adulta, onde seus poderes saíram de seu controle e ele pôs em risco a vida de muitas pessoas, entre elas minha própria mãe. O lacre é uma magia poderosa que cria uma zona ao meu redor, impedindo que pessoas se aproximem de mim, e principalmente: impede que EU me aproxime das pessoas. Eu achei que isso era necessário e mesmo agora não duvido dessa minha decisão, prefiro viver solitário a pôr em risco à vida de meus amigos.
Mas isso estava enlouquecendo os meus amigos. Eles não entendiam porque eu havia me isolado, porque não conseguiam chegar perto de mim. Também não entendiam porque Tio Kyle estava sempre comigo, e principalmente porque eu pediria isso. Eu mesmo já não agüentava mais... Meus pais e Tia Alex já deveriam ter ido ao colégio, mas a todo momento algo fazia com que demorassem mais.... E cada dia mais parecia que eu era realmente o Lobo. Eu tinha sonhos onde via nitidamente o seqüestro. Mas eu estava no corpo do Lobo. Tinha sonhos também cheios dos pesadelos de uma mente atormentada pelo medo. Eu realmente era o Lobo, e o lacre sentindo essa minha decisão se intensificou...
- Finalmente vocês vieram, pai! – Grif correu pra abraçar papai e dar um beijo em mamãe.
- Nós tivemos nossos atrasos Griffon, mas finalmente estaamos aqui não? – Mamãe respondeu sorrindo e se dirigindo ao Ty, Mi e o Biel – Vocês cresceram tanto crianças!
- Eu sabia que os pais do Lu e do Grif conheciam os pais do Ty, mas não sabia que a senhora me conhecia – Mi falou, mas retribuindo a saudação.
- Eles foram amigos em Hogwarts! Meus pais também os conhecem e são amigos até hoje! – Gabriel respondeu sorridente.
- Tio Alucard, minha mãe não vinha com os senhores? – Ty perguntou se virando para o meu pai.
- Ela já veio por sinal, mas foi falar com seu pai. Agora me digam, onde está o Seth? – Papai perguntou para os meus amigos.
- Ele está na Torre da Lux, mas ninguém consegue chegar perto dele. Toda vez que alguém tenta se aproximar, lembra-se de algo importante a fazer, ou simplesmente muda de rumo. – Mi falou mostrando preocupação, enquanto caminhavam para a Torre da Lux.
- Às vezes eu e o Ty conseguimos chegar perto dele, mas em seguida somos repelidos. – Griff falou sorrindo.
- Mas o Grif consegue ficar lá por mais tempo. Por que apenas nós dois conseguimos chegar perto dele? – Ty perguntou meio surpreso.
- Porque ele baixou o lacre... Mirian, minha querida se importa de procurar a Alex com eles e explicar a eles o que é o lacre? Eu preciso falar a sós com o Seth. – Papai falou e minha mãe saiu junto dos meus amigos, a procura da Tia Alex. Papai seguiu sozinho para a Torre e me localizou rapidamente. Ele entrou no lacre com facilidade e isso me surpreendeu, pois não esperava a presença dele.
- Então você realmente baixou o lacre...
- Pai, como consegu...?
- Porque eu, sua mãe e sua Tia Alex criamos o lacre. Apenas nós três, ou alguém com poderes semelhantes podem passar pelo lacre facilmente. Seu tio Kyle também pode.
- Poderes semelhantes? O senhor eu entendo, porque é como eu, mas e a mamãe? E os pais do Ty?
- Os pais do Ty, e ele também, tem um poder muito especial que passa de geração à geração da família deles. É a Projeção Astral. Em breve saberá melhor. Quanto a sua mãe e seu irmão... Chegou a hora de te contar o que apenas te expliquei naquela carta...
Assim como a família McGregor, a família Capter, a família de sua mãe, tem um poder especial. A família dela tem um poder antigo relacionado à luz, à cura, à bondade, à esperança. Esse poder quase me matou uma vez, e também pode te matar se os donos não souberem controlar. Sua mãe controla perfeitamente, mas e seu irmão?
- O Griff tem desse poder?!
- O poder passa sempre para a geração seguinte, e você seria impossível de receber os poderes, apesar de que pode ter recebido um pouco, e isso já seria o bastante para indicar que você não é o Lobo!
- Mas pai...
- Deixe-me continuar, o caso Lobo tem hora certa para ser comentada. Como você não pode receber os poderes, seu irmão teria a maior possibilidade de receber. E ultimamente tivemos indícios de que ele os recebeu. Quando perseguiram Hellion, você me disse que ele parecia envolto por uma luz e diferente. E agora, ele é capaz de passar pelo lacre, o que prova que ele tem os poderes. O Ty também tem os poderes da família, disso já sabíamos e já começou os treinos. E vocês também precisam de treinos. Por isso nós viemos, vamos levá-los para casa no Natal, vocês precisam ser treinados.
- Qual a finalidade de treinar um assassino em potencial? – eu perguntei cabisbaixo, me referindo a mim mesmo. Meus olhos ficaram vermelhos e os do meu pai também em resposta.
- Você não é Lobo!! Seth, eu e você somos ligados por essa maldição, eu sei quando você desperta! Saberei quando se alimentar e até mesmo se a sede surgir em você! E você não é o Lobo! – Meu pai falou alteando a voz e me encarando fundo nos olhos, ele conseguiu me convencer, mesmo que um pouco...
- Mas... Eu estive na cena do crime! A garota gritou e desmaiou quando me viu, havia medo nos olhos dela! No dia do seqüestro, eu estava "acordado" e minha sede se fora! E tenho tido sonhos... Vejo o dia, como a seqüestrei, o medo que a causei, sonho e sinto o medo que ela teve! Não tem como eu não ser o Lobo!
- Kamui! – Papai só me chamou assim uma vez na vida... – Esse é seu poder! E acha mesmo que nós, aurores experientes, não temos uma idéia de onde o Lobo está?! Ele não está nas redondezas! E você não é assassino nem nada!
- Posso não ser o verdadeiro Lobo, mas posso ser o Lobo daqui... E que poder?!
- Digamos que sempre há um equilíbrio... Seu irmão tem o poder de sua mãe e você o meu. É um dom que eu tenho e que comecei a ter na mesma idade que você. Temos o dom de sentir o que os outros estão sentindo. Temos o dom de prever sofrimentos, prever acontecimentos. Temos o dom de sentir até mesmo a dor dos outros. Em você parece mais controlado, pois em mim eu sempre desmaiava após o dom e acordava com dores e machucados. Você sempre foi mais controlado que eu. – Papai riu e acariciou minha cabeça com carinho – E tenho orgulho da pessoa que você é. Suas provações o ensinaram à vida e você é mais maduro que muitas pessoas, mais até do que eu na sua idade... – Ele foi interrompido por um barulho e nos viramos para ver Tia Alex chegando. Ela sorriu pra mim e se sentou do meu lado me dando um beijo no rosto e me abraçando.
- Não andou brigando com ele né Lu?
- Não, apenas conversamos. Você veio em ótima hora Alex, estava falando pra ele o quão maduro e controlado eu era na minha idade. – Ele riu alto e tia Alex não segurou uma gargalhada.
- Seu pai era uma das criaturas menos controladas da face da Terra! E maduro? Nunca! Rsrsrs Que bobeiras andam por essa sua cabeça? Pelo visto nisso você e seu pai são iguais, são duas cabeças ocas. Ele também se achava culpado por tudo e tinha medo de perder o controle. – eu fiquei em silêncio no abraço dela e no olhar carinhoso de meu pai. – O Kyle me contou as coisas que viu em sua mente, e nós todos sabemos que você não é o Lobo. Você tem o mesmo dom que seu pai, isso é um fato. Só precisa aprender a controlá-lo.
- Eu falei isso também, vamos levá-los pra casa para treiná-los.
- O Griffon também já desenvolveu os poderes dele?
- Ele foi capaz de entrar no meu lacre e já deu sinais dos poderes – eu falei finalmente, novamente mais calmo e acabei soltando um sorriso.
- Viu? Por que ficar triste com esse sorriso? Tem namorada já não? Seu pai enlouquecia as garotas e sua mãe... Amedrontava todas! – eu fiquei vermelho e não respondi. – Por falar na sua mãe, vamos logo? Ela está morta de saudades de você.
Eu assenti com a cabeça e nós três descemos da torre conversando, e eu sorria pela primeira vez nos últimos dias. Mamãe veio correndo quando me viu e me abraçou forte, me dando um beijo na testa. Ela me deu uma bronca por ter sido tão cabeça-dura e falou que eu era igual ao meu pai. Meus amigos estavam conversando com Tio Kyle e vieram me dar bronca também, eu apenas pedi desculpas, mas eles me animaram, e muito. Estou pensando em realmente contar a verdade... Mas é mais divertido ver a cara de curiosidade deles! Acho que vou deixá-los tentar descobrir...

Agora já estamos em casa, e vamos começar os treinos em breve. O Griff ainda não consegue acreditar que tem algum dom e mamãe tem que dar bronca nele o tempo todo, porque ele fica brincando sobres os poderes. Recebemos os presentes dos nossos amigos e todos me mandaram cartões me dizendo pra deixar de ser bobo... Eu mereço essas pessoas? Mas são elas que me dão forças...

Thursday, December 28, 2006

Family Hollidays

Anotações de Ty McGregor


- FELIZ NATAAALLLL!
Acordei com meus primos Brian e Brianna entrando no quarto gritando, e jogando em cima de nós os presentes que estavam aos pés das camas. Logo entraram nossas primas acompanhadas de Riven e ficamos abrindo os presentes recebidos e comendo alguns muffins que Mary trouxe da cozinha.
Depois de algum tempo, minha mãe entrou no quarto e trazia embrulhos nas mãos, que foi distribuindo a todos. Emily estava com ela e dava risada da farra que fazíamos.
- Ty, este é pra você. Entrega especial. - minha irmã me deu um pacote.
Reconheci a letra da Rory e pulei logo da cama.
- Ele recebeu presente da namoradinha, uiuiui. – zombou Riven e minha mãe atirou um embrulho todo rosa para ele dizendo:
- Desireé manda lembranças, bizuzzu. - deixando o vermelho.
Desireé havia dito a mamãe o apelido carinhoso que ela usava ao se referir a Riven e lógico que mamãe não iria deixar barato.
- Namoradas beijam na boca. Eca que nojo. - zombou Brian e começamos a rir.
Minha mãe deixou os embrulhos e se despediu, ia para o Ministério trabalhar e voltaria somente à noite. Emily ficou conosco e não teve dificuldades em se integrar à família. Todos faziam questão de tratá-la bem. E isto deixou meu pai muito contente.
Passamos o dia comendo, bebendo, fazendo guerras de bolas de neve; na parte da tarde depois de um lanche reforçado com chocolate quente, cada um de nós ficou quieto em seu canto. Fui até o sótão, e sentei-me na janela para ficar vendo o castelo Urquhart de longe. O lago exibia uma camada grossa de gelo e sua superfície ia ficando azulada refletindo a luz da Lua, à medida que a noite caía. Não ouvi meu pai se aproximar e sentar ao meu lado.
- Bonito não?- comentei.
- Sim, por mais que eu goste da nossa casa em Paris aqui eu me sinto em paz. - ele respondeu.
- Mamãe já voltou? O dia de Natal não foi o mesmo sem ela e o meu padrinho. - reclamei
- Ainda não voltou, mas ela está bem. Amanhã ela ficará aqui e eu vou para o trabalho, você sabe que infelizmente teremos que nos revezar durante as festas. Sergei deverá voltar amanhã também, se não virou sushi. Ele estava bem nervoso em encarar os samurais.
Começamos a rir. Meu padrinho foi passar as festas com a família de tia Yulli para fazer o pedido de casamento aos parentes mais velhos. Eu achava isso o fim, afinal eles já eram coroas, mas como ele estava entrando na família dela, deveria aceitar as tradições.
Suspirei.
- Está com saudades dela? – ele perguntou.
- Demais. - só então me dei conta de que meu pai não havia se referido a alguém específico. Olhei para ele e ele disse:
- Sem querer, eu vi vocês se despedindo antes de vir para casa. Ela é muito bonita. Qual o nome dela?
- Rory. – olhei mais uma vez para o lago e aquele brilho azul nas lascas de gelo, me lembravam os olhos dela quando ficava irritada. Falei sem pensar:
- Como a gente sabe que tá apaixonado por alguém? Quer dizer como você soube que amava a mamãe?
Meu pai me olhou por um tempo e disse:
- Acho que amo sua mãe desde quando éramos crianças. Não me lembro de ter um só dia em minha vida que eu não fizesse tudo para vê-la sorrir. Mas só fui ter certeza de que era sério quando ela fez 15 anos e dançamos juntos na festa dela. Ela era a garota mais bonita que eu já tinha visto, e de repente eu me vi pensando em como seria bom estar com ela, poder beijá-la, fazer... Desculpe, acho que você não quer saber este tipo de coisa.
- Sem problemas. Parei de me incomodar com isso há algum tempo, até porque se eu fosse ligar, teria que me esconder a cada vez que vocês se olham. - ele riu e continuou:
- Bem, então criei coragem para dizer a ela, só que ela já tinha um namorado na escola.
- O queêê? Concorrência paizão?
- Pois é... O jeito foi mostrar que eu era a sua melhor opção. – piscou e eu ri da sua cara convencida.
- E vocês estão junto este tempo todo? – perguntei.
- Não. Namoramos alguns meses e depois nos separamos por alguns anos.
- Ah... A tal separação segredo, que ninguém fala porque aconteceu.
- Houve um mal entendido e... Quer saber? Vou te contar tudo o que aconteceu naquela época, estamos com tempo mesmo.
Fiquei ali ouvindo meu pai contar tudo que havia vivido com minha mãe, desde antes de se casarem. Soube que a encrenca havia começado, porque se acreditava que meu avô Kyle era o pai da minha mãe, e com isso minha avó Virna tratou mal a minha mãe por muitos anos. Alguns anos depois o mal entendido havia sido explicado e sem perda de tempo eles se casaram. Fiquei sabendo que ela havia perdido um bebê antes de eu nascer, numa luta com comensais e que havia ficado muito machucada. Meus pais e minha avó só voltaram a conversar quando eu resolvi nascer antes da hora e minha avó, fez o meu parto. Ela diz até hoje que meu avô apareceu num sonho para ela dizendo que eles precisavam de ajuda e a guiou até a cabana de caça nas Highlands.
Papai falou também sobre as namoradas que teve e o temperamento de cada uma. Ele dizia que as mulheres eram diferentes fisicamente, mas com um ponto em comum: Eram complicadas demais, e que a gente nunca sabia o que elas estavam pensando: especialmente em algumas fases da Lua.
Rimos muito porque lembramos de algumas atitudes irracionais da minha mãe como brigar conosco porque havíamos apertado o tubo de pasta de dentes pelo meio ou porque ela começava a chorar quando perguntava se estava gorda e meu pai dizia que ela era linda.
Contei a ele como Rory e eu começamos a namorar. Falei sobre minhas dúvidas e que eu achava esquisito sentir-me satisfeito só de saber que a Rory estava no mesmo ambiente que eu, durante as aulas. Ele me ouviu quieto, não zombou das besteiras que eu falei e comentou que a coisa era mais séria do que pensava, e que se eu estava feliz, ele também ficava.
Após algum tempo meu pai perguntou:
- Ty, eu queria saber se você aceitou bem a Emily.
- Ela é legal, gosto de tê-la na família.
- É sobre isso que queria falar. Eu conversei com sua mãe e ambos achamos que ela deveria ter nosso sobrenome também. Mas eu queria saber antes a sua opinião. Afinal, ela vai ter direito a parte de sua herança e...
- Ela é uma de nós, pai. Não me importo com dinheiro. O mais importante é ela saber que pode contar conosco e vice-versa. Desculpa pelos meus ataques infantis.
- Não tem problema, isso é passado. Sua mãe tem razão quando diz que você cresceu filho. Saiba que eu vou te amar sempre. – e me abraçou.
Uma parte de mim ficou um pouco constrangida, mas a outra e mais forte, adorou a demonstração de carinho do meu velho. Quando nos separamos vi que seus olhos brilhavam com algumas lágrimas e desviei os meus para ele se recompor. Quer dizer, eu também fiquei emocionado, mas não ia começar a chorar ali. Não quando ele diz que eu cresci né?
Mamãe nos encontrou lendo o catálogo de vassouras novas e discutindo táticas de jogo. Após uma troca de olhares entre eles, mamãe sorriu satisfeita. Abraçou-me e disse baixinho:
- Você fez seu pai muito feliz. Obrigada. - senti um nó na garganta.
Descemos para encontrar a família reunida. Minha prima Ariel havia acabado de chegar com seu noivo e anunciava que eles iriam se casar. Vovó chamou os elfos para servirem a comida, enquanto tia Patrícia chorava emocionada abraçada ao tio Dylan, as primas de minha mãe já se alvoroçavam em fazer as listas com os preparativos para o casamento. E tio Ian distribuía taças de champanhe para o brinde.
Uma nova festa estava começando, sem hora para acabar, queria que a Rory e meus amigos estivessem aqui, então tudo ficaria perfeito, mesmo com alguns loucos soltos lá fora querendo acabar com o nosso mundo.

Wednesday, December 20, 2006

I Never...

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

‘Ian Lucas Renoir Lafayette! Como ousou desobedecer nossas ordens e viajar com seus amigos nas férias?? Que parte do ‘venha direto para casa’ o senhor não entendeu? É bom que esteja muito bem alojado e escondido, pois pode ter certeza que irei procurá-lo por toda a Europa e para o seu bem, é bom que eu não o encontre!’


Héstia ainda estava no meu ombro brincando com o meu cabelo quando amassei a carta do meu pai e a queimei com um aceno de varinha. Havia escrito a ele e mamãe comunicando que passaria as férias na Alemanha com meus amigos. Claro, eles tiveram a reação esperada. E claro, ignorei-os como sempre, viajando assim mesmo. Papai agora estava furioso. Pude vê-lo me esperando no porto, mas saímos camuflados do barco e segui para o outro lado com meus amigos, embarcando quase que imediatamente no barco dos pais de Bernard e pegando o caminho da Alemanha pelo mar.

Já estávamos na Alemanha. Mais precisamente em Berlim, a capital do país. Conseguimos nos hospedar em um albergue de jovens bem no centro da cidade, deixando o barco do Bernard para os passeios quando não tínhamos mais nada para fazer. Havíamos chegado na cidade há dois dias e essa noite, véspera de natal, paramos em um dos diversos bares para celebrar a data. Algumas das meninas tinham levantado para dançar, sobrando na mesa apenas os garotos, Marie, Bel e Manu, que ainda tentava convencer Viera de levantar. Marie sentou ao meu lado, já um pouco alta com toda a bebida ingerida, e começou a brincar comigo. eu constantemente lançava olhares para as meninas em pé, onde Terri estava junto, e voltava a minha atenção a Marie sem graça. Quando ela levantou para se juntar ao grupo respirei aliviado e a acompanhei com o olhar, enquanto saia com Bel e Manu.

- Qual é o seu problema, Luke? – Michel falou indignado – Você tem uma namorada gata e fica dando mole pra Marie?
- Eu não estava dando mole pra ninguém, ta maluco?
- Ah Michel, a coisa é mais complexa. – Bernard me interrompeu rindo – Acontece que ele é apaixonado pela Marie...
- Não amola Bê, não sou mais apaixonado por ela
- Ah é sim, meu caro! – agora era Dominique que falava – Ninguém olha pra uma garota assim, se não está apaixonado!
- Não fique estressado meu amigo, as mulheres gostam de brincar com a gente, é normal – Samuel entrou no assunto
- Quem brincou com você, Samuca? – Viera perguntou
- Ora, elas casam e depois nem escrevem... – Samuel murmurava num tom quase inaudível – foi só sair o divorcio, é sempre assim...
- Eu nunca vou me apaixonar! – Dominique falou, tomando de uma golada só a bebida no copo.
- Digo amém a isso! – Michel imitou seu gesto
- Posso propor uma brincadeira? – falei cortando o assunto – A brincadeira se chama ‘Eu nunca’. Eu digo uma coisa que nunca fiz e aqueles que já tiverem feito, tem que virar um copo de uma vez só. Eu posso mentir, falar que nunca fiz algo, mas beber em seguida. Isso não muda nada, o que conta é que se você nunca fez o que a pessoa tiver dito, não pode beber.
- Excelente! – Samuel parou de murmurar e estalou os dedos para que o garçom trouxesse várias garrafas de whisky para nossa mesa.

Ajeitamos as cadeiras de maneira que ficamos em um circulo e começamos a brincadeira uma vez que estavam todos com os copos cheios e a mesa repleta de garrafas. Viera começou falando e corria tudo bem, nada revelador demais ou que nos rendesse meses de tortura até o momento. Nada, até que Bernard resolveu falar.

- Eu nunca dormi com uma garota. – ele falou sério, sem tirar o copo da mesa

Mais do que depressa eu virei o meu, Viera fez o mesmo, seguido por Michel. Samuel ficou em duvida, não sabia se bebia ou não, até que pareceu chegar a um consenso silencioso e bebeu. O único, além de Bernard, que permaneceu imóvel foi Dominique. Ele mantinha os olhos fixos no copo, como se desejasse que ele pudesse voar sozinho direto para sua boca e colocasse um fim ao aparente pesadelo. Eu não fui o único a notar isso. Num piscar de olhos, todos na mesa encaravam Dominique com expressões de choque. O silencio era sepulcral e depois do que pareceu uma eternidade, resolvi quebrar o silencio.

- Er... Não vai beber, Nick?
- Merlin, o Dominique é virgem! – Michel berrou e todos riram
- Não quer falar em alemão não, Michel? As pessoas no bar não entenderam! – Bernard falou reprovador. Ele era o único que não ria
- Não é por falta de tentativa, ok? – Dominique falou irritado, fuzilando Bernard com os olhos – as meninas de Beauxbatons são muito reguladas!
- Por que está me olhando assim??? – Bernard perguntou surpreso
- Ora Bê, você era o único que sabia disso! Falou disso de propósito!
- Eu não tenho culpa se você me confessou isso bêbado em uma festa!
- Ei chega! – interrompi antes que virasse briga – Nick, o Bê não fez por mal. Vamos esquecer isso e continuar com a brincadeira.
- Ah cansei dessa brincadeira, é idiota – Dominique falou levantando da mesa
- Bebe chorão! Deixa ele pra lá, é a abstinência... – Samuel falou zombador e não consegui segurar o riso

Depois que Dominique foi embora a brincadeira morreu. Continuamos bebendo e falando besteira, até que chegou um ponto onde Michel e Samuel brincavam de binóculo com os copos vazios, fazendo observações idiotas como o quanto as pessoas saiam desfiguradas se você olhasse para elas pelo fundo do copo. As meninas cansaram de dançar e voltaram pra mesa, logo notando a ausência de Dominique. Em um acordo silencioso decidimos não contar porque ele tinha ido embora e nos limitamos a dizer que ele tinha saído com uma menina alemã. Terri sentou no meu colo e começou a me beijar animada. Eu estava me sentindo péssimo, pois mesmo correspondendo a ela, não podia evita de olhar para Marie pelo canto do olho, notando a expressão irritada no rosto dela. Quando eu estava solteira ela parecia não notar minha presença como um mero amigo, mas agora parece detestar a Terri. Eu definitivamente não consigo entender as mulheres!

Monday, December 11, 2006

O amor muda as pessoas?!

Do diário de Miyako Kinoshita

MK: Hunf... Também vou derrubar sua torre daqui a pouco!
SD: Desculpa Mi, ela estava dando bobeira na direção do meu bispo, não pude evitar! – rindo.
MK: Certo, isso vai ter conseqüência!

Cenário: Salão Comunal, Nox Angeli, 2:37 da manhã.
Acompanhante: Sávio Dulovosky, vulgo “O búlgaro”.
Eu vou explicar...

***

Acordei mais cedo do que o costume, porque Denise que costuma madrugar todos os dias, deixou seu bisbilhoscópio cair no chão, e a coisa começou a apitar e rodopiar descontroladamente, fazendo o maior estardalhaço. Desci com ela pra tomar café, e o Salão Comunal estava praticamente vazio. Praticamente...
Denise pegou uma torrada e foi direto pra biblioteca terminar o dever de Botânica, e eu me sentei ao lado do único outro componente na mesa da Nox, Sávio.

MK: Oi Sávio, caiu da cama?
SD: Oi Mi... Eu não, sempre acordo nessa mesma hora. Você sim, pelo visto.
MK: É, mais ou menos. Não consigo acordar tão cedo assim...
SD: Eu acordava sempre em cima da hora das aulas em Durmstrang! Devo acordar cedo aqui porque não me acostumei com o fuso horário, sei lá...
MK: É, pode ser... Então, o que está lendo aí?
SD: Ah, não é nada demais. Só algumas informações gerais do Campeonato de Quadribol... Viu que o Krum ganhou outro prêmio de melhor apanhador do mundo? – Sávio virou o jornal e eu vi a foto de Victor Krum segurando um troféu em forma de pomo de ouro, um semi-sorriso no rosto.
MK: Novidade... Ele ganha esse prêmio todos os anos! Acho que é o terceiro ou o quarto consecutivo! Nem ele mesmo se surpreende mais, imagino.
SD: Ele não gosta de muita atenção em cima dele, é mais quieto. Odeia jornalistas intrometidos.
MK: Você conheceu ele?
SD: Sim, eu costumava conversar com ele... Até que é bem inteligente!
MK: Não sei nada da personalidade dele, mas nunca vi ninguém apanhar um pomo tão bem! Quero ser igual ele quando crescer... – rindo.
SD: Você é humilde! Joga muito bem também...
MK: Como você sabe?
SD: Assisto todos os treinos de apanhadores, fico vendo você jogar... – ele me encarou sério, depois voltou ao jornal, um sorriso no rosto.
MK: Sério? Nunca te vi lá nas arquibancadas!
SD: Sei ser discreto quando quero...
MK: É, você mudou! Pra quem andava com um pato na cintura!
SD: Era uma tentativa de chamar atenção da única pessoa que ousou se aproximar de mim, mesmo com o pato... Não, não é o Samuel, ele não se importava com o pato também! Estou falando de você! Você não me tratou como um maluco, e sim como um amigo...
MK: Agora eu tenho que chorar? – perguntei fazendo cara de choro e ele começou a rir.
SD: Não, sem lágrimas...

Aos poucos, o Salão Principal foi se enchendo de conversas e alunos com caras de sono. Gabriel e Ty entraram juntos, e eu acenei pra eles. Rory grudou no Ty um minuto depois, a deixa que Gabriel precisou pra vir se sentar do meu lado. Pegou o Profeta Diário que Sávio tinha acabado de dobrar, e abriu, passando os olhos.

GS: Viu Mi? O Krum ganhou mais um prêmio de melhor apanhador do mundo! Nem ele deve se surpreender mais, eu imagino... Já é o terceiro ou quarto consecutivo! – ele falou pensativo. Olhei pro Sávio e instantaneamente começamos a rir, Gabriel sem entender nada. – O que foi?
SD: Vocês ensaiaram essa fala?
MK: Não... Somos gêmeos e esqueceram de contar! – disse bagunçando o cabelo do Biel e deixando ele um pouco corado. – Depois eu te explico Biel! Agora, é melhor irmos andando e apressar o Ty, ou vamos chegar atrasados na aula de botânica! – Biel concordou, arrumando o cabelo e tomando o último gole de café da xícara, ficando de pé, eu em seguida. – Hum, nos vemos então Sávio?
SD: Quando você quiser... – sorrindo.

Sai atrás do Gabriel, um sorriso diferente no rosto. Fomos rebocando Ty e Rory com a gente, mas eles estavam uns metros à frente, quando Gabriel percebeu minha expressão.

GS: Vai me explicar porque estavam rindo?
MK: Ah, ele tinha acabado de me mostrar aquela notícia do Krum, e eu disse a mesma coisa que você, sobre o que o Krum deveria sentir com mais esse prêmio!
GS: Entendi! Acordou cedo hoje hein?
MK: É, perdi o sono... Ele está tão diferente!
GS: Pelo seu sorriso de pessoa que não está entendendo a situação, imagino que ele deva estar bem diferente mesmo! – rindo.
MK: É sério! Está mais maduro! Conversei tanto tempo com ele que nem vi que estávamos em cima da hora da aula! E está falando francês fluentemente! Ele realmente é outro!
GS: Quer que eu te deixe a sós com seus pensamentos, Mi?

Olhei pro Gabriel, que fez uma cara de incerteza, então soltei uma risada e dei um tapinha no braço dele continuando a andar. Olhei pra frente, Ty estava caminhando enquanto tinha um braço em torno da cintura da Rory, parecendo mais feliz do que nunca.

MK: Temos um amigo “in love”!
GS: É, temos... Espero que dure muito! Ele está tão bem humorado, até está comendo menos, acredita?
MK: É, o Ty também mudou...
GS: O amor muda as pessoas!
MK: Quem sabe... Nunca amei ninguém pra saber! Mas acho que é verdade! Minha mãe vai se casar! Acredita nisso? E o Ty, romântico! Você, rebelde! É, o amor muda as pessoas!
GS: Eu não estou rebelde! – falou em tom ofendido.
MK: Você gosta dela Biel, nem adianta disfarçar... Te conheço de outras primaveras!

Ele me olhou sério, depois abaixou os olhos.

GS: Ontem conversamos um tempão também! Acho que estamos começando a nos conhecer melhor!
MK: Ôn, que bonitinho!!!
GS: Sem palhaçada, Mi, por favor.
MK: Ok, parei... Mas que é bonitinho, é!
TM: EI, vocês dois vão entrar ou não??? – Ty gritou com a cabeça pra fora da estufa, um sorriso desconfiado.

Sorri pro Gabriel, e entramos na estufa pra continuar a cuidar das nossas plantinhas carnívoras super delicadas...

***

Cheguei no Salão Comunal da Nox depois do jantar e me larguei na primeira poltrona vazia que encontrei. Estava olhando o teto, aérea, quando alguém segurou minha mão.

MK: Oi Sávio...
SD: Está muito cansada?
MK: Não... Só com um pouco de preguiça!
SD: Quer dar uma volta? Podemos ficar um pouco fora do castelo ainda, até os aurores irem nos rebocar de volta...
MK: Tudo bem. Um pouco de ar fresco até que não faz mal...

Sai com ele caminhando em silêncio até o jardim, onde nos sentamos em um tronco, mais ou menos perto do lago.

SD: Eu gosto muito daqui... Gostava de Durmstrang também, mas lá as coisas são bem diferentes!
MK: Diferentes como?
SD: São mais rígidos, ainda mais quanto a essa dinâmica entre meninos e meninas, entende? Não permitem namoros...
MK: Credo... Então é por isso que você mudou tanto depois que veio não é? Já está pegando o jeito da dinâmica íntima? – rindo. Ele me encarou sério.
SD: O amor muda as pessoas!
MK: Ensaiou essa fala com o Gabriel? Ele me disse isso hoje também! Querem me convencer que o amor muda mesmo as pessoas?
SD: É, talvez... – continuou a me encarar sério e eu comecei a ficar sem graça. – Eu gostava de lá, mas a semana que passei aqui foi suficiente pra querer voltar...
MK: Nossa, fez tanto impacto?
SD: Eu voltei por sua causa!

Direto ele né? Querem saber o que aconteceu depois? Eu comecei a pigarrear sem graça e sem saber o que dizer, e sugeri que a gente voltasse pro castelo. Ele perguntou se queria jogar uma partida de xadrez, mas as conversas e as jogadas estavam tão divertidas que travamos um verdadeiro campeonato até altas horas da manhã. E quando eu ia subir pra dormir, ele me segurou, e colocou uma mão no meu rosto. Com a outra, ele me puxou pra perto e me beijou e muito bem beijado! Não esperava tal ato repentino, mas soube corresponder! Ainda estou me perguntando se ele estava falando sério quando disse que tinha voltado por minha causa, e emendando com a história de que o amor muda as pessoas e blah blah blah... Pode ser que ele só queira tirar o atraso de todo o tempo que ficou reprimido em Durmstrang, mas e se ele tiver gostando mesmo de mim? Céus! Brilhante, Miyako, brilhante!

Sunday, December 10, 2006

Será que estou delirando?

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Era nossa penúltima semana de aula antes das férias de natal e os monitores estavam reunidos na sala dos fundadores, já tarde da noite, tentando sortear o amigo oculto. Inimigo oculto, na verdade. Idéia das meninas, que insistiram tanto que acabaram fazendo com que todos se animassem com a idéia. Eu não estava tão animado quanto elas, mas até que seria divertido. O problema é que dependendo de quem eu tirasse, precisaria ficar na cola da pessoa para descobrir seu ponto fraco e poder fazer a brincadeira.

- Muito bem, muito bem, acho que já podemos começar com esse sorteio, já erramos demais as contas! – Viera falou sacudindo o boné para embaralhar os papéis
- E, por favor, vamos parar de tirar nós mesmos! – Bernard brincou tirando um papel do boné – Há! Ótimo, adorei!
- Bê, amassa logo esse papel porque estou quase vendo quem você tirou! – Mad falou enfiando a mão no boné – Oba! Adorei meu amigo! Inimigo, amigo, sei lá, tanto faz.

Viera passou o boné pelo circulo todo e um por um fomos tirando os papéis. Puxei o meu e vi que tinha tirado a Manuela. Gostei. Não éramos amigos íntimos nem nada, mas depois de ficar mais de duas horas explicando um livro pra ela, passamos a conversar todos os dias e acho que posso bolar algo engraçado como presente. Aos poucos fomos levantando e voltando ao castelo. Eu ainda demorei por ter ficado conversando sobre o campeonato de quadribol com Viera, Bernard e Raymond e quando passamos pela passagem secreta Manu e Mad estavam nos esperando. Fomos caminhando devagar ainda falando sobre os jogos, discutindo qual time da liga era melhor que o outro, e quando percebi estava nos jardins do castelo, totalmente longe do salão comunal da Sapientai.

- Ah droga, é melhor eu ir embora, já está tarde! – falei olhando o relógio
- Relaxa Gabriel, ainda podemos ficar aqui fora mais um pouco, somos monitores – Manu falou sentando no muro
- Mas vocês são do 7º ano, nós do 5º. – Raymond falou querendo se despedir
- Eles têm razão... – Bernard falou pensativo
- Nós já vamos indo então. Boa noite – falei levantando e Raymond me seguiu
- Eu acho que também vou indo, aproveitar a companhia até a Nox
- Ah que isso Mad, ta cedo!

Mas apesar dos protestos, Madeline se despediu dos amigos e veio caminhando conosco de volta ao castelo. Raymond e eu vínhamos conversando sobre as férias de natal quando ela resolveu participar do papo também.

- De onde mesmo você falou que era?
- Eu não disse de onde era
- Ta bom, ta bom, não disse, mas estou curiosa e quero saber...
- Brasil. Rio de Janeiro, pra ser mais preciso.
- As pessoas não morrem de calor lá não?
- Não é o deserto do Saara, é só um país onde não tem neve
- E onde tem também futebol! – Raymond falou animado
- É, é, tanto faz... – ela falou impaciente – Você nasceu lá mesmo ou se mudou? Por que você não é tão moreno assim e pelo que vejo na tv, as pessoas lá são bem queimadas de sol.
- Meus pais são Londrinos, não tinha como eu nascer com cara de brasileiro. Mas sim, nasci lá, nunca morei em outro lugar.
- Também nunca me mudei... Quer dizer, nunca saí da França, mas já morei em várias casas. Estamos morando agora em uma casa em Paris mesmo, por isso não gosto muito dos passeios da escola. Não tenho mais nada de novo pra conhecer!
- Sei como é a sensação... Já não tem um único lugar no Rio que eu não conheça. Ao menos os que valem à pena. Mas ainda não consegui ver tudo em Paris, mesmo depois de quase 3 anos aqui.
- Como 3 anos? Você não está no 5º?
- Sim, mas vim pra cá no 3º ano só, estudava em Hogwarts antes.
- E como é lá em Hogwarts? Sempre tive curiosidade, mas na época do Torneio Tribruxo eu ainda estava no 4º ano, nem pude cogitar a possibilidade de ir.
- Ah é legal, nada tão diferente daqui. Só que aqui não tem tanta briga entre as casas, lá é mais competitivo. Nem no torneio as casas se uniram por completo, foi a maior confusão!
- Eu soube da roubalheira, vocês tiveram dois campeões!
- Ei eu não tenho nada com isso! Na verdade, eu estava no grupo torcendo contra o 2º campeão da escola.
- Ahn gente, já chegamos na Nox... Vocês vão entrar ou não? – Raymond falou devagar. Havia esquecido que ele estava do meu lado
- Eu não sou da casa de vocês, não vou entrar. Melhor voltar logo...
- Eu acompanho você até a Sapientai. Não estou com sono mesmo e ainda posso ficar fora do dormitório mais tempo que vocês...

Raymond sumiu pela passagem secreta e demos meia volta, subindo as escadas para a Sapientai. Mad vinha me fazendo dúzias de perguntas sobre Hogwarts e ficamos discutindo sobre o Torneio Tribruxo, ela querendo saber como foi assistir ao vivo. Demoramos mais que o necessário para fazer o caminho até a entrada da casa no 4º andar e continuamos do lado de fora de papo. Era fácil conversar com ela, agora percebia isso. Manu tinha razão quando dizia que eu não tinha motivos para ter receio de me aproximar. Comecei a pensar se seria arriscado demais tentar alguma coisa naquela hora, mas estava me divertindo tanto conversando com ela que não consegui reunir coragem, com receio de estragar tudo.

- Na verdade, tem um único lugar de Paris que eu não conheço direito, que é o Louvre.
- O que?? – falei chocado – como não conhece o Louvre? Que parisiense é você?
- Eu não falei que não conheço, só nunca o percorri inteiro... - disse como se estivesse falando com uma criança de 5 anos – é muito grande!
- Por isso ele é o museu mais fantástico do mundo! Tem tudo lá!
- Não sei se você já percebeu, mas não gosto muito de museus...
- É, já deu pra perceber que passeios culturais não são seu forte – disse brincando
- Também não precisa ofender! – ela falou fingindo estar ofendida – Conheço a ala do Egito Antigo... e o apartamento do Napoleão!
- Isso não chega a ser nem 2% do museu, Mad...
- OK então, se você é o expert no Louvre, me faça uma visita guiada no próximo passeio a Paris! Vou conhecer o Louvre sem informações inúteis dos guias padrões, assim espero
- Mas você falou que não gosta das visitas e nem de museu. Alias, não me lembro de ter visto você nos passeios da escola na cidade...
- Você quer minha companhia ou não em Paris? - disse impaciente
- Claro que quero! – percebi que tinha disso isso com mais empolgação que o normal e logo fiquei vermelho
- Ótimo, porque sei que vou gostar da sua companhia.

Ficamos calados um tempo, nos encarando. Mesmo sem ver, sabia que estava vermelho. E ela tinha uma expressão esquisita no rosto, como se estivesse achando estranho o que ela mesma tinha dito. Tinha a impressão que ela estava prestes a dizer alguma coisa, podia vê-la escolhendo as palavras, quando o quadro da fada da Sapientai abriu. Olhamos assustados para os lados e vi Manu e Bernard parados atrás da gente. Eles tinham dito a senha e eu não tinha escutado.

- Ainda do lado de fora, crianças? – Manu falou aparentemente achando graça
- O que está fazendo aqui, Mad? – Bernard falou não entendendo porque Manu ria – vocês não estavam indo pra Nox?
- Ah sim, mas estava muito barulho lá dentro, uma bagunça. Então resolvi dar mais uma volta – ela mentiu e não entendi o porquê – mas acho que já acalmaram, vou pro dormitório... Tchau Gabriel
- Tchau... – respondi enquanto Manuela me olhava com um sorriso de deboche
- Ok, não entendi nada que se passou aqui – Bernard falou confuso e não consegui evitar rir – desde quando a Mad corre de bagunça??
- Vamos entrar Bê, você ta cansado e não ta raciocinando bem... – Manu falou rindo e entramos pelo buraco do quadro.

Bernard parou na mesa para conversar com Bel, que ainda estudava, e eu apertei o passo para evitar que Manuela me cercasse como já estava dando indícios de que faria. Ty ainda não estava no dormitório, devia estar com a Rory, então troquei de roupa e me enfiei debaixo das cobertas. Não queria um interrogatório hoje, não antes que eu pudesse processar o que tinha acabado de acontecer. Se eu não estiver delirando, é claro. O fato é que Ty voltou ao quarto depois de muito tempo e eu ainda estava acordado, sem previsão se conseguir dormir antes de ver o sol sair...

Saturday, December 09, 2006

Correntes

Lembranças de Seth K. C. Chronos

Como eu havia pedido, Tio Kyle anda me vigiando, ou como ele gosta de dizer, cuidando de mim. Meus pais e Tia Alex não vão poder vir por enquanto, estão com vários problemas decorridos de ataques de Comensais em alguns locais do Reino Unido e da Europa. Isso me deixou um pouco cabisbaixo novamente, queria muito revê-los, principalmente papai, preciso falar urgentemente com ele, mas pessoalmente. Cartas não adiantam em alguns casos...
Nenhum sinal de Lobo... E essa falta de notícias me deixa muito nervoso e preocupado, pois se o achassem logo, eu respiraria mais aliviado. Enquanto isso continuo sentindo a agonia de achar que possa ter sido eu... A garota também não reapareceu, o que me deixa ainda mais com medo, o que será que eu poderia ter feito com ela?! Afff! Essa falta de informações me deixa mais nervoso e preocupado que os próprios aurores!
Por falar neles, eles continuam na escola e duvido que saiam daqui até que o Lobo seja capturado. Eles nos acompanham em todos os locais, mas notei alguns que não gostam de estar no mesmo lugar que eu, ou quando estão, mantêm as varinhas ainda mais próximas, mesmo sem saber a verdade, é como se sentissem no ar... São bons aurores portanto. Evito ficar próximo deles e muitas vezes consigo escapar e ir para os telhados. Fora isso a rotina da escola continua a mesma, apenas com um pouco mais de medo e mais precauções...
Em uma das minhas escapadas para os telhados da Lux, encontrei com o Gabriel encarando uma estátua do quarto andar. Ele estava muito concentrado e só notou que eu havia chegado quando já estava ao lado dele.
GS: Ah oi, Seth. Conseguiu escapar novamente?
SC: Consegui, mas daqui a pouco tem alguém me procurando.
GS: É, eu já notei isso. Geralmente é o tio Kyle – Ficamos calados por mais alguns instantes enquanto encarávamos a estátua. Ela agora que eu olhava, me parecia estranha, como se estivesse fora do lugar. Notei também que algo deixava o Biel curioso e ele acabou perguntando – Seth, por que o tio Kyle está sempre atrás da gente? Para ser mais exato, atrás de você. Ou melhor, por que você pediu para ele fazer isso?
Eu fiquei calado mais um tempo, fingindo não ter escutado enquanto olhava para o topo da estátua. O chapéu do bruxo retratado era o que me parecia mais fora de posição, como se escondesse algo. Finalmente me virei para o Gabriel, sem saber se contava tudo ou não.
SC: É uma longa história... Ele é amigo de meu pai, e eu gosto muito dele. Fora que eu pedi que ele me vigiasse por precaução.
GS: Precaução com o que? O Griffon às vezes solta algumas indiretas quanto a vocês dois, principalmente você.
SC: O Griffon é um idiota, ele só está brincando com vocês, ele adora deixar os outros curiosos. – Falei rindo, mas anotando mentalmente que precisarei dar uma porrada no Griffon quando o encontrar novamente.
GS: É bem a cara dele mesmo, rsrsrsrs. Mas ele realmente me deixou curioso – Ele falou, fechando um pouco os olhos, mostrando que ele estava interessado e que ia descobrir o que era.
SC: Não se preocupe... Não é nada que vocês precisam se preocupar. Acreditem se chegar ao ponto de vocês se preocuparem, é porque eu me preocupei antes e já terei impedido algo... A qualquer custo. – Meus olhos revelaram o brilho da certeza e Gabriel me olhou ainda mais curioso. Eu encarei a estátua novamente, mudando o assunto da conversa – Você também acha que tem algo estranho não?
GS: Com certeza. Essa escola como todo castelo, tem passagens secretas. E parece que tenho um instinto para essas coisas.
SC: Deve ser de família, seu pai era bom nisso não era?
GS: Sim... Mas como você sabe disso?
SC: De novo, meu pai e o seu foram da mesma casa em Hogwarts e eram amigos... E digamos, que tenho um sexto sentido? – soltei um sorriso e ele acabou por rindo, sem tirar os olhos da estátua.
GS: Definitivamente há algo de estranho. A estátua parece fora do lugar, parece deslocada... O chapéu principalmente.
SC: Eu também achei isso, calma ai então – Falei enquanto pegava impulso no chão e saltando para cima da estátua que quase batia no teto alto. Gabriel arregalou os olhos e ficou me encarando surpreso.
GS: Como você faz isso?! Bem não importa, veja se tem alguma coisa aí!
SC: Está bem! – Eu olhei em volta e mexi no chapéu do bruxo, o que revelou uma alavanca. – Gabriel, você precisa ver isso. – Falei e saltei para o chão novamente, segurei o braço dele e com um salto puxei a mim e a ele para o alto da estátua. Depois dele se recuperar do choque, ele olhou para o chapéu e viu a alavanca.
GS: Como isso apareceu? Não lembro de tê-la visto!
SC: Apareceu quando eu mexi no chapéu.
GS: E veja, o chapéu cobre perfeitamente ela... O que será que ela faz hein? Primeiro os novatos! Se ela der um choque ou lançar uma maldição que seja em você e não em mim! – Ele falou rindo e completou - Brincando, deixa que eu a levanto.
Ele puxou a alavanca levantando-a. Ouvimos um barulho de pedra em movimento e da mão do bruxo com a varinha, surgiu uma estrela, que podia ser apertada, mas que era quase imperceptível. Gabriel excitado pela descoberta desceu da estátua na mesma hora e apertou o novo botão. Ao fazer isso a estátua deslocou-se para um lado e revelou uma passagem.
GS: Que ótimo! Preciso anotar essa! Vamos ver onde vai dar?
SC: Sim, já que já a encontramos, vamos aproveitar!
Íamos entrando quando ouvimos passos correndo. Gabriel se apressou em apertar o botão novamente e a estátua voltou ao lugar a tempo de vermos tio Kyle vir correndo pelo corredor.
KM: Gabriel, Seth! Finalmente os achei. Não vão acreditar no que houve!
GS: O que aconteceu tio?
KM: A garota seqüestrada apareceu! Ela está no salão principal agora, pensei que iram gostar de saber.
Mal ele terminou de falar, eu sai correndo corredor abaixo e ele e o Gabriel vieram me seguindo, na direção do salão principal. O salão estava lotado! Logo localizei o centro da confusão e abri caminho até ele, mas nem foi preciso ir tão longe. Quando eu ia começar a andar na direção da confusão, Madame Maxime abriu caminho entre os alunos vindo na minha direção. Mathilde vinha apoiada à ela, com um semblante sem preocupação, mas em péssimo estado, e com um olhar vago e distante que encontrou os meus por um segundo.
Então meu medo aumentou... Por coincidência ou não, por um motivo ou outro, ou apenas pela verdade... Mathilde me encarou por um curto período de tempo. Mas foi o suficiente para ela soltar um grito agudo e desmaiar. A confusão se intensificou e a Maxime precisou ordenar que ficassem em silêncio e pediu ajuda para levar a garota desmaiada para a ala hospitalar. Eles passaram do meu lado, mas eu nem me mexi, parecia que eu havia sido petrificado...
Tio Kyle e Gabriel me alcançaram na hora em que Maxime levava Mathilde e tio Kyle falou que já a acompanhava, queria primeiro ver como eu estava. Ele veio na minha direção e pôs a mão em meu ombro, sentindo-o frio e tenso. Virei-me para ele com preocupação na mente e ele através da Leglimência leu nos meus olhos o que apenas eu havia notado. Ele me segurou firme quando tentei sair dali.
KM: Seth, pare! Ele pode estar aqui.
SC: Não, não pode. Ela olhou diretamente para mim.
KM: Não, havia muita gente aqui. Vocês venham aqui – ele fez sinal para os aurores – Quero uma revista completa por aqui, o Lobo pode ter estado na escola para trazê-la de volta. – ele me olhou novamente, mas eu soltei seu braço com uma expressão triste e o encarei longamente.
SC: Chega tio, não vou por em risco ninguém. Não quero ver ninguém, chegar perto de ninguém. Vou-me “acorrentar” no dormitório. – falei enquanto me soltava dele facilmente.
Corri para os dormitórios deixando Gabriel e o resto do pessoal que chegavam para comentar sobre o ocorrido conosco. Fechei a porta do dormitório e me sentei na cama, pondo as mãos na cabeça, abrindo em seguida a carta que meu pai me enviara alguns dias atrás e que me deixara tão alarmado. A carta dizia coisas sobre mim e meu irmão e me ensinava como selar a mim mesmo. Concentrei-me nas explicações e fechei os olhos, caindo lentamente no sono... A carta dizia que se eu usasse esse método, eu continuava o dia normalmente, mas se corresse o risco de eu perder o controle, eu criava uma área ao meu redor que impedia que alguém chegasse perto... Dormi direto por umas 4 horas, acordando apenas quando já era noite e via bilhetes assinados por tio Kyle e os garotos que não queriam interromper meu sono... Virei-me na cama e fechei os olhos novamente, esperando que o novo dia não trouxesse novas descobertas tão ruins...

Sunday, December 03, 2006

To get on, to get off...

Do diário de Rory Montpellier

Entrei no dormitório jogando minhas coisas, Danielle levantou os olhos do livro e perguntou:
- Brigou com o Ty?
- Brigaria porque? Ele nem me deu chance.... Que cara convencido: "eu sei que você gosta de mim, Rory", e depois me beijando daquele jeito, como se eu quisesse aquilo. Arrghhh.
- Como assim? Você num ta falando coisa com coisa, e rosnando deste jeito, você fica esquisita...- disse rindo e comecei a me acalmar, nesta hora Angelique entrou correndo e pulou na minha cama.Resmunguei com ela:
- Você podia não pular na minha cama? Depois as molas vão ranger...
- Ai não seja chata mana, os elfos não deixam as molas das camas rangerem. Vai conta, o que o Ty queria com você?
- Nada.
- Ah isso é que não. Ele queria alguma coisa com você sim, e uma boa coisa ouso dizer.- e caiu na risada com Danielle.
- Parem vocês duas. Ele queria saber se eu me lembrava do Halloween. – e como as duas continuavam a me encarar eu contei logo:
- Respondi que eu não lembrava de nada, ai ele veio dizendo que eu não estava tão bêbada quando disse na frente de todo mundo que era um encontro, e..
- Verdade. Você não tinha bebido nada tão forte...- comentou Danielle e joguei uma almofada nela.
- ...E que pelo menos de alguma coisa eu deveria lembrar, porque eu havia dito e...Feito muitas coisas, que eu disse que o amava, que ele deveria me escolher. - disse vermelha.
-uhhu, quer dizer então que deixar vocês dois sozinhos foi bom? Se soubessemos disso, teriamos dado um jeito antes.- disse Angelique.
- Como bom? Lembro que eu disse que era um encontro, mas não achei que fosse cair de bêbada ao final da noite, além de que eu não queria ser beijada e ele deve ter se aproveitado e...
- Ah Rory, nem vem. Você agarrou o Ty como se ele fosse sua tábua de salvação.Tudo que houve partiu de você maninha.Fiquei pasma. Acho que terei que fazer terapia.- disse Angelique, rindo.
- E o Ty não "se aproveitou" de você. Nem tente arrumar motivos para encrencar com ele. Ele cuidou de você direitinho. A irmã dele falou comigo, quando eles a deixaram na enfermaria. Eu já te disse isso.Mas não foi por isso que você chegou bufando aqui, conte-nos tudo e não nos esconda nada.- disse Dani e Angelique mexia a cabeça concordando.
Não houve outro jeito senão contar como havia sido. E ao final Angelique pulava na minha cama de novo:
-Ele gosta de você, ele gosta de você, ele gosta de você. E agora o que você vai fazer Rory? Ele merece saber sua resposta.
- Minha resposta é não.Vou ficar quieta e daqui a algum tempo ele cisma com alguma outra garota. ¬¬
Minha irmã parou de pular na cama e disse irritada:
- Como você consegue ser assim Rory? Tá na cara que você gosta dele e ele de você. E se ele quisesse ficar com outra garota não teria sequer falado com você sobre o que houve aquela noite, teria deixado quieto, às vezes com este jeito amargurado você me lembra a mamãe. Espero que você não destrua sua vida como ela. – e saiu batendo a porta.
Virei-me para Daniele e minha amiga disse séria:
- Sua irmã tem razão.
- Fiz uma promessa a minha mãe, e mesmo que não tivesse feito, agora estamos estudando muito e comecei a ajudar no jornal, teremos a rádio e...
- Olha pra mim e responda: Você gosta dele?- e minha amiga me conhece bem, não dá pra mentir.
- Muito.- respondi.
- Então pára de arrumar desculpas, e assuma o que você sente por ele. A impressão que tenho é que você tem mais medo de gostar de verdade do Ty do que da promessa que fez para sua mãe. A gente tem que fazer o que o nosso coração manda, e não o que os outros querem, Rory.
Fiquei olhando para ela e era difícil admitir ela tinha razão. Corri ao espelho, arrumei meu cabelo, e corri para a porta, calçando meus sapatos rapidamente.
- Ei, onde você vai? – perguntou minha amiga assustada com minha agitação.
- Fazer o que o meu coração manda....- sai correndo do dormitório e comecei a procurar o Ty pelos corredores da escola, ele devia estar com os amigos, afinal nossas turmas estavam com o mesmo período vago.
Encontrei-o sentado nos jardins junto dos irmãos Chronos, Miyako e Gabriel. Jean estava se aproximando com Angelique e Lucien mostrava um artigo para Went.
Porque tem que ter este bando de gente com ele? – pensei e minhas pernas começaram a tremer. Um dos amigos o cutucou e ele ergueu a cabeça na minha direção.
Se ele me lançar aquele sorriso convencido dele eu vou embora.- pensei.
Achei que ele fosse vir em minha direção, mas apenas se levantou e se manteve no mesmo lugar, e todos ali nos olhavam calados. Ele estava me encarando e pude ver o brilho do desafio nos seus olhos. Resolvi mostrar que também podia ser corajosa, aproximei-me dele e o beijei dizendo:
- Vale a pena.
Ele sorriu, enquanto os amigos assobiavam e davam risadas, Danielle entre eles.
- Vem comigo. – pegou minha mão e saímos correndo até umas árvores, perto da cabana do guarda-caças e longe das vistas dos amigos. Ele se encostou na árvore e me puxou pra cima dele, enquanto me beijava.
- Ty...
- mmmmm...
- Não gosto de apelidos melosos....
- Claro, coração... – ele ria brincando com uma mecha do meu cabelo.
- Acho que seus amigos não gostam de mim....
-Eles não a conhecem direito. Com o tempo se acostumam...Eu já me acostumei doçura.- provocou me beijando novamente, enquanto mudava a posição para me abraçar melhor.
Ficamos nos beijando e após um tempo, o amigo dele Gabriel veio chamá-lo para voltar ára o castelo. Caminhamos de mãos dadas, e Ty tinha um sorriso satisfeito no rosto, e eu me sentia uma boba alegre, porque não conseguia parar de sorrir. Eu me sinto imensamente feliz.

Thursday, November 30, 2006

Bem longe de suspeitas...

- Tudo bem, por hoje é só... Podem descer!

Direcionei minha vassoura para o chão e encostei os pés levemente na grama molhada do campo. Todos os artilheiros dos quatro times de quadribol da escola estavam recebendo treino direcionado do professor, que agora, avaliava o desempenho de cada um. Quando ele finalmente terminou e nos liberou, Isa veio correndo até mim, parecendo aflita.

IM: Samuca, preciso falar com você!
SS: Tudo bem... Vamos conversar lá no lago, eu já imagino do que se trata.

Saímos caminhando juntos e em silêncio até o lago, então ela se virou de frente pra mim e disse sem rodeios.

IM: Foram vocês? Vocês que pegaram aquela menina?
SS: O QUÊ? Isa, eu gosto de brincadeiras, mas nunca seqüestraria alguém pra pregar uma peça! Esse “lobo” não é nenhum de nós! As coisas saíram de controle, eu também estou com medo. Medo inclusive de ficar conversando aqui a essa hora da noite, tão perto daquela floresta! – olhei em direção à floresta, onde as árvores escuras se erguiam.
IM: Eu não achei que tinha sido vocês, mas era a minha última esperança! E agora? E se ele atacar de novo?
SS: Duvido... Tem muitos aurores circulando aqui, ele vai dar um tempo, espero.
IM: É, imagino que sim, e enquanto isso, a menina fica desaparecida... – Isa tinha uma expressão triste, e olhou a floresta também. Ficamos em silêncio quando ela arregalou os olhos. – Eu devo estar ficando louca!
SS: Isa? O que foi? – olhei para a direção dos olhos dela, e meus olhos se arregalaram também, em choque. Vi nitidamente, saindo das árvores, uma única figura silenciosa. – É... ela?!
IM: Mathilde!!! – Isa saiu correndo até ela, e fui atrás, entrando em colapso.

Quando nos aproximamos, pude reconhecer a menina que estava desaparecida há quase uma semana. Estava com o uniforme sujo, e uns botões da blusa abertos. Os cabelos desarrumados e sujos de terra, e uns arranhões no rosto e nos braços, descalça. Olhou desconfiada para Isa, que estava a um palmo de distância dela, mas não parou de andar. Alcancei as duas ofegante.

SS: Mathilde! Você está bem? Onde você estava? Quem é ele? O que ele fez com você???

A menina parou me encarando como se eu fosse algo sobrenatural, e sorriu docemente.

- Oi?!
IM: Mathilde, você está bem?
- Quem são vocês? O que eu estou fazendo aqui? Eu estava com meu irmão, ele estava jogando bexigas e mamãe ainda não serviu o jantar! Vai ficar danada se eu não tiver em casa na hora do jantar!

Olhei pra Isa em desespero. Era a menina, eu tinha certeza, mas ela estava delirando. Isa estava com os olhos cheios de água, tremendo, enquanto segurava o braço da menina com força.

SS: Mathilde, você está no castelo, em Beauxbatons, se lembra? E alguém te levou pra dentro da floresta, você ficou lá quase uma semana! Consegue se lembrar de mais alguma coisa?
- Não, não estava no castelo, já disse! Estava com o meu irmão, jogando bexigas! Quem são vocês? Eu tenho que ir pra casa, depressa! Me solta! – ela puxou o braço com violência, se livrando da mão da Isa.

Continuou andando e ficamos atrás, perplexos.

IM: Ela está fora de si, ela não se lembra de nada! Samuca, o que “ele” fez com ela? – Isa não conseguiu segurar as lágrimas.
SS: Temos que anunciar que ela voltou, e levar até a enfermaria! Me ajude a arrastar ela até o castelo, está bem? – ela concordou com a cabeça e alcançamos Mathilde novamente, cada um segurando com força um dos braços dela e fazendo-a ir conosco até o castelo.

Estava na hora do jantar, e a maioria dos alunos, estavam reunidos no Salão Principal comendo. Assim que entramos, Isa gritou pedindo ajuda. Um dos aurores, o McGregor, veio correndo até nós ajudando a amparar a menina. O barulho chamou a atenção, e em poucos segundos, toda a escola se encontrava reunida em choque ao nosso redor. Máxime veio correndo e abrindo caminho.

MM: Por Merlin! Onde ela estava?

Isa começou a relatar como a tínhamos encontrado, e o estado de alucinação de Mathilde, que logo foi levada à enfermaria, parecendo desesperada agora em voltar para casa antes que sua mãe servisse o jantar...

***

IL: Ela não se lembra de nada?
SS: Nada, absolutamente nada! Estava delirando, falando que estava em casa jogando bexigas com o irmão enquanto esperava a mãe fazer o jantar!
BL: Mas como? Quem a pegou deve ter feito um feitiço ilusório ou alguma coisa assim, não consigo entender!
SS: Não sei o que fez com ela, só que não consigo me decidir se acho isso bom, ou ruim!
DC: E a máscara?
IL: A minha máscara, você quer dizer né? Eu não acredito que esteja usando a MINHA máscara para atacar as pessoas! – Ian deu um soco na mesa, frustrado. Madeline fez “shh” olhando ao redor parecendo alarmada.
OV: Bom, pelo menos ela está aparentemente bem, e viva, o mais importante. Quando Madame Magali conseguir recuperar a memória dela, ela vai nos dizer quem é o idiota...
MD: E quando ela nos disser quem é, eu faço questão de enforcá-lo com minhas próprias mãos. – Michel fez um sinal ameaçador com os punhos.

O clima de tensão estava óbvio na nossa conversa, enquanto eu relatava o que tinha acontecido para o restante. Respirei fundo, sentindo de repente um amargo no estômago.

SS: Não quero passar o Natal em casa, meu pai vai me mandar para Azkaban. Vai fazer um interrogatório, até me dar “Veritasserum”. Eu tenho certeza que ele sabe que a brincadeira partiu de mim também, ele sempre sabe...
MD: Não quero nem pensar nos meus pais...
IL: E nos meus! Meu pai vai me transferir de Beauxbatons para uma clínica psiquiátrica.
BL: E se não passássemos as festas em casa?
MV: O que você está querendo dizer com isso?
BL: E se viajássemos? Sozinhos...
SS: Depois do México? Esqueceu que eu voltei matrimoniado? Meu pai não me deixa viajar sozinho nunca mais, nem pra esquina de casa!
ML: O que você está planejando Ber? – Marie perguntou interessada.
BL: Bom, meu pai tem o barco, certo? E ele vai estar à disposição esse final de ano, porque eles não vão viajar. E eu sei velejar, o Luke também tem uma noção. Alguns aqui já são maiores de idade, então eu pensei...
OV: Você está oferecendo o barco do seu pai para viajarmos no final do ano? Sozinhos? Bernard, você está bem?
BL: Eu estou falando sério! Porque não vamos? Podemos sair de Paris direto para a...
MD: Alemanha! Sempre quis conhecer a Alemanha! E se saíssemos do Rio Sena, pararíamos lá, pegando a rota certa! – Manuela falou com brilho nos olhos.
DC: Cara, ótima idéia! Então, podemos fazer uma lista de quantos vão?

Em poucos segundos o clima de empolgação era tamanho que nem nos lembrávamos mais de Mathilde, lobo, máscara ou qualquer outra coisa tensa. Se der tudo certo... Paris, au revoir!

Wednesday, November 29, 2006

Por que não continuei dormindo?

Das lembranças de Seth K. C. Chronos

Ele estava novamente no telhado da Lux, olhando o céu noturno, pensativo. Já passavam da meia noite. Ele lembrava da carta de seus pais e quanto mais pensava, mais confuso e preocupado ficava. Então seu coração pulsou, seu corpo foi percorrido por um calafrio, seus instintos se aguçaram, suas pupilas dilataram e bocejou sem saber o porquê... Caiu lentamente de lado, sem conseguir segurar o sono...

Gritos...
Medo...
Dor...
Desespero...
Por que posso sentir essas coisas?

- Onde estou? O que estou fazendo aqui? – Acordou no meio dos jardins, sem saber como chegara lá...
- Acho que o vi por aqui, venham!
- Os gritos vieram de lá.
- Tem um pedaço de capa aqui! Apressem-se!

Seth olhou em volta. Já era de madrugada. Seu sobretudo estava sujo e ele sentia dor no peito, mas também uma satisfação. Seus olhos ainda estavam dilatados e vermelhos, e, infelizmente, não sentia mais a sede. Assustado e com medo, levou a mão aos lábios, temendo tocar no líquido... Mas por Merlim, os lábios estavam limpos e secos... Ainda ouvia os gritos das pessoas se aproximando, e confuso, sumiu, voltando para o castelo...

ooooooooooooooooo

Eu estava deitado na cama do dormitório e não conseguia dormir...
- Já vai amanhecer e não preguei os olhos... O que foi que aconteceu? Já não basta o que já passo?! Droga!!
Soquei a cama e me revirei nela ainda muito confuso. Porém a palavra que sempre me vem à mente desde pequeno é: Controle-se. Eu e papai conseguimos nos controlar e eu nunca perdi o controle, sempre me controlei melhor que meu pai na minha idade. Mas sei que isso requer uma boa dose de sorte, pois papai mesmo já quase perdeu o controle diversas vezes, e em todas quase machucou pessoas importantes como à tia Alex, tio Kyle, o tio Sergei, e especialmente mamãe. Por sorte, o lado humano acabava prevalecendo.
O que me impediria de perder o controle e atacar um desconhecido?! Ou mesmo um de meus amigos?
Ouvi os primeiros bocejos do resto do dormitório que começava a acordar. Decidi sair antes deles, sem falar com ninguém, nem mesmo o Griff. Levantei-me e deixei o meu sobretudo na cama, queria ficar sozinho... Fui para o Salão Principal através das passagens secretas que eu já descobrira, sem encontrar ninguém... Quando cheguei ao salão, foi como se eu tivesse batido numa parede sólida.
A tensão no salão era intensa e palpável, cheguei a ficar tonto. Apesar de ainda estar muito cedo, já havia alunos com expressões de medo e conversas sussurradas aqui e ali. Os professores também estavam do mesmo jeito, conversando entre si preocupados. A Professora Emily quando me viu veio correndo na minha direção com um semblante cansado e preocupado.
- Você está bem? O Griffon está bem também?
- Estamos, por quê?
- O Gabriel, a Miyako e o Ty estão bem?
- Emily você está me assustando... Não os encontrei ainda, mas imagino que esteja tudo bem. O que aconteceu?
- Por Merlim ainda bem... Desculpe, mas quando te vi entrando, você estava com uma expressão triste e preocupada, pensei que tinha acontecido mais alguma coisa... Já basta essa noite... - Ela baixou os olhos visivelmente cansada e preocupada, e isso me deixou desconfortável.
- Por quê? O que houve?
- Lobo. Ele atacou a escola. Levou uma aluna da sua casa que ainda está desaparecida... – meu coração pareceu parar.
- Quan... Quando foi isso?
- Ontem, por volta da 1 da manhã. Por Merlim, ainda bem que vocês estão bem. Fiquei tão preocupada, mas não podia parar de vasculhar o castelo com os outros para ir ver como vocês estavam.
Ela continuou falando sobre o que aconteceu. Falou das investigações e sobre a preocupação de todos, desabafando pouco a pouco. Mas não conseguia ouvi-la direito. Meu coração havia parado; sentia-me tonto e fraco, e quase desmaiei, mas Emily me segurou e se sentou comigo na mesa da Lux, gritando para que alguém trouxesse algo pra mim.
- Seth, acalme-se, está tudo bem... Ai perdoe-me por deixá-lo assim...
- Não, não foi nada, não se preocupe. Só fiquei um pouco tonto, mas estou melhor...
- Eu também fiquei meio tonta quando soube... Ah! Se te deixa melhor, papai vai liderar uma equipe de aurores que virão para o colégio.
- O tio Kyle vai vir? Preciso falar com ele...
- Ele deve chegar daqui a pouco, acho que está falando com madame Maxime... Tenho que voltar para a mesa dos professores, mande um beijo para os outros.
Ela se despediu e voltou para a mesa dos professores ao mesmo tempo em que os garotos chegavam. Fiquei o tempo todo calado e olhando para o nada, ignorando o babão do Griffon. Mi, Biel e Ty perguntaram se eu estava bem, mas Griffon respondeu que não sabia e eles foram para a mesa deles, conversando sobre os acontecimentos... E isso não saía da minha cabeça... PODIA TER SIDO EU!?
A agitação parou quando madame Maxime chegou seguida pelo grupo de aurores que se espalharam pelo salão. Ela anunciou que eles ficariam na escola para nos proteger e todos respiraram aliviados. Tio Kyle veio falar conosco e ver como estavam todos e tive uma conversa rápida com ele. Ele já sabia como eu poderia estar me sentindo, e usando a Legilimência, pedi que ele me encontrasse nos jardins.
Sai na frente dos outros e o Griff me seguiu tentando me animar, pois me estressei com as indiretas dele para os garotos. Na entrada me separei deles, mas a Mi me segurou quando eu estava saindo.
- Seth, o que houve? – Ela perguntou preocupada.
- Não é nada não, não se preocupe minha querida...
- Ah agora sim estou preocupado! – Gabriel falou rindo do jeito dele – Primeiro, você desceu sem sua capa!
- Segundo: chamou a Mi de "minha querida" e está um tanto mais emotivo que o normal! – Ty completou rindo.
- Terceiro: você e o tio Kyle tiveram uma conversa meio estranha! – Mi continuou rindo.
- Quarto: você está assim desde a carta de papai! – Griff falou.
- E quinto: você não nos engana! – Os quatro falaram juntos.
- Aff eu mereço vocês... Não precisam se preocupar, está tudo bem – menti, e eles pareceram acreditar. – Vocês são importantes para mim... Perdoem-me por qualquer coisa que já possa ter feito... - Os abracei um por um forte enquanto mantinham expressões perplexas. Antes que pudessem perguntar mais algo, saltei pra trás e corri para os jardins... Gabriel ainda gritou que teríamos aulas e eu respondi que já voltava.
Tio Kyle já me esperava no jardim de primavera, longe de onde ocorreu o seqüestro, queríamos privacidade.
- Tio... Eu... - comecei de cabeça baixa, controlando a preocupação.
- Não precisa falar, já sei o que houve. Você está com medo de ter sido você não é? – Ele foi direto ao assunto, bagunçando meu cabelo, tentando me animar. Eu fiz que sim com a cabeça e fiquei calado por um tempo.
- Acalme-se Kam... Sei que não foi você.
- Como pode ter certeza? Não lembro de nada de ontem à noite! Lembro que meus sentidos se aguçaram, e eu caí no sono de repente.
- Acalme-se! Sou legilimente esqueceu? Já vi tudo o que podia de suas memórias de ontem à noite. Eu te conheço desde que era um bebê! Você é uma das pessoas mais calmas e mais controladas que conheço!
- Papai também era, mas perdia o controle...
- Você e seu pai não são assassinos! Você tem uma alma boa, não há instinto assassino...
- Todos como eu, SÃO assassinos em potencial... Por que quando acordei, estava na cena do crime? Sem a sede, com os sentidos ativados e satisfeito? – Perguntei sem conseguir segurar a emoção e a preocupação. Ele ficou calado por uns momentos me olhando calmamente.
- Sempre há uma explicação, mas o que você tem que por na cabeça é que você não é assassino! Não é o Lobo!
- Quem na escola tem força para arrastar uma garota daquele jeito? Quem teria “motivos” para atacar uma aluna? E o pior, eram 1 da manhã! Ninguém anda pelos jardins a uma hora dessas! Só se for por um motivo!
- O que quer dizer com isso? O que você sabe?
- A garota é da minha casa, e por causa do que eu sou, algumas garotas babam por mim, mesmo sem perceber, seria fácil, eu levá-la para fora do castelo e sumir com o corpo.
- Seth! Devagar! Você não fez nada disso! Eu era auror antes mesmo de você nascer, e embora não seja um gênio, sei reconhecer um assassino! Apenas você sabe disso, mas seus pais têm meios de "vigiar" você. Acha que se alguma coisa destas tivesse acontecido, Alucard não apareceria aqui para te impedir? Ou Mirian não teria dado um jeito de segurar você mesmo que te machucasse? – perante os argumentos tive que ficar calado e concordar...
- Seth, meu pequeno cabeça-dura, olhe pra você, acha mesmo que faria isso?
- Não sei... Essas trevas dentro de mim, esse monstro, essa maldição! Eu sou um perigo!
- Você fala exatamente como seu pai quando foi mordido sabia? Claro que o excesso de drama veio da convivência com o Ty. – tentou fazer graça.
- Tio, por favor, me vigie! Ninguém na escola, além do senhor, da Madame Maxime e do Griffon, sabem o que realmente sou... Por favor, me vigie... Não quero fazer mal, mas não sei o que esse monstro pode fazer... Tenho medo pelos meus amigos
- Se te deixa melhor, vou cuidar e não vigiar você ok? Pedirei que Alex faça o mesmo, e não precisa fazer esta cara, não vai ser nenhum sacrifício, ela te adora. Não fique assim, filho. Seus pais virão e você sempre se sente melhor perto deles.
- Eles virão mesmo? Estou precisando deles... Sinto falta deles... Ele me deu um abraço forte e deixei a emoção sair... Chorei como quando criança e fazia alguma besteira e corria pra papai com medo... Ele me acalmou por um tempo e ouvia meu desabafo... Falei em como estava com medo... Como tinha medo de machucar as pessoas... Como tinha medo que descobrissem tudo... Como tinha medo de me acusarem, de deixarem de ser meus amigos... Ele ralhou comigo, dizendo que até nessas idiotices eu era igual ao anta do meu pai, nas palavras dele. E isso me fez rir um pouco, e depois voltamos pro castelo, antes que pensassem que o Lobo tinha nos pegado também...

Tuesday, November 28, 2006

Entre luzes e sombras - parte II

anotações de Ty McGregor

Entramos na sala de feitiços e a professora Tiercelin, já estava toda agitada, enquanto os alunos do quinto ano das quatro casas se ajeitavam.
-Vamos, vamos logo, hoje teremos muitas coisas para aprender.
Fiquei perto do Gabriel e da Miyako, Jean Savoy se juntou a nós e os irmãos Chronos ficaram perto de duas garotas da Lux. Rory estava junto com Danielle e Savannah, além de uma garota da Fidei que eu não lembrava o nome. Olhei para Rory e ela me encarou por um tempo, e depois desviou os olhos. Gabriel me cutucou:
-Ty, porque você não dá um jeito de trocar de lugar com alguém e fazer par com ela hein? Daqui a pouco você vira uma girafa de tanto que se estica.
-Isso não seria uma coisa tão ruim Biel, tem garota que se amarra em pescoço. Quanto mais melhor. - disse Miyako zombeteira e começamos a rir.
-Prestem atenção: Muito bem, hoje aprenderemos os feitiços de animar, não, não olhem assim, achando que sabem tudo. Estes são mais complexos e vão cair num simulado que vou preparar. Oops... Falei demais... - disse a professora Tiercelin dando risada enquanto cobria a boca.
-Conta, conta, conta, conta... - Começamos a fazer pressão e a gordinha começou a rir:
-A professora Owen vai querer me matar, mas como vocês são meus alunos favoritos e isto vai ser feito para todos os alunos, vamos lá...
-UUhhhuuuu. Lindona, lindona... - os garotos começaram a gritar e ela rindo muito vermelha, contou:
-Vamos começar a ensinar alguns feitiços mais avançados para que ao final do ano possamos fazer uma gincana entre os alunos, vamos misturar alunos de todas as séries, faremos muitas brincadeiras trouxas, teremos até amigo oculto. Será uma forma de todos os alunos interagirem numa data tão festiva. E todas as casas vão ser beneficiadas, não pensem que vamos esquecer de dar os créditos obtidos de acordo com a execução das tarefas, todos os professores estão empenhados e vão participar. Vai ser nossa festa de Natal antecipada, o que acham?
Todos gostaram das novidades e se puseram a prestar atenção em tudo que ela dizia, e foi uma das aulas mais divertidas que eu tive. Ao final, aproveitando que ainda estava me sentindo animado, aproximei-me da Rory na fila de saída e disse:
- Você melhorou Rory? (não Ty, eu ainda to desmaiada na ala hospitalar, num tá vendo?).
- Tudo bem Ty.
- Você gostou da aula? – (Cara bate a cabeça na parede, desaprendeu?).
- Aham... - ela disse e sua amiga ficava nos olhando e sacudindo a cabeça segurando o riso. Aquilo foi demais para o meu orgulho:
-Rory eu gostaria de conversar com você, pode ser? Temos um período vago agora.
- Eu tenho que estudar. Hoje aprendemos coisas novas e... - vi quando Danielle deu um cutucão nela.
- Podemos revisar a matéria depois Rory, e o Ty foi muito bem nos feitiços da Claudine, ela até deu pontos pra casa dele, ele pode te ajudar. - ela ficou corada e mordeu os lábios:
- Tá bem. Mas não posso demorar...
Caminhamos até um corredor mais afastado e silencioso. Virei-me para ela de repente, assustando-a:
- Tudo o que você disse naquela noite é verdade?
- Não me lembro daquela noite...
- De nada?
- Er... Hum... Quase nada. - ela admitiu e senti como se tivesse levado um balde de água fria.
- Do que você lembra? – insisti.
- Lembro de apostar com meu irmão sobre quem conseguia beber mais, uma aposta idiota, eu sei... Er...Só?
- Você lembra de quando eu me aproximei de vocês na festa?- e fui chegando mais perto. - e ela foi encostando-se à amurada, e mordeu o lábio inferior. Sabia que de alguma coisa ela lembrava, mas não queria admitir.
- Não.
Senti-me frustrado. Respirei fundo e perguntei:
- Rory porque você age assim comigo?
- Não sei do que você está falando...
- Quando cheguei à festa e você me puxou pela mão para dançar, você estava sóbria o bastante para dizer na frente de todos que era um encontro. Tá, não tão sóbria, mas você não me pareceu tão bêbada...
- Então você viu que eu havia bebido o bastante e resolveu se aproveitar... Imagina se eu iria querer um encontro com você. - disse áspera.
- E porque não iria querer um encontro comigo? Por acaso sou algum trasgo fedido? - disse irritado. (Droga, tô ficando irritado)
- Ty, eu não faço parte do clubinho de meninas doidas para um encontro com o capitão da Sapientai ok? Se eu disse alguma coisa neste sentido quando estava bêbada, foi porque eu estava fora de mim.
- Não foi só isso, Rory. Você disse e fez outras coisas quando ficamos sozinhos. - seus olhos se arregalaram.
- O que quer que eu tenha dito ou... Feito, foi por causa da bebida. As pessoas perdem a noção das coisas... - disse cuidadosa.
- Você disse que gostava de mim... Que eu devia escolher você.
- Não podemos... Eu não posso...
- Porque Rory? Você gosta de alguém?- e fiquei bem próximo dela, a ponto de sentir que ela respirava rápido.
- Não... Sim... Não... Não sei...
- Eu te perturbo Rory?- aproximei-me mais e coloquei minhas mãos na parede, uma de cada lado de sua cintura pendendo-a na amurada, mas sem tocar nela.
Ela tinha os olhos presos nos meus e quando passou a língua pela boca seca, eu a beijei. Depois do beijo encostei minha testa na dela e disse:
- Rory, eu gosto de você, muito. E acho que você gosta de mim, pelo menos um pouquinho...
- Ty, você está muito perto, eu não consigo pensar direito... Isso não é justo... Não sei o que dizer...
Resolvi ir pro tudo ou nada.
- Você sabe o que eu sinto por você. Pense sobre nós. Se você quiser e achar que vale a pena ficar comigo, sabe onde me encontrar.
Saí de lá a deixando sozinha e fui encontrar meus amigos. Acho que me afastar foi a melhor solução neste caso, porque sei que se ela me procurar, vai ser porque quer, e não porque estava bêbada. Resolvi confiar nos meus instintos e algo me diz que vou conseguir o que eu quero, basta ter paciência e isto eu estou aprendendo a ter.

Saturday, November 25, 2006

Entre sombras e suspeitas

Anotações Ty McGregor

- E ai? O que vocês acham que aconteceu com a garota? Acham que foi o "lobo" mesmo?- Mi perguntou preocupada.
- Ah vai ver ela resolveu chamar a atenção de todos, fugindo do castelo, e não sabe que gritar com professores é que está na moda. - respondi provocador.
- Bocó. :P - respondeu Gabriel e riu também. Mi estava nervosa e insistiu:
- Ainda tenho pesadelos com o ataque dos comensais na escola, e agora isso... - abracei-a para confortá-la.
- Ouvimos esta história do lobo nas aulas de teatro, aí acontece o crime no vilarejo e depois esta garota some... Tem alguma coisa faltando... - respondeu Gabriel com seu jeito de analisar as coisas.
Era a hora do café da manhã e todos sem exceção tinham um ar preocupado no rosto. Os professores estavam na sua mesa sussurrando entre si, olhei para Emily e ela estava entretida ouvindo Sir Shaft falar com ela e o professor de vôo, muito próximos. Griff olhava para eles como se quisesse fazer leitura labial. Seth fingia não estar nem aí, mas os olhos dele eram vigilantes.
O grupo do Lafayette estava quieto e isto sim me deixou preocupado. Eles eram aqueles que nunca levavam a sério as coisas, já haviam se metido em mais confusões do que eu podia me lembrar. Se este assassino fosse alguma brincadeira de mau gosto, com certeza seria invenção deles. Os comensais falsos foi uma delas e muita gente ainda tem raiva deles pelos sustos que passou. Ok, eu não sou santo, mas eles me superavam com larga vantagem.
Começamos a comer, e logo madame Máxime entrou na sala e vinha acompanhada por várias pessoas com capas de viagem, que reconhecemos como sendo aurores. Meu pai vinha ao lado dela e com uma rápida olhada pelo salão me encontrou. Acenou com a cabeça e foi para a mesa dos professores. Os Aurores começaram a se posicionar em volta do grande salão. A bruxona bateu com o talher na própria taça pedindo silencio. O que foi desnecessário, pois todos nem respiravam direito de tão quietos:
- Atenção: Devido aos últimos acontecimentos que culminaram no desaparecimento de uma aluna, novas regras foram impostas: Teremos a presença de aurores para vigiar a entrada e saída da escola. Eles ou os professores acompanharão vocês nas aulas e ninguém deve ficar fora dos dormitórios após as seis horas da tarde...
Alguns murmúrios foram surgindo e ela bateu na taça novamente:
- A principal tarefa deles será investigar sobre o desaparecimento da nossa estudante e garantir a segurança dos alunos, até que prendam o fugitivo de nome Lobo, peço a colaboração de todos que souberem de alguma coisa que possa elucidar este caso.
Após o anúncio o salão se encheu de conversas especulativas. Meu pai ficou conversando com Emily por um tempo, e depois veio na minha direção. Ele parecia cansado. Griff e Seth se aproximaram cautelosos da mesa da Sapientai:
-Mamãe te mandou um beijo Ty e outro pra vocês. - disse dando-me um abraço e olhando para meus amigos que estavam perto de nós.
- Se acabaram o café, eu os acompanho ate a sala de aula antes de ir verificar o resto do castelo. - e começamos a caminhar com ele.
- Alguma noticia da garota Tio Kyle? Ela foi seqüestrada mesmo ou está morta?- perguntou Mi.
- São várias pistas que temos Mi, vamos tentar localiza-la o mais breve possível, mas até lá quero que vocês tomem cuidado. Vamos aumentar a quantidade de aurores na escola para inibir o tal Lobo de entrar aqui.
- Acham que ele é alguém da escola?- perguntou Griffon.
- Espero que não. Depois do último ataque reviramos a vida de todas as pessoas daqui do avesso e não encontramos nada. Mas nunca se sabe o que leva uma pessoa a se voltar para o mal. Alguns não conseguem resistir às trevas...
- E algumas pessoas não têm opção, já nascem com elas. – disse Seth tenso e meu pai se virou para ele encarando-o.
- Apesar disso, não são as trevas que definem o que somos Seth, são as nossas escolhas. – parecia que eles estavam se falando através dos olhares. Depois de algum tempo, Seth relaxou e meu pai rompeu o contato visual dizendo:
- Ty, você vai começar a ter aulas particulares com Sir Shaft.
- HÃ? O que houve? Minhas notas em DCAT são boas, você mesmo disse.Não preciso de aulas de reforço. - respondi defensivo.
- Calma. Não tem nada a ver com suas notas, em DCAT, ele vai ajudá-lo com a projeção astral.
- Mas eu tô bem. Nem fiz mais a projeção, não tenho tido insônias...
- Depois que descobrimos um poder, deve-se aprender a usá-lo para não ser pego desprevenido. Lembra como foi quando você o usou? Ficou fraco e desmaiou. E com relação às insônias elas logo recomeçarão. Emily disse que você não anda comendo direito estes dias parece preocupado com alguma coisa. Gostaria de saber o que é...
- Não sabia que ela estava me vigiando. - disse azedo. ¬¬ e meus amigos resolveram me encarar segurando risinhos idiotas para ver se eu tinha coragem de dizer o nome da minha "preocupação". E isso vinha ocorrendo desde a festa de Halloween.
- Ela não está te vigiando, eu perguntei se você andava visitando a cozinha regularmente á noite e ela disse que não, pois vai lá todo dia. E se ela o vigiasse, é porque obedecia a uma ordem minha e de sua mãe para tomar conta de você, afinal ela é sua irmã mais velha. Entre as opções, Sir Shaft é o melhor, pois além de competente tem nossa inteira confiança e pelo que ouvi dizer, ele se dá bem com os alunos, e isso é importante. Procure-o para marcar as aulas, você terá muito a ganhar.
- Ah sim, claro, mais lição pro fim de semana hehe. Você ou a mamãe podem localizar a garota usando a projeção, não é?- perguntei.
- Já tentamos, mas há uma forte barreira mágica nos impedindo. Só nos resta ter esperanças e fazer o melhor que pudermos, Alex está pesquisando com alguns desfazedores de feitiços um jeito de romper o escudo protetor. Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance. Vocês ficam por aqui, e eu vou trabalhar. Cuidem-se. – e foi embora verificar o castelo.
- Que negócio é este de projeção astral? – perguntou Griff.
- Um dom de família. Acabei descobrindo sem querer, durante o ataque dos comensais na escola. - respondi.
- Uau, que legal. Bem que o papai avisou que iríamos achar esta escola bem interessante não é Seth? Mais pessoas tem dons de família...
- Cala a boca Griff, que mania que você tem de falar demais. - Seth respondeu e foi andando na frente para chegar logo na sala de feitiços. Griff o seguiu dando risada e olhei para meus amigos:
- Porque eu acho que perdi alguma coisa aqui? Tanto naquela conversa do Seth com o meu pai quanto agora?
- Acho que vou ver o diário da minha mãe quando tiver tempo. Ela fala muito sobre os amigos dos tempos de Hogwarts, talvez lá tenhamos mais informações sobre os amigos dela e seus dons.
Entramos na sala e nos acomodamos. Reparei que Seth ainda estava preocupado, apesar dos esforços do Griff. E tudo começou depois da carta do pai dele. O que será que os preocupa tanto?

Thursday, November 23, 2006

Just a little help...

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Já passava das 21hs quando desci as escadas do dormitório depois de terminar meus deveres e saí do Salão Comunal da Sapientai rumo à biblioteca para cumprir a detenção por ter gritado com a professora de Etiqueta. Ty e Miyako não receberem detenção, a professora aparentemente só tomou como desaforo a minha atitude e talvez querendo me ensinar uma lição, fez com que somente eu fosse punido. Mas não estava me importando nem um pouco, pra falar a verdade. Se ela acha que assim se convence que está certa, não posso fazer nada.

Cheguei à biblioteca e ela estava vazia, exceto por uma menina loira sentada em uma das mesas distraída lendo um livro. A reconheci imediatamente como Manuela, a monitora do 7º ano da Sapientai. Ela levantou a cabeça quando me ouviu chegar e sorriu em cumprimento, voltando à atenção ao livro em seguida. Procurei uma mesa do outro lado da sala para sentar, imaginando se ela também estava ali por causa de uma detenção. A idéia me fez rir. Dois monitores em detenção, e ambos da mesma casa. Passaram-se alguns minutos e nem sinal de algum professor para nos dizer o que fazer, então resolvi quebrar o silencio.

- Sabe onde está o Gerard?
- Não, mas espero que esteja dormindo – ela falou desviando a atenção do livro – preciso terminar de ler isso ainda hoje, pois teremos teste amanha.
- Sobre Homens e Ratos... – falei lendo a capa do livro – já li esse livro, é muito bom. Que professor pediu?
- Minha professora de Literatura Mágica – disse com voz de tédio – não sei no que um livro trouxa vai acrescentar na aula, mas o fato é que tenho que ler.
- Ainda não tenho essa matéria – falei meio vago antes de mudar de assunto – você está por quê?
- Pelo mesmo motivo que você, Einstein. Detenção.
- Isso já percebi. Perguntei por que você levou detenção.
- Digamos que algumas alunas daqui são muito sensíveis a insetos... é tudo que você precisa saber. E você, o que pode ter feito?
- Gritei com uma professora... e chamei ela de louca.
- Está me dizendo que foi você que gritou com a Defossez??
- Ah ótimo, a historia se espalhou... – falei impaciente
- Claro que espalhou! Mas não foi o meu caso, pois minha turma teve aula depois do ocorrido e a Marie caiu na besteira de perguntar se a professora estava bem. – ela falou fechando o livro e me encarando empolgada – ela começou a chorar contando o que tinha acontecido e disse que nunca foi tão desrespeitada em toda sua vida! Ah mas não se preocupe – ela acrescentou quando viu que eu arregalei os olhos – era tudo drama! Falou mais um monte de besteira, mas não ouvi porque estava concentrada tentando não rir!
- Que bom que meu temperamento inconstante tenha entretido sua turma...
- Nós que agradecemos, foi a melhor aula de Etiqueta em 7 anos!
- Boa noite, desculpe o atraso – Gerard apareceu na porta cortando a conversa.

Levantamos da mesa e Gerard nos comunicou que passaríamos boa parte da noite organizando todos os livros da biblioteca. Eram realmente muitos, nem eu tinha conseguido ler metade deles em 2 anos aqui! Ele nos deixou sozinhos com um imenso catalogo constando a ordem que os livros deveriam ficar e saiu bocejando, provavelmente para dormir confortável em sua cabana. Cada um foi para um lado começar a ajeitar os livros, sem conversar. Queria terminar isso o quanto antes para voltar ao dormitório. Já estávamos ali há quase meia hora quando Manuela resolveu falar, sem a menor cerimônia.

- Você gosta da Mad...
- O que? – falei pego totalmente de surpresa pela cara de pau dela
- Você gosta da Mad, eu sei.
- É impressão sua
- Ah sim, claro, impressão minha... – ela falou rindo – eu sei quando um menino ta afim da minha amiga, já foram muitos desde que entramos para a escola.
- Acho que se não conversarmos, terminamos isso mais rápido e saímos daqui.

Ela não me respondeu e ficou muda, mas só por dois minutos. Senti uma sombra atrás de mim e dei de cara com ela quando virei.

- Eu posso te ajudar. A conquistar ela, sabe... Sei do que ela gosta
- E por que está me dizendo isso?
- Por que gosto de você, acho que você é legal e a única pessoa capaz de botar um pouco de juízo na cabeça dela.
- E não vai dizer que sou novo demais também?
- Ah a idade não faz a menor diferença! Ela não se importa com isso...
- Eu não tenho a menor intenção de mudar a sua amiga, se é esse o seu interesse em me ajudar – falei passando por ela e indo para outro setor.
- Também não tenho vontade de mudar o jeito da Mad, se é isso que você está pensando! Mas até agora ela só namorou garoto sem juízo e eles só pioram as coisas... Você é diferente.

Fiquei calado um tempo, sem saber o que responder. Não a conhecia o suficiente para dizer se ela estava falando sério ou fazendo hora com a minha cara, mas tinha a impressão que ela não estava brincando. Como eu não respondi, ela deu meia volta e continuou a arrumar sua metade da biblioteca e não falamos mais nada pelo resto da detenção. Durante esse tempo podia jurar que vi um vulto passando pela porta e fiz um esforço muito grande para não pensar na história do assassino rondando a escola. Manuela não parecia ter notado nada.

Quando terminei minha parte, percebi que ela já havia acabado há muito tempo, mas ficou sentada na biblioteca terminando de ler o livro e me esperando. Ela fechou o livro e levantou quando viu que eu estava indo embora, caminhando calada ao meu lado. Já estávamos perto do Salão Comunal quando ela falou.

- Olha, não estou querendo pregar uma peça em você, como sei que você está pensando. Realmente quero ajudar, porque já percebi que se ninguém te der um empurrão, você nunca vai chegar nela.
- Eu não preciso de técnico pra isso – falei irônico
- Que seja, mas eu posso ajudar você a se aproximar dela. O resto fica por sua conta!
- Não, obrigado.
- Argh como você é teimoso! Tudo bem então, vamos fazer uma troca de favores!
- Como assim? – disse confuso. Essa menina era louca.
- Você me resume esse livro quando entrarmos na Sapientai, já que você leu e gostou, e eu te ajudo a se aproximar dela. Você me faz um favor e eu faço outro pra você. Justo, não?

Parei de andar e fiquei encarando ela, pensativo. Agora tinha certeza que ela não estava de gozação comigo e queria mesmo ajudar. Como também tinha certeza que ela não ia me deixar em paz até que eu aceitasse sua ajuda, estendi a mão para selar o acordo. Ela estendeu a dela sorridente e entramos no nosso Salão Comunal. Ficamos sentados no sofá até quase 2hs, tempo que levou até que eu conseguisse resumir toda a historia do livro e que ela a entendesse, e depois fomos cada um para seu dormitório. Se eu quisesse ao menos uma chance com a Mad, essa parecia ser a maneira mais fácil...

Monday, November 20, 2006

O feitiço vira contra o feiticeiro

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

Depois de uma longa e debatida reunião de cúpula, ficou decidido que ‘o lobo’ ia agir ainda essa noite. Eu havia saído da sala antes de ficar acertado os detalhes de onde, como e a quem ele iria atacar, pois pelo andar da carruagem isso ainda ia tomar muito tempo e eu tinha outros planos para essa noite. Refiz o caminho para o Salão Comunal da Sapientai e depois de tomar banho e me arrumar, sai outra vez. Pensando em pregar uma peça no pessoal quando voltasse, peguei a máscara laranja do meu baú e escondi no bolso da calça jeans.

Era por volta de 20hs quando saí do Salão Comunal e desci junto com Manuela, que não iria participar da brincadeira por estar em detenção. Deixei-a na biblioteca e segui direto para o 1° andar, onde sabia ter uma passagem secreta no armário de vassouras que dava direto numa cabana abandonada no vilarejo trouxa perto da escola. Estava tão distraído, pensando em chegar logo lá, que não reparei quando minha máscara caiu do bolso da calça no meio do corredor...

***************************************

Já passava de uma da manha quando retornei ao castelo, pela mesma passagem. Já havia esquecido por completo meus planos de assustar o pessoal usando a roupa do lobo e fui direto para o dormitório. Manu estava deitada no sofá do Salão Comunal absorta numa conversa com Gabriel Storm, do 5° ano, que estava sentado no chão contando uma história para ela. Ambos estavam tão concentrados que não perceberam que entrei, desviando os olhos um do outro apenas quando pigarreei alto.

- Estou interrompendo alguma coisa? – falei brincando e Manu riu
- Oi Luke! Gabriel está me contando a história do livro, já que não li nem metade dele.
- Ah sim. Nossa Manu, a professora pediu isso há quase um mês!
- Mas você me conhece, sabe que deixo tudo pra ultima hora. Só não contava em receber uma detenção no meu tempo de fazer os deveres!
- Onde você estava? – Gabriel perguntou como se tivesse acabado de notar minha presença
- Lugar nenhum. Fui dar um passeio.
- Um passeio de madrugada, com todos os boatos que circulam pela escola? – ele falou desconfiado e Manu e eu nos entreolhamos receosos
- Não tenho medo desses boatos. Bom, eu vou dormir e deixar vocês terminarem o papo. Boa noite. – disse depressa e subi, a fim de evitar mais perguntas.
- Boa noite – disseram ao mesmo tempo

Ouvi os dois retomaram o assunto assim que comecei a subir as escadas e o som da conversa morreu quando fechei a porta do dormitório. Bernard não estava na cama dele, foi a 1ª coisa que notei ao entrar. Onde ele estaria? Será que ainda estavam juntos, pondo em pratica o plano? Ao pensar nisso me lembrei que pretendia assusta-los e instintivamente pus a mão no bolso a procura da máscara. Senti meu sangue gelar quando constatei que ela não estava lá. Onde estava? Havia deixado cair, sem duvida. Mas aonde? E se alguém tivesse apanhado?

O grito de alguém nos jardins desviou minha atenção e corri para a janela. A principio não vi ninguém do lado de fora, mas ao olhar com mais cuidado, pude ver a silhueta de alguém sendo arrastado perto da orla da floresta. Não era possível, daquela distancia, dizer quem estava sendo arrastado e gritando, a não ser que era uma garota. Mas não havia duvidas que a pessoa que a arrastava usava a roupa do lobo. Ri sozinho no quarto, imaginando que isso fizesse parte do plano que eles bolaram na minha ausência e fechei a janela, indo colocar o pijama. Quem quer que esteja arrastando a menina, é um dos meus amigos e amanhã eu saberia os detalhes. Os gritos logo cessaram e deitei na cama cansado, dormindo imediatamente.

****************************************

Acordei atrasado no dia seguinte e Bernard já havia descido para o café. Sua cama ainda estava desarrumada, o que indicava que ele havia voltado para o dormitório. Sai da cama me arrastando e depois de tomar um banho quase dormindo debaixo do chuveiro, fui para o Grande Salão. Não foi preciso mais que 30 segundos para perceber que a atmosfera no salão estava pesada. Muitos alunos tinham expressões assustadas no rosto e os professores estavam sérios, conversando quase que em sussurros na mesa deles. Mais que depressa corri os olhos pelo salão a procura dos meus amigos. Tinha certeza que o clima estava daquele jeito por causa da nossa brincadeira, então queria saber o que tinha acontecido, quem era a garota. Estavam todos sentados na mesa da Fidei e quando me aproximei eles levantaram apressados, me arrastando para os jardins. Não deu nem tempo de pegar uma torrada ou um suco.

- O que está acontecendo? Deu tudo certo ontem? É por isso que estão todos com aquelas caras assustadas, não? – falei rindo, mas eles não riram.
- Aonde você foi ontem, Luke? – Dominique perguntou
- Eu saí da escola, tinha uns assuntos para resolver.
- Que assuntos? – agora foi Marie que falou
- Assuntos pessoais, que não interessam a mais ninguém. – falei ríspido
- Você estava fora da escola mesmo? – Viera perguntou preocupado – não voltou antes de meia noite, certo?
- Sim, cheguei por volta de uma hora. A Manu estava no Salão Comunal com o Gabriel, ela me viu!
- Ele está falando a verdade pessoal, eu vi quando ele chegou... – Manu falou, claramente segurando o choro.
- O que aconteceu pessoal? Quando eu subi, vi uma garota sendo arrastada perto da floresta. Quem era? Qual de vocês estava com a roupa?
- Ninguém... – Bernard falou calmo – Não era nenhum de nós. Nós não chegamos a fazer a brincadeira, estávamos nos preparando ainda quando... – mas ele parou de falar
- Quando o que?? – falei já desesperado – se não eram vocês, quem era??
- Estávamos indo para a biblioteca, pois sabíamos que a única pessoa acordada no castelo era o menino que estava em detenção com a Manu, nossa intenção era espera-los sair para darmos um susto nele. – Michel falou num fôlego só
- Eu não sabia do plano idiota de assustar ele, e conseqüentemente a mim! – Manu falou já não conseguindo segurar as lagrimas
- O problema foi que quando estávamos nos posicionando, vimos alguém de fora do grupo passar correndo pelo corredor, usando nossa roupa. – Marie falou, também chorando.
- Eu não estou entendendo nada! Será que dá pra chegar ao ponto logo? – falei impaciente
- Luke, a principio nós pensamos que fosse você. – Samuel falou nervoso – você era o único que não estava conosco e não sabíamos onde você estava, mas ai... – ele fez uma pausa – mas ai a pessoa passou direto da biblioteca. Ainda pensando que era você, decidimos mudar o rumo da brincadeira e lhe pregar uma peça. Demos meia volta, mas perdemos o rastro da pessoa.
- Então resolvemos parar no jardim para montarmos um esquema de pegar você mais rápido, nos dividindo – Viera continuou a historia – já havíamos nos separado há uns 15 minutos, quando ouvimos um grito vindo da orla da floresta. Em seguida vimos uma menina sendo arrastada pelo casaco, por uma pessoa usando a máscara! Tudo que conseguimos pensar era que você tinha armado um plano sozinho para agir e nos assustar também. Nós já havíamos nos encontrado outra vez e visto que não era ninguém do grupo. Você era o único que poderia ter feito isso, só nós temos a roupa.
- Não, não. – falei me dando conta da confusão – eu sai sim com a mascara, pretendia assusta-los quando voltasse, mas a deixei cair! Não sei aonde, só percebi que estava sem ela quando cheguei no dormitório. Devo tê-la deixado cair ainda na escola e alguém apanhou!

Ficamos mudos um tempo, sem nem nos olhamos direito. Se não foi nenhum deles e nem eu, quem estava usando a marcara do lobo? Quem poderia ter virado nossa brincadeira contra nós mesmos, nos fazendo duvidar uns dos outros? Madeline resolveu quebrar o silencio.

- A menina era da Lux, 2° ano. Mathilde Serrell. Ela desapareceu, ninguém sabe pra onde ela foi levada.
- E vocês não têm nem idéia de quem possa ter pego a minha mascara? – falei me sentindo mal. Tinha a impressão que poderia vomitar a qualquer instante
- Nem uma única pista. Só que a pessoa parecia ser forte, pra ter conseguido arrastar a menina.
- Precisamos descobrir quem foi. Isso é nossa culpa, nós inventamos esse assassino e agora tem um imitador na escola usando essa identidade e o fato de saber que é mentira, pra atacar os outros. – Samuel falou também parecendo se sentir mal
- Temos que descobrir quem foi – falei com urgência na voz – o professor de teatro sabe que fomos nós que começamos o boato e podem contar que ele vai vir até nós, nos acusando!
- Ele não tem provas de que fomos nós que começamos nada e muito menos de que fomos nós que... – Marie parou de falar de repente, como se tivesse percebido o que estava prestes a dizer – que fomos nós que matamos aquela menina.
- Calma Marie, ninguém sabe se ela morreu de verdade! – Bernard falou tentando se manter calmo, mas sem conseguir fazer um bom trabalho.
- Bernard tem razão, estamos entrando em pânico à toa. – Dominique falou – ao invés de começarmos a nos culpa e lamentar, devemos nos unir pra pegar esse desgraçado e entrega-lo à diretora, antes que a culpa caia sobre nós!
- É, isso mesmo, vamos nos acalmar – Michel parecia tranqüilo – não sabemos ainda o que realmente aconteceu com ela. A pessoa pode estar querendo nos ensinar uma lição e ate onde sabemos, pode ate ter sido obra do professor Armand! – e todos concordaram
- Ok, chega, de nada vai adiantar ficarmos procurando um culpado sem qualquer tipo de provas! – Manu falou nervosa – vamos entrar, temos uma prova daqui a 20 minutos e depois dela, começamos a pensar no que fazer.
- Se pudesse voltar no tempo, não tinha topado participar dessa brincadeira estúpida. Essa foi a coisa mais idiota que já fizemos... – Mad falou quase chorando, mas segurando as lagrimas.

Ela saiu andando pelo gramado de volta para o castelo com Marie e Manu e as seguimos, calados. Na verdade, ninguém trocou mais nenhuma palavra pelo resto do dia. E nem nos reunimos depois da prova para bolarmos um plano, sequer nos olhamos e fomos cada um para o seu lado. Madeline tinha razão, essa foi a coisa mais estúpida que já fizemos em nossas vidas. Mas agora era tarde demais para arrependimentos e não poderíamos voltar no tempo para consertar. Teríamos que limpar nossa própria bagunça do nosso jeito, não importa o que tenhamos que fazer para isso.