Friday, April 27, 2007

Quartas de Final

Das anotações de Ty McGregor.

Duas horas de jogo, e a partida estava apertada. Toda vez que marcávamos ponto, o time da Lux encostava-se ao placar. Brenda após levar um balaço na cabeça estava meio zonza, e precisávamos do pomo o mais rápido possível. Rebati um balaço com força contra o goleiro da Lux, quando escutei o sussurro de espanto da multidão. Procurei Ian com os olhos e ele vinha levantando vôo com o braço erguido no ar.
- 250 a 100. E vence a Sapientai!
Foram as ultimas palavras que ouvi do narrador do jogo, antes de trombar com o restante do time e comemorar muito a vitória contra a Lux. Era a estréia de Ian como apanhador e dadas as circunstancias não poderia ter sido melhor. Meu maior receio era que ele se deixasse levar pelo nervosismo tanto pela estréia quanto pelo interrogatório no Ministério sobre a história do Lobo. Mas a dedicação dele aos treinos, me fazia ficar tranqüilo quanto à escolha dele.
Encontrei Rory na saída do vestiário e logo a beijei.
- Vamos pra semi-final! - disse girando-a e começamos a rir.
- Pára Ty, estou ficando mais tonta que o normal. Vocês foram ótimos. Agora vou ficar em dúvida: Para quem eu torço?- fingiu um ar de dúvida.
- Para o melhor é claro: Sapientai. – Respondi e notei o jeito que ela colocava o cabelo atrás da orelha. Senti seu perfume. Instintivamente olhei em volta antes de dizer:
- Estamos sozinhos aqui...
- Aham...
- Acho que mereço um prêmio pela vitória de hoje...
Aproximei-me devagar e antes que a abraçasse novamente, ela disse com um ar maroto:
- Pegue-o se puder. – e correu para o castelo dando risada.

- Ty...
- Hãã...
- Você está dormindo?
- Aham...
- Vou para o meu dormitório. Podem nos pegar aqui. - tentou levantar da cama e a segurei.
- O quarto é só meu, até o final do ano letivo. Relaxa. – respondi e encostei a cabeça em seus cabelos enquanto a abraçava novamente tentando dormir.
- Ty...
- hãã?
- Você acha que o Lobo pode ser algum aluno?
- Aparentemente sim. Durma, doçura...
- O que seus pais acham?
- Meus pais sabem tanto quanto os outros aurores, e agora que eles vão sair do Ministério, algumas informações não são passadas a eles. Meu pai falou que isso faz parte da segurança, mas minha mãe acha que os outros estão com medo que o papai volte atrás na decisão dele. E se ele fizer isso, alguns não ficarão felizes.
- Eles vão sair do Ministério? Por quê?
- Porque foram convidados a serem professores da Academia de Aurores, e resolveram aceitar. Fora o fato de terem ficado indignados com o fato de darem Veritasserum pros garotos sem a presença dos pais no interrogatório. Mas alguns aurores acham, que vale tudo para mostrar serviço para o Ministro. – respondi de olhos ainda fechados.
- Você acha que tudo que um auror faz é perdoável? – e ela perguntou virando-se para mim.
Vi que não conseguiria voltar a dormir e abri o olho resignado e a olhei enquanto ela puxava o lençol para se cobrir.
- Depende. Às vezes tem coisa que não dá pra evitar. - e puxei o lençol para baixo para alisar seu ombro.
- Seu pai já matou alguém? – e ela perguntou.
- Não que eu saiba. Mas se ele matou, foi por necessidade. Por exemplo, um comensal que o ameaçasse ou para salvar alguém...
- E porque matar é a solução? Ele poderia prender o comensal, não precisaria matá-lo. Nem todo comensal é ruim...
- Quem é comensal, não tem muita noção de certo e errado. É um caminho sem volta. Minha mãe costuma dizer que comensal bom, é comensal morto. Ela não acredita no arrependimento deles, e eu estou com ela.
- Mas eles podem se arrepender, e não fazer mal a ninguém. Todos merecem uma nova oportunidade, se minha mãe ou meu pai fizeram coisas erradas no passado eu...
- Se meus pais fossem comensais, eu sequer estudaria aqui, e nunca beijaria você com medo de me contaminar com alguém de sangue mestiço. Já pensou que desperdício? - Dei risada, enquanto me aproximava dela novamente.
- É isso que quero falar, sobre os meus pais...
- Agora que você me acordou, quero ouvir algo mais interessante que os seus pais. – ergui seus braços acima de sua cabeça, enquanto deitava-me sobre ela, e antes que ela voltasse a falar sobre seus pais, beijei-a. Teríamos muito tempo para conversar sobre eles depois.

Wednesday, April 25, 2007

Fechando o cerco

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

- Não te dedico amor; não me persigas. Vai-te! Fora daqui! Não me persigas!
- Imã de coração endurecido, sou por vós atraída, mas de ferro não tenho o coração; como o aço é puro. Cessai de me aliciar e, incontinenti, deixarei de seguir-vos.
- Alicio-vos? Acaso já vos disse galanteios? Ou com franqueza não vos falo sempre que não vos amo nem vos posso amar?
- Por isso mesmo é que vos amo tanto.
- Será então que se começar a lhe desprezar, acreditaria que te amo?
- Essa ultima frase não está no script, monsieur Lafayette... Por favor, siga o roteiro sem improvisos, isso é Shakespeare! – meus amigos prenderam o riso e Marie ficou vermelha na minha frente
- Com licença Armand – a professora Emily interrompeu a aula – Têm alguns aurores aqui e eles estão solicitando a presença de alguns alunos...

Olhei para meus amigos e eles já sabiam que era com a gente. O professor Armand protestava por ter sua aula interrompida, mas a professora Emily estava séria e fez sinal para que saíssemos da sala. Do lado de fora, três aurores do Ministério nos aguardavam, todos com expressões cansadas no rosto.

- Por favor, tenho que pedir que nos acompanhem, sem resistência ou questionamentos, até Paris – o auror que aparentava ser o mais velho falou

Como ele havia pedido naquele tom de voz que soava quase como que se nos implorasse para não criar problemas, assentimos com a cabeça e os seguimos até o escritório da diretora. E através da lareira dela, fomos levados para fora do castelo.

Saímos em uma lareira que não conhecia, mas que bastou uma rápida olhada ao redor, nos cartazes colados nas paredes, para identificar onde estávamos: era o QG dos aurores do ministério francês. A professora Emily nos acompanhou até lá e saiu com os aurores, nos deixando sozinhos dentro do escritório deles. Assim que eles saíram, começamos a falar.

- O que está acontecendo? – Dominique foi o primeiro – Por que nos trouxeram aqui?
- Só porque estou me entendendo com meu pai, sou trazido para o trabalho dele! – Samuel se largou na cadeira irritado
- Só pode ser algo relacionado ao lobo... – falei preocupado – Eles ainda acham que sabemos quem é?
- Parece que sim, não é? – Bernard constatou – Do contrario não estaríamos aqui
- Não acho que seja só isso... – foi a vez de Marie falar – Tenho a impressão que eles querem a nossa ajuda
- Como é isso?
- Eles ainda acham que temos culpa, mas talvez pensem que podem nos separar, para que entregássemos o culpado. Cooperar, sabe?

Mas não tivemos oportunidade de responder a ela, pois a porta se abriu e um auror que nunca havia visto pela escola entrou. Ele tinha o porte de um daqueles competidores de luta trouxa, das mais violentas, e a cara sisuda. Com poucas palavras, ele nos separou. Cada um foi encaminhado para uma sala, e vi um auror diferente entrar em cada uma das salas, fechando a porta ao passar. Entrei na que me indicaram e senti meu estomago embrulhar quando o auror sisudo entrou na mesma sala, fechando a porta ao passar. Por que eu sempre fico com o pior?

- Boa tarde – ele falou em tirar os olhos de uma ficha – Lafayatte. É o filho de Gerard e Patrice? – assenti com a cabeça sem falar nada – Estou surpreso, não posso negar
- Não tenho nada a ver com meus pais – disse seco diante do comentário que ele fez
- Isso está bem claro, seus pais nunca seriam chamados ao ministério para um interrogatório, acusados de assassinato
- Mas eu não matei ninguém!! – cheguei a berrar quando falei
- Controle seu tom de voz, não está em casa
- Eu não matei ninguém, e nem seqüestrei ninguém – disse com calma
- Então quem foi? - ele bateu com as mãos na mesa e me assustei
- Não sei!
- Mentira. Você sabe e está acobertando!
- Não estou acobertando ninguém! Se soubesse quem é já teria dito, uma pessoa morreu!
- Garoto, pense bem... Se você colaborar, pode sair ileso disso. O responsável pelos crimes vai para Azbakan, e seus cúmplices também. Mas podemos chegar a um acordo, o conselho pode aliviar as coisas se você decidir cooperar...
- EU JÁ FALEI QUE NÃO SEI QUEM É A PORCARIA DO LOBO!
- Por que não consigo acreditar em você? – o auror tinha um ar debochado que me fez espumar de raiva, e não me contive
- Talvez porque sejam tão incompetentes a ponto de não conseguirem capturar um aluno, e estão desesperados para culpar o primeiro otário que parecer se encaixar no perfil

Como previ, minha resposta atrevida despertou a fúria do auror. Nenhum deles gosta de ouvir que é incompetente, e principalmente quando sabem que são. O homem levantou da mesa chutando a cadeira para longe. Vi que ele contava ate 10 para não me estrangular até que eu confessasse o que ele queria, mas conseguiu se acalmar e puxou a cadeira tombada, sentando outra vez de frente pra mim. Ele puxou um frasco do bolso e logo reconheci como sendo veritasserum.

- Vou pedir que você beba essa poção, e se está mesmo falando a verdade, não há o que temer... – ele empurrou o frasco para mim
- Quer que tome tudo, ou uma gota basta pra você?
- Uma já basta – ele disse entre os dentes, com raiva

Ele me empurrou um copo com água e deixei cair uma gota nele, tomando em seguida. A sensação era estranha, tive uma vontade quase incontrolável de contar a ele tudo sobre minha vida, até o que ele não perguntasse, mas por sorte talvez uma única gota nos permitisse calar a boca e só falar quando solicitado. Ele percebeu que eu já estava sob o efeito da poção e me encarou sério.

- Quem é o lobo?
- Não sei
- Quem você acha que é o lobo?
- Não sei
- Quem espalhou os rumores sobre os ataques inexistentes na escola?
- Eu e meus amigos
- Então vocês criaram o assassino?
- Não. Nós apenas demos um nome a ele, com a intenção de assustar as pessoas
- Então alguém se aproveitou do nome, e resolveu torna-lo real?
- Sim
- Alguém fora do grupo de irresponsáveis que, junto com você, teve essa idéia imbecil?
- Sim

O auror levantou da cadeira sem dizer nada e saiu da sala, me deixando sozinho. Acho que fiquei sentado na mesma posição por quase 10 minutos, até que ele voltou. Felizmente, àquela altura o efeito do veritasserum já tinha passado. Ele fez sinal para que saísse e não hesitei, sai depressa.

- Pode ir, está liberado
- Acreditou em mim, então?
- Espere naquele banco por seus colegas, outros aurores levarão vocês em segurança para o castelo
- Regalski, acho que descobrir uma coisa, venha até aqui – ouvi alguém falando no corredor e o auror que me interrogou respondeu ao chamado
- Regalski? Você é...
- No banco, garoto

O auror chamado Regalski apontou para o banco no final do corredor e não vi alternativa senão ir para lá. A professora Emily estava por lá com Dominique, Samuel e Manu, e depois de poucas palavras, chegamos à conclusão que Marie estava certa, eles tentaram nos separar para tentar descobrir a identidade do lobo, convencidos de que ele é um de nós. O cerco se fechava cada vez mais e era apenas uma questão de tempo até que eles o capturassem, mas tinha a estranha sensação de que algo muito ruim ainda aconteceria antes de tudo se resolver...

Monday, April 23, 2007

Partidas e Chegadas

All my bags are packed
I'm ready to go
I'm standing here
Outside your door
I hate to wake you up to say good bye

Leaving on a Jet Plane – John Denver


- Tudo pronto, Sr. Storm?
- Acho que sim...
- Certo, então vou esperar no portão para que se despeça de seus amigos.

Assenti com a cabeça e voltei até o hall de entrada do castelo, onde Ty, Miyako e Griff me esperavam. Embora agora eles tivessem entendido meus motivos de querer ir, sabia que ainda estavam tristes. Miyako tinha os olhos cheios de lágrimas e me senti indo para o campo de concentração. Ty se mantinha sério, tentando ao máximo parecer indiferente e compreensivo, e Griff estava normal, como sempre.

- Ah Biel, você vai falar com a gente pela lareira todo dia, não é? – Mi se atirou em cima de mim chorando
- Claro que sim, Mi! Não o dia inteiro como você sugeriu, pois ainda vou ter aulas... Mas todo dia à noite eu chamo vocês!
- Sim, todos os dias, não aceito que você falte! E se eu esquecer como você é??
- Não exagera Miyako... – Ty falou rindo e ri também
- Prometo não deixar você esquecer como é o meu rosto. Na verdade, tenho um presente para vocês...

Miyako me soltou e abri a mochila, tirando três embrulhos pequenos e entregando um para cada. Eles abriram depressa e Ty e Miyako logo sorriram ao ver o que era. Um espelho de duas vias.

- Tenho um par de cada, então quando quiserem falar comigo, basta chamar. Mas não precisa gritar se demorar a responder, antes vou precisar descobrir qual dos três está me chamando!

Abracei os três me despedindo de vez e Miyako recomeçou a chorar, mas não podia mais ficar. Já estava na hora de ir. Prometi que voltaria para visitá-los no final do ano letivo e desci as escadas para o jardim. Eles não vieram comigo, já estavam atrasados para a aula e apenas acenaram. Já estava quase no portão quando senti uma mão me puxar com força. Virei assustado e vi que era a Mad. Não consegui evitar o sorriso aliviado. Pensei que ia embora sem me despedir dela.

- Aonde pensa que vai sem falar comigo? – ela cruzou os braços fingindo irritação
- Não consegui encontrar você, ninguém da sua turma sabia onde você estava.
- Estava fora do castelo – ela pôs a mão no bolso e tirou um embrulho – Para você.
- Mas eu não- - ela me cortou com um beijo e sorriu
- Não pedi que me comprasse nada, eu que quis comprar algo. Vamos, abra!

Comecei a rasgar o pequeno pacote e um pingente em forma de fênix caiu na minha mão. Era prateado e muito bonito, e logo percebi que ela usava um igual no pescoço. Olhei para ela sem entender e ela riu.

- Meu pai me deu esse que estou usando e um par dele quando eu fiz 15 anos, e disse que eu deveria dar o par dele a alguém que eu julgasse especial. Não me peça para explicar o porquê, mas você é especial.
- Obrigado – disse sorrindo, um pouco vermelho
- Você ainda fica vermelho! – ela riu me beijando outra vez – é por isso que gosto de você... Ah, e esse não é o par que meu pai me deu. É obvio que eu perdi o original, por isso sumi hoje de manha, estava no povoado procurando um igual.
- Claro que você perdeu... – falei rindo – Bom, preciso ir agora, ou vamos perder a chave de portal.
- Vai logo. Não vai aprontar na Califórnia, viu? Você ainda tem namorada!
- Não se preocupe quanto a isso...

Beijei-a outra vez e atravessei o portão da escola, dando uma ultima olhada no castelo. Sentiria falta de tudo aqui, mas sabia que precisava ir. O professor Collins fez sinal para eu me apressar e quando o alcancei, ouvi algo no meu bolso tremendo. Era um dos espelhos.

- Biel? Já chegou à Califórnia? – ouvi a voz chorosa de Miyako e ri
- Não Mi, acabei de atravessar os portões da escola
- Ah, ok... Depois chamo de novo...

ººº

- Alguma dúvida, Sr. Storm?
- Não senhor.
- Ótimo. Ah, Sr. Wade… Entre, por favor.

Estava na sala do diretor da Escola de Magia da Califórnia, o Sr. Diperma, e ele fez sinal para que alguém entrasse em seu escritório. Virei para ver quem era e vi um garoto da minha altura, cabelos castanhos claros e olhos muito azuis, entrando. Ele me cumprimentou com a cabeça quando passou e parou em frente à mesa do diretor.

- Sr. Storm, o Sr. Wade vai fazer um tour com você pelo castelo, lhe mostrar todos os nossos alojamentos, salas de aula, refeitório, quadra, enfim, tudo. Ele é o nosso melhor guia, conhece todas as pessoas na escola. Podem ir, e passe amanha cedo aqui para pegar seus horários.
- Ok, obrigado diretor.

O garoto fez sinal para que eu saísse da sala e o segui. Caminhei atrás dele sem que ele dissesse nada até chegarmos do lado de fora dos corredores. Ele se virou para mim e estendeu a mão.

- Micah Wade, prazer. Mas me chame de Micah
- Gabriel Storm, mas pode me chamar de Gabriel – falei rindo
- Bom Gabriel, bem vindo ao lar dos Coiotes...

Olhei ao redor de onde estávamos e pude ver o prédio da escola e um pouco afastado dele, mas bem visível, estava o campo de quadribol com o escudo enorme do Californian Coyotes desenhado na grama. Naquele momento tive certeza: havia feito a escolha certa.

Wednesday, April 18, 2007

Partidas inesperadas - parte II

anotações de Ty McGregor

O dia havia amanhecido claro e limpo e os corredores estavam um pouco mais agitados que o normal, pois os membros do time ficavam perto uns dos outros para saber os detalhes sobre a saída do Gabriel e os testes que seriam realizados naquele dia.
Eu, Gabriel e Miyako entramos no salão e havia um burburinho percorrendo as mesas, pois uma mudança de apanhador ao final da temporada poderia determinar o campeão da Copa das Casas, e isso interessava a todos. O professor Henry havia me encontrado no caminho para o salão e enquanto conversávamos ele dizia que estava tudo acertado com Madame Máxime, poderíamos fazer os testes ao final da tarde e ele nos desejou sorte.
Ao entrar no salão automaticamente olhei para a mesa da Nox e a Rory estava lá. Encarei-a e ela me olhou de volta. Já ia à direção dela, quando lembrei que ela havia brigado comigo por nada. Mudei de idéia. Danielle a cutucou e ela continuou me encarando, antes que fizéssemos alguma coisa, Lucien se aproximou com seu bloco de anotações:
- Ty, já tem idéia de quem você vai escolher para o lugar do Storm?
- Não, Lucien, os testes serão hoje á tarde, você sabe disso.
- Mas nem uma dica? O Went queria fazer uma edição extra.
- Façamos assim: assista aos testes hoje e você vai poder por em primeira mão o nome do escolhido, quem sabe consegue até uma entrevista com ele e uma foto do Gabriel chorando ao passar o uniforme para o novato? – disse brincalhão para provocar meu amigo que respondeu rindo:
- Bobão.
Continuamos nosso caminho até a mesa da Sapientai e a casa estava unida: todos tinham alguma sugestão. Gabriel foi falar com Ian, e eu começava a busca por uma torrada inteira, quando vejo que Rory parou ao meu lado:
- Ty, preciso falar com você. Ainda temos tempo antes das aulas e...
- Rory, eu também quero falar com você, mas eu preciso tomar o café da manhã, foi difícil chegar até aqui.
- Sim... Claro... Que idéia... Nos falamos depois.- ela disse sem graça e voltou para a mesa da Nox.
- Porque não a chamou para ficar aqui Ty? – perguntou Miyako, chegando e empurrando na minha mão uma torrada inteira com geléia. Olhei agradecido e respondi:
- Porque preciso comer antes de começarmos a discutir. Ela precisa parar de achar que basta acenar que eu pulo. As coisas não são assim.
- É não são! E você não desgruda os olhos dela apenas porque não tem para onde olhar não é?- grunhi algo incompreensivel como resposta e ela deu risada.
As aulas do dia foram um pouco tumultuadas, pois todos os professores resolveram que final de bimestre, era a época ideal para trabalhos extras, será que eles não tinham noção que o final do campeonato se aproximava e que isto sim era importante?
Na hora do almoço Rory se aproximou novamente e antes que abrisse a boca, Emily se interpôs entre nós:
- Ty, papai quer falar conosco antes de voltar a Paris com sua mãe. Vamos?- olhei para Rory e disse:
- Depois ok?
- Sim, depois.
O dia foi estressante, e ao final do dia fomos ao campo de quadribol para os testes. Para nosso espanto havia muita gente dentro e fora do campo:
- Uau, tem tudo isso de gente para ser apanhador?- comentou DeVille.
- Tem mais gente aqui do que dentro do salão da Sapientai. - disse Brenda.
Ao nos aproximarmos, vimos o que estava errado e eu comecei a dar ordens:
- Você ai da Fidei: fora. – e um garoto do 4º ano da Fidei conhecido por ser brincalhão, saiu do campo dando risada junto com os amigos.
- Hei, vocês duas da Lux, tô procurando apanhador e não colunista de fofocas: FORA. Bellevue e Giscard, vocês não sabem ler não? Tem que ser do segundo ano em diante, vocês ainda não saíram do primeiro, voltem ano que vem. - me irritei:
- Quem não for da Sapientai tem 5 segundos para se retirar do campo, depois disso vou começar a azarar: 5...4...3... – disse empunhando a varinha e os intrusos começaram a sair do campo resmungando.
Sobraram três candidatos. Virei-me para Gabriel:
TM - Abriram as portas do manicômio e soltaram alguns aqui. A culpa é sua Lobão.
GS - Vamos discutir de novo? ¬¬
TM - Não, mas será que você pode mostrar pra estes amadores como ser um apanhador de verdade? Afinal agora você é um astro promissor, vão pedir até autografo. Peça ao Samuel algumas dicas, ele não tem tido sossego também rsrsrs.
GS - hahaha muito engraçado. Não tenho culpa se sou bom.
TM - Isso ai senhor modéstia, para o alto e avante.
GS - Ty você anda lendo gibis de novo?- e foi para sua vassoura dando risada antes que eu confirmasse.
Achei que aquele teste não podia ficar pior, mas me enganei. Havia três candidatos, Ian entre eles e comecei com um garoto magricela do segundo ano, parecia promissor, pois era leve. Eu já estava no alto e ele continuava embaixo, voltei e planei do seu lado:
- Solis, o jogo é lá em cima.
- Posso ficar aqui e voar quando o pomo aparecer? É alto lá...
- Você tem medo de altura?- como ele não respondesse, eu disse;
- Não vamos poder aproveitá-lo na equipe. - levantei vôo e continuei os testes.
O outro jogador era até bom, desde que não tivesse que voar sem segurar a vassoura com as duas mãos, e isso para um apanhador é requisito básico. Dispensei-o.
Só sobrou um: Lafayette. Parecia calmo. Bom.
Olhei para o restante do time e todos tinham o mesmo desejo: que pelo menos este fosse razoável. Ian capturou 4 dos 5 pomos soltos, não foi tão rápido quanto Gabriel, mas era promissor, bastava treino. Ao final emparelhei com ele e disse:
- Você está dentro. - vi o quanto ele ficou contente:
- Não vou decepcionar a equipe Ty.
- Tô contando com isso. Vamos aproveitar e treinar um pouco com o time, você vai precisar aprender tudo antes do jogo no fim da semana.
Ficamos treinando até bem tarde. Gerard veio nos tirar do campo para jantar. Comi o mais rápido que podia e tinha que voltar para o salão da Sapientai para fazer os deveres acumulados, no caminho encontrei a Rory me esperando. Antes que ela falasse alguma coisa, eu disse:
- Rory, a gente pode conversar depois? Eu tenho muitos deveres para fazer agora e tô morto de cansaço.
RM - É importante... É sobre minha família. - ela disse preocupada.
TM - Tem alguém doente?
RM - Não, mas é que...
- Ty, você disse que precisamos combinar algumas jogadas para aproxima partida você vem? – Devlin gritou da entrada do salão, e eu acenei afirmativamente. Olhei para ela:
- Vamos conversar depois com mais calma? Você sabe que o Ian é novo e precisamos ensinar o máximo que pudermos a ele... Eu ainda tenho os deveres para amanhã, nem fiz as pesquisas.
- Eu sei que você está cheio de coisas para fazer... Conversamos outra hora. - antes que ela se virasse puxei-a para mim e a beijei. Ao solta-la ela disse com urgência na voz:
- Ty eu amo você, nunca duvide disso, por mais que a situação diga o contrário.
- Não vou duvidar, afinal é difícil não me amar. – ela tinha um ar preocupado, mas acabou rindo da minha brincadeira. – Também te amo, Rory. - nos despedimos e cada um foi para o seu lado.
Reuni-me ao time e entre táticas de jogo e os deveres de casa, esqueci dos problemas com a Rory. O que quer que fosse resolveríamos depois.

Monday, April 16, 2007

Apenas bons amigos... Por enquanto

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

Acordei na manhã seguinte e minha reação imediata foi procurar por Marie, mas ela já não estava mais na cama. Suas roupas também não estavam em canto algum, e nem minha camisa. Afundei o rosto no travesseiro que ela dormiu e seu cheiro ainda estava presente. Não pude conter um sorriso. Estava tão concentrado em não perder o perfume dela que não percebi que Michel me olhava atentamente, prendendo o riso.

- O que foi? – disse levantando rápido
- Nada... Já fez as malas?
- Ainda não. Ia fazer ontem, mas- - parei de falar de repente e Michel riu
- Então é bom começar, o navio sai às 11hs

Meu primo saiu do quarto e comecei a juntar minhas coisas espalhadas. Será que ele sabia? Não sei que horas Marie foi embora e tão pouco que horas ele voltou para o quarto, então não poderia saber se ele a viu aqui. Mas se bem conheço Michel, tinha certeza que ele sabia o que tinha acontecido.

A maioria dos alunos já estava no restaurante do hotel tomando café da manhã quando desci. Dei uma olhada pelas mesas e não havia sinal dela. Sentei-me na mesa com Bernard, que estava com cara de poucos amigos, e puxei algumas torradas com café para perto, comendo sem conversar. Bernard me olhava calado e sabia que ele estava tentando ler minha mente, mas não o impedi. Estava fazendo exatamente a mesma coisa ele. Meu amigo deixou escapar um sorriso e balançou a cabeça, voltando à atenção para seu prato. Ia falar sobre o que tinha visto na mente dele quando um barulho na porta do restaurante chamou minha atenção. Marie tinha acabado de chegar e esbarrou em alguns pratos, quebrando no mínimo quatro.

Observei enquanto ela procurava uma mesa vazia e quando viu que Mad e Manu estavam sozinhas, foi se sentar com elas. Sua cara não era muito boa. Seus cabelos pareciam que haviam sido penteado às pressas, seu rosto estava pálido e os óculos escuros impediam que visse seus olhos. Esperei que ela se acomodasse na mesa e levantei, traçando uma reta até lá e sentando na cadeira vaga. Manu e Mad começaram a rir assim que sentei e logo entendi que elas já sabiam. Era comunicado público agora?

- Está tudo bem? – disse ignorando os risos enquanto elas saiam da mesa

Marie apenas balançou a cabeça lentamente, como se não conseguisse fazer qualquer tipo de movimento mais brusco. Continuei falando, entendendo que ela não ia responder mais nada.

- Quando você foi embora?
- Não sei, mas Michel já havia voltado e estava dormindo
- Isso explica a cara dele ainda agora
- Depois eu devolvo sua camisa, não consegui encontrar minha blusa
- Bem, acho que ela voou pela janela ontem... – disse sorrindo e ela corou
- Olha Ian, desculpa. Eu – ela fez uma pausa como se estivesse escolhendo as palavras – eu não estava bem ontem, bebi mais do que devia e acabei agindo sem pensar.
- Eu não me arrependo. Gostei do que aconteceu. Sei que você estava um pouco alterada, mas sei também que não estava bêbada a ponto de não saber o que fazia.
- Sim, eu sabia o que estava fazendo, mas- - Marie parou de falar quando Viera passou ao nosso lado falando alto
- Gostei de ver você ontem tomando uma atitude, Marie! Deu conta do recado, Luke? A mulher estava possuída!

O salão inteiro ouviu a brincadeira de Viera e foi só uma questão de segundos até que todos somassem 2 + 2 e entendessem do que ele estava falando. Dominique foi o 1º a fazer uma piada e Marie levantou da mesa furiosa, lançando um olhar mortal para Viera e outro para mim. Olhei incrédulo para ele e saí do restaurante atrás dela, alcançando-a perto da piscina. Agarrei seu braço com força para impedi-la de continuar andando e ela me encarou séria.

- Solta meu braço, por favor
- Não, ainda não terminamos de conversar
- Não tem o que conversar, já pedi desculpas por ontem, não devia ter ido até o seu quarto
- Do que você está fugindo, Marie? Sei que você não foi me procurar porque estava chateada, você usou isso como desculpa
- Você fala com tanta convicção... É muito convencido, sabia?
- Não sou convencido, você sabe disso. Mas eu gosto de você e sei que mesmo que você não admita, gosta de mim.
- Você não tem como- - mas a interrompi com um beijo demorado. Quando ela se afastou, parecia prestes a chorar
- Olha pra mim, Marie – e a forcei a me encarar – eu gosto de você, quero ficar com você. Acho que sou apaixonado por você desde o 5º ano, mas era idiota demais pra admitir isso. E eu sei que você gosta de mim, mas por alguma razão não confia ou não acredita que o que quero é sério, então vou provar a você que não estou de brincadeira. Você não precisa me responder e nem decidir nada agora, leve o tempo que quiser. Vou provar o quanto gosto de você até o fim do ano letivo. Você vai se formar como minha namorada, Marie Laforêt!

Marie riu do jeito que falei e respirei mais aliviado. Aproximei-me dela como se fosse beijá-la novamente e ela não recuou, mas desviei o beijo para sua bochecha. Ela ainda mantinha os olhos fechados quando me afastei e os abriu lentamente.

- Não vou mais te beijar enquanto você não for minha namorada oficialmente. Se quiser mais, vai ter que confiar em mim...

Sorri para ela e subi as escadas até meu quarto para continuar arrumando as malas, deixando-a sozinha na piscina. Mesmo de costas, sabia que ela estava sorrindo. Agora era só uma questão de tempo até que eu a conquistasse de uma vez por todas.

Saturday, April 14, 2007

A tempestade que se aproxima...

Por Rory Montpellier

Medo - sensação de inquietação ante perigo real ou imaginário.
Pavor...
Temor...

Isso era o que eu andava sentindo estes últimos dias e me fazia ficar irritada ante a minha impotência ou covardia, e isso acabava se refletindo no meu namoro com o Ty, pois por qualquer coisa boba eu brigava com ele, como hoje.
Deixe-me explicar diário:
Alguns dias atrás recebi uma carta de meu pai, avisando que não viria nos ver na Páscoa, pois estaria muito ocupado com a fazenda, pois graças a indicações que uma amiga fez para alguns restaurantes elegantes em Paris, a procura pelos produtos orgânicos aumentou e ele estava expandindo a produção. Vinha acompanhado de uma enorme caixa de frutas e chocolates para que eu e meus irmãos dividíssemos. Nenhum de nós ficou chateado, pois já tínhamos planos: eu iria passar o dia com o Ty, depois que ele almoçasse com os pais dele, Angelique passaria o dia com Jean e Lucien estava interessado em conhecer uma garota da Fidei, sem hora para voltar.
Estava feliz com a carta de casa, quando um detalhe me chamou a atenção: Papai disse que minha mãe estava satisfeita, pois havia reencontrado amigos de escola e às vezes ela saía para visitá-los. Isso vinha ocorrendo desde o dia dos Namorados e isto parece que deu a ela um novo ânimo, pois até sua saúde melhorou.
Ele só estava preocupado com segurança dela, pois andaram ocorrendo alguns ataques estranhos em cidades vizinhas, mas ela disse a ele que não corria perigo, pois tinha a varinha para se proteger. Na carta ele dizia que os amigos dela, eram meio estranhos, mas se mamãe gostava deles, o que ele poderia fazer?

O que ela iria fazer com uma varinha? Que amigos eram estes?

Quando li este trecho, lembrei-me da sensação que Ty teve de estar sendo vigiado. Na hora eu não dei importância, mas agora percebo que a sensação dele foi real e desconfio diário, de que era minha mãe que estava lá e que ela nos seguiu até o apartamento dos pais dele.
Será que ela vai tentar alguma coisa contra eles? Não, ela não faria isso. Eles são treinados e acabariam com ela rapidamente. Será ela conseguiu ajuda de algum comensal, que esteja querendo diminuir as forças do lado de cá?
Daniele acha que eu devo contar tudo a ele, quando ele estiver bem tranquilo, imagine a cena ridícula:

"Ty querido, antes de eu nascer, meus pais eram comensais e o seu pai matou o meu pai verdadeiro alguns anos atrás e minha mãe está querendo se vingar, matando o seu pai. Mas não se preocupe, acho que ela vai perceber que as instalações de Askaban continuam terríveis, e vai esquecer este assunto. Então... Que parte do castelo vamos explorar hoje???" – dizer isto entre um amasso e outro, como se fosse uma coisa corriqueira.

Eu não quero perdê-lo, pois se alguma coisa ruim acontecer, ele vai escolher a família dele, disso eu tenho certeza. E também não quero mandar minha mãe para a cadeia, pois ela é uma fugitiva. Fico com medo de despejar a verdade em cima dele, quando ele segura meu rosto entre suas mãos e me olha daquele jeito que faz eu coração falhar uma batida e diz meigo:
- O que está acontecendo doçura? - é diário, toda vez que fico brava, ele me chama de doçura propositadamente, e faz isso com um olhar malicioso, cheio de segundas intenções, que me arrepiam.
Rsrsrs, quando ele pensa que tem o controle da situação, basta sussurrar algumas coisas em seu ouvido que... Esqueça, não vou dar detalhes.

*ela fecha os olhos como se recordasse alguma coisa e fica vermelha*. Olha em volta e continua sozinha em seu quarto. Volta a escrever.

Decidi! Vou contar a ele sobre minha origem, e sobre as minhas desconfianças, diário. É melhor ele manter-se a si e aos pais seguros, do que ficar comigo sem saber da ameaça. Espero que seja apenas fantasia da minha cabeça. Se alguma coisa acontecer com ele ou com os pais dele, eu vou me sentir culpada, e o pior: ele nunca vai me perdoar.
Amanhã diário, falarei com ele e contarei tudo.
Deseje-me sorte!

Friday, April 13, 2007

Histórias de uma Grécia nem tão Antiga assim...

Por Bernard Lestel

BL: Para de viajar Dominique!
DC: Ah sim, é claro. Sempre sobra pra mim o papel de mente fértil! Bê, presta atenção! A menina está quase te comendo com os olhos, e você dizendo que EU estou viajando???

Dominique falou em tom indignado. Talvez ele estivesse com um pouco de razão... Estávamos na última festa da viagem de formatura, um luau na praia. O clima entre todos estava muito bom, e já saudoso, uma vez que indiretamente estávamos nos despedindo ali. Sentei com Dominique e conversávamos normalmente até a hora que um grupo de garotas trouxas chegou. Dominique, como não poderia ser diferente, lançou todos os olhares de cobiça para elas, que logo começaram a retribuir. Uma delas, em especial, começou a me encarar. No começo achei que estivesse olhando para ele e sabia que se estivesse não demoraria muito até que fosse a chamar para um passeio. Mas depois que Dominique chamou minha atenção dizendo que ela olhava para mim, ficou evidente. Me encarava tanto que estava começando a me incomodar.

BL: Certo, e se ela estiver me olhando?

O copo de bebidas fumegantes que estava na mão de Dominique esteve a um milésimo cair na areia. Me encarou incrédulo, um sorriso cínico no rosto.

DC: E se ela estiver me olhando? E se ela estiver me olhando? – repetiu a frase em tons de ironia. – Às vezes você me irrita com sua lerdeza, Bernard! Se ela está te olhando, certamente está esperando que você levante essa sua bunda daqui e vá até ela chama-la para dançar uma “hula”.
BL: Bom, vai morrer esperando então... – disse franco. Os pensamentos viajando em um segundo até a Bel.
DC: Você e a Anabel estão namorando? Namorando oficialmente? – Dominique parecia ter lido minha mente.
BL: Bem... Não teve bem um pedido oficial e um “sim” oficial. Mas acho que nós dois concordamos que isso é um namoro!
DC: Se não tem pedido oficial, e “sim” oficial, não é namoro oficial! Você está solteiro aqui, e ficar com uma menina solteira, não é traição oficial também! Anda logo! Vai tirar ela pra dar um passeio!

Dominique me encarou esperando uma posição. Aquilo estava muito engraçado, para falar a verdade. Eu me lembrando da Bel, Dominique me lembrando que teoricamente não éramos namorados, eu dizendo que não ia chamar a menina, Dominique afirmando que eu ia. Quando ele se cansou de esperar que eu me levantasse, bufou e disse um “lerdo” antes de abrir um sorriso conquistador e ir caminhando em direção à menina ruiva do grupo. Fiquei sentado ali o vendo chegar e conversar com ela um minuto, antes de eles saírem andando sozinhos para um canto afastado. Por uns segundos, meus olhos encontraram os da menina que continuava me encarando, e ela sorriu convidativa.

Ian veio até mim se despedir dizendo que já ia para o hotel, e me entregou um copo de whisky de fogo quase no topo. Bebi metade dele e senti a cabeça rodar.

“Bernard Lestel, já para o seu quarto! Vá dormir antes que faça alguma besteira!”.

Levantei cambaleante e saí andando para o hotel também. Antes que eu pudesse completar meu quinto passo, senti um puxão forte na parte de trás da camisa e parei. Me virei e uma menina linda, com uma pele clara, dois olhos grandes e verdes e os cabelos muito pretos e encaracolados me encarava, mais sorridente do que nunca. Meu estômago afundou.

- Oi... – abrindo um sorriso ainda maior e levando a mão até o colar de flores havaianas que eu tinha no pescoço. Abaixei o rosto para ver a mão dela passear de flor em flor até o final do colar, e atingir meu abdome. Senti um arrepio.
BL: Oi.
- Você não estava indo embora, estava? – mordendo os lábios.
BL: Embora? Ah... É, sim. Estava sim, para falar a verdade.

Ela sorriu e subiu o dedo que estava na altura do meu umbigo de volta para o colar.

- Por que a pressa? A festa nem começou ainda...
BL: Não gosto muito de agitação. Estou com sono já, e... Boa noite. – tentei retroceder um passo longe dela, e ela agarrou me pulso.
- Depois que você dançar uma música comigo, te deixo ir. Vem!

É, foi assim mesmo. Não tive o direito de recusar. Ela saiu abrindo caminho entre o restante das pessoas até chegarmos a um espaço mais ou menos vazio. Tocava uma música leve, lenta. Ela me encarou um segundo e vendo que me mantinha paralisado, jogou seus dois braços para trás do meu pescoço, mas não antes de levar os meus braços em volta da cintura dela. Dançamos passos de um lado para o outro, eu cada vez mais estático.

- Você não leva jeito para a dança... – disse bem perto do meu ouvido. Me senti tremer. Não respondi. Tudo o que eu mais queria era deitar na minha cama, sossegado, e dormir. – Acho que leva jeito melhor para isso.

Parou de dançar e agarrou meu rosto com as duas mãos. Foi se aproximando lentamente... Os olhos abertos me encarando maliciosamente. Senti o coração disparar, mas consegui me afastar a tempo, assustado.

BL: Não posso! Bel...

Ela sorriu divertida. Olhou ao redor como se estivesse procurando alguém.

- Bel? Quem é Bel?
BL: Minha namorada.
- Hum... E cadê ela? – disse se aproximando mais, com calma.
BL: Ela não veio, mas...
- Mas?
BL: Não posso. Me desculpa. Boa noite.
- Ah, pode sim. Se você não tivesse dúvidas desse namoro, não teria tremido quando te toquei.

Sem mais dizer uma palavra, ela me puxou pelo colar e me beijou tão profundamente que fui incapaz de tomar qualquer reação contra. Não ouvi mais música, não vi mais nada. Só senti as mãos dela me puxando mais pra perto com força, enquanto eu a envolvia em um abraço.

°°°
Acordei com a cabeça latejando, mas infelizmente, cada cena e cada ação da noite anterior estava bem visível na minha mente. Dominique, é claro, estava cantando aos quatro ventos o quanto se sentia orgulhoso de mim.

Enquanto voltávamos para Beauxbatons, revisei tudo. Me lembrei de Samantha me abraçando, me lembro de corresponder ao beijo dela, de conversarmos até o amanhecer... Senti uma coisa estranha. Uma sensação amarga. Arrependimento, culpa, raiva. A primeira coisa que faria quando chegasse ao castelo seria procurar a Bel!

...

Encontrei-a na biblioteca. Estava atrás de uma pilha de livros. Sem querer que ela me reparasse, caminhei em silêncio e me posicionei atrás de sua cadeira, tapando seus olhos com as minhas mãos. Ela tateou meu braço, abrindo um sorriso.

AM: A julgar o cheiro de protetor solar desse braço, eu poderia apostar que acaba de voltar de uma viagem ótima, com praias lindas... Acertei, Bernard?

Sorri, liberando os braços e abaixando para dar-lhe um beijo. Não era preciso entender muito dessas coisas de sentimentos para saber a diferença daquele beijo para o da noite anterior. Me senti mais arrependido do que nunca. Não conseguia sorrir para ela. Ela continuou escrevendo enquanto eu me sentava ao seu lado.

AM: Então... Como foi?
BL: Bom. Bem animado e tudo ocorreu muito bem.
AM: Que bom!

A observei escrevendo. Flashes passavam na minha cabeça me deixando tonto. Louco.

BL: Bel...
AM: Hum?
BL: Preciso te perguntar uma coisa. – disse, agarrando a mão dela e a fazendo parar de escrever. Ela me olhou preocupada.
AM: O que é?
BL: Como você classifica nós dois? Amigos? Caso? Namorados?
AM: Ai Bernard, que bobagem! – disse sorrindo constrangida e molhando a pena novamente. Insisti, segurando a mão dela novamente.
BL: É importante. Eu preciso que você me responda.

Ela soltou a pena e ficou me olhando sem reação. Acho que ela não se sentia confortável com aquele assunto também...

AM: Faz alguma diferença? O que acontece entre a gente é legal...
BL: Certo, mas esse “o que acontece” é o que? Eu considero como namoro. E você? Concorda?
AM: É, como se fosse... Não houve pedido e nem nada disso, mas...
BL: Bel, quer namorar comigo? – ela arregalou os olhos e tossiu.
AM: A Grécia não te fez bem!
BL: Quer?
AM: Pensei que já éramos namorados Bernard! Você às vezes me confunde!

Sorrindo aliviado para ela, por finalmente ter certeza do que estava acontecendo, a puxei e lhe dei um beijo, atirando pela janela tudo o que tinha acontecido antes daquele momento.

Partidas inesperadas

Anotações de Ty McGregor

- Ty, assim não dá... - disse Rory enquanto afastava minhas mãos.
- Porque não? Vem cá, você anda nervosa e...
- Eu só quero que meu namorado escute o que eu tenho para falar. A gente quase nunca conversa, como vamos nos conhecer deste jeito?
- Mas a gente se conhece e se dá bem... - disse e tentei beijar seu pescoço, mas ela percebeu minha manobra e me empurrou irritada:
- Você deveria prestar atenção nas coisas que são importantes para mim, mas só pensa no que te deixa feliz Isso é ser egoísta. – saiu andando e me deixou falando sozinho num dos corredores do oitavo andar. Eu odiava esta mania dela e não fui atrás, senão nossa briga boba iria ficar pior.
Conversar... Eu sempre queria saber das coisas dela, mas que culpa eu tenho se no meio do assunto a gente acabava se distraindo? Como é difícil namorar sério...
Voltei para o salão da Sapientai e Miyako vinha chegando com o Gabriel:
- Você a Rory brigaram de novo? – perguntou Miyako.
- Por quê? Ela te falou alguma coisa? O que ela disse? Já tá arrependida né? Porque eu não fiz nada...
- Ela não falou nada, passou pelo salão como uma bala e foi dormir, acho que hoje ela não sai mais de lá. – fiz uma cara desapontada e Miyako riu e tentou me animar:
- Amanhã vocês se acertam, nunca passam mais de 24 horas separados. - Gabriel que estava calado falou sério:
- É Ty, amanhã vocês vão ficar bem. Eu preciso falar com você a Miyako, pode ser?- fomos até uma parte afastada do salão e ele começou:
- Eu fui convidado a ser apanhador da Escola de Magia da Califórnia e depois de pensar muito, aceitei. Viajo daqui uma semana. Pronto falei.
Miyako e eu olhamos um para a cara do outro e: HUAHUAHUAHUAHUA.
- Boa cara, tava precisando rir. - eu disse tentando segurar o riso.
- Biel, você precisa pensar melhor nas pegadinhas, ta perdendo o jeito depois que virou monitor... rsrsrs – falou Miyako.
- Eu estou falando sério. – ele respondeu e aos poucos Mi e eu paramos de rir. Olhei bem nos olhos dele e vi que era verdade.
- Como assim? Você vai embora daqui em uma semana? Enlouqueceu?
- Aconteceu alguma coisa Biel?
- Fui convidado a ser o apanhador do Crows e jogar as ultimas partidas do campeonato, decidi aceitar. Quis contar pra vocês a minha decisão, afinal são meus amigos.
- Amigos? Você está me deixando na mão e não só eu: um time inteiro e ainda diz que é amigo? Belo conceito este seu de amizade...
- Ty, você está sendo muito babaca em dizer isso, você sabe que sou seu amigo. Você me conhece.
- Ah sim, mas tá me abandonando quando eu preciso da sua ajuda. Quem eu vou por no seu lugar no time? Você é um traidor.
- Não sou não. Nunca trairia meus amigos. – e ficamos nos encarando como se fossemos trocar socos, e Miyako entrou no meio e nos afastou:
- Ty eu também não quero que o Gabriel vá embora, mas se ele vai ser mais feliz lá, nós temos que aceitar, ele é nosso amigo e não vai deixar de ser. Precisamos apóia-lo, porque ele precisa disso agora, ou você acha que é fácil cair de pára-quedas num lugar estranho? – nos afastamos, sem deixar de nos encarar e Miyako perguntou:
- Gabriel conta como tudo isso aconteceu. O que a tia Louise acha? E o seu pai, deve ta orgulhoso né? Imagina: jogar num time que é o equivalente trouxa aos times universitários, que fantástico... – e ele começou a contar como recebeu o convite, eu fiquei emburrado ouvindo-os.
Ele contou da surpresa que foi receber o convite do Crows, um time semi-profissional e de como foi difícil aceitar. Lembrei de como fiquei feliz quando o olheiro me elogiou, e o magrelo, que avaliava os apanhadores disse que ele era bom no que fazia. O Gabriel sempre esteve do meu lado nestes anos todos, cada coisa maluca que fizemos ...e as detenções? ... E no enterro do Napoleon? Se ele não tivesse ajudado, o gato estaria assombrando o castelo hoje em dia, porque não teria saído do limbo.
Droga, ele é meu melhor amigo e eu vou ficar aqui brigando com ele quando ele tem uma oportunidade legal na vida? Eu sou um idiota egoísta. A Rory tem razão. – aproximei-me devagar e disse:
- Acho bom você garantir bons lugares para a Copa Americana, podemos ficar na casa do tio Logan, quando formos visitar você. Desculpa, cara. - ficamos nos encarando por um tempo, ele acenou com a cabeça e Miyako disse fungando ao nosso lado:
- Vocês não crescem mesmo. – demos risada e a abraçamos.
- Ty, tenho uma sugestão: convide o Ian para ser apanhador, ele é esforçado, aprende rápido, e é fanático pelo time da casa. - pediu Gabriel.
- Boa, com esta historia do Lobo, os outros vão ter medo de chegar perto dele. Já é assim com O Samuel rsrs. – respondi.
-É isso também vai contar como requisito. – ele respondeu e ficamos falando sobre a oportunidade que ele estava recebendo e fazendo planos para as nossas férias. Antes que ficasse muito tarde, fui pedir autorização para Madame Máxime para fazer testes em caráter de urgência. Como tia Louise já devia ter falado com ela, ela sugeriu a próxima aula do professor de vôo, que seria no dia seguinte ao final da tarde.
Agora é por o aviso no quadro da Sapientai e pedir a Merlim que alguma alma esteja inspirada amanhã e saiba diferenciar o pomo da goles, enquanto se mantém numa vassoura.

Continua....

Tuesday, April 10, 2007

Contra a parede

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

Já estávamos em Santorini há 4 dias e o clima entre a turma não poderia ser melhor. Ninguém brigava ou discutia, parecia até que éramos amigos de infância que se encontram uma vez ao ano para relembrar os velhos tempos. Até mesmo Nicole estava mais sociável e garotas como a Mad arriscavam uma conversa com ela por mais de 10 minutos sem querer cometer suicídio. Nem mesmo o Lobo era lembrado aqui, parecia que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto e que nenhum aluno havia sido atacado. Se ele estava ali, entre nós, certamente havia decidido curtir a semana de folga.

Os únicos que perturbavam os alunos eram os três patetas: Thierry, Antoine e Jean. O trio desagradável implicava com todo mundo, principalmente as meninas. E o alvo mor deles desde que saímos do castelo vinha sendo Marie. Eles sempre implicavam com ela dizendo que ela era certinha demais para andar com a turma que anda, e que ela nunca teria coragem de fazer algo sem pensar, por impulso, nunca teria coragem de fazer algo irresponsável. Coitados, se eles soubessem que ela participou do processo de criação do lobo...

- Idiotas... – falei sentando ao lado dela na praia – Não presta atenção neles, Marie. Eles só querem atenção.
- Eu sei disso, são três crianças – mas sua voz denunciava que ela estava chateada
- Ah não, você não vai ficar assim por causa deles, não é?
- Assim como? Eu não estou chateada, é sério!
- Está sim, conheço você muito bem. Quer dar uma volta? Sair daqui, de perto deles um pouco?
- Não, mas obrigada
- Você quem sabe. Vou ficar um pouco com o pessoal do outro lado da festa, qualquer coisa é só chamar

Deixei Marie sozinha na beira da água e fui me juntar aos meus amigos perto da fogueira. Estávamos fazendo um lual na praia perto do hotel como despedida da viagem, pois voltaríamos a Beauxbatons no dia seguinte. Enquanto comíamos e bebíamos coisas típicas da Grécia, fazíamos planos para depois da formatura. Embora todos estivéssemos contando os dias para nos vermos livres da escola, todos admitiam que iam sentir falta de tudo. Foram 7 anos estudando juntos, passamos mais tempo uns com os outros do que com nossos próprios pais nesses últimos 7 anos. Essa era a última vez que estávamos todos reunidos em uma festa, rindo, conversando e brincando, sem preocupações na cabeça. Por mais ridículo que parecesse, eu ia sentir saudades desses idiotas.

Já passava das 3hs da manhã quando me despedi do pessoal e fui para o quarto. Marie estava sentada com Mad e Manu e tinha uma expressão esquisita no rosto. Do outro lado, Thierry, Jean e Antoine riam olhando para ela. Controlei o impulso de ir até lá e bater nos três e passei direto por eles, entrando no hotel. Ainda não tinha nem trocado de roupa quando alguém bateu na porta. Sabia que não era Michel, pois além dele ter a chave, já tinha desaparecido com a Isabela da praia há muito tempo e isso significava que só apareceriam de manha no hotel. Quando abri a porta, dei de cara com Marie.

- Oi - Ela entrou segurando um coquetel e bebendo ainda
- Oi - respondi fechando a porta
- Já vai dormir?
- Acho que sim, já está tarde e não sobrou quase ninguém na festa. Marie, você está bem?

Olhei para ela com mais atenção e percebi que ela não estava em seu estado normal. Além dos cabelos estarem um pouco bagunçados, seus olhos estavam alertas demais. Que ela estava bêbada era obvio, mas tinha certeza que ela havia tomado algo além dos drinks que preparamos. Fiquei observando ela andar pelo quarto sem dizer nada, até que parou na minha frente e me encarou, tentando parar de piscar. Esperava tudo dela, menos sua próxima ação. Antes mesmo que eu pudesse perguntar novamente se ela estava se sentindo bem, Marie me beijou. Ela veio com tanta força para cima de mim que cheguei a recuar 3 passos. Afastei-a espantado e a encarei de perto. Ela nunca teria feito isso se estivesse raciocinando direito.

- O que você tomou? Suas pupilas estão dilatadas...
- Não tomei nada – disse tentando me beijar outra vez, mas me esquivei
- Você tomou uma daquelas porcarias que o Thierry estava oferecendo?
- E se tiver tomado?
- Por que você ia fazer algo tão estúpido?
- Cala a boca, Ian! Eu estou lhe dando a vantagem, aproveite!
- Como é que é?
- Não se faça de santinho agora, pois sei que você não é

Ela me empurrou com o pé na direção da cama e cai sentado no colchão. Mesmo que eu tivesse tentado levantar, algo que não fiz, não teria conseguido. Marie sentou em cima de mim e começou a beijar meu pescoço, me deixando sem a habilidade de me mover. Ela estava brincando com fogo, e sabia disso. Era exatamente isso que ela queria.

- O que está esperando? – ela encostou a boca no meu ouvido e terminou de falar – Eu sei que você quer...

Agarrei-a pela cintura e a girei, deixando ela presa entre meu corpo e o colchão. Ainda observei ela começar a desabotoar minha camisa antes que eu arrancasse sua blusa e a atirasse pela janela. Não era bem partindo desse tipo de abordagem que imaginei que seria esse momento, mas pro inferno, se era isso que ela queria, quem sou eu para negar?


It's a beautiful day
The sky falls and you feel like it's a beautiful day
Don’t let it get away

Beautiful Day – U2

Sunday, April 08, 2007

Decisões

Por Gabriel Graham Storm

- Eu não sei o que faço
- Gabriel, você tem que escolher o que achar melhor pra você. É uma oportunidade que você tem de conhecer lugares novos, pessoas novas, é um ambiente completamente diferente daqui
- Eu quero ir, mas fico pensando nos meus amigos. Não vou mais vê-los!
- Quando você saiu de Hogwarts para estudar em Beauxbatons você também deixou amigos por lá, mas isso fez com que você perdesse a amizade deles?
- Não, nós sempre trocamos cartas ou conversamos pela lareira...
- Então, o que muda dessa vez?

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Já havia se passado uma semana desde que conversei com a minha mãe pela lareira, depois de uma reunião com o professor de quadribol. Hoje ela viria até a escola, pois passaria a Páscoa em Paris.

Estava no portão da escola no horário que combinamos e fomos direto para a cidade almoçar. Meu pai estava a serviço da Ordem o feriado todo e tio Scott e tio Ben foram para a Irlanda com Nicholas, para ele ver os avôs. Então éramos só nós dois, como sempre foi.

- Seu padrinho está dizendo que quer ensinar o Nicholas a surfar
- Isso vai ser engraçado!
- Pois é. Ele acha que como você aprendeu fácil, vai ser a mesma coisa com ele
- Quero assistir essas aulas... – fiquei mudo um tempo encarando o prato e percebi que ela me olhava
- E então? Vai me explicar o que aconteceu ou vou ter que adivinhar? Porque você só contou o final da história aquele dia
- Lembra que contei do jogo que o professor Tiago organizou, com os olheiros?
- Sim, claro, você só falou dele na carta inteira
- Então, no meio dos olheiros tinha um da escola de magia da Califórnia, e ele me convidou para jogar lá.
- Jogar na escola agora, no final do período?
- Sim, ele disse que o apanhador do time deles não podia mais jogar e ele queria que eu fosse para já disputar as últimas partidas deles, porque gostou do que viu no jogo. Eles lá não têm casas, são várias escolas de magia e o campeonato é entre elas, é só um time por escola. Ele disse que eu ganharia uma bolsa de estudos e podia completar o 5º ano lá sem problemas. O que você acha?
- Como já falei, é uma oportunidade excelente para você que gosta de viajar e conhecer lugares diferentes. Eu iria, no seu lugar. Mas não posso tomar essa decisão por você, terá que pensar sozinho.
- Tenho medo de tomar a decisão errada e me arrepender depois
- Qualquer decisão que você tome será a decisão certa, porque é você que vai escolher, e não outra pessoa.
- Preciso pensar mais um tempo...
- Vou deixar você na escola porque precisa trabalhar hoje, mas amanha nos vemos outra vez.

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Depois que minha mãe voltou para Paris e me deixou no castelo, não conseguia me concentrar em nada. Só pensava na proposta que me fizeram, teria que dar uma resposta logo depois do feriado e ainda não havia me decidido. Eu sabia que Ty e Miyako falavam comigo, podia ver suas bocas se mexendo na mesa e o assunto parecia estar animado, mas não conseguia ouvi-los. Ficava imaginando o que eles diriam se soubessem o que estava pensando naquele momento.

Pensei na reação deles se minha resposta fosse sim. Ty com certeza ficaria com raiva e Miyako triste. Pensei também na Mad, o que ela diria? E o time de quadribol? Ty era o capitão, não poderia deixar ele na mão. Se fosse embora, precisaria deixar alguém no meu lugar, alguém a altura.

Deixei os dois conversando na Sapientai e fui dar uma volta pelo castelo. Precisava ficar sozinho, pensar sozinho. Minha mãe tinha razão, eu não podia pensar em ninguém para decidir isso, tinha que pensar só em mim. E para isso, tinha que estar sozinho.

Caminhei pelo castelo inteiro, entrei em todas as passagens secretas que descobrimos durante o ano e que já estavam desenhadas no mapa. Não deviam estar faltando muitas, já percorremos o castelo inteiro, só faltava o último andar. Puxei o mapa do bolso e o estudei por um tempo. Estava no rascunho ainda e ocupei minha tarde conferindo tudo que já tínhamos feito. Quando levantei do chão, tarde da noite, e voltei para o dormitório, já havia tomado minha decisão.

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- O que foi Gabriel? O que é isso no seu bolso?
- Se eu contar, você promete não brigar com o meu pai?
- Tudo bem, prometo – ela disse depois de considerar o pedido
- É um mapa do castelo
- Ah não, não me diga que ele lhe ensinou a fazer um mapa do maroto?
- Sim, mas só porque fizemos chantagem emocional. De qualquer forma, preciso terminar a minha parte dele e queria que você me ajudasse?
- E precisa terminar isso agora?
- Sim... – olhei para ela decidido antes de continuar – porque não vou poder fazer isso quando for para a Califórnia...