Wednesday, January 25, 2006

Uma luz no fim do túnel

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Por aqui, sei que tem uma passagem em algum lugar...
- Acho que isso não é uma boa idéia. Se nos pegam estaremos bem encrencados!
- Achei! Não podemos ser ouvidos, portanto me siga de boca fechada Michel!

Removi um velho quadro no porão da minha casa e um pequeno e sujo buraco se revelou. Era um antigo túnel que havia descoberto quando criança e que atravessava toda a casa pelo alto. Costumava brincar ali, me escondendo de minha mãe quando aprontava e não queria apanhar, mas há anos que não o usava, já tendo até esquecido sua localização. Entrei engatinhando e Michel veio atrás de mim. Nunca tinha reparado o quanto ele era apertado, talvez por não ter mais entrado nele depois que cresci.

Enquanto rastejava pelo túnel forçava a memória para me lembrar o caminho do escritório do meu pai, que recordava vagamente ficar na ala sul da casa. Ouvi meu primo reclamar algumas vezes de estar se sujando ou ter ouvido barulho me alertando para a possibilidade de ser um rato, mas o ignorava e continuava, dizendo que não tinha rato nenhum ali. Ouvimos som de conversa vindo de algum cômodo abaixo de nós e paramos. Era a voz do meu tio Edmund, pai de Michel. Ele tinha um tom sério e falava alto. Estávamos sobre o escritório de meu pai.

- Por Merlin Jacques! Não está vendo que a situação está beirando ao caos?
- Não gosto de seu tom de voz Edmund, não sou um de seus subordinados!
- Cavalheiros, por favor, vamos manter a calma. Não estamos aqui para piorarmos as coisas iniciando um novo conflito. – disse um bruxo baixinho e careca, se pondo de pé entre meu tio e o outro homem que parecia ofendido.
- Henri tem razão, esse não foi o motivo de nossa reunião aqui. – meu pai agora estava de pé também e caminhava de um lado para o outro.
- Pois então diga o seu grande plano Gérard, porque estamos sem idéias.

O bruxo chamado Jacques tinha um ar de tédio, como se estivesse ali à força. Meu pai começou a dissertar sobre manter todos longe do perigo que os comensais da morte representavam. Dizia que os ataques estavam cada vez mais freqüentes e que nem as escolas podiam ser consideradas um local seguro. Papai passou mais de meia hora explicando o que tinha em mente, mas eu não conseguia entender aonde aquilo ia dar. Quando ele parecia ter terminado, meu tio se levantou.

- É por isso que não queremos mais as crianças na escola. Marcel também concorda conosco que o ambiente mais seguro para eles é em casa, onde podemos estar sempre de olho.
- Exatamente! – disse o tal Marcel levantando também. – Foi por isso que consegui estágios no Ministério da Magia francês para nossos filhos. Lá poderemos observá-los de perto e mantê-los a salvo de você-sabe-quem e seus seguidores.
- O filho de Edmund não retornará a Hogwarts e eu já tirei o meu de Beauxbatons. Expliquei a diretora o que realmente aconteceu e ela entendeu, apesar de não concordar. Mas não é a vida do filho dela que estava em risco. Ian irá trabalhar no departamento dos mistérios, é o lugar mais perto que posso vigiá-lo sem que ele desconfie de algo, já que ele se recusa a seguir a carreira de auror.
- Michel ficará no departamento de esportes e o filho de Marcel no departamento de transportes mágicos. – meu tio falou
- Preciso saber se estão de acordo para que eu distribua os cargos. As crianças podem terminar seus estudos depois que conseguirmos conter os que nos ameaçam. – disse o tal Marcel

Olhei para Michel apavorado. Ele tinha a cara colada no buraco no chão e olhava para os bruxos sem piscar. Traidores! Então foi por isso que fui arrancado da escola? Porque papai está com medo e acha que corro perigo? Aquele mentiroso! Me fazendo pensar que foi por causa de minhas brincadeiras! Mas isso não vai ficar assim, não vou passar o resto da minha vida trancado naquele buraco do Ministério enquanto eles brincam de caçar bruxo das trevas! Michel levantou do chão e começou a engatinhar dizendo que queria sair dali antes que começasse a gritar. Ele passou por cima de mim e quando ia virar, pisou em uma madeira velha. Senti o chão sumir e meu corpo bater no de Michel enquanto despencávamos.
Caímos em cima da mesa de reuniões, espalhando os pergaminhos onde eles assinavam nossos nomes para a forca. Papai saltou da cadeira e correu até nós assustado, nos virando para ver se não havíamos quebrado nenhum osso. Sai da mesa revoltado, sem olhar na cara dele. Michel também levantou e lançava um olhar de desgosto para seu pai.

- Há quanto tempo vocês estão nos ouvindo? – meu tio perguntou alarmado.
- Tempo suficiente... Que vergonha... – Michel falava enquanto balançava a cabeça
- Estavam nos espionando? Não tinham autorização de participar dessa reunião, quando você vai crescer e obedecer minhas ordens Ian?
- Não me venha com sermão papai, o senhor não tem mais moral comigo, seu mentiroso!
- Precisamos conversar, mas aqui não é o lugar para isso!
- Não temos que conversar nada. Estou fazendo minhas malas, volto para Beauxbatons amanha cedo!

Sai da sala arrastando Michel comigo e ouvi meu pai declarando o fim da reunião antes de sair com meu tio atrás de nós dois. Entrei no quarto depressa e tranquei a porta, arrastando o sofá para bloqueá-la. Não queria ouvir suas argumentações e justificativas para as insanidades que ouvi, ia voltar para minha casa amanha e nada que ele fizesse iria me impedir disso!

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