Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette
Desde que havíamos pisado naquele lago, não havia tido trégua. Quando não éramos Samuel e eu aprontando algo, era Adhara revidando nossas brincadeiras. Já havíamos ido de roubo de roupas a alagamento de barracas, quando a coisa toda atingiu um outro nível.
Estava com Samuel em cima de uma arvore perto do lago, esperando elas aparecerem para atirarmos uma colméia pesada e gorda pra cima delas, quando o galho onde estávamos começou a balançar. Olhamos pra baixo segurando a colméia e vimos Adhara e Bel sacudindo a arvore com os pés, rindo. O galho tremeu violentamente e se partiu, nos derrubando dentro do lago. Só deu tempo de soltar a colméia, que caiu no chão e estourou, liberando dezenas de abelhas. Saímos do lago revoltamos ao mesmo tempo em que as abelhas também revoltadas começaram a nos perseguir. As meninas correram na frente, Samuel e eu encharcados correndo atrás delas e os quatro correndo das abelhas.
Saímos batidos mata afora atrás delas cortando os galhos baixos e esmagando os secos caídos no chão, as varinhas em punho. Alcançamos à clareira onde estávamos acampados e Adhara agarrou Bernard pela gola, que estava passando na hora. Parei de súbito e Samuel esbarrou em mim, as pessoas em volta já paravam de fazer suas coisas e olhavam prendendo a respiração.
AB: Larga a varinha garoto, ou azaro seu amigo.
IL: Larga ele, o Bernard não tem nada com a nossa guerra!
SS: Golpe baixo, mexer com quem ta quieto!
AB: Azara ele Bel! – Adhara atirou Bernard pra cima de Bel, mas a garota recuou.
BM: Mas ele não fez nada Adhara...
SS: Expelliarmos!
Samuel aproveitou a deixa e desarmou Bel. Automaticamente Adhara lançou um feitiço qualquer e voei pra cima das barracas, destruindo uma delas. Bernard aproveitou a distração e correu para dentro da mata, se juntando aos olhares curiosos e tensos dos demais alunos. Levantei do chão furioso, a varinha já apontada pra ela.
- Rictusempra! – berrei e Adhara voou longe também
Samuel tinha a varinha apontada para Bel, que estava desarmada. Um jato laranja acertou meu amigo no peito e ele caiu rolando na grama, possibilitando Bel de correr. Adhara já estava de pé outra vez e o duelo começou. Só havia sobrado nós três ali, todos os outros se esconderam e assistiam soltando exclamações. Jatos de diferentes cores riscavam o ar, cortando os galhos e o que surgiam na frente. Nós desviávamos dos feitiços e lançávamos o primeiro que vinha a cabeça, sem pensar no efeito. O estoque já estava acabando quando nós três pensamos a mesma coisa e berramos:
- INCENDIO!
Três bolas de fogo saltaram das nossas varinhas e acertaram em cheio as barracas quando nos jogamos no chão para desviar delas. Aconteceu tudo tão depressa que não tivemos tempo de pensar em uma maneira de reverter a situação. O fogo foi se alastrou e em questão de segundos 50% das tendas já estavam em chamas. Os alunos que assistiam calados agora gritavam por socorro, pois nós três estavam cercados pelo fogaréu, sem ter por onde sair. Eu olhava horrorizado para os lados e tudo que passava pela minha cabeça eram meu pai e a ficha de inscrição na escola trouxa de Marseille. Quando parecia que não tinha como as coisas piorarem, a marca negra foi projetada no céu e o pânico acabou de se instalar. Adhara, Samuel e eu tínhamos as varinhas erguidas e olhos atentos, como se esperássemos que o comensal que projetou ela aparatasse ali no meio a qualquer instante.
Quase todas as barracas já haviam virado pó quando duas figuras aparataram no meio da clareira, nos fazendo gritar “Impedimenta” ao mesmo tempo. As figuras se jogaram no chão em defesa e ao levantarem pudemos ver que se tratavam dos professores Pierre e Milenna. Nunca vi o professor Pierre tão zangado... Ele olhava a tudo com uma expressão de incredulidade estampada na cara, seguido pela professora Milenna, que murmurava indignada. Com dois simples acenos de varinha todo o fogo desapareceu. Ele em seguida correu pra mata, seguindo a marca negra que ainda brilhava no céu e nos deixou nas mãos de Milenna.
Ela nos rebocou ate a tenda onde as fadas e os elfos estavam instalados e onde também funcionava a cozinha. Fomos atirados lá e ela nos deu esfregões e baldes, dizendo que teríamos que limpar a sujeira que fizemos. Depois disso, podíamos assumir o lugar dos elfos, pois a partir daquele momento até o fim do acampamento, a comida era por nossa conta.
Oh que perigo isso! Será que ela não pensou que podemos envenenar a gororoba que vamos cozinhar? É... Talvez seja mesmo melhor considerar o veneno, pois ela saiu marchando da cozinha gritando com o elfo que precisava de três berradores...
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