Monday, July 30, 2007

Memórias... - Parte II

Do diário de um corvinal...

Subia as escadas apressado, os braços tomados de livros que insistiam em escorregar. Em questão de minutos alcancei a escada em espiral do corredor do 5º andar. Parei em frente à parede envelhecida com a argola de bronze em forma de águia. Bati apressado com a argola na madeira e a águia se movimentou.

- Uma batida é o suficiente para me acordar, rapaz – disse a águia, com sua voz suave
- Qual é a pergunta? – respondi impaciente
- Qual era o lema de Rowena Ravenclaw?
- Fácil assim? – falei confuso, mas a águia não respondeu - Inteligência sem limites é o maior tesouro do homem
- Correto

A porta se abriu e atravessei a passagem depressa. O teto do salão comunal, sempre estrelado, hoje estava cinzento como se a qualquer instante fosse começar a chover em cima do carpete. Estava tudo deserto, a não ser por uma única pessoa sentada na poltrona ao lado da janela, lendo uma revista concentrada. Larguei-me na poltrona ao lado dela, deixando os livros caírem no chão e recuperando o fôlego.

- Por que está fugindo do seu pai outra vez, Gabriel? – Luna falou em seu habitual tom de voz baixo, sem tirar os olhos da revista
- Não estou fugindo... E de quem? – olhei para ela espantado quando ela abaixou a revista
- O seu pai, o professor Lupin – disse – Ele não é seu pai?
- Como você...?
- Vocês têm os mesmos traços. Mas acho que nem ele ou qualquer outra pessoa notou isso... Mas vocês são parecidos, eu percebi logo – quando não respondi nada, ela continuou – Ele não sabe que é seu pai, por isso você está fugindo
- Eu não estou fugindo... Eu só não quero que ele descubra, é só isso
- E por que não?
- Porque eu achava que ele tinha morrido, e minha mãe também. Meu padrinho disse que ela quase desmaiou quando leu minha carta contando que ele estava aqui, e era meu professor. Acho que se ele tiver que descobrir que tem um filho, ela é quem deve contar
- Ah ele não vai descobrir só de olhar para você. Vocês são parecidos sim, mas ele ainda não percebeu, e dificilmente irá perceber... Se eu fosse você, parava de correr e aproveitava mais a chance de estar com seu pai. O cargo é amaldiçoado, ele não estará aqui ano que vem... – ela olhou para a revista outra vez - Enorme leopardo que se desloca em silêncio e tem um hálito que causa uma doença capaz de eliminar um povoado inteiro
- Nundu? – respondi e ela rabiscou a revista
- É, encaixa... Obrigada, Gabriel!

Luna ergueu a revista outra vez e continuou a fazer a palavra-cruzada, voltando a se concentrar somente no jogo. Fiquei encarando-a por trás da revista um tempo e subi as escadas para o dormitório ainda pensando no que ela havia dito.

ººº

- Classe dispensada. Sr. Storm, pode esperar um instante? Queria falar com você

Meu pai falou sério e comecei a recolher os livros devagar, enquanto meus amigos saiam apressados da sala para chegar a tempo para a aula de Transfiguração. Ele estava abatido e eu sabia por que, pois há dois dias atrás foi noite de lua cheia. Caminhei até a mesa dele com a mochila nas costas, torcendo para poder sair depressa.

- Fiz alguma coisa errada, professor?
- Como? – ele me olhou surpreso e riu – Não, claro que não! Na verdade, estou curioso em saber por que correu quando lhe chamei na semana passada. Tive a impressão de que pode me ouvir, mas assim mesmo não parou
- Ahn... Não, eu ouvi, mas estava atrasado para a detenção e não pude parar – falei a primeira coisa que me veio à mente
- Que detenção? – ele não tinha acreditado, era obvio
- Eu esqueci de fazer um dever de poções e o professor Snape me deu uma detenção – menti outra vez. Nunca que eu ia deixar de fazer um dever
- Certo... – ele ainda não parecia acreditar, mas acho que desistiu de querer saber a verdade – Sempre o Severo, ele adora distribuir detenções por qualquer motivo
- É, ele é bem chato – alguma coisa coberta por um pano azul sacudiu violentamente atrás dele e o pano caiu, revelando um bicho parecendo um porco anão – Aquilo é um rabicurto? – perguntei espantado
- Isso mesmo – ele sorriu parecendo surpresa – Não esperava que um aluno do 1º ano reconhecesse um rabicurto, como soube que era um?
- Pelas pernas compridas e o rabo grosso e curto – ele me olhou curioso e ri – Minha mãe tem muitos livros, li todos eles antes de receber a carta de Hogwarts
- Do que os rabicurtos têm medo? – ele me olhou de lado, querendo me testar
- De cachorros brancos – respondi depressa
- É, acho que tomei a decisão certa... – ele sorriu e tirou um livro de aparência velha da gaveta – Esse livro foi meu, de quando era aluno aqui em Hogwarts, e há algumas semanas tenho observado todos os meus alunos para escolher um novo dono para ele. Não está em perfeito estado, mas é um livro que não tem na biblioteca da escola, foi de uma edição limitada e poucas pessoas conseguiram uma copia. Bem, quero que agora ele fique com você
- Não, eu não posso aceitar! – falei pegando o livro. Era mesmo um livro raro, já tinha ouvido falar dele – Ninguém mais deve ter esse livro, por que quer dar ele a um aluno?
- Não tenho mais o que aprender com esse livro, e acredite em mim, ele estará mais seguro com você. E tenho certeza absoluta que você fará bom uso dele.

Olhei para o livro e passei algumas páginas, lendo rápido. Lembrando do que a Luna tinha dito, agradeci o presente e segui para a aula de Transfiguração feliz, pois ele não fazia idéia do que aquilo significava pra mim.

ººº

Era véspera do meu aniversário de 12 anos e todos os exames haviam terminado. Ainda não tinha esquecido a cena que havia presenciado na noite anterior, quando vi meu pai se transformar em lobisomem. Tomava café na mesa da Corvinal quando o professor Snape entrou marchando no salão e parou diante da mesa da Sonserina, falando alto.

- Quero comunicá-los que a partir de agora, estarei assumindo as aulas de DCAT, pois o professor Lupin teve que pedir demissão por ser um lobisomem – virei a cabeça depressa a tempo de vê-lo fazer cara de quem deixou escapar o que não deveria, mas o sorriso cínico no rosto dele não deixava duvidas que tinha sido proposital.

Ele saiu vitorioso da mesa da Sonserina e vinha passando perto da nossa mesa, enquanto os alunos em todo o salão principal exclamavam espantados a novidade. Senti o sangue ferver quando ele passou do meu lado e não consegui me controlar.

- Ranhoso, asqueroso e idiota! – falei baixo, mas não tanto
- O que? – o professor parou atrás de mim e encarei-o. Ele olhou direto nos meus olhos e um sorriso debochado brotou na cara dele – Merlin... Não sabia que eles procriavam... Ele sabe? Imagino que não...
- Não é da sua conta – respondi quase sem abrir a boca, ainda o encarando
- Minha sala, agora, Sr. Storm

Levantei da mesa e sai andando pelo salão principal, deixando-o parado na mesa da Corvinal. Ele ainda gritou ordenando que eu parasse, mas apertei o passo e corri em direção à sala de DCAT, torcendo que ele ainda estivesse na escola. Abri a porta do escritório sem cerimônias e vi uma mala caindo quando ele se assustou com a entrada repentina.

- Eles estão bem, não estão? – foi a primeira coisa que pensei
- Eles quem? Você me deu um susto!
- Os três garotos que estavam ontem com você, quando você... se transformou em lobisomem. Você não os mordeu, mordeu?

Ele me encarou perplexo. Aparentemente ainda não sabia que o professor Snape tinha contado para a escola inteira, e muito menos que um aluno havia presenciado a transformação da noite anterior.

- Como você sabe disso?
- O professor Snape acabou de anunciar no salão principal que você se demitiu, e disse o porque. Mas eu já sabia, estava tudo no livro que me deu – falei num fôlego só, e embora parte fosse mentira, ele pareceu acreditar
- Eles estão bem, não ataquei ninguém ontem a noite
- Então porque pediu demissão?
- Porque eu quase ataquei três alunos ontem, pus a vida deles em risco, e se você estava no jardim ontem, a sua também. Os pais vão enlouquecer quando souberem que sou um lobisomem, se Severo já espalhou a noticia. Pedi demissão a tempo.
- Mas... Eu... Você não pode ir embora! Ninguém liga pra isso, você é o melhor professor da escola!
- Sinto muito, mas não posso ficar. Dumbledore seria forçado a me mandar embora, então saio antes e poupo o diretor de ter que fazer isso.

Ia contestar mais uma vez, mas uma voz fria invadiu a sala e vi o professor Snape parado na porta me encarando parecendo muito irritado.

- Pensei ter dito para ir até minha sala, Storm
- Não ouvi, professor
- Então dessa vez ouviu. Acompanhe-me – ele abriu caminho para que eu passasse e sai sem olhar para trás.

ººº

Passei toda a manha limpando os caldeirões dos exames de todas as turmas sem magia, e quando o professor Snape me liberou já passava do meio dia. Minhas esperanças de que meu pai ainda estivesse na escola evaporaram, mas me surpreendi em esbarrar com ele no saguão de entrada. Ele carregava uma mala em uma das mãos e um tanque vazio na outra e sorriu quando me viu.

- Severo prendeu você a manha inteira? O que fez para irritá-lo?
- Chamei-o de ranhoso, asqueroso e idiota, por ter contado à escola inteira a sua condição – ele riu
- Você não vai querer ter Severo como inimigo, Gabriel, acredite em mim
- Ele é um imbecil rancoroso, não me importo que ele pegue no meu pé
- Só não deixe que ele se acostume em lhe perseguir
- Não vou deixar – olhei para a mala na mão dele e caminhava ao lado dele olhando para o gramado – Vai embora mesmo, então?
- Sim, não posso mais ficar – ele parou antes de atravessar o portão da escola e estendeu a mão para mim – Lamento não poder continuar, mas não tenho escolha. Cuide bem do livro, e não deixe que Severo lhe dê detenções à toa, dê sempre um bom motivo para elas – ele sorriu e atravessou o portão

Fiquei parado por muito tempo, sentado na grama, olhando para onde ele havia desaparecido. Senti uma mão apoiada no meu ombro e olhei para cima, para ver o vulto da Luna parada ao meu lado, sorrindo.

- O cargo é amaldiçoado... – olhei para ela sério - Não fica chateado, você vai vê-lo outra vez
- Queria ter essa certeza toda que você tem, Luna
- Mas ele não é seu pai? Sua mãe vai ter que contar a verdade a ele mais cedo ou mais tarde
- É, tem razão... Mas não queria que ele fosse embora. Era a primeira vez em 12 anos que passaria meu aniversario perto do meu pai, e ele vai embora um dia antes...
- Gina está com os elfos na cozinha, eles estão preparando um bolo de chocolate porque é o seu preferido, mas você vai ter que se animar, senão a festa amanha vai ser tão animada quanto o aniversário do fantasma da Grifinória. Lembra que horrível que foi, quando a Lady Gray nos levou lá esse ano?
- Sim, lembro – falei rindo um pouco. A festa fora mesmo horrorosa – Um velório é mais animado
- Mas eles estão todos mortos, deveria mesmo ser deprimente, não?
- Suponho que sim
- Pronto, agora você está rindo, bem melhor – ela sorriu – Você parecia ter sido mordido por um burglarious! Vamos entrar?

Balancei a cabeça rindo e refizemos o caminho de volta ao castelo, voltando para o salão comunal da Corvinal para descansar dos exames e aproveitar que o castelo estava vazio já que as turmas mais velhas estavam em Hogsmeade. Não queria que ele fosse embora, mas ela tinha razão, aquela não era a ultima vez que o veria.

- Luna... – chamei-a rindo quando já estávamos no saguão de entrada – Que diabos são burglarious??

Thursday, July 26, 2007

Conhecendo as trevas

Anotações de Ty McGregor

- Ty assim você vai se atrasar.
- Estou indo mãe. Promete que...
- Sim, se a Miyako te escrever alguma carta, eu mando pra você. Mas adianto: depois do feitiço de murchar as orelhas que ela te mandou, acho que ela não vai mandar nada por ora. Ela continua zangada com sua decisão. – e mamãe riu apertando minhas orelhas. Era bom, voltar a ver o sorriso no rosto dela, já havia passado um mês da morte de meu pai e ela parecia menos infeliz. Olhei para o homem com vestes escuras de pé em frente à lareira da casa da minha avó na Escócia e ele olhava triste para uma foto dos meus pais, e lembrei de que época era: naquele dia fotografia mostrava meu pai ajoelhado, nos ensinando a empinar pipa, perto do lago. Eu devia ter uns 5 anos naquela foto e meus outros primos estavam ao nosso redor. Não havia vento aquele dia e papai ria de nossos esforços em por os losangos coloridos no ar, então ele puxou a varinha e fez lufadas de vento aparecerem, e teve até batalha de pipas. Foi muito divertido.
- Estou pronto, tio Lu. – disse e ele se virou para mim. Engraçado... Eu olhava para o rosto tranqüilo de tio Lu e não conseguia entender direito o fato dele ser um vampiro. Quer dizer sabia, que ele fora vítima de uma maldição, mas ele não fazia o tipo sabe? Ele era um homem bom. Ele pareceu ler meus pensamentos e sorriu. Minha mãe mantinha o braço em meu ombro e perguntou a ele:
- Tem certeza que não é incômodo Lu?
- Nenhum, e os garotos quando voltarem vão adorar vê-lo, e você sabe que logo eu o trarei de volta. Pelas últimas notícias, talvez tenhamos que reunir a gangue novamente. Agora que começou não vai acabar tão fácil. – eles se encararam por alguns instantes e percebi minha mãe preocupada. Ela me abraçou apertado e nos despedimos:
Caminhamos até o vilarejo. Lá, tio Lu segurou meu ombro com força para aparatarmos e senti quem entrava num corredor apertado, mas logo a sensação passou e me vi perto da casa deles em Paris.
- Achei que fôssemos para sua casa em Londres. – comentei.
- Londres está muito agitada no momento. Todo e qualquer feitiço que se faça, uma comissão do ministério aparece para fazer alguma autuação. Claro que isso é apenas para ver o que estamos fazendo e nos vigiar. – disse com uma carranca.
- Mas como você sabe que aqui não vamos ter problemas?
- Bem, o Ministro daqui é mais tolerante quando se trata de ensinar nossos jovens a se defender, e a doação de uma boa bolsa cheia de galeões ao Hospital St. Napoleón nos garante privacidade por um bom tempo. – ele respondeu e logo entrávamos na sua casa. Tia Miriam me abraçou sorridente e me ajudou a me instalar. Depois fomos tomar um lanche e tio Lu disse:
- Pronto para começar seu treinamento?- acenei com a cabeça e fomos para uma espécie de ginásio, com o teto encantado e lá havia de tudo, incluindo um enorme boneco encantado para duelos.
- Prefiro lutas corpo a corpo, mas como seremos só nós três por enquanto, e algumas vezes precisarei sair, isso vai servir. Tínhamos um destes em Hogwarts e ajudou muito. Muito bem filho: mostre-me do que é capaz.
Começamos a duelar e como eu já o tinha visto em combate, sabia que estava em frente de um forte oponente, que iria usar todas as armas para me vencer. Relembramos todos os feitiços que eu havia aprendido não só na escola, mas com meus pais. Acabei tropeçando e por segundos baixei a guarda e levei um feitiço Rictusempra que me jogou longe. – tio Lu gritou:
- Levante-se que isso não foi nada. Aja como um homem.
Levantei um pouco chocado com o tom ríspido dele, e formei um escudo á minha frente e voltei para a luta.
- Você já conhece a maldição da tortura e pelo que vi conseguiu agüentar bem sem enlouquecer, vou te ensinar as outras. Não sairemos daqui até que você tenha um bom resultado. E um aviso: você tem que querer lançá-las para que funcione. – e sem que houvesse tempo para nada ele me subjugou:
- Império!
Fez isso a intervalos e após algum tempo eu conseguia sair dela. E a hora foi passando. Devia ser tarde da noite, pois dava para ver um céu cheio de estrelas pelo teto e sentia fome. Eu já exibia alguns cortes que sangravam pouco.
- Eu sei por que você vai para Durmstrang. - e como eu não respondesse nada ele continuou:
- Acho que seu pai no final estava ficando velho, para dar uma missão tão importante a um garoto. É... Ele estava ficando fraco e louco, e o filho saiu a ele.
- Meu pai não era fraco e muito menos louco. Se vou para lá é por minha vontade. Quero melhorar no quadribol e...
- E fugir de uma garota. Foi bom ele ter morrido, iria se decepcionar com você. – ele deu uma gargalhada zombeteira. Não parecia o tio Lu, sempre tão gentil comigo. E ele falava as mesmas coisas que a mãe da Rory falava, e isso tava me enlouquecendo.
- CALA A BOCA! AVADA KEDAVRA! – e ataquei com fúria e me arrependi na hora com o que havia feito. Minha mão tremia segurando minha varinha. Ele caiu longe, mas se levantou, dizendo:
- Não se mata o que já está morto. - respirei aliviado por não tê-lo matado. Havia feito apenas um corte no seu rosto.
Ele passou a língua e o corte logo se fechou, sorriu ao sentir o gosto do sangue e seus olhos ficaram vermelhos, e suas presas surgiram. Ele levantou a cabeça e aspirou o ar:
- Hummm! Há muitos anos não provo o gosto do sangue de um McGregor. E é um sangue com um gosto bom... Diferente...
Olhei chocado para ele e continuei lutando enquanto ele falava. Parecia outra pessoa:
- Sabia que sua mãe foi a primeira a me alimentar? Claro que se ela não fizesse isso por conta própria, eu acabaria pegando-a a força. Sempre andávamos sozinhos por aqueles longos corredores escuros e minha sede estava ficando incontrolável... Como agora. – e ele me atacou com toda a sua força. Na hora apenas gritei o único feitiço que me veio á mente:
- EXPECTO PATRONUM! – e um urso prateado saiu de minha varinha e o jogou longe. Caí arquejante no chão, como se isso houvesse consumido minha energia. Quando o vi se levantar apontei a varinha com força e vi que ele estava olhando para mim e sorria. – ele guardou a varinha e se aproximou. Vi que era o bom e querido tio Lu novamente. Comecei a falar descontrolado.
- Aquelas coisas que você dizia... Eu perdi a cabeça... Não queria... E maldição da morte, eu não quis matar você... - ele me interrompeu:
- Sim você quis Ty e não há problema em admitir isso. Eu fico feliz por perceber que se for preciso você vai usá-la para se defender. Diga-me como você sabia que o feitiço do patrono iria me repelir?
- Lembrei-me que o papai vivia dizendo que temos luz e trevas dentro de nós. E eu senti o gosto das trevas quando lancei a maldição da morte em você, e era uma sensação ruim, então comecei a procurar a luz entende? E quando vi você daquele jeito, lembrei dele e conjurei o feitiço. Desculpa, mas é que você disse cada coisa, de um jeito tão maligno...
- Eu tinha que dizer coisas horríveis, porém não disse mentiras Ty. Sua mãe realmente foi a primeira a me alimentar e com isso ela salvou minha vida e seu pai o fez o mesmo em outras vezes. Foi uma forma cruel de se dizer as coisas e isso foi apenas uma amostra do que você vai enfrentar daqui por diante, até cumprir a missão que você tem. As palavras ditas ou não ditas, muitas vezes machucam mais do que um feitiço. Não quero dizer que você só vá encontrar pessoas ruins na nova escola, mas lá as artes das trevas são valorizadas e saber usa-las sem medo é importante para sua sobrevivência. (como eu continuasse quieto ele disse):
- E eu consigo sentir a confusão de sentimentos em relação à garota que não sai de seu pensamento. Você devia... - levantei a mão e não o deixei continuar.
- Hoje eu não posso ficar com ela. Vou sentir como se estivesse traindo a memória do meu pai e sinto que na primeira briga que tiver eu vou magoá-la, e isso eu não quero. E ela vai estar o tempo todo decidindo a quem ser leal, pois sempre vai lembrar que sou filho de quem matou o pai dela.
- Mas você sabe como as coisas aconteceram não é?
- Sim, tio eu sei. E é mais um motivo para não ficarmos juntos. Isso ainda não acabou.
- Não é justo os filhos sofrerem com o passado dos pais. - ele disse sério.
- A vida nem sempre é justa. – respondi e nesta hora tia Mirian entrou junto com Griffon, e mudamos de assunto. Eu podia aproveitar alguns dias de férias com meu amigo, depois de conhecer o lado sombrio de tio Alucard e o meu.

Wednesday, July 25, 2007

Memórias... - Parte I

Do diário de um Corvinal...

Estava pendurado na janela olhando pro céu, esperançoso. Estava assim desde que havia completado 11 anos. Já começava a cansar e ia fechar a janela quando vi um ponto cinza voando na minha direção. Fiquei na ponta do pé para enxergar melhor e uma coruja grande e cinzenta entrou ligeira para dentro da sala, deixando cair um envelope em minhas mãos e saindo outra vez. Rasguei-o agitado.

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA HOGWARTS

Diretor: Alvo Dumbledore
(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)

Prezado Sr. Storm,

Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 1º de Setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de Julho, no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall
Vice-Diretora


- MÃE! MÃE!

Minha mãe chegou correndo na sala, assustada com os meus gritos. Ela ainda tinha as mãos cheias de roupa que guardava no meu quarto quando me ouviu.

- O que foi, Gabriel? O que aconteceu??
- Minha carta de Hogwarts chegou!!!

Sacudi o pergaminho animado e minha mãe riu da minha alegria. Finalmente poderia freqüentar Hogwarts...

ººº

- Em que casa acha que vou ficar?

Estava na rua com minha mãe comprando meu material para a escola. A lista era extensa, e já estávamos caminhando há horas a procura dos livros.

- Ah, eu arriscaria a Corvinal – mamãe falou convicta
- Mas você e meu pai não eram dessa casa, eram?
- Não. Eu era da Lufa-lufa e seu pai da Grifinória, mas você é tão inteligente, acho que vai ser selecionado para a Corvinal
- E se eu cair na Sonserina? – falei receoso
- Não existem apenas pessoas ruins na Sonserina, filho – ela me olhou rindo – Seu tio Wayne era de lá, e também tinha alguns outros amigos de lá que eram muito legais. Não se preocupe em que casa vai ficar, pois isso não é importante
- Certo... – sorri mais tranqüilo - Não precisamos mesmo ir ao Beco Diagonal?
- Não, podemos comprar todo o material aqui, a Floreios e Borrões entrega os livros que não encontramos – mamãe respondeu lendo a lista – George ficou com todos os meus livros, vamos precisar comprar todos outra vez
- Mãe... Você vai comigo a Londres semana que vem?

Mamãe me olhou sem falar nada por um tempo. Sabia que ela não queria ir a Londres, que tinha lembranças ruins de lá, mas eu não queria embarcar sozinho no 1º dia de aula, e ela sabia disso. Ela continuou me encarando mais um tempo, e acabou sorrindo.

- Não se preocupe, vou com você até King’s Cross. É o seu 1º ano, não perderia isso

Sorri para ela e olhei as sacolas com tudo que já tínhamos comprado. Faltava apenas uma varinha e um caldeirão, e seguimos para uma loja especializada em caldeirões mais próxima. Só mais uma semana, e eu começaria meu 1º na escola de magia mais famosa do mundo!

ººº

- O que eu faço? – olhei para a parede na minha frente e para minha mãe e meu padrinho, que riam
- Apenas atravesse a parede – mamãe respondeu rindo
- Assim, do nada? – encarava a parede, espantado
- Tenta, não vai te machucar – tio Scott falou – A não ser que você não seja bruxo, claro... Será que ele é um aborto, Lou?
- Há, há! Bom, lá vou eu...
- Ai Deus, ele vai bater na parede! – ouvi tio Scott falar rindo mais uma vez antes da estação de King’s Cross desaparecer

Abri os olhos incerto do que encontraria e tenho certeza que eles brilharam quando me vi de frente a um enorme trem vermelho. O Expresso de Hogwarts. Senti duas trombadas e vi que mamãe e tio Scott haviam atravessado a barreira também. Ambos tinham olhares saudosos. Deixei-os na plataforma e fui acomodar minha bagagem antes de voltar para me despedir.

- Pronto, consegui encontrar uma cabine vazia, tinham apenas dois garotos que pareciam ser gêmeos nela – voltei depois de um bom tempo dentro do trem – O que foi mamãe?

Minha mãe tinha um olhar estranho no rosto, e encarava fixamente uma das portas do trem, como se procurasse por alguém. Tio Scott também parecia confuso, pois esticava o pescoço tentando ver o que ela via, mas sem sucesso.

- Nada, pensei ter visto alguém embarcar no trem, mas acho que estou tendo alucinações – ela sorriu – Já esperava por isso, estando em Londres
- Não era o Lu, era? – tio Scott falou – Porque ele está bem ali. Ei, Lu, Miriam!

Eles acenaram para um casal do outro lado da plataforma e eles vieram até nós, e logo os quatro embarcaram em uma animada conversa. Quando o trem apitou pela ultima vez, abracei minha mãe e meu padrinho e subi correndo, entrando depressa na minha cabine com os meninos e acenando para eles da janela. Por coincidência, os garotos acenaram para o casal que estavam com eles. E logo a plataforma 9 ¾ desapareceu de vista...

ººº

A travessia do lago foi tranqüila. Um gigante, que reconheci dos relatos do tio Scott como Hagrid, nos conduziu da plataforma da estação de Hogsmeade até o saguão de entrada do castelo, onde uma bruxa muito severa chamada Minerva McGonagall nos recebeu.
- Bem vindos a Hogwarts – disse a mulher de olhar severo – O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre na sala comunal. As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua historia honrosa e casa uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer. A Cerimônia de Seleção vai se realizar nesse instante, na presença de toda a escola. Vamos andando, façam uma linha e me sigam!

Entramos em fileira pelo salão e nunca poderia imaginar um lugar tão bonito como aquele. Várias velas flutuavam no teto encantado e enquanto passávamos, os olhares dos alunos mais velhos nos examinavam. Um a um, fomos sendo chamados para colocar o Chapéu Seletor na cabeça. Os gêmeos que estavam comigo no vagão se chamavam Seth e Griffon Chronos, e ambos foram selecionados para a Grifinória. Esperei minha vez no meio dos alunos do 1º ano, todos com o mesmo olhar apreensivo diante da perspectiva de sentar naquele banco em frente a toda a escola.

- Storm, Gabriel! – a professora McGonagall chamou meu nome alto e um dos meninos com quem estava conversando me empurrou
- Hmm, mente aguçada, gosta de aprender coisas novas, não é? Pois bem, acho que vai se dar bem na... CORVINAL!

A mesa no canto direito do salão principal aplaudia animada e sorri mais tranqüilo, correndo até lá e me sentando. Alguns alunos estenderam as mãos se apresentando e me apresentei também, voltando à atenção aos que ainda não haviam sido selecionados. Quando a seleção chegou ao fim, o diretor da escola, Alvo Dumbledore, ficou de pé. O salão imediatamente caiu em silencio e entendi que ninguém desrespeitava aquele bruxo. Ele fez um discurso explicando a presença dos dementadores na escola, os mesmos que pararam no trem e fizeram todos se sentirem mal, e continuou:

- Agora, falando de coisas mais agradáveis, tenho o prazer de dar as boas vindas a dois novos professores este ano. Primeiro, o professor Remo Lupin, que teve a bondade de aceitar ocupar a vaga de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas...

O homem que a mão esquerda do diretor indicava ficou de pé quando alguns alunos aplaudiram e de repente, toda fome que estava sentindo evaporou. Sem esperar ou sequer sonhar, havia acabado de conhecer meu pai...

Tuesday, July 24, 2007

Stonehenge

Lembranças de Griffon F. C. Chronos

A noite caíra e sentíamos a presença deles. Pelo visto eles achavam que os dementadores haviam nos despistado e pararam para descansar. Eles se reuniram em volta de Stonehenge e fizeram uma fogueira surgir em sua frente, onde conversavam em voz baixa.
- Não podemos subestimá-los! – Um dos comensais falou com energia, era um homem alto e de aparência inteligente, mas pesada.
- Deixe de medo, Jugson. Era um único perseguidor e seu filho. – respondeu outro comensal, mais baixo, porém mais forte que o primeiro.
- Sim, mas era aquele Chronos e o filho dele. Você por acaso esqueceu que um dos filhos dele quase o matou no sequestro, Carrow? – o último comensal entrou na discussão e era o mais baixo dos três, mas o de aparência mais cruel.
- Eu não seria derrotado por um garoto, Nott!! Acha que sou fraco ou algo assim? – Carrow respondeu furioso.
- Sim eu acho. Se Cibelle já não tivesse terminado o serviço e nós não batêssemos em retirada, você estaria morto agora. Fico com raiva de não ter sido eu a matar o McGregor.- Nott riu maldosamente e senti um ódio tremendo por ele.Primeiro por meu padrinho e segundo por que eles sujavam um local sagrado.
- Nott, você não pode falar nada, você e eu juntos não fomos capazes de derrotar o Chronos. Aquela família é estranha, por isso devemos ir embora, e logo!
Os outros dois o ignoraram, e aproveitamos o momento. Sem que eles notassem fiz surgir uma barreira ao redor deles, me aproveitando das energias de Stonehenge. Papai injetou os olhos de vermelho e com um pequeno silvo fez com que lobos e cães das redondezas o ouvissem. Ao longe ouvimos o uivar de lobos misturados com cães. Os comensais se puseram de pé assustados, mas varinhas à mão. Notei que eles tentaram aparatar, mas não conseguiram e ri com certo orgulho e prazer. Olhei para papai um instante aguardando o comando de ataque. Ele me olhou e vi novamente selvageria e ódio em seus olhos e ele acenou com a cabeça positivamente. Iríamos fazer os assassinos de Tio Kyle pagar um preço alto.
Papai saltou para o ar desaparecendo ainda no meio do pulo. Levantei a varinha e corri para onde os três comensais estavam. Eles viraram as varinhas para mim imediatamente e gritaram maldições contra mim, mas erraram, e os três jatos verdes passaram por mim. A matilha de cães e lobos se aproximou e os cercou, impossibilitando a fuga por terra. Apontei a varinha para o mais próximo de mim e gritei.
- Estupefaça!
Carrow voou para trás e caiu no chão xingando. Nott e Jugson apontaram suas varinhas para mim e também gritaram estuporamentos, mas consegui conjurar feitiços escudos a tempo e por pouco os feitiços não os atingiram também. Refugiei-me atrás de uma das pedras de Stonehenge enquanto me perguntava onde papai estava. Como uma resposta ouvi os gritos dos comensais e me arrisquei uma olhada. Vi uma matança...
A matilha inteira atacara de uma vez só. Os cães pareciam retornar a seus tempos de selvagens e os lobos deliciavam-se. Os comensais gritavam feitiços e maldições a todo momento, um coro de “estupefaças”, “impedimentas”, “avada kedavas”, “petrificus totalis”, “expelliarmus”, e os corpos dos animais às vezes sem vida caiam no chão e misteriosamente desapareciam. Então entendi o que acontecia. Os comensais haviam caído em um dos mais poderosos e cruéis golpes de papai, uma ilusão. Ele havia os hipnotizados e os fazia lutar com o ar, pensando enfrentar uma orda de animais famintos. Mas o mais cruel das ilusões era que os animais podiam atacar de verdade e os comensais estavam cheios de mordidas e arranhões em seus braços e pernas. E vi que eram na verdade os ataques de papai, que correndo entre os feitiços atacava sem dó. Sua sombra se mesclava as sombras da noite e ele parecia um lobo faminto e enraivecido enquanto mordia e perfurava com suas mãos todos os lugares próximos.
Eu tremia e cai no chão encarando a cena com horror. Mas certo prazer crescia em mim em ver aqueles assassinos sofrendo o que mereciam. Papai acho que querendo se divertir mais, terminou com a ilusão quando os comensais já estavam muito feridos e parou a frente deles, com a roupa, boca e punhos ensangüentados com o sangue dos inimigos. Eu decidi me mostrar também e me coloquei ao lado dele, ainda tremendo, mas tentando me controlar.
- Então, achavam que eu e meu filho éramos poucos? Agora imagino que sabem que não... Achavam mesmo que alguns dementadores iriam nos impedir de achar vocês?
Os comensais nada disseram, mas vi medo em seus olhos e como uma fera isso alimentava papai. Nott se recuperou do choque e apontou a varinha para meu pai gritando com ódio.
- AVADA...
Mas a maldição ficou inerte em sua boca quando o atingi com um estupefaça cheio de raiva e jogando-o longe. Agora sem medo, avancei atrás dele ignorando os outros dois. Mas estes não me ignoraram, e tentaram me lançar maldições, e as não letais apenas ricochetearam em meus feitiços escudos que eu invocava sem prestar muita atenção. Meus olhos brilhavam em branco e com ódio também apontei minha varinha para os outros dois gritando
- EXPELLIARMUS!!
A varinha dos dois voaram de suas mãos e eles caíram ao chão tentando pegá-las. Eu finalmente alcancei Nott quando ele se levantava apontando a varinha para mim, mas fui mais rápido que ele. Apontei a varinha para seu peito e gritando “EXPELLIARMUS” o joguei longe. Notei que uma luz saia de minhas mãos e foi essa luz que o empurrara com tanta força. Ouvi os barulhos da luta de papai, mas não me interessei muito, me reaproximando de Nott. Ele estava caído ao chão, tentando se aproximar da varinha.
- Accio Varinha.
A varinha dele voou para minha mão e apontei a minha própria para ela ainda no ar e murmurando soltei um raio vermelho que a destruiu. Sorri ao ver o ódio de Nott.
- Então, sou tão fraco quanto você imaginou? Imagino que tenha conhecido o meu irmão. Ele é bondoso, mas eu não. Isso é por ter matado o meu padrinho! – E o chutei com força no lado direito da barriga e ele gemeu alto. – E isso é por ter feito a Emily chorar.
Dei-lhe outro chute ainda com mais força em seu rosto, arrancando a máscara e fazendo-o rolar pelo chão indo bater nas pedras de Stonehenge. Ele tentou sair de meu campo de visão, mas apontei minha varinha para ele murmurando “estupefaça” e o estuporei. Voltei-me então para a luta de papai em tempo de vê-lo acabar com ela. Carrow estava com os olhos vidrados enquanto papai agarrava seu pescoço, sufocando-o até a morte, mas sabia que papai não ia matá-lo assim. Virei os olhos para Jugson para não ver a cena, mas vi o medo dele enquanto ouvia o último grito de Carrow quando teve seu pescoço perfurado por papai. Jugson cambaleou para trás e tentou fugir, mas apontei a varinha para ele gritando “petrificus totalis”. Ele caiu duro no chão, com o rosto virado para a grama. Nesse momento ouvi um riso por trás de mim e me virei com pressa. Nott sorria para mim e agarrou meu pescoço tentando me sufocar. Tentei lançar-lhe um feitiço, mas o aperto na garganta me impedia de falar. O aperto ia ficando cada vez mais forte e por um momento achei que ia morrer sem rever meus amigos... Mas o aperto parou e os olhos de Nott estavam vidrados e brancos. Eu não podia ver o que acontecera, mas caí no chão quando o aperto diminuiu e vi meu pai com uma das mãos perfurando o ombro de Nott.
- Você subestimou a mim e a meu filho. E matou meu melhor amigo... A você eu deveria dar algo pior do que a morte, mas não crio maldições como eu... Então você terá apenas a morte.
Ao terminar de falar isso papai levantou o outro braço livre e perfurou as costas de Nott, matando-o da mesma forma que Tio Kyle fora assassinado. Eu senti medo, mas papai se aproximou de mim lentamente e me abraçou com força. Vi que ele chorava e o acalmei abraçando-o também. Choramos abraçados por alguns minutos enquanto lembrávamos de Tio Kyle. Jugson continuava petrificado e após algum tempo papai e eu nos separamos e ele foi encarar o ultimo comensal ainda vivo. Ele levantou a varinha e apontou para o peito do ainda petrificado comensal.
- Avada...
- NÃO!! Não pai, não faça isso também. Não quero que seja como eles... - Gritei enquanto o abraçava novamente. Ele relaxou e apenas fez surgir cordas para prender o comensal.
- Desculpa por tê-lo feito ver essas coisas todas meu filho... Desculpa...Mas você lutou bem, estou orgulhoso de você. E seu padrinho também. Vamos, vou mandar um aviso para o ministério.
Uma águia prateada saiu de sua varinha e alçou vôo na direção de Londres. Perguntei se ele iria avisar mamãe também que estávamos voltando, mas ele falou que ela tinha meios de saber que estávamos voltando. Ele esperou apenas até o primeiro estalo de aurores chegando e apenas lhes explicou que duelara com os comensais. Nos afastamos e ele passou o braço pelo meu ombro.
- Você agora vai treinar com sua mãe. E aprenderá aparatação. Seu irmão fez os testes ontem e já passou, agora só falta você. Enquanto isso...
Senti um puxão forte e reconheci que ele aparatava comigo. Surgimos em frente a rua da casa da França e corri para a porta de casa, apesar de cansado e sonolento. Abri a porta com saudade e mamãe e Seth já me esperavam na sala, mesmo que passassem da 1 da manhã. Seth parecia mais feliz do que nunca, mesmo a me ver todo sujo de terra e sangue. Mamãe soltou um gemido de preocupação e me abraçou com força. Deixei ser abraçado enquanto sentia o perfume de casa. Papai chegou em seguida e mamãe o beijou calorosamente,e os dois choraram, como se tivessem tido medo de perder um ao outro. Falei que ia mandar uma coruja correndo e corri para pegar Hermes. Redigi quatro cartas dizendo que eu estava bem e as mandei para o pessoal. Uma em especial era para a Emily, dizendo-lhe que cumprira a promessa...
No dia seguinte passamos o dia preparando as malas da viagem do dia seguinte. Seth iria para a casa da amiga dele, a Di-Lua Lovegood (ai de mim se ele ouvir isso...) e eu, papai e mamãe iríamos ao Beco Diagonal. Eu ainda me recuperava das cenas da noite passada, e ainda tinha alguns pesadelos... Mas queria parar de pensar nessas coisas e sair com meus pais, portanto propus que fossemos rever Tia Celas e visitar Londres, aproveitando para visitar o George Weasley. Seth poderia ter ido sozinho aparatando, mas meus pais não queriam deixá-lo viajar sozinho e iríamos todos juntos deixá-lo com os Lovegood. Eu tinha esperança de cruzar com Emily pelo Beco Diagonal, talvez ela fosse comprar algum material e na carta que lhe enviara a noite, disse que eu iria estar no Beco Diagonal... Será que eu poderia encontra-la lá? Ou alguém da Beauxbatons? Acho difícil, mas quem sabe...

Saturday, July 21, 2007

lembranças e uma surpresa

Diário de Seth. K. C. Chronos

Local: Casa dos Chronos na França. Primeiro dia de férias.

- Diffindo
Acho que já está bom... Pensei alto enquanto olhava para meu trabalho com o largo sorriso. Fiz alguns movimentos com a varinha e dei os toques finais no presente. Fechei os olhos e levantei a mão direta sobre o presente e com a mão esquerda fiz um pequeno talo em minha palma, fazendo meu sangue sair lentamente. Eu me lembrava da voz do Professor Dumbledore em um de seus discursos de final de ano.
- O maior tesouro de alguém é o amor. Seja ele amor de namorados, de amigos, de companheiros. Ele é capaz de milagres, de coisas que qualquer um acharia impossível. O amor corre em nossas veias, nos dando forças e vitalidade, coragem e energia para seguir em frente. Mesmo ao se derramar sangue por quem amamos, críamos laços e feitiços poderosos. – Nunca havia entendido tudo que ele queria dizer com esse discurso, mas graças aos amigos que fiz em Beauxbatons eu entendi e agora iria dar esse conhecimento para outra amiga minha. Enquanto me preparava para o encantamento, pensei no Ty, na Mi, no Ian, na Emily e no Biel, agradecendo a eles por terem me ensinado o valor de certas coisas...
Deixei algumas gotas de meu sangue pingar sobre o presente e a cor branca reluziu em vermelho, mas meu sangue foi absorvido e o presente voltou à cor normal.

Dia anterior.

- Olá, você também foi atacado pelos perovosos?
- Por o que?
Eu perguntei virando o olhar para uma garota de olhar sonhador e distante, de cabelos longos e loiros e com grande e profundos olhos azuis, ela parecia não fazer a mínima idéia de onde estava. A reconheci do salão principal e vi que ela devia ser mais velha do que eu, ou pelo menos da mesma idade. Eu acabara de achar uma passagem secreta do quarto andar do castelo que logo notei que seria meu lugar favorito e estava observando a lua. Era uma grande varanda, escondida pelos telhados do 3ºandar. A garota continuava me olhando com um jeito sonhador e por um momento achei que ela estava encantada, como as outras. Ela, porém, sorriu e se sentou do meu lado sem cerimônias.
- Você é bem sozinho para ficar aqui a noite sem mais ninguém. – Eu continuei calado e sorri ao ver a franqueza pura de sua voz. – Eu vi você ontem no chapéu seletor, deve ser seu segundo dia não?Eu fui atacada por perovosos, acho que vi alguns antes de vir parar aqui.
- O que são perovosos?
- Animaizinhos, uma espécie de diabretes que fazem você se perder...Mas esse lugar é bonito...Como o achou?
- Eu segui meus instintos e acabei parando aqui.
- Gostei daqui...Dá pra ver a lua tão bem...Eu gosto da lua, lembra meu nome, sou Luna Lovegood, 2º ano, da Corvinal. Prometo lhe mostrar meu lugar favorito também.
- Seth. Seth Kamui Capter Chronos, 1º Ano da Grifinória.
- Nome longo hein? Posso chamar apenas de Kam?
- Pode... – Ela sorriu novamente e ficou apenas olhando o céu ao meu lado. Ali nascia a nossa amizade...

- Você vai mesmo, Kam? – Luna me perguntou quando dividíamos um vagão do Expresso de Hogwarts no final do meu 4º ano.
- Vou...Meus pais acham melhor e querem que eu aprenda mais de outros lugares. Tenho sorte deles não quererem me mandar para Durmstrang, tenho parentes lá.
- Mas você vai estar longe...E quem var impedir que os Zonzóbulos me ataquem? – ela sorriu enquanto falava e eu retribui o sorriso.
- Não se preocupe, vou sempre mandar corujas e você sabe se proteger dos Zonzóbulos.
- É que quando estava com você eu sentia que tinha um amigo... – ela e sua franqueza pura, mas sem tristeza. Uma das características dela que eu adorava.
- E não vou deixar de ser. Seremos sempre amigos. É uma promessa, eu juro...Por que não vai para Beauxbatons também?! Você iria adorar lá e não estaríamos sozinhos.
- Porque é longe de papai, e não quero deixá-lo sozinho.
- Mas de mim pode ficar longe – fingi descontentamento e ela apenas sorriu calmamente e sonhadora.
- Você nunca está sozinho, vou ver se arranjo com papai alguns Qeurus para te vigiarem.
Já estávamos chegando na estação de King Cross e nos despedimos, eu sem querer que ela visse meus olhos marejados e ela sorridente e calma como sempre. Seu olhar sonhador parecia apenas um pouco mais fixo em algo, em mim, e posso jurar que pareciam lacrimejados Atravessamos a parede juntos e avistei o pai dela que me acenou um tchau e vi também meus pais que já abraçavam Griffon, conversando com os gêmeos Weasley.
- Tenho que ir, Luna. Vou lhe mandar corujas sempre. Cuidado e qualquer coisa apenas me chame que venho aqui o mais rápido possível! E não deixem que peguem suas coisas ou te chamem de Di-Lua. Boa sorte nos resultados dos N.O.M.s.
- Não tem problema, elas sempre voltam. Você indo atrás delas ou não. Cuide-se também Seth e mantenha seu outro lado controlado, sei que vai conseguir.
Ela me abraçou e retribui com alegria e pela primeira vez ela me deu um beijo no rosto e se despediu lentamente...Sem notar havíamos nos dado as mãos e enquanto nos separávamos, nossas mãos ainda ficaram unidas no ar e com relutância nos separamos...

Eu estava novamente me lembrando dessas coisas... Sentado na janela da sala comunal, eu não parava de lembrar dos momentos com ela. Ignorava completamente a festa dos outros membros da Lux pelo final do período letivo. Mesmo quando descia para falar com meus amigos me sentia diferente. Ninguém perguntava o porquê, todos sabiam o porquê, eu ainda estava muito abalado com a morte de Tio Kyle, assim como o Ty. E qualquer mudança de humor da escola me afetava. E eles perguntavam se eu estava melhor e pediam para eu não voltar para a enfermaria. Gostei muito da preocupação deles e isso me animou um pouco, mas a sensação de falta continuava...
Eu imagino que me lembrava daquelas coisas porque estava com saudades da amizade dela e coloquei isso em minha cabeça. Provavelmente os últimos acontecimentos me deixaram mais fracos que o normal e por isso a saudade estava maior... Então não me preocupei muito. Mas não entendia a ansiedade pela resposta dela, já haviam se passado dois dias e ela com certeza já teria respondido... Ou será que ela esquecera de mim? Será que ficara tão amiga do grupo do Potter e membros da AD que não ligava mais pra mim? Balancei a cabeça com raiva de mim, a Luna não era disso.
Finalmente voltei pra casa junto de mamãe, sem receber nenhuma notícia. Tanto de meu pai e do meu irmão, quanto de Luna. Isso me deixou de muito mau humor e mamãe notou, brincando comigo que eu estava parecendo papai. Ri muito disso e consegui me despedir mais alegre de meus amigos, voltando pra casa. Entrei sem esperanças quando ouvi um piado alto e no segundo seguinte uma chuva de penas brancas caiam em mim junto de várias bicadas.
- Esqueci de te dizer. Toth chegou essa manhã, ela está toda animada e ansiosa desde então. A carta é daquela sua amiga, a Lovegood. Ela é uma ótima garota... – notei alguma sutileza em sua voz e dentro de mim algo dizia "sua mãe é esperta, já notou que está com saudades". Mães têm um sexto sentido... Acariciei muito feliz Toth e corri pra me jogar no sofá rompendo o lacre da carta imediatamente. Toth continuava pendurada em meu ombro mordendo minha orelha de leve e piando baixinho.

" Seth,

Desculpa a demora para essa resposta. No mesmo dia que recebi a Toth eu corri para lhe responder, mas tive uma idéia. Por falar na Toth, ela realmente me bicou assim que chegou e só parou quando finalmente abri sua carta. Por isso pedi que ela lhe bicasse também até você ler a minha resposta.
Então... Mandei uma coruja pra papai no dia que recebi a sua e ele adorou a minha idéia! Mas só recebi a resposta hoje. Direto ao assunto:
QUER PASSAR AS FÉRIAS AQUI EM CASA??
Assim que tiver uma resposta me avise, papai quer ver se prepara uma surpresa pra você. Acho que ele vai procurar alguns ponfofos para enfeitar a sala e adoraria ver um deles de perto e pessoalmente.
Seus amigos parecem bem interessantes, fiquei curiosa em conhecê-los. Será que eles iriam gostar se eu levasse alguns exemplares do Pasquim de lembrança? Queria levar ponfofos também, mas vai ser difícil encontrá-los. Até o Ian parece ser engraçado, mas ele deve saber ser irritante para fazer você perder a cabeça. E os dois não devem saber mesmo como duelar, pois em maioria não te venceram.
A AD acabou, o Harry disse que não precisa mais, uma vez que nos livramos da Umbridge. As reuniões da AD eram divertidas, mas queria que você tivesse participado delas, mesmo sabendo que você não gosta do Harry e ele de você. Acho que ele tem é receio de você ser o primeiro a deixar de seguí-lo, mas mesmo assim ele é uma boa pessoa. Continuo falando com algumas pessoas da AD, principalmente os Weasley, o Neville, a Hermione e o Harry em si. A Gina continua minha amiga, e ela e o Harry terminaram o namoro por uns tempos.
Por falar nisso. Sei que conheceu o Neville, era da Grifinória também. Ele tem conversado muito comigo, é muito divertido, apesar de muito atrapalhado. A Gina diz que ele está afim de mim, mas acho que não. De qualquer forma ele é só um amigo mesmo, não sinto nada por ele. Só curiosidade em saber como ele descobre sempre onde estou, acho que ele tem algum radar. Papai publicou uma reportagem sobre pessoas com radares mágicos embutidos, será que o Neville tem um?
Mas não precisa se preocupar. Eu não trocaria sua amizade por toda a AD. E sinto muito sua falta também. Papai também quer muito te rever, e disse que não aceita um não como resposta para o nosso convite. Ele anda muito animado para conversar com você pra saber se você viu algum Enbusbirbio Francês, uma espécie que só existe na França. Também não vejo a hora de voltarmos a ter nossas longas conversas. Acho que você é o único que conversa comigo sem revirar os olhos e duvidar do que digo. Senti muito sua falta nesse último ano. Hogwarts não parecia mais a mesma coisa, já não havia as duas melhores pessoas da escola, o Professor Dumbledore e você! Por isso não vejo a hora de te reencontrar!
Por falar em Hogwarts. A Professora Mcgonagal, instituiu aulas avançadas de Defesa Contra as Artes das Trevas, dadas por aurores ex-alunos. Nossa professora foi a Megan Foutley, mas ela foi assassinada, quando um comensal tentou matar o Harry, ela se jogou na frente e recebeu o Avada Kedava... Todos nós da Corvinal ainda estamos muito chocados. Mas perdas fazem parte da vida e isso ainda dói um pouco, mas temos que seguir em frente.
E meus parabéns por ter passado nos testes de aparatação! Sei que você conseguiu. Agora podemos nos ver mais vezes sim, e assim que tiver o calendário de visitas a Hogsmead eu mando para você. E quando eu passar nos testes de aparatação, eu que vou te ver, mas só no ano que vêm.

De sua amiga,
Luna.

PS.: Mesmo se um zonzóbulo me atacasse, eu não esqueceria de sua amizade e de você..."

Eu pulei de alegria no sofá e sai correndo atrás de mamãe com Toth se equilibrando alegremente em meu ombro. Confesso que tive uma sensação estranha ao ler sobre o Neville, uma mistura de descontentamento e de raiva, sem saber o motivo, mas passou rapidamente. Mamãe estava no escritório lendo alguns papéis do clã enquanto ditava uma mensagem para Tia Celas em Londres. Assim que entrei, ela deu um grande sorriso e antes mesmo que eu falasse alguma coisa respondeu:
- Você pode ir sim, já avisei ao Sr. Lovegood também. Tenho certeza que ele vai adorar a sua companhia. A Luna principalmente...
- Como já sabia?
- O Sr. Lovegood me enviou uma coruja em separado avisando que você seria convidado para a casa deles. Junto de alguns amuletos de cortesia. Agradeça a ele por mim.
Eu abri um sorriso ainda maior e pulei no colo dela abraçando-a com força. Parecia uma criança e mamãe se sentia feliz de me ver tão alegre depois de tantos problemas. Ela me deu um beijo no rosto e me mandou ir arrumar logo as coisas. Já ia saindo quando me lembrei.
- Mãe, eu posso dar um presente pra Luna? Você o encantaria também?
- Sim eu encantaria, considero a Senhorita Lovegood como uma filha. Mas seria de valor ainda maior se você o fizesse.
- Tudo bem. Vou arrumar as malas e mandar a resposta agora mesmo, mas vou avisar que só vou quando papai voltar. Obrigado mesmo mamãe!!

Friday, July 20, 2007

I’m in search of the Lionheart

Lembranças de Griffon F. C. Chronos

- Eles estiveram aqui, pai, tenho certeza.
- Sim, eu sei. Muito bem filho, você achou o rastro deles sozinho.

Papai deus os parabéns. Ele estava mais calmo enquanto avançávamos pelas ruas escuras de Londres, mas eu ainda sentia o pulsar da raiva e a cada evidência dos assassinos, o pulsar se tornava mais forte. Nossa caçada nos levara para Londres, pois era para onde os assassinos de Tio Kyle e seqüestradores do Ty haviam ido. Papai parecia farejar o ar em busca do cheiro deles, e algo me dizia que ele procurava era o sangue deles. E sei que era bem capaz dele localizá-los através do sangue.

Já haviam se passado quase 2 semanas desde que saímos do velório de Tio Kyle e seguíamos as pistas dos assassinos dele, incansavelmente. Andávamos principalmente durante a noite, aproveitando-se das trevas. Andando pelas sombras enquanto seguíamos nossos alvos.

- Griffon, as trevas são áreas perigosas, e que eu e seu irmão devemos seguir. Com você a luz do dia combina mais e seria mais vantajoso para você. Mas você precisa aprender...

Eu concordei com a cabeça enquanto corríamos por uma viela de Londres, perto do Ministério. Papai saltou de parede em parede dos dois prédios que ficavam lado a lado da viela e parou no telhado. Eu me concentrei e corri para a parede próxima também, saltando para a seguinte, alcançando-a no alto do prédio também. Ele me apontou uma região e um sentido em minha cabeça indicava a mesma direção.

Corremos a noite toda e a sensação se afastava cada vez mais. Papai sorria e parecia se deliciar. Nossos alvos sabiam que estavam sendo seguidos e sentiam medo e sei que isso era quase como o alimento de meu pai, o combustível para mantê-lo em frente na caçada. Ao final da noite acabamos por sair de Londres e papai decidiu não parar, nós dois ainda tínhamos energias e iríamos vencê-los por cansaço. Acabamos por chegar a um pequeno bosque em um dos municípios vizinhos e rurais de Londres. Adentramos pelo bosque e me senti estranho, como um sexto sentido. Estávamos próximos.

- Cuidado agora, filho – Papai falava enquanto suas pressas brotavam.

De repente pareceu como se a noite já tivesse começado. Um frio maligno surgiu e uma sensação de aprisionamento e solidão surgiu em mim. Dementadores. Mas onde?

Eu comecei a me sentir fraco, e senti meus joelhos caindo ao chão ao mesmo tempo em que sentia as mãos rápidas de papai me segurando pelos ombros e tentando falar comigo. Mas eu não respondia, mergulhava pouco a pouco na noite precoce...

E eu estava sozinho nas trevas...

- PAI!! MÃE!! – Gritei por eles, mas ouvi apenas o eco da minha voz.
- SETH!! ALGUÉM, POR FAVOR, APAREÇA! – Nada de novo.
- TY! GABRIEL!! MI!
- EMILY!!
- Onde estão todos!? Por favor, apareçam!

A sensação de sofrimento e solidão crescia cada vez mais. Nas trevas comecei a divisar formas com capas flutuando. Mas não podiam ser dementadores, papai não os deixaria chegar perto de mim. Mas parecia tudo tão real... Podia quase sentir o respirar forte deles, tentando puxar minha alma e minha felicidade e pouco a pouco eles conseguiam. Involuntariamente comecei a chorar...

Just let me out of here
Speak to me
It all would be easier
I want to talk to you
Who is that?
Do I hear a whisper?
Or do I hear a cry?
Across the brown land
The stumps of time
Oh turn the wheel and heal me
Since moonlights fade
I'm empty - heal me

Senti-me vazio e com medo... Depois de anos eu estava sozinho... Nem mesmo o Seth eu sentia mais, nem mesmo a Emily parecia estar ao meu lado. Uma dor começou a surgir em mim, a dor da solidão... Eu sentia falta deles, tinha tanto medo de ficar sozinho... Um medo que sempre me acompanhou... Chorando me joguei ao chão e gritei histericamente por todos eles...

Down below I can't free my mind
Soon I will fade away
Down below
I can't free my mind
Soon I will fade

Ruins rule my memories

I can't recall the signs
Invite the dead
The silence struck my mind

Mas algo em mim pulsou. De forma clara e forte. Algo que lembrava minha mãe... Vi seu sorriso ao longe e me ergui lentamente... Mamãe... Ouvi sua voz cantando pra mim, me dando forças, mas o que me fez erguer e parar de chorar foi uma voz suave e bonita, junto de uma lembrança...

- Você me prometeu que ia voltar! Não perdoarei você se você não voltar.

O rosto de Emily surgiu em minha mente e aos poucos fui saindo das trevas, caminhando em sua direção... Mas os dementadores da minha mente se aproximaram e cai nas trevas novamente. Então uma voz alta e forte gritou meu nome, de início achei que era um rugido...

- GRIFFON FUUMA CAPTER CHRONOS! EU LHE ORDENO QUE VOLTE! – Era a voz de meu pai. Eu tente me levantar, mas os fantasmas da solidão me seguraram e tentaram me puxar para o fundo novamente.

I'm in search of the Lionheart
Nobody else
But the pure can save me
Drown Ulyssess
Drown here in the silence
Cause down to Hades I've gone
But i cannot get out

- VOCÊ FOI UM GRIFINÓRIA! VOCÊ É UM LUX! ENCONTRE O LEÃO EM VOCÊ, ENCONTRE SUA ENERGIA, A SUA FORÇA, O SEU VERDDEIRO SER, A SUA LUZ!! ACORDE GRIFFON, EU LHE ORDENO!

Papai gritou uma última vez e vi um imenso grifo a minha frente. Ele ocupava toda a minha visão e seu rosto se misturou ao rosto de um leão. O grifo-leão soltou um urro alto, misturado com um rugido e abri meus olhos. Eu estava de joelhos ao lado de meu pai e mais de 5 dementadores nos cercavam. Mas meu braço estava erguido e uma luz prateada saia de minha varinha. Olhei em volta e vi uma águia prateada voando de dementador em dementador bicando-os e atacando com as garras. Um grifo ficava próximo a mim, mas atacava com as garras e as asas, repelindo os dementadores. Reconheci-o como meu e me toquei que o tinha conjurado ao pensar que eu tinha amigos... Os dementadores fugiram assustados e ao mesmo tempo o dia voltou ao normal

- Os comensais devem tê-los mandado, vamos estamos perto agora. E viu como você é forte e não está sozinho? Eu já passei pelo mesmo que você...
- Passou? Sempre vi o senhor como inabalável, pelo menos até 2 semanas atrás.
- Eu sou inabalável quando tenho apoio, mas tem horas que o desespero me ataca... Venha.

Saímos do bosque e com certa surpresa vimos que estávamos na região de Stonehenge. Senti a raiva de papai crescer e o compreendia. Além de serem assassinos, eles tinham a coragem de profanar Stonehenge? Que seja então. Encontrarão o fim em lugar sagrado!

Avançamos com determinação pelos campos, mas não os vimos até a noite... Pois bem, em meio às trevas, levaremos trevas a eles... Enfrentarão um emissário das trevas e um emissário da luz.

N.A.: Lionheart, Blind Guardian.

Monday, July 16, 2007

Correio Coruja

Lembranças de Seth. K. C. Chronos

Antes do final do ano letivo, após a morte de Tio Kyle. Local: Beauxbatons

“Olá querida amiga,

Como está tudo por aí em Hogwarts? O Potter continua se achando o rei da escola, ou tomou alguma vergonha na cara? Sei que a escola não é mais a mesma coisa após a morte do Professor Dumbledore, o mundo bruxo perdeu alguém de extremo valor, e uma luz se apagou, aumentando as trevas do mundo...Mas essa carta não é para se falar de coisas obscuras...

Estou com saudades! Estou com tantas saudades de você que fico pensando em você quase o tempo todo. Meu pingente me lembra muito você, ainda mais que sei que você o adora...As vezes me pego olhando pra ele e me perguntando o que está fazendo aí.

Mil perdões por estar a meses sem mandar uma coruja sequer...Minha vida tem andado tão corrida por aqui...Tantas coisas tem acontecido juntas, então vou te contar resumidamente. A propósito, quero ver se meus pais me deixam voltar sozinho para a Inglaterra, e ficar na sede do clã. Já sei me virar e sou alguém de índole correta e responsável, sabem que podem confiar em mim morando sozinho, ao contrário de meu irmão...Você acredita que sou gêmeo dele? Mas o adoro mesmo assim...Voltando. Ai poderíamos matar um pouco a saudade! Que acha? Ou já não sente saudade de seu amigo? Se tudo estiver certo lhe aviso com antecedência.

Aquela minha maldição parece que se intensificou aqui. Para mim acho que é porque me aproximei mais das pessoas, e isso fez ele acordar mais do que o normal. Em Hogwarts sempre fui muito fechado e meus únicos amigos eram você e o Griffon, além do Biel que era meu conhecido, mas falávamo-nos pouco. Por falar nele, estou estudando com ele! Você o conhece também? Acho que sim, porque ele é muito amigo da Gina Weasley, por isso ele e o Potter brigaram aquela vez, pura ciúmes do Potter...Por que os separei?

Eu toda hora mudo de assunto! Mas você já está acostumada com isso, quando começo a me animar em falar, não paro mais, viu uma semelhança com o Griffon! Então como vinha dizendo. Aqui eu me aproximei mais das pessoas, fiz grandes amigos e quero muito que você os conhece, e você a eles! Tem o Ty, o Biel, a Miyako, o Ian, a Emily...Vou falar um pouco de cada um antes de contar mais do meu primeiro ano aqui.

O Ty é filho dos melhores amigos de meus pais, os Mcgregor. Uma família de muita força e fibra, que sempre ajudaram meu pai em muitas coisas, e são ótimas pessoas! Acho que já falei dos dois, são meus padrinhos. O Ty é muito parecido com o Griffon, é cheio de energia e vigor e adora aprontar e nunca está parado. Ele é capitão do time de quadribol da casa dele e muito inteligente...Ele tem uma meia-irmã, a Emily, que é nossa professora de Mitologia. Ela é uma ótima pessoa! Puxou do pai...Mas quem é doido por ela mesmo é o Griffon, que está apaixonado!! Hahahaha.

Aqui na Beauxbatons, me reaproximei do Gabriel e ficamos muito amigos. Ele e a Mi, são com quem mais me identifico. Ele por ser muito calmo e ela por pôr os freios no pessoal. A Mi é como chamamos a Miyako, é que o nome todo dela é muito complicado...Eles também são filhos de grandes amigos de meu pai, a Tia Yulli Hakuna e a Tia Louise Graham Storm e Tio Remo Lupin. A Miyako é adotada pela Tia Yulli, mas é igual a mãe adotiva! Os pais do Biel você já deve ter conhecido.

Deixei para falar separadamente do Ian, porque dele continua as minhas “aventuras”. Ele é mais velho do que eu, e a poucos dias ele se formou! Foi uma bonita cerimônia, mesmo cheia de tristeza...Ele é meio metido e arrogante às vezes, mas se ele gostar de você sabe ser uma pessoa maravilhosa. Eu e ele nos desentendemos nos últimos meses, chegamos a duelar feio no meio do corredor! Sim, eu me enfureci a ponto de duelar com ele e um amigo no meio do corredor da escola e se não fosse a Emily, teríamos nos matado! Modéstia a parte, levei a melhor! Hahahaha.

Brigamos porque ele me acusava de ser um assassino e seqüestrador, que atendia pela alcunha de Lobo. Tenho certeza que ouviu falar do caso, pois saiu no Profeta e no Pasquim também. Mas aqui tomou um rumo diferente. Ian e uns amigos decidiram fingir a existência de um Lobo na escola, mas um aluno levou a brincadeira a sério demais e passou a se fingir de Lobo, como eles. Ele seqüestrou alunos e cometeu assassinatos. E devido a minha maldição, a culpa recaiu sobre mim, principalmente para Ian e seus amigos. E teve um agravante. Em todas as aparições do Lobo, eu me encontrava no local, sentia e via as coisas que aconteceram. Eu cheguei a querer sair da escola, com medo de machucar meus amigos. Mas meu pai e Tio Kyle me convenceram de que eu não era o Lobo e fui treinar com papai.

Foi um treinamento difícil e perigoso também, participei até de uma caçada, onde ele me ensinou a ser um verdadeiro predador. Aprendi as Imperdoáveis, como usá-las, e como me preparar para elas...Papai me treinou para ser como ele, um caçador. Mas não apenas ele, mamãe, Tio Kyle, Tia Alex e até Tio Sergei também me treinaram, segundo papai, em momentos como os que estão por vir, predadores são necessários. Predadores que saibam como se alimentar do medo e da fraqueza dos inimigos, prontos para desferir um golpe, que deve ser mortal. Me sentiria mal em falar isso com qualquer outro, mas com você é diferente. Mas no meio do treinamento, eu me senti na pele do tal Lobo e papai me contou que eu sumi por alguns instantes...Então cada vez mais parecia que eu era o Lobo, principalmente para mim mesmo...

Por isso duelei com o Ian e o Bernard, chegando a fazer um duelo trouxa. Eles cismaram que eu era o Lobo, porque eu voltei à escola (por causa do treinamento, eu sai da escola por umas semanas) no dia em que a amiga deles foi seqüestrada e usaram o duelo para me provocar, me fazendo perder a cabeça...E nas semanas seguintes eu continuei a ver através da mente do Lobo, mas usando meu dom, que descobri se chamar Empatia, consegui invadir a mente do Lobo, e quase descobri quem era. Mas na Beauxbatons Oclumência é uma disciplina obrigatória e o Lobo era alguém forte demais para ser vencido por mim, mesmo tendo sido treinado como Leglimente.

Então, consegui novas habilidades! Eu agora consigo aparatar!! Não a longas distâncias, porque estou começando, mas vou fazer o exame dentro de uns dias, deseja-me sorte! Imagina só, posso aparatar em Hogsmead e ir matar as saudades! Fora isso aprendi as Imperdoáveis, aprendi Leglimencia e Oclumencia e o mais importante, aprendi a controlar o meu demônio! Estou tão feliz...

Mas no mesmo dia que encontraram o verdadeiro Lobo...Uma grande tragédia se abateu sobre a escola, minha família e nossos amigos, e para nós, para toda a comunidade bruxa. Os Comensais da Morte invadiram nossa escola e tentaram seqüestrar o Ty, mas papai, Tio Kyle e eu os alcançamos antes que deixassem os territórios do colégio. Queria que estivesse conosco para me ver lutando, e não se preocupe, você se sairia muito bem. Mas no meio da luta, uma comensal maldita apunhalou Tio Kyle pelas costas, e ele aparatou com o Ty ainda desacordado enquanto eu, papai e Tio Sergei dávamos cobertura. Porém já havia sido feito...Tio Kyle morreu assim que deixou o filho na escola. Ele apenas se despediu de Tia Alex por projeção e morreu...Eu nunca senti tanto ódio, mas também tanta dor...Além de perder meu padrinho, meu amigo e companheiro, senti as dores de uma escola inteira e isso me deixou fraco, quase de cama. Mas papai sentiu toda essa dor também e agüentou firme. Após o funeral de meu padrinho, eu cai de cama e agora por exemplo escrevo da enfermaria da Beauxbatons. Papai ainda no funeral saiu em caçada e levou meu irmão junto para treiná-lo. Nunca o vi com tanto ódio e tive até medo, mas sabia que ele era capaz de se controlar. Eles voltaram 2 semanas depois...E na mesma época o Profeta anunciou que 3 comensais haviam sido capturados, mas 2 deles haviam sido mortos em combate. Foram os comensais que ajudaram na cilada para Tio Kyle. Papai matou dois deles, e só não matou o último porque o Griffon conseguiu controlá-lo e fazer o comensal revelar dados secretos...

Chega de falar de mim e de falar de coisas tristes...Novamente me desculpa não ter te mandado notícias antes...E não se preocupe, agora estou bem melhor. Só com saudades de você, de nossas longas conversas sobre as matérias do Pasquim, sobre os rumos que o mundo da magia está tomando. Até dos momentos que me contava sobre a AD eu sinto falta. Você continua assistindo aula daquele metido? Se quiser peço a meu pai para lhe ensinar. Meus pais estão doidos para te rever também! Já ouviram eu falar muito de você...

Luna, querida amiga, me mande uma coruja também! E exijo que seja tão grande quanto essa carta. Por falar nisso, acho que já chega, já foi um rolo de pergaminho inteiro!! Mande um alô para seu pai e cuidado com os Nagaurés!

Beijos de seu amigo, que sente sua falta,

Seth, ou Kam.

PS.: Não se preocupe tá? Ninguém tira de você o lugar de melhor amiga...E sei que você sabe disso! ”

Enrolei o pergaminho e prendi a carta nas pernas de Toth, acariciando-a gentilmente, com a mente meio vaga ainda, relembrando de Luna.

- Vá rápido tudo bem? E tome cuidado. E dê a ela uma bicada simpática por mim.

Toth me bicou na mão levemente e alçou vôo pela manhã que começava...Se o tempo em Hogwarts estivesse bom, ela chegaria na hora do café da manhã, junto do correio coruja matinal, no antepenúltimo dia de aula...Espero que a Luna esteja bem,e que tenham parado com o apelido ridículo de Di-Lua... Que raiva que tenho dele! E queria saber por que sinto tanta falta...

Friday, July 13, 2007

A Final da Copa do Mundo

Por Gabriel e Ian

Ainda era muito cedo quando uma corneta passou fazendo arruaça na sala onde dormia, e não demorou para que eu descobrisse que eram os irmãos trouxas do Viera já se preparando para o jogo. Estávamos todos acampados na casa dele a quase uma semana, acompanhando os últimos jogos. Ainda não tinha contado a ninguém o que acontecera na Califórnia, nem mesmo a Mad. Não tinha necessidade, estavam todos felizes e empolgados com os jogos, que eram novidade para a maioria ali.

Eu estava ansioso com a partida. A final, por um acaso do destino, seria entre Brasil e França. E eu, entre mais de 15 pessoas na casa, era o único torcedor do Brasil. Mas apesar das provocações, não estava esquentando a cabeça com eles. Vesti o uniforme da seleção e quando faltavam 3 horas para o jogo começar, seguimos para o Stad de France. E obviamente, por ser minoria, fui obrigado a sentar no meio da torcida da França. Eu era o único ponto amarelo berrante no meio do mar azul que tomava conta do lado onde estávamos.

- Olha lá, as seleções estão entrando!! – Viera apontou empolgado para o campo
- FRANÇAAAAA! – Ian berrou ao meu lado, abraçado a Bernard e Dominique. O rosto deles estava todo pintado, metade azul e metade vermelha
- BRASIIIIL! – berrei tão alto quanto ele e eles pularam em cima de mim tentando abafar meus gritos de provocação

Depois de toda a cerimônia de hinos e apertos de mão, a partida teve início. Meu desespero estava começando e eu não fazia idéia. Depois de sofridos 27 minutos de jogo, Zidane marcou o primeiro gol para a França. A rede do Brasil balançou e senti várias mãos voando em cima de mim, me sacudindo com força.

- GABRIEL, VIU ISSO?? – Ian pulou em cima de mim outra vez
- CLARO, NÃO SOU CEGO! – falei revoltado, voltando a encarar o campo

Queria sentar para prestar mais atenção ao jogo, mas era impossível. Meus amigos faziam a maior algazarra do meu lado e fiquei de pé mesmo, sem nem piscar. O primeiro tempo estava quase acabando quando o estádio veio abaixo pela segunda vez: Zidane marcou o segundo gol da França.

- Zi, Zi, Zidaaaaaaaaane! – todo mundo gritava empolgado quando o arbitro encerrou o primeiro tempo
- 2 x 0, Gabriel!! – Samuel bagunçou meu cabelo e olhei para ele quase cuspindo fogo
- Deixa ele, Samuca, não provoca... – Mad sentou do meu lado e me deu um beijo, mas tava tão indignado pela seleção não estar jogando NADA que não reagi e ela não tentou mais falar comigo

O segundo tempo do jogo foi o mais longo de todos os que já assisti. O Brasil parecia com medo de partir pra cima da seleção ruim da França, e não foi surpresa alguma quando, já quase terminando a partida, Petit fechou o massacre marcando o terceiro gol da França. A torcida, que já comemorava a vitória, explodiu em gritos e entoavam a Marselhesa a plenos pulmões. Sentei na arquibancada completamente incrédulo e de cabeça baixa. Não tava nem triste com a derrota, tava era muito revoltado!

- ALLONS ENFANTS DE LA PATRIE, LE JOUR DE GLOIRE EST ARRIVÉ... – meus amigos pulavam e cantavam junto com o resto da torcida, todos já quase sem voz de tanto que gritavam. Olhei para eles saltando uns por cima dos outros radiantes, encarei o campo mais uma vez, onde a seleção francesa dava cambalhotas na grama e voltei a observar a festa nas arquibancadas. É, fazer o que... Eles nunca ganharam nada mesmo, só me restava engolir as piadas que estavam por vir...

*******

- FRANÇAIS, POUR NOUS, AH QUEL OUTRAGE! GABRIEL!! – Saltei por cima das cadeiras e cai por cima do Gabriel, a única pessoa sentada no estádio inteiro – Gostou do espetáculo?
- Preciso responder? – ele me encarou sério, mas depois riu – Tudo bem, vocês nunca ganharam uma copa, não tem graça o Brasil ganhar todas...
- Discurso de perdedor! – apertei a cabeça dele com os braços, quase o enforcando
- Ok, ok, a vitória foi merecida, já que o Brasil não jogou NADA – ele falou a ultima palavra tão alto que o cara pulando do lado dele se assustou
- Vamos embora, a festa vai continuar nas ruas!

Puxei-o pela camisa e saímos devagar do estádio, depois de ver a seleção recebendo a taça e as medalhas. As ruas de toda a França estavam tomadas por torcedores gritando enlouquecidos a conquista da primeira copa do mundo. A tinta do meu rosto começava a sair, mas não estava me importando, só queria comemorar. Viera e Dominique, que eram os mais fanáticos por serem trouxas de nascença, até choravam enquanto cantavam pelas ruas.

Já passava das 3 horas da manhã quando decidimos ir para casa dormir. Ou melhor, desmaiar. Gabriel já não estava mais ranzinza e aproveitou boa parte da bagunça com a gente, encarando numa boa as gozações. E nem tinha como ele não aturar, já que até a Maddy tirou uma casquinha e provocou ele um pouco. Quando chegamos de volta em casa, caímos nos colchões espalhados pela sala com as mesmas roupas que estávamos usando, ninguém tinha forças para tirar. E já tínhamos planos para o fim das férias: a Copa Mundial de Quadribol, que também seria sediada na França.

- Gabriel vai conosco também – falei quase sem forças – Afinal, ele precisa ver o Brasil perder para a França em esporte trouxa e bruxo
- Ta bom, vai esperando – ele respondeu também sem forças – Em Agosto a gente conversa!
- Allons enfants de la patriiiie
- Cala a boca, Samuel! – gritamos todos ao mesmo tempo e caímos na gargalhada, desmaiando quase que instantaneamente. Ganhar final de campeonato era muito cansativo...

Wednesday, July 11, 2007

- Seu trabalho está feito, pode receber a marca negra com louvor...

As palavras do Ty ainda me magoavam profundamente, mas optei por tentar esquecer. Fomos embora de Beauxbatons no mesmo dia que o Ty saiu da escola para cuidar do funeral do pai. Meu pai foi nos buscar porque havia sido chamado por Madame Maxime, ela achou que com os interrogatórios, era bom ter algum responsável por nós, por perto. Coitado, ficou extremamente constrangido quando contamos a ele sobre o que nossa mãe havia feito aos McGregor’s. Como já haviamos feito nossas provas de final de ano, pudemos antecipar nossas férias, e voltamos para casa mais cedo. Eu estava triste demais por causa de tudo e meus irmãos, estavam chateados comigo, por eu não haver contado nada a eles sobre nossa mãe. Lucien era o mais revoltado e estava fazendo uma greve de silêncio comigo, e Angelique estava triste por causa de Jean Savoy, que havia tomado as dores do Ty. Não podia culpá-los. Mas já estava cansada de carregar tanta culpa sozinha. Quem sabe em casa, as coisas começassem a melhorar.

-o-o-o-o-o-

Aluns dias depois tivemos a visita de uns aurores procurando minha mãe, e eles nos informaram que iriam vigiar nossa fazenda por um tempo, pois minha mãe podia aparecer pedindo ajuda. Claro que a pessoa que tinha este pensamento era o senhor Regalski, que antes da história do Lobo era arrogante, mas pelo jeito ele havia sido promovido, e fazia questão de alardear isso e intimidando os mais novos que estavam com ele. Eu entrei em casa e ele estava intimidando meu pai e meus irmãos:
-..Falem logo, ou usaremos métodos de interrogatório mais severos...
- O senhor não pode fazer isso. Já fomos interrogados pelo seu pessoal, e não descobriram nada.- respondi farta daquelas maneiras rudes.
- Mas sua mãe deve vir pedir ajuda a vocês, e duvido que vocês não a ajudem novamente, fizeram isso por anos. Vou obrigá-los a tomar Veritasserum e acabaremos logo com isso..
- Você vai deixá-los em paz, Regalski. – olhei apra a porta e era o senhor Menken, padrinho do Ty, olhando friamente para o outro auror. Um dos novatos pareceu soltar o ar, aliviado.
- Isso é investigação do meu departamento Menken, você não tem jurisdição aqui. – disse o pai do Dave contrariado.
- Então leia a carta do Ministro Berbennot, passando o comando desta investigação a mim. Se não gostar, poderá reclamar com ele. Metade do pessoal fica comigo.
O senhor Regalski não gostou muito de ser desafiado e guardou nas vestes o frasco com a poção clara como água e após olhar para nós com desperezo, saiu porta afora, seguido por alguns que ele chamou o nome. O padrinho do Ty após cumprimentar os outros, assumiu um tom profissional e começou a falar com papai.
- Peço desculpas senhor Montpellier, mas a morte de um dos nossos mexe com os ânimos do departamento.- e após meu pai assentir ele disse:
- O senhor já foi informado que se colaborar com sua esposa, poderá responder a processo como cúmplice e...
- Eu não vou ajuda-la, ela prejudicou aos nossos filhos, e por isso não farei nada por ela, já estavamos tratando do nosso divórcio quando tudo isso aconteceu.- e pela primeira vez vi meu pai falar com rancor de minha mãe e ficamos chocados ao descobrir que eles iriam se separar.
Mais tarde, papai veio conversar conosco e se explicar. Disse que eles haviam decidido se separar quando ela reencontrou os amigos e que ele havia pedido a ela que esperasse a nossa volta para casa, para conversar conosco.
Claro que ela teve pressa, em se livrar do casamento com um trouxa e não passar vergonha perante os amigos comensais dela. (pensei).
- E eu? O que o senhor quer que eu faça? Quer que eu vá embora como ela?- perguntei incerta.
- Como assim?
- O senhor sabe que não sou sua filha não é? Que não tenho o seu sangue, portanto não tem nenhuma obrigação comigo e eu posso ser um fardo...-e pela segunda vez naquele dia vi papai irritado:
- Você acredita mesmo não ser minha filha? Acredita que um filho só é nosso quando tem o mesmo sangue? Você é tão minha filha quanto Angelique e Lucien. Levantei para cuidar de você quando ficava com febre, da mesma forma que fiz com eles, observei seu primeiro dente cair, fui eu que limpei seus joelhos quando deu os primeiros passos e perdeu o equilíbrio, era a mim que você chamava a noite quando tinha medo do bicho papão, então não venha me dizer que não é minha filha. Ser pai é mais do que ter o mesmo sangue, é criar com amor e isso mocinha, eu tenho em partes iguais pelos meus três filhos. Acho que sempre demonstrei meu amor por você...
- Sim, demonstrou papai. Mas... Lucien está tão zangado porque eu não falei nada... E Angelique... Talvez seja melhor para eles me ver longe...
- Olha aqui maninha, não pense que você vai se livrar de nós assim tão fácil ok? Se o Jean se atrever a terminar comigo por causa do que houve, é porque ele não me merece. E entre ele e você, eu escolho você. – disse decidida e rimos, e meu irmão rompeu o silêncio:
- Fiquei zangado porque você não confiou em nós, ficou carregando este fardo sozinha, mas irmãos são como eu: ficam de bico á toa não é? Desculpe. – e meus irmãos me abraçaram e juntos, nós quatro descobrimos que independente do que Cibelle Lestrange, ex- Montpellier havia feito, ela não havia conseguido: destruir nossa família.
-o-o-o-o-o
- Você vai comer de novo Rory? Nunca vi você gostar tanto de picles. Aliás você sempre odiou picles.- dizia Angelique enquanto colocava as cartas do correio coruja na minha frente.
- Pois é, não entendo o que eu tinha contra estas delicias. - e peguei mais um picles do vidro e um envelope pardo com um lacre azul com uma estrela em relevo atraiu minha atenção. Meu queixo caiu, enquanto lia a carta:

"Cara senhorita Montpellier,
Gostariamos de convida-la a fazer parte do nosso corpo discente, uma vez que seus artigos para o Le Sourcier, foram muito apreciados por nossos professores responsáveis pelo jornal da nossa escola.
Sabemos que é uma aluna exemplar, e nossa grade curricular é semelhante á da Academia de Magia de Beauxbatons, portanto se quiser tiver interesse em efetuar sua transferência, ficariamos muito felizes em tê-la conosco. Caso tenha interesse em fazer-nos uma visita, entre em contato conosco para providenciarmos transporte e acomodações.

Escola de Magia do Texas
Paige Lee Warrick Carter
Diretora"

Mostrei a carta ao meu pai e ele achou uma ótima oportunidade para conhecer um outro país com segurança e nos afastarmos um pouco dos problemas dos últimos tempos e acabou me convencendo a aproveitar a oportunidade oferecida, disse que na pior das hipóteses eu poderia dizer não ao convite da senhora Carter, e vi que ele tinha razão. Enviei minha resposta e dali alguns dias as passagens de avião chegaram junto com instruções sobre como chegar até a escola texana e sobre o que levar. Isso me deu a desculpa perfeita para não ter que explicar a toda hora porque às vezes eu ficava sozinha no meu quarto. Ficava pensando se devia ou não escrever uma carta ao Ty.
Não era para ser, era o que eu sempre pensava e desistia, mas porque ainda doía tanto?

Wednesday, July 04, 2007

'A juventude, ainda que ninguém a combata, acha em si mesma seu próprio inimigo'

Willian Shakespeare


As férias de verão haviam finalmente começado, e da pior maneira possível. Passar pelo enterro do Michel, do tio Kyle e da tia Megan foi uma das piores coisas que já fiz. Ty e tia Alex estavam péssimos e nada animava meu amigo, e tio Scott havia se trancado em casa e não saia mais. Nem as tentativas da mamãe e do tio Ben de tirá-lo do quarto surtiam efeito, era como se nada mais tivesse importância para ele.

Mad estava em uma viagem com a mãe dela, algo que elas tinham planejado há anos para quando ela se formasse, e querendo me tirar de casa para que eu me distraísse um pouco, mamãe me convenceu a aceitar o convite de Micah e passar alguns dias em sua casa, em Los Angeles.

Alguns dos amigos que fiz na nova escola, Evan, Josh, Shannon e Sean, também moravam em Los Angeles, e numa tarde a toa no píer da cidade, fomos pegos de surpresa com a chegada de um menino de 6 anos, chorando muito. Era Connor, irmão de Micah.

- Connor, o que aconteceu? – Micah pulou de volta para o píer assustado
- Ryan aconteceu, e você sabe muito bem disso! – Josh respondeu pelo garoto
- Ele fez alguma coisa com você, Connor? – Micah encarou o irmão e ele afirmou com a cabeça – Droga!
- Você tem que fazer alguma coisa, Micah! – vi Josh pressionar o amigo – Isso não pode continuar, faça alguma coisa!
- O que você quer que eu faça, Connor?

O garoto ficou em silencio por um momento, ainda secando as lágrimas, e encarou o irmão abandonando a expressão de choro no rosto.

- Quero que você de um susto nele, faça com que ele seja humilhado.
- Isso aí garoto! – Josh sacudiu Connor rindo
- Ok então, que seja. Mas vou precisar contar com a ajuda de vocês – Micah olhou para mim, Sean, Evan e Shannon ainda sentados no píer e concordamos com a cabeça.
- Vamos ensinar ao gorducho quem manda aqui... – Josh se apoiou no ombro de Micah rindo e ele acabou rindo também

ººº

Acordei cedo no sábado com o barulho que vinha do quintal. Cheguei na janela ainda de pijama para encontrar Micah e Josh atirando coisas dentro de um carro, parecendo dispostos. Connor estava sentado na calçada observando a movimentação com curiosidade.

- Bom dia, bela adormecida! – Micah falou vendo que estava acordado – Esteja pronto em 15 minutos, estamos de saída!
- De saída para onde?
- Como pra onde? – Josh falou agora – É hoje que vamos ensinar uma lição ao gordo, esqueceu? Os outros chegam em 10 minutos, vá se trocar logo!

Só depois que Josh lembrou, foi que me dei conta do que íamos fazer. Micah e ele haviam bolado um plano bem simples, mas que com certeza deixaria o garoto na pior das situações: a humilhação publica. Micah foi até a casa de Ryan, convidando-o para um passeio de barco por Fall Creek Lake, com a desculpa de que era aniversário de Evan e ele estava convidando os amigos de infância para passarem a tarde juntos.

Todos eles cresceram juntos em Los Angeles, se conhecem desde que estavam no Jardim da Infância, mas com o tempo, apenas Ryan se afastou. Ele sempre foi o gordo da turma que queria se encaixar no grupo, só que para isso ele se fazia de valentão e sempre bateu nos mais fracos, como forma de mostrar que era legal. Mas parecia que os garotos estavam cheios da valentia dele.

Em uma viagem de uma hora de carro, chegamos ao lago. Josh veio puxando o barco no carro do seu padrasto e todos foram espremidos com ele. Estava tudo pronto para começarmos a descer o rio, estavam todos sentados esperando, quando Shannon abordou Micah e eu, que estávamos mais afastados.

- Connor me contou o plano todo, vocês não vão fazer isso, não é?
- Ele merece, Shan – Micah respondeu sem olhar para a amiga
- Roubar suas roupas e jogar ele no rio para deixá-lo voltar pelado não é o certo a se fazer, você sabe disso.
- O que quer que eu faça? Já está tudo pronto, não posso desistir agora!
- Pode sim, fale com Josh. É muita maldade o que vocês querem fazer, ele só quer ser da turma.
- Ela tem razão, Micah... – falei apoiando Shannon
- Ok, tudo bem, vou avisar ao Josh que o plano foi cancelado. Mas ainda vamos descer o rio, ou ele vai desconfiar.

Shannon voltou para o barco e fomos até Josh, que desamarrava a corda da árvore. Micah foi direto ao assunto dizendo que o plano havia sido cancelado, mas não quis explicar o porquê. E a reação de Josh foi a que eu já esperava.

- Não, não vou deixá-lo desistir! Aquele balofo bate no seu irmão e você quer desistir?? Seu fracote!
- Ele só quer se encaixar, Josh. Nós nos afastamos dele, éramos amigos quando crianças.
- Ele quis assim, quando começou a se aproveitar do fato que sempre foi maior e nos espancar.
- O plano está cancelado, nós não vamos mais fazer isso, assunto encerrado. Agora vamos logo, quero voltar antes de escurecer.

Micah voltou para o barco sem deixar Josh responder e fiquei ajudando-o a desamarrar a corda para sairmos com o barco. E pela expressão no rosto dele, Micah não havia o convencido a dar para trás assim tão fácil...

ººº

- Ok, Josh, verdade ou desafio?

A viagem corria tranqüila, já estávamos descendo o rio há mais de uma hora e todos estavam se divertindo. Ao menos na medida do possível, claro. Ryan era realmente chato, e passou o tempo inteiro provocando a gente. Inventou apelidos, caçoou, jogou água, mas estávamos mantendo a calma. Até Josh parecia ter se conformado em desistir da vingança e, já cansados de remar, paramos no meio do lago para descansar. Evan sugeriu que brincássemos de Verdade ou Desafio e todos toparam, menos Shannon, dizendo dizia que sempre alguém saia machucado dessas brincadeiras. Era a vez se Sean perguntar.

- Verdade.

Sean hesitou em fazer a pergunta, como se esperasse que ele escolhesse desafio, e Micah cochichou alguma coisa em seu ouvido. Sean riu e encarou Josh.

- Você já traiu sua namorada alguma vez? – e todos no barco riram
- Não, eu amo a minha namorada e não vejo razão para trair ela. – ele respondeu encerrando os risos
- Se o Santo Josh está dizendo, quem somos nós para contestar! – Ryan falou debochado e todos riram outra vez.
- Ok, minha vez – Josh sorriu forçado para Ryan e se virou para Micah – Micah, verdade ou desafio?
- Verdade
- O que viemos fazer hoje no lago?

O barco inteiro caiu em silencio, todos olhando para Micah. Ele encarava Josh sério, e graças às minhas aulas de legilimência, sabia que ele estava se controlando para não bater no amigo. Josh estava de pé na ponta do barco e mantinha os braços cruzados, claramente se divertindo com o impasse do amigo em cumprir as regras do jogo e ser sincero.

- Viemos passar uma tarde juntos, por causa do aniversário do Evan – Micah enfim respondeu, e optou por mentir.
- Ele está mentindo, trapaceou no jogo, Micah.
- Cala a boca, Josh – Evan alertou o amigo
- O que viemos fazer aqui, Micah? – Ryan perguntou – Seu papai não lhe ensinou que é feio mentir? O papai do Josh pelo visto ensinou que sim
- Não fala do meu pai, seu balofo! – Josh falou entre dentes para Ryan
- Calma, não falei nada demais!
- Você se acha engraçado, não é? Pois eu o desafio a pular nesse lago, sem roupa! Vamos, pule, mostre que é valentão!
- Ei cara, calma, eu não escolhi desafio. Quero verdade, ok?
- Josh, calma – Micah levantou e se pôs entre os dois
- Anda logo Micah, você ainda não contou a verdade! – Josh berrava fora de controle
- Calma pessoal, assim o barco vai virar! – levantei também e fiquei ao lado de Micah para tentar separa-los
- Nós chamamos você para o passeio para lhe pregarmos uma peça, mas eu mudei de idéia antes de sairmos com o barco – Micah virou para Ryan e contou a verdade
- Então isso tudo era um teatro? – ele falou parecendo ofendido
- Isso mesmo, gorducho! Nós não te convidamos porque gostamos de você. Você só esta aqui porque deu uma surra em Connor e queríamos vingar ele!
- Isso é verdade, Connor? – e o menino confirmou com a cabeça
- Já chega Josh! – Micah gritou com ele e o empurrou para a outra ponta do barco
- Vocês são patéticos... Um bando de garotos que se acham descolados, mas que não passam de um bando de idiotas! Micah é um órfão imbecil, que nem os pais quiseram; Evan uma bicha magricela, com seus papais dançarinos bichas também; Sean se acha inteligente, mas não é nada mais que um ignorante; e você Josh? Sabe, antes não entendi porque ficou tão irritado quando mencionei seu pai, mas acho que agora lembro de minha mãe ter me contado... Ele se matou, não foi? Estourou os miolos com uma arma, não agüentou a vadia da sua mãe traindo ele, não agüentou os filhos imprestáveis, e preferiu se matar... Você é tão patético quanto ele!
- CALA A BOCA SEU IMBECIL!

Não deu tempo de fazer nada. Um segundo depois, Josh já estava com as mãos no pescoço de Ryan e tentava enforcá-lo. Agarrei-o pelas costas e com a ajuda de Evan tentava afasta-lo de Ryan, mas ele era muito forte. Shannon pegou Connor e correu para a ponta do barco, e Micah e Sean estavam entre os dois tentando apartar a briga. Ryan era mais forte que todos juntos e Micah não estava conseguindo aparta-los, e acabou o empurrando para trás. Ryan se desequilibrou com o empurrou e tropeçou no banco do barco, caindo no lago.

A correnteza estava forte e logo Ryan fora levado para longe do barco. E também, logo ficou evidente que ele não sabia nadar. Micah foi o primeiro a se jogar na água e nadar até ele, sendo seguido por mim e Evan, que pulamos atrás dele. Nadar a favor da correnteza era fácil e rápido, mas com a mesma rapidez que nos movíamos Ryan também era levado por ela. Micah finalmente o alcançou e o ajudamos a puxá-lo até a beira do lago, às margens de uma floresta. Os outros chegaram com o barco logo depois e Shannon, que queria ser medibruxa, correu para socorrê-lo, mas já era tarde demais. Ryan já não estava mais respirando.

Tuesday, July 03, 2007

Mudar para crescer.

Isn't it strange?
The way things can change
Life that you lead turned on its head
Suddenly someone means more than you felt before
House in its yard turns into hope

Alguns dias haviam se passado e o funeral de meu pai e de tia Megan, parecia algo tão distante, como se houvesse sido um delírio coletivo e agora as coisas começavam a voltar ao ritmo "normal".
-Você devia vir conosco, mudar de ares... A Mad ia gostar de te ver lá..O Ian também. - insistiu Gabriel.
-E o pessoal do time, está doido para conversar com você sobre novas táticas para o ano que vem. Claro que já avisei que não tenham muitas esperanças, a próxima taça é da Nox, mas eles dizem que você é o capitão deles e vai fazer estrago, há-há, só quero ver. Vem com a gente? – pediu mais uma vez Miyako.
- Não posso, não agora. Minha mãe está resolvendo as coisas no Ministério, sabem...a papelada dele, também está acertando a ida dela para a Academia de Aurores, e a Emily precisou voltar para a escola, e já que estou de férias quero ficar com a mamãe o máximo possível. – respirei fundo e disse:
- Obrigado por tudo. Sem o apoio de vocês, eu não teria conseguido passar por isso, sem pirar.
- Sabe que pode contar com a gente, não sabe? Agora mais do que nunca.- disse Gabriel sério.
- E que se quiser ir lá pra casa, basta chegar com a mala. Mamãe vai liberar o disk comida sem restrição. - disse Miyako e acabei rindo.
- Sim, eu sei, e mais uma vez: obrigado.- e nos abraçamos apertado, em despedida. Eles iriam assistir a formatura de nossos amigos em Beauxbatons e eu não tinha motivo algum para festejar. Mesmo a alegria pela conquista da Copa de Quadribol, estava tão longe agora.

I'm sorry but I meant to say
Many things along the way
This one's for you
Have I told you I ache?
Have I told you I ache?
Have I told you I ache
For you?

Ouvi uma batida na porta e aguardei...
Era meu tio Dylan entrando no meu quarto e trazia uma bandeja de comida nas mãos, comecei a ensaiar uma desculpa quando ele disse:
- Resolvi jantar com você, já que você anda evitando os seus primos e sua mãe está evitando a todos nós. Claro que com sua tia Patrícia se lamuriando até eu estou evitando jantar na mesma mesa que ela. E não me diga que não quer comer os bolinhos de canela recheados que sua avó preparou, ela disse que você está magro demais, então por favor: coma um pouco, nem que seja só para agradá-la.
Acabei sentando-me com ele e começamos a comer, tio Dylan começou a relembrar de férias de infância e contou coisas engraçadas que havia passado com meu pai e meu tio Ian. Achei que o clima iria ficar ruim, mas me enganei: eu já conseguia falar de papai, sem começar a chorar e isso parecia bom.
- Ty... Tenho uma coisa a perguntar a você.
- O que é?
- Você já pensou em estudar em Durmstrang?- e ante minha negativa, ele começou a me falar sobre a escola, suas disciplinas, e sobre coisas que havia conversado com meu pai, algum tempo antes dele morrer, dali o assunto foi para antigas tradições de família que eu desconhecia. Ao final de nossa conversa, eu já pensava em como comunicar aos meus amigos que eu iria embora de Beauxbatons. Mas antes eu teria que passar pela aprovação de minha mãe.

The time that it took
Riding wiles for my book
Seems to have broken in half
The gate that I shutLast time I got hurt
Seems to have opened
So
All the world has been uknown
It's trying to catch me up
Tell me to appreciate here and now

- Mas eu quero ir estudar em Durmstrang mamãe. Vai ser bom para mim.
- Porque isso Ty?
- Acho que lá eu posso melhorar como jogador de quadribol, que é o meu objetivo e seria apenas por este ano.
- Você não está fazendo isso, para fugir não é?
- Não tenho motivos para fugir de nada... Ou de ninguém. - comecei a ficar irritado.
- Eu vi o jeito que você olhou para trás quando saímos de Beauxbatons. Esperava que ela viesse atrás de você não é?
-Não, eu não esperava nada dela... Não mais.
- A Rory não teve culpa de nada Ty. Se ela soubesse como tudo aconteceu, talvez...
- Ela fez a escolha dela, que foi proteger a mãe. Você permite que eu vá para lá?- tentei mudar de assunto.
- Isso é o que mais te machuca não é? Não ter sido a primeira escolha dela. – fiquei calado e desviei os olhos, após alguns segundos vendo que eu não falaria mais nada mamãe disse:
- Ty, lá você estará num ambiente completamente diferente do que está acostumado, só tenho medo de que você não se adapte. Vai estar longe dos seus amigos, é sempre bom ter algum colega por perto.
- Mãe, acho que depois das coisas que passei, consigo encarar a cara feia de alunos mal-humorados com um novato na boa, e vocês me ensinaram a me virar em emergências. Vai ser bom para mim este tempo longe. E lá não deve ser tão ruim, assim, se o Riven conseguiu ficar lá, eu também fico. E o tio Sergei sempre aparece por lá, não há com o que se preocupar.
- O Riven não teve opção, pois não recebeu cartas de escolas diferentes como você. (ela pensou um pouco e disse): -Está bem Ty, eu permito que você vá. Mas ao primeiro sinal de problemas eu te trago de volta, mesmo que você não queira. Te garanto que nem mesmo seus apelos irão me convencer do contrário. Estamos de acordo?- sorri afirmativamente e ela me abraçou. Ficamos um tempo abraçados, e eu perguntei olhando nos olhos dela:
- Você vai ficar bem?
- A gente se adapta a tudo não é? Até as coisas ruins, então eu ficarei bem. Bom... Agora vamos começar a tratar de sua transferência e vamos fazer algo que estou precisando: Compras! - e pela primeira vez em vários dias vi minha mãe saindo do meu quarto um pouco mais animada para ir chamar minhas primas e tias. Percebi tarde demais que as compras tomariam o dia todo, mas se isso a deixasse um pouco mais aliviada, eu encararia numa boa. Voltei para a janela do meu quarto e olhei para Loch Ness, que trazia a superfície calma e disse baixo:
- Prometo fazer o que for preciso para alcançar nosso objetivo em Durmstrang, papai!

All the world has been uknown
It's trying to catch me up
Tell me to appreciate here and now
I'm sorry but I meant to say
Many things along the way
This one's for you
Have I told you I ache
For you?

Nota da autora: Ache, James Carrington