Wednesday, February 22, 2006

Relembrando os velhos tempos...

do diário de minha mãe Alex McGregor

Após verificarmos que todos os alunos de Beauxbatons haviam sido encontrados e estavam sãos e salvos, paramos e nos olhamos mais calmas, enquanto caminhávamos até fora da escola para aparatarmos de volta a Paris. Kyle e Sergei iriam ficar na escola junto com outros aurores, para deixar os garotos mais tranqüilos:
AM: Acho que agora nossos filhos estão em segurança não?
YH: Não me conformo: uma escola deste nível e acontece isto? - ligando o celular, pois já estávamos longe dos portões da escola.
LS: Bando de incompetentes, escrevi ao Remo xingando pelo sumiço do Gabriel....
AM/YH: Você fez o quê?
LS: Escrevi ao Remo, afinal aquela Ordem da Fênix ainda está na ativa não? Deveriam ter nos alertado...
Eu e Yulli trocamos alguns olhares e sugeri:
AM: Acho que deveríamos ir tomar um café não? Para colocarmos em dia os assuntos....
YH: Sim, precisamos de algo absurdamente gostoso para nos acalmar... - e parou, pois começamos a dar risada.
Aparatamos na parte bruxa e apesar dos acontecimentos do dia, havia pessoas que circulavam por ali em pequenos grupos; atravessamos para a parte trouxa e como estávamos próximas da Champs Elysées, as levei até um café por ali mesmo, para conversarmos.
Após estarmos bem servidas de croissants quentinhos e belas xícaras de café expresso, começamos o interrogatório;
YH: O que afinal você disse ao Remo?
AM: Contou do Gabriel?
LS: Vocês enlouqueceram? Não contei nada...
AM: Mas você disse que escreveu ao Remo, xingando pelo sumiço do Gabriel, deduzi que ele está sabendo...
LS: Não contei a ele sobre o Gabriel, apenas cobrei serviço da Ordem, sei muito bem que ele está em Paris e não se mexeu pra ajudar...
YH: Ah, ele está em Paris é??? E como você sabia disso?
AM: Louise você deveria nos explicar como você sabia que o Remo estava em Paris? Porque o Kyle só me informou que havia reforços de Dumbledore, quando foi contar pra Maxime. Que vontade de bater nele.
LS: Scott estava em contato com alguns membros da Ordem e eles disseram que ele estaria aqui oras... - mas ela não nos convenceu.
AM: Mas você já o viu depois destes anos?
LS: Não o vejo desde que os Potter morreram....
AM: Yulli presta atenção no papo e diga alguma coisa minha filha. Manda os seus empregados pararem de te ligar neste celular, senão vamos jogá-lo fora. Eles não dormem não?
LS-É vamos afogá-lo neste café.

Yulli deu uma ordem enérgica ao empregado e desligou o celular para se concentrar em nós e dispara:
YH: Você enlouqueceu de vez Lou? Se ele nem imagina que papel tem na vida do Gabriel...
LS: Mas eu estava descontrolada com o sumiço do meu filho, quando vi já tinha mandado a coruja...
AM: Isto pra mim é desculpa, você tá doida pra rever o Remo.
YH: Sim, ainda sonha com os uivos durante a Lua cheia...
E imitamos o som de lobos uivando, e Louise ficou vermelha como um pimentão.
LS: É... Mas não sou eu que fico encabulada, com um certo russo que só faltou usar uma placa dizendo: sou o salvador da sua filha, beije-me, beije-me....- disse para desviar do assunto.
YH: Patético não? Parecia um adolescente.
AM: Ah, mas ele realmente ficou preocupado com as crianças gente. Vamos dar um desconto.
YH: Alex, ele ficou foi com medo da sua cara quando você disse ao Kyle pra não aparecer sem o seu filho, isto sim. - (e virou-se para Louise) E isto Lou, depois dela gritar com os aurores novatos chamando-os de incompetentes.
LS: Assustou eles foi?
AM: Mas veja bem... Eles estão aqui para proteger as crianças, depois do ataque que aquela moça sofreu no acampamento. Fora o desencontro de informações né? Eu só fui pra escola porque me disseram que o ataque era lá.
YH: Porque o Cott está entrando em contato com os membros da ODF?
LS: Ele queria fazer uma festa e reunir todo mundo...
AM: Ele pirou? Sabe que eles não se reúnem assim todos juntos, e outra: ia estragar a festa com a presença do Seboso.
YH: Ai, ele continua? Sabe que não acredito na redenção dele?
LS: Eu também não, mas se Dumbledore acredita, sabem que isto é lei.
AM: É por estas e outras que andei me afastando da ODF...
LS: Nem tenho tempo para a Ordem, já trabalho demais no hospital pra ficar correndo de um lado pro outro atrás de comensal, seguindo pistas que nem sempre dão em nada.
YH: E eu ando com muitos problemas nos negócios da família. Nunca pensei que administrar negócios fosse tão complicado... E o trouxa que toma conta pra mim me olha como se eu fosse uma anormal! Coitado...
AM: Se ele soubesse o que você pode fazer quando está irritada, ai sim teria motivos pra ter medo. Bem, eu sou uma obliviadora muito comportada do Ministério. Alguns daqueles aurores vão ter pesadelos comigo, pois faço o auror bonzinho lá, me dou bem com todos, Kyle é que faz o auror mau.
LS: Difícil de acreditar que você é comportada
YH: Pelo menos são eles que vão ter pesadelos, e não você? Lembro da sua época de zumbi...
LS: Ah nem lembre disso, porque ela não dormia e tirava o sono de todo mundo. Afinal ficávamos vigiando-a lembram-se?
AM: Sim, época terrível, veio tudo como uma avalanche. Ainda bem que Sergei e o Lu conseguiram descobrir o que eu tinha. Pelo menos hoje controlo os poderes e posso usá-los par localizar pessoas como fizemos com o Gabriel e os outros garotos... Ainda bem que ele não me viu, senão aí sim teríamos mais problemas...
LS: Sim, pois ele é curioso até demais! Ia me interrogar ate descobrir porque sua cabeça estava flutuando ou porque seu corpo ficou transparente.
YH: Falando nisso, acho que vou embarcar com a Mi pro Brasil nas férias Louise... Estou precisando sair do Japão por uns tempos!
LS: Ah vai sim, você vai adorar o Brasil, vai se sentir em casa, ô povo pra ter fogo...
AM: É Yulli, você precisa de mais animação. Sabe que se desse até eu iria?
YH: O que você sugeriu com a frase: têm fogo? Não entendi a metonímia
LS: Tem certeza que não entendeu? Porque posso desenhar pra você.
AM: Yulli: somos nós querida, deixe a máscara em Tóquio sim? E pela confusão que você fez comigo por causa do que falei sobre seu passado para a Miyako, sabemos que você é um vulcão.
YH: Agora não estou entendendo a ironia... ¬¬
LS: Hii Alex, a falta do russo tá deixando ela lesada...
AM: Vai Yulli conta: como foi???? Na escala de 1 a 10 como Sergei se classifica? Lembre-se que ele foi um dos melhores da sua listinha
YH: Vamos mudar de assunto? Esse já está gasto...
LS: Ai meu pai, tinha esquecido dessa listinha. Você a mandou junto com o seu diário pra Miyako?
YH: Alex, não me obrigue a fazer um flashback da sua listinha ok? Como era o nome do bobão mesmo? Fábio Prewett... Merlin, que mala! E você Louise, mandou o seu diário pro Gabriel? Acho que não... Ele ia se assustar de ver que a mãe dele se treme com um uivo... Aúúú
AM: Hiii, Lou, Sergei deixou a Yulli bamba; quando ela ataca é porque está sem argumentos. E minha lista até que foi curta... Afinal os porres não me deixavam lembrar dos nomes mesmo
LS: É, essa tática é velha já. Não mandei meu diário pra ele porque não tem nada ali que o interesse. Preciso muito mesmo que meu filho leia os relatos da mãe com 16 anos depois de encher a cara porque brigou com o pai dele... Eu não teria paz nem na próxima vida.
YH: Olhem aqui vocês duas: eu tenho histórias de vocês que se eu contasse iriam arrepiar o Ty e o Gabriel por um bom tempo... Então, não me estressem, porque eu já tenho muito com o que me preocupar já!
AM: Bem... não posso falar muito porque o TY não sabe o que faço realmente.
LS: Ok, ok, vamos mudar de assunto.
YH: E a Sarah? Com o Mark eu falo de vez em quando, e o Alucard sumiu também...
LS: Falo com elas às vezes, acho que está morando na Bulgária ou algo assim.
YH: E a Sam? Merlin, o que anda acontecendo com aquela desmiolada?
AM: Ela casou com o Josh não foi?
LS: Ate onde sei, sim.
YH: Ah, que bom... Lembrem-se que nós praticamente fomos as responsáveis por esse matrimônio! O capítulo do armário de vassouras é memorável!
LS: Memorável foi ouvir as reclamações dela, mas todas sem fundamento, já que estava pra lá de satisfeita com o desfecho da situação.
AM: Nunca vi alguém tão feliz cheirando a mofo... Claro que a boca inchada de beijos era um detalhe.
YH: Sim... Ela não conseguia esconder aquele sorriso de triunfo no rosto!
LS: Mesmo sorriso besta que brotava na cara do Tiago sempre que ele arrancava um beijo seu Yulli...
AM: Sim, e depois que ele a pica-pau se casaram ela ainda te olhava com raiva lembra?
LS: E sem razão, pois foi o Tiago que terminou com a Yulli pra poder ficar com ela.
AM: Ah, mas ela era uma chata...
YH: Que fique em paz o Tiago... Era uma boa pessoa apesar de todas as nossas brigas! Mas nunca iria dar certo! Pólos muito extremos de um universo só. Minha vida daria uma novela mexicana! De repente os casais se invertem! Uma coisa de deixar qualquer um meio completamente bitolado!
AM: Ah sabem que eu vi outro dia? O Logan.
LS: Ele ainda tá vivo? Era tão bonitão na época da escola... Ele continua bonito?
AM: Sim, continua uma coisa de tão bonito. Kyle ficou indignado quando o viu sentado na minha sala
LS: Me lembro da indignação dele quando viu vocês juntos no baile. Se pudesse ele teria tirado o Logan de lá a tapas.
AM: Precisava ver o Kyle perguntando todo irritado, o que ele tinha vindo fazer aqui. Deu-me trabalho convencê-lo que era uma visita de amigo.
YH: Uh, com o Logan ele deve ficar desconfiado mesmo...
AM: O fato de eu quase ter me casado com ele, é passado. Hoje somos amigos, mas o Kyle insiste que o Logan não perdeu as esperanças, pois continua solteiro.
LS: Como assim vocês quase se casaram? O.O
AM: Bem... Algum tempo depois da formatura nós ainda nos víamos sem compromisso, então ele me pediu em casamento... E como eu o achava uma pessoa confiável, aceitei. Claro que depois com o diário da mamãe, tudo mudou.
YH: Ótimo... Notícia de primeira mão essa hein? Porque raios você não contou nada pra gente? Ia se casar em segredo é? Por projeções? ¬¬
LS: Boa pergunta! Quando íamos recebe do convite? Nas bodas de prata?
AM: Ah gente, eu aceitei me casar com ele, apenas porque o Kyle estava noivo.
LS: Coitado Alex, ele era legal demais pra ser step. Nao merecia ....
YH: Sim, mas só por isso é motivo suficiente pra se casar anonimamente?
AM: Mas ele me mantinha segura entende? E não me cobrava a emoção que eu devia sentir por ele...
YH: Que graça Alex... A sorte dele foi não ter se esbarrado comigo no caminho!
LS: É verdade, quando ele surgiu do nada, estávamos todas solteiras!
AM: Sim, ele é ótimo. Não poderia pensar em ninguém melhor para ser meu companheiro, se não tivesse descoberto que o Kyle não era meu irmão.
YH: A melhor época que vivemos não? - perguntou saudosa.
LS: Melhor época mesmo... Apesar de ter voltado com o Remo depois, foi bom demais ficar longe dele aquele tempo.
YH: Aúúúúú... Você ouvia uivos em todos os meninos né Lou? Chegou a ouvir uivos do Dashwood ou do Mark também?
LS: Não ouvi nada do Mark, tava bêbada demais aquela noite pra distinguir som. Até hoje não acredito que fiz aquilo
AM: Pobre Mark, no dia seguinte não sabia onde enfiar a cara.
LS: Ele não teve onde enfiar a cara? E eu?? Pelo pouco que me contaram, eu que agarrei ele!
YH: E quem diria né? Nada como um dia após o outro... Ai ai...
AM: Não Lou... Você o ATACOU mesmo. O coitado deve ter pensado enquanto se rendia: não, não... Oh...Deuses como é bom. Afinal a Lílian nos últimos tempos o deixava a ver navios...- caímos na risada.
YH: É Lou, desse sentimento de culpa eu não vou poder te aliviar... Você praticamente se pendurou no pescoço do Mark, ai já sabe né? Os dois bêbados, a carne fraca, enfim... Mas acontece nas melhores amizades...
LS: Sim, a vantagem é que eu não era a única que tinha bebido e tudo voltou ao normal depois.
AM-Bem garotas, vamos dormir porque amanhã cedinho Paris nos espera.
YH-Como cedinho? Estou um caco.
LM-Sim, quero pelo menos 12 horas de sono, para me sentir gente novamente.
AM-Ai deixem de ser reclamonas. Até aprecem que nunca viramos a noite numa farra. Não quero saber: vamos nos encontrar no Arco do Triunfo, antes das 5 da manhã, para que vocês tenham uma pequena noção do que é estar em Paris.
Insisti tanto enquanto as deixava na porta do hotel, que elas não viram outra solução a não ser concordar comigo, afinal uma emergência com nossos filhos havia se transformado em uma pequena visita, e nada melhor que matar as saudades e relembrar os velhos tempos, durante um tour pela cidade luz.

Monday, February 20, 2006

Corra que o comensal vem ai

Das vagas lembranças de Gabriel Graham Storm

- Ele está acordando!
- Gabriel, meu filho, você está bem?
- Mãe? O que você ta fazendo aqui? O que aconteceu?
- Hii ele não se lembra... – disse uma menina que reconheci como sendo do 4º ano da Fidei.

Minha mãe estava sentada do meu lado e me apertava aliviada por eu ter acordado. A menina sentou na cama ao lado e começou a falar. Tudo que me lembro é de ter ido ao Louvre e estar perto do setor do Egito quando uma gritaria começou. Corri para tentar descobrir o que tinha acontecido e vi comensais da morte explodindo tudo e todos que viam pela frente. Um grupo de alunos de Beauxbatons que estava perto correu apavorado e os segui. O mais velho de todos tentava manter a ordem, mas era impossível. Minha ultima lembrança é de estar tentando abrir um sarcófago com ele para nos escondermos quando ouvi um estouro e apaguei. A garota agora dizia que os comensais haviam nos encontrado e percebendo que éramos bruxos pelo fato dos mais velhos estarem com as varinhas em punho, desataram a lançar feitiços aleatórios. Um deles atingiu o sarcófago que tentávamos abrir e ele explodiu, fazendo as madeiras e todos os objetos raros em volta caírem por cima de mim e do outro garoto.

- Mas então como que eu estou vivo?
- Não sei, um deles me estuporou e não lembro de mais nada.
- Alex encontrou vocês e alertou os outros aurores a tempo. Havia um grupo perto do Louvre e aparataram lá na mesma hora.
- E o que você veio fazer na escola? Quando chegou?
- Cheguei tem algumas horas. Vim assim que soube o que aconteceu, você ainda estava desaparecido e entrei em pânico.
- E a Miyako e o Ty?? Eles estão bem?? Nos separamos assim que chegamos em Paris, não sei pra onde eles foram!
- Calma, eles estão bem, chegaram bem antes de você. Kyle e Sergei os encontraram escondidos com outros alunos.
- Porque os comensais saíram atacando os trouxas? Eles não deveriam estar duelando com bruxos?
- Não sei o motivo do ataque, ainda estão tentando descobrir. Você não deveria estar agitado assim, a enfermeira disse que precisa descansar.
- Acho que já descansei demais durante o tempo que estava desmaiado, quero sair daqui.


Sai levantando da cama fugindo das mãos da minha mãe que tentava me fazer deitar outra vez. Minha cabeça doía e ao passar a mão percebi que tinha um curativo na testa, provavelmente por conta das madeiras que caíram por cima de mim. Minha mãe não saia de perto de mim e fomos andar pelos jardins um pouco. Acho que ela não acreditava que eu estava inteiro, pois toda hora perguntava se eu estava me sentindo bem ou se doía alguma coisa. Tentava arrancar informações sobre o tumulto dessa tarde, mas não consegui nada, ela mudava de assunto rápido e quando eu percebia já estávamos falando sobre qualquer coisa totalmente diferente. Estávamos sentados nos bancos do jardim quando Miyako e Ty vieram correndo na minha direção, tia Alex e tia Yulli caminhando atrás deles devagar. Miyako se jogou em cima de mim me descabelando todo.

- É você mesmo Biel? Não é o seu fantasma que veio de despedir né?
- Sou eu sim, tenho certeza. O que aconteceu com vocês? Pra onde foram?
- Foi cada um pra um lado. Você eu ainda sabia onde estava, mas a Miyako só sabia que tava com o búlgaro e seu pato.
- Na próxima visita a Paris não vamos nos separar ok? Quase morri de preocupação!
- Sim, vamos achar um programa em comum e irmos todos pro mesmo lado!
- Tia Louise já contou pra você do barraco na diretoria?
- Que barraco? – perguntei espantado e vi minha mãe rir.
- Você apagou mesmo hein? Dava pra ouvir os gritos lá do ultimo andar! – Ty falou zombador enquanto tia Alex e tia Yulli se sentavam perto da minha mãe também rindo.

Quando indaguei minha mãe mais uma vez sobre o barraco elas começaram a contar que ao chegarem à escola e verem que os filhos não estavam de volta inteiros, marcharam até a sala de madame Maxime exigindo explicações. Os outros pais que estavam por aqui acabaram seguindo o exemplo das três e um verdadeiro pandemônio se instalou a diretoria. Era pai por todo canto querendo saber o paradeiro dos filhos ao mesmo tempo em que cobravam reforço na segurança da escola, principalmente quando os alunos estão soltos em uma cidade como Paris. Ty contou rindo muito que Maxime apenas gesticulava, pois não conseguia completar uma única frase sem ser interrompida com alguma pergunta intimidadora. Mamãe falou que quando viu que não conseguiria responder nada, Maxime pediu licença dizendo que precisava checar se mais algum aluno tinha sido encontrado e saiu da sala, não voltando mais. As coisas só acalmaram depois que começamos a aparecer aos poucos, mas minha mãe quase morreu aqui, eu voltei no ultimo barco de resgate.

Ficamos apenas mais alguns minutos nos jardins e depois nossas mães precisaram ir embora, mas não para casa, obvio. Ouvimos as três combinando de sair à noite, acho que mamãe vai ficar por Paris alguns dias... Gerard apareceu logo que elas se despediram da gente, nos mandando entrar depressa. Refizemos o caminho para o castelo mais tranqüilos, fazendo planos para comemorar o aniversário da Miyako direito, dessa vez sem correria e confusão...

Sunday, February 19, 2006

Presentes de Aniversário!

Da penseira de Miyako Kinoshita

- Vamos logo ou perderão uma boa parte do tempo ao passeio em Paris! Entrem, que o barco já vai sair...

Sai rebocando Sávio aos tropeços, até que conseguimos embarcar a tempo no barco. Os estudantes estavam super animados com mais uma viagem à Paris, mas eu estava animada em dobro, afinal, não é todo dia que se faz aniversário e se tem oportunidade de sair dos terrenos do castelo para algumas comprinhas nesse mesmo dia né? Havia combinado de encontrar Gabriel e Ty no mesmo lugar de sempre. Os dois estavam sentados na proa, conversando animadamente, quando me aproximei...

MK: Bom dia!
TM, GS: Miii!

PUM, PLOFT, CABUM! Você não sabe o que é mal acordar direito, e receber dois corpos em cima de você em pulos nada delicados e leves... Gabriel me abraçava forte, quase me sufocando, e Ty levantava meus braços no ar, balançando-os. Passei a viagem toda planejando o dia com meus amigos, e apenas combinamos de nos encontrar na hora do almoço em um café da Champs Elysée, pois iria dar uma de guia turística pra Sávio...

Saímos andando pelas lojas e fazendo algumas paradas. Sávio olhava encantado para as lojas francesas, e apontava freneticamente a Torre Eiffel ao norte da capital. Passamos a manhã toda fazendo compras e andando, e na hora do almoço retornamos ao centro da avenida para irmos ao café. Atravessamos para a parte trouxa, e chegamos a um aglomerado de pessoas saindo do trabalho para almoçar.

Foi tudo tão rápido... Só me lembro de estar admirando uma vitrine, quando ouvimos um estouro não muito longe, um clarão, gritos, e em seguida uma velha caindo ao chão, gelada. O desespero tomou conta de todos os ocupantes da avenida. Uma legião de bruxos vestindo longas capas negras e máscaras disformes estavam seguindo pela avenida com varinhas em punho lançando feitiços cegos.

Segurei firme o braço de Sávio e comecei a descer desesperada a avenida apinhada de gente correndo e berrando, o terror espalhado. Não havia como ir até o barco da escola, ficava para o outro lado da avenida, precisava entrar em algum lugar, me esconder. Passamos na entrada de um dos cafés, e a dona estava fechando a porta rapidamente. Corremos até lá e pedi para deixar-nos entrar... Ela me olhou desconfiada, mas acabou cedendo, abriu a porta, e assim que entramos, fechou violentamente, trancando com a chave.

A mulher estava fora de órbita, parecia não acreditar no que estava vendo! Levou-nos para o interior do café, e nos sentamos em uma mesa. Ela olhava para a porta fechada escutando atentamente todos os movimentos do lado de fora. Até Sávio estava calado e preocupado. A fama dos Comensais era universal, e as máscaras lendárias. O tumulto lá fora estava diminuindo, se afastando... A dona do café se levantou, e então pude sentir meu estômago afundando de fome.

MS: Belo aniversário esse meu... No meio de um ataque, com fome, e com um búlgaro que nem ao menos entende nada e nem me deu parabéns...
AL: Desculpe, é seu aniversário?
MS: Eu e meus pensamentos altos... Sim!
AL: Parabéns! Amélia Lavousier...
MS: Miyako Santai!
AL: Ele não entende o que falamos? – disse apontando com o queixo pro Sávio.
MS: Não, é búlgaro, chegou há pouco tempo...
AL: Se você estiver com fome, posso trazer alguma coisa...
MS: Seria ótimo - disse pegando o cardápio no balcão.

Amélia era uma ótima pessoa. Almoçamos e depois ela me trouxe um bom pedaço de torta de chocolate, com uma vela... Quando a avenida estava silenciosa, ela abriu o café novamente. Aurores perambulavam por ali obliviando todos os trouxas, e procurando alunos desaparecidos.

Sergei, o padrinho do Ty, estava em frente ao café, e assim que eu sai ele veio correndo e segurando minha mão feliz. Despedi de Amélia ainda em tempo de um grupo de aurores obliviarem ela. Sergei nos levou até o barco de apoio do Ministério e voltamos para a Beauxbatons. Ainda carregava uma boa parte da torta comigo, que daria para Ty e Gabriel, mas confesso que não foi nada agradável passar o dia do meu aniversário trancada em um café com medo de Comensais perambulando do lado de fora da porta...

Cheguei ao castelo e mamãe que tinha ido para lá enlouquecida com a notícia veio correndo em minha direção, com os braços abertos. Sergei segurou com um pouco mais de força meu ombro quando a viu, e abriu um largo sorriso.

YH: Ah Mi, fiquei tão preocupada!!! Onde você estava?

Comecei a relatar pra mamãe tudo o que tinha acontecido, e quando cheguei à parte do resgate...

SM: Eu a encontrei e trouxe-a até aqui!
YH: Ah é? Hum, agradeço! Mi, parabéns!
MS: Obrigada mamãe... Não precisava se desesperar, não vê que tenho um herói por perto sempre? –Soltei uma risada e uma piscadinha atrevida pra mamãe que corou e olhou pro chão.

Fomos para o castelo e logo mamãe foi até o escritório de Madame Máxime, disse que queria conversar sobre o ocorrido. Encontrei Gabriel e Ty logo depois, e eles me contaram como havia sido o dia deles. Ficaram muito felizes com a porção de torta de aniversário, e me deram os presentes que haviam comprado. Quando estava anoitecendo, mamãe veio se despedir de mim carregando um grande pacote.

YH: Feliz Aniversário filha!

Quase cai dura de alegria quando abri e vi uma Firebolt brilhosa e novinha ali dentro! Meu aniversário não podia ter terminado melhor!

Corram que o bicho vai pegar!

Anotações de Ty McGregor

Andei um pouco quieto depois que conheci o namorado da Morgan e devo admitir: meus amigos tinham razão. Nunca daria certo.
Resolvido este pequeno conflito, falei com Gabriel sobre o passeio a Paris:
TM- E ai? O que vai fazer em Paris?
GS- Quero ir ao Louvre e....
TM- De novo? Aquilo é muito chato. Não dá pra fazer nada....
GS- Chato nada, você é que não tem sossego em lugares calmos.
TM- Até gosto de lugares calmos, mas ver sempre as mesmas obras, cansa. Acho que vou até a loja de vassouras....
GS- De novo? Fomos lá o mês passado. – foi a vez dele pegar no meu pé e demos risada.
TM- É.. tenho que comprar um presente para a Miyako e tô meio sem idéias....
GS- Porquê?
TM- Como porquê? O aniversário dela coincidiu com passeio a Paris, oras.
Meu amigo bateu a mão na testa dizendo: Putz....
TM- Podemos combinar de encontrar com ela em algum café, para comemorar e entregar os presentes.
GS- É... vai ser legal.
Tomamos o barco que nos levaria a Paris e sentei com meus amigos perto da proa. Abraçamos Miyako falamos que os presentes seriam dados num café da Champs Éllises, e seria surpresa. Ela que já havia combinado de sair com o pato búlgaro acatou nossa sugestão rapidinho. Ao chegarmos nos separamos, e fui com Gabriel procurar o presente dela. Gabriel já tinha noção do que comprar, eu estava em dúvidas entre um pomo de ouro e um par de luvas de couro de dragão.
Gabriel já estava ficando impaciente com minha demora resolveu ir até o museu e depois nos encontraria no café. Fiquei olhando aquelas coisas legais, mas sabe quando você não fica satisfeito com nada? Resolvi procurar mais um pouco e entrei numa ruazinha enfeitada com de lanternas chinesas. Bem no começo via-se uma placa escrita: Rue Le Soleil Naissant, e resolvi conhecer. Talvez encontrasse coisas orientais, que eu sabia faziam o gosto da minha amiga.
Entrei numa loja cheia de pedras naturais e a vendedora uma chinesa de cabelos grisalhos sorriu e me deixou á vontade. Olhei tudo, pois a loja era bem bonita e estava quase desistindo quando reparei numa pequena escultura, num cantinho empoeirado. Era um dragão chinês todo feito de jade e nos olhos havia dois rubis bem miudinhos.
A vendedora aprovou minha escolha, dizendo que aquele dragão era um amuleto de sorte e proteção. Paguei e pedi que fizesse um embrulho bem caprichado, pois era presente para uma amiga. Coloquei no bolso e como ainda tinha tempo fui para a loja de vassouras. Estava distraído olhando as vassouras, quando escutei gritos e som de feitiços sendo disparados, olhei e havia comensais correndo e espalhando terror pela rua. Minha primeira reação foi encontrar um lugar para me abrigar, mas minha atenção foi atraída para três garotos paralisados de terror, e algum feitiço fatalmente iria atingi-los.
Corri até eles e gritei, enquanto olhava para onde podíamos correr:
TM- Venham comigo agora.
Sai empurrando-os na minha frente, e achei uma loja velha e abandonada. Joguei meu peso contra a porta e ela cedeu, os garotos entraram atrás e começaram a falar ao mesmo tempo apavorados, enquanto eu fechava a porta:
TM- Calem a boca, ou os comensais nos pegam. Vamos ficar quietos e escondidos, nossas chances de sobrevivência serão maiores assim. - dizia enquanto sacava a varinha e ficava de frente à porta. A menina que parecia ser um pouco mais velha concordou comigo e sacou a varinha, dando ordens aos amigos:
-Vamos fazer o que ele diz, ele sabe o que faz.
Pobre garota.... Se soubesse que eu estava tão apavorado quanto eles não teria dito isso.
Mas repetia a mim mesmo, as instruções do meu pai: Numa situação de extremo perigo, não perca a cabeça, mantenha-se calmo, por mais difícil que seja. A ajuda sempre chega.
A confusão lá fora era muito grande, e logo outros gritos se misturaram aos comensais e passavam muito perto do nosso esconderijo. Eu me perguntava se Miyako e Gabriel estavam bem, e o que eu faria se algum comensal entrasse ali. Comecei a olhar para as crianças e uma menina estava encostada no ombro do menino chorando apavorada. A mais velha ordenava baixinho com voz trêmula que eles ficassem quietos, e logo olhou para mim. Pude ver que embora apavorada, ela procurava manter-se calma e não me perdia de vista.
TM- Quero que fiquem juntos. Se algum comensal entrar aqui, eu vou atrasá-lo enquanto vocês fogem ok? Corram o mais rápido que puderem até os barcos da escola.
-Nós não vamos deixar você aqui. Você vem com a gente. - disse a menina.
TM- Deixa de ser tapada. Corra com seus amigos que eu me viro.
- Vamos todos juntos ou não vai ninguém. - disse resoluta e eu tive ganas de socar ela. Porque as garotas têm que ser teimosas assim? Nunca vou entendê-las.
TM- Sou o mais velho aqui e vão fazer o que mando.
Ela ia abrir a boca para responder, quando um jato de luz escancarou a porta nos cegando por instantes. As meninas gritaram e eu gritei: Impedimenta, mas um escudo de luz, absorveu meu feitiço. E um vulto alto se aproximou e me levantou do chão como se eu fosse um trapo, enquanto dizia alto:
- Eu os achei.
-Pelos deuses, você está vivo...... - e logo mais gente vinha correndo até nós.
O vulto era o meu pai me abraçando forte.
Abracei-o por instantes e como estava muito apertado disse:
TM- Pai, tá me sufocando.
Meu pai riu, me soltou e logo fui abraçado pelo meu padrinho, que estava todo preocupado e disse:
SM- Vou continuar a procurar. - e saiu porta afora.
KM- Vamos para o barco rápido. - e foi nos empurrando para o barco. Enquanto andávamos rápido, perguntei ao meu pai:
TM- Como me achou? Vocês vieram rápido.
KM- Tivemos um alarme de perigo no Ministério e aparatamos para cá o mais depressa possível. Dei uma olhada rápida na rua, e quando vi a loja vazia com a tranca arrebentada, pensei que algum comensal poda ter se escondido aqui e vim ver. Por sorte eram vocês. Sua mãe já estava dizendo que se eu não te encontrasse, não precisava voltar para casa.
TM-Pai.... Miyako e Gabriel estão em segurança? - e vi meu pai hesitar.
KM- Ainda não sabemos, filho. Sua mãe está ajudando nas buscas. Vamos ter fé.
Entramos no barco e logo partíamos, vi quando meu pai correu de volta para onde ainda podia haver confusão e desejei com todas as minhas forças, que ele achasse meus amigos e que todos voltassem a salvo para o castelo.

Saturday, February 18, 2006

Apenas um beijo, nada mais

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Depois do ocorrido na festa do dia dos namorados, não falei mais com Marie. Não porque não quis, é claro que não! Mas porque ela andava me evitando pelos corredores. Sempre que me avistava grudava em alguma amiga e sumia e em sala sentava afastada. Quando pegava ela me olhando, percebia que ela corava e abaixava a cabeça. A situação já estava incomodando e com Bernard me cobrando uma atitude, decidi acabar com a palhaçada no passeio a Paris. Não ia cobrar nada dela, apenas chama-la para nos acompanhar como sempre fazemos e delicadamente tocar no assunto.

Já estávamos sentados no fim da embarcação quando Marie entrou. Ao perceber que ela fez menção de ir se sentar na proa, começamos a berrar e sacudir os braços. Como não teve como ignorar o chamado, ela se juntou a nós. A viagem correu tranqüila, ninguém mencionou a festa durante todo o trajeto até o porto. Assim que atracamos Bernard sugeriu que fossemos às comprar, antes que as lojas lotassem de estudantes enlouquecidos. Marie evitava ficar sozinha comigo e comecei a me perguntar se ela lembrava de tudo que tinha acontecido, mas tudo mesmo. Estava com a impressão que ela havia esquecido de alguns fatores constrangedores da noite e me contive para não interroga-la.

Dominique reclamou que estava com fome e paramos em um café no Champs Elysée. Um silencio mórbido se instalou depois de alguns minutos de conversa e Bernard não conseguiu segurar aquela boca grande dele.

BL: Ok isso é ridículo!
DC: O que houve?
IL: Senta Bernard, fica quieto.
BL: Não, não dá! Marie, por Merlin, você tem que dizer por que ta com essa cara! Todo mundo aqui já sabe que você ficou com o Ian na festa, não é mais segredo!
DC: Hã? Como é? Vocês ficaram na festa? Como que ninguém me contou isso?
ML: Luke, o que você andou contando a eles??
IL: Ora, contei o que aconteceu... Você se lembra não é?
ML: Parcialmente...

Outra vez um silencio se instalou na mesa. Bernard sentara outra vez e encarava Marie à espera de uma explicação, Dominique tinha um muffin na boca e olhava dela pra mim curioso e eu a encarava. Ela parecia forçar a memória para se lembrar de tudo.

IL: O que você se lembra?
ML: Lembro de ter bebido... Muito! E que você apareceu e ficou conversando comigo, mas não sei sobre o que.
DC: E...
ML: E... bom... Depois me lembro de ter agarrado você. – falou tampando a mão com o rosto, um pouco envergonhada.
IL: Você só lembra disso? Não lembra do que aconteceu depois que você me beijou?
ML: Lembro que você não se esforçou para me impedir... O que mais aconteceu??
DC: É, o que mais aconteceu?
BL: Quieto Nick, deixa o Luke falar!
ML: Luke, o que mais eu fiz?

Olhei para os três na mesa e tive que rir. Tinha certeza que os meninos esperavam ouvir algo impróprio para menores e Marie temia o que eu ia dizer. Mas a verdade é que o resto da noite não foi muito agradável. Depois de me agarrar, Marie começou a, bom, querer esquentar um pouco as coisas. O normal seria não me opor a uma situação dessas, mas ela estava realmente bêbada. Eu comecei a afastá-la e quando mais eu tentava freia-la, mais ela me agarrava. Marie finalmente parecia ter entendido que naquela condição eu não iria mais além e ficou me encarando por um tempo, piscando depressa, até que vomitou. Sim, ela vomitou em cima de mim nos jardins. Saltei na hora, evitando receber a carga máxima de tudo que ela comeu no dia e depois que ela parou, a carreguei de volta para o castelo. Levei-a ate um banheiro, a limpei toda e depois a deixei em seu dormitório. Nenhuma de suas amigas nos viu, por isso então ela não sabia o que tinha acontecido. Enquanto eu ia contando, Dominique ria escandalosamente, Bernard mantinha a mão na boa para segurar a gargalhada e Marie ia afundando na cadeira, corando cada vez mais.

ML: Eu vomitei em você? Tem certeza?
IL: Plena certeza.
DC: Por que ninguém me chamou pra ver isso? Onde eu estava? – Dominique ria de chegar a balançar a cadeira e Marie olhava para ele furiosa.
ML: Luke me desculpa. Eu não devia ter bebido daquele jeito, olha no que deu? Desculpa ter usado você pra curar minha dor de cotovelo, não tinha esse direito. O que eu fiz foi besteira, eu não sou assim. será que você pode esquecer tudo que aconteceu naquela noite? Foi tudo um grande erro, prometo que não vai se repetir!

Fiquei sem reação na hora, não esperava que ela dissesse que foi tudo um erro e que ela preferia que eu esquecesse, mas diante daquilo, só consegui balançar a cabeça concordando em passar uma borracha em tudo. Bernard olhou para mim indignado, mas o que ele queria que eu fizesse? Pegasse a rosa que enfeitava a mesa, me ajoelha-se ali e dissesse a ela que eu não queria esquecer nada, que tinha gostado do beijo? Ta, provavelmente teria sido o melhor a se fazer, mas estava claro que ela só me via como amigo e esse ato insano e inesperado não mudaria nada.

Voltei à atenção ao meu café quando um estouro seguido de gritos nos chamou a atenção. Homens encapuzados que reconheci imediatamente como comensais da morte vinham descendo a Champs Elysée, fazendo os trouxas que estavam nos cafés da avenida voarem. Levantamos depressa e corremos avenida abaixo, tentando chegar o mais rápido possível no barco. Aurores vinham correndo de encontro aos comensais e logo o som de feitiços ricocheteando podiam ser ouvidos, enquanto os gritos ficavam cada vez mais intensos. Alcançamos a Pont de la Concorde em questão de minutos e muitos alunos já estavam lá dentro apavorados enquanto os professores e outros funcionários da escola tentavam acalma-los e saiam para resgatar os demais. Deixamos o porto antes do barco encher e alguns professores ficaram para encontrar os alunos desaparecidos. Eu respirava com dificuldade devido a distancia que corri até ali, mas só conseguia me perguntar o que havia dado inicio a esse ataque e se meus pais estavam com aqueles aurores. Precisava dar um jeito de avisar a minha mãe que estava vivo, antes que ela tivesse um enfarte!

Thursday, February 16, 2006

Ciúme ..Raiva... Perda ...

recuperado de alguns papéis picados de Ty McGregor

Depois do baile em que só consegui dançar direito com a Morgan uma vez só, hoje eu a veria de novo. Não, não é um encontro, quem dera fosse.
Ainda estou cumprindo detenção, e como é o ultimo dia fui requisitado a ajudar o professor de Zoologia, na orla da floresta. E a coisa parecia ser secreta e perigosa, pois ele solicitou a presença do Gabriel também.
GS-Ty, porque ele quer a gente lá esta hora da manhã? O que você disse pra ele?
TM-Eu não disse nada, ele só falou: Traga o Storm,meu melhor aluno de Zoologia. Ai te passei o recado, só isso. Seguimos até a orla e não encontramos o professor, encontramos Gerard o zelador com ordens para nós.
G-McGregor, limpe a baia de Aquiles e troque a água; Storm: vem comigo para verificar umas armadilhas que deixei na floresta, devem estar cheias. Logo o professor Coussot vai estar aqui.
Nos separamos e comecei meu trabalho, e como estava sozinho comecei a falar comigo mesmo. Não, eu não sou louco, só ordeno as minhas idéias, só isso.
“Acho que vou falar com ela hoje...mas o que eu digo? sou apaixonado por você...não, não...estou doido de amor por você...credo, isto é podre.....Você encheu de luz os meus dias sombrios....” e escutei alguém soltar uma risadinha.
Olhei para ver quem ria e me deparei com um estranho, segurando uma vassoura, e trazia no ombro algo parecido com cordas, mas eram tiras de couro. Notei que usava botas de couro de dragão e vestes pesadas de viagem.
-Desculpe, não pude deixar de ouvir. Acho que você não deve se prender a estas frases feitas, as garotas querem que sejamos nós mesmos. Isto é que funciona, ah.... e procure não estar cheirando a estrume também. - disse apontando par a baia que eu acabara de limpar.
Não fiquei chateado pela interrupção, até porque ele não tinha aquele olhar zombeteiro dos amigos da Morgan, que se achavam superiores.
Logo ele me estendeu a mão, e tinha um aperto de mão firme:
-Weasley. Estou esperando o professor Coussot.
-McGregor. Então fique á vontade, o zelador disse que logo ele estaria aqui. - e continuei meu trabalho. Acho que ele era daquelas pessoas que não gostavam de ficar paradas, pois começou a ir de baia em baia e ver se estava tudo bem com os animais. Ouvi um tropel de cavalos e meu coração deu um pulo.
-É ela. - pensei e larguei o forcado que estava usando para jogar feno na baia e corri para a porta, e o que vi me fez arregalar os olhos de surpresa e admiração:
Morgan, estava montada em Aquiles e vinha em disparada levantando poeira pelo caminho, e o cavalo obedecia ao seu comando como se fossem um só.
Olhei para o estranho ao meu lado e ele tinha um olhar de admiração nos olhos.
Não, lembrando agora era mais do que isso. Estranho idiota....
Ela freou o cavalo, saltou ao chão e vinha correndo na minha direção, com um sorriso de satisfação no rosto. Estava com as faces coradas....
Abri um enorme sorriso ao vê-la e imaginei: ela vai se jogar em meus braços, ela sentiu minha falta, ela gosta de m ... .dele?
Se jogou nos braços do estanho e beijou-o na boca, enquanto ele a erguia do chão.
Eu estava petrificado. Mas consegui ir voltando ao normal, enquanto eles se desgrudavam e Morgan falava atropeladamente.
MOH-Quando chegou? Porque não avisou que vinha?Que falta você me faz... - e o estranho tinha um ar satisfeito, enquanto a abraçava mais.
CW-Cheguei agora há pouco com os rapazes. Eles ainda estão no castelo tomando café, e eu fiquei aqui no estábulo conversando com o McGregor.
MOH-Ty, que bom que está aqui, quero que conheça o Carlinhos, meu namorado. Amor, este é o Ty o amigo que me levou ao baile da escola, de que lhe falei. - e logo me vi apertando a mão do estranho mecânicamente.
Gabriel tinha razão sobre os boatos de que o namorado da Morgan era grande. Ele era bem alto e forte, pois a ergueu do chão sem esforço nenhum. Logo ele a ajudava com Aquiles e ele falava com o cavalo, como se já o conhecesse.
Eu só queria sair dali o mais rápido possível, mas para minha infelicidade o professor chegou acompanhado de mais três rapazes, trajados como o namorado da Morgan e Miyako vinha toda feliz, junto deles.
Humpf, ela já deve estar trocando endereços com alguns daqueles babacas....
Gabriel logo chegou com o zelador e vinham carregados de doninhas, recém mortas. Meu estômago embrulhou.... Não, não sou molenga quando vejo animais mortos, eu estava furioso demais.Queria abrir um buraco no chão e me enterrar. Mas como não podia pegar outra detenção, aguardei que aquele professor pateta dissesse o porquê de estarmos ali.
PC-Bom dia a todos. Agradeço muito por terem vindo. - disse abrangendo a todos.
CW-Onde está o nosso amigo, professor?
Droga... Sabe que reparando na voz dele, ele deve ser meio fanho? O que ela viu nele? Gabriel deve ter percebido, o que se passava comigo, pois se postou ao meu lado, acho que para evitar que eu fizesse alguma besteira.
PC-Para os alunos aqui presentes: McGregor, Storm e Santai, será uma coisa maravilhosa de ser vista, a senhorita O'Hara já está acostumada, pois tem me ajudado com ele, há um bom tempo. Sigam-me. -e nos levou um pouco dentro da floresta, andamos por um bom tempo, e avistamos uma clareira com um cercado de bom tamanho, coberto com um toldo. Enquanto eles iam à frente, fiquei mais atrás com Gabriel e Miyako.
MS-Nossa quem é o bonitão ruivo? Um gato.
TM-nhannahmnhorela. - grunhi.
GS-Namorado da Morgan. - traduziu para nossa amiga.
TM-O que ela vê naquele monte de ferrugem?
GS-Que monte de ferrugem? Que coisa besta de se dizer.... Ele só é ruivo, isso é crime por acaso? - disse indignado.
MS-Eu gostei até do cabelo dele, mais comprido, eles fazem um casal bem legal.
TM-É parece um farol no meio da neblina. - enquanto olhava feio para Miyako.
GS-Ty, pára com isso ele pode ouvir...
TM-Que ouça, eu não ligo. Olha lá, parece um gorilão.... Eu sou uma besta.... Ainda escutei conselhos... Ainda pensei em... - fui resmungando enquanto caminhávamos até mais próximo do cercado.
Quando nos aproximamos, o professor parecia que ia mostrar a oitava maravilha do mundo, pois só faltava pular nas pontas dos pés de excitação:
PC-Quero lhes apresentar o meu querido Othelo. -enquanto puxava o toldo que cobria o cercado.
Eu que esperava ver um dos cavalos super nutridos de Beauxbatons, fiquei sem fala, enquanto Gabriel repetia ao meu lado, com a voz um pouco esganiçada pelo choque e pela emoção:
GS-Um dragão... Aqui?.... Um dragão... Um filhote..... Eu não tô acreditando.
MS-Lindo. - e seus olhos pareciam querer saltar das órbitas.
Tá eu reconheço: Nunca vi algo tão maravilhoso assim.
Os caras logo davam a volta para ver o dragão que devia ter uns 5 metros de altura, e ao ver a aproximação de estranhos suas narinas soltaram algumas faíscas e fumaça.
PC-Othelo são visitas boazinhas, não faça desaforo. - ele falava como se falasse com um cãozinho. O cara é doidão realmente.
TM-Othelo, faça churrasco do cabeça de fósforo. Vai.... só um bafinho e ele já era. - pensei enquanto via aquele Weasley dando a volta no cercado todo, conversando com os amigos e segurando a mão da Morgan, logo ele veio falar com o professor.
CW-Ele é bem grande, e só vamos poder levá-lo durante a noite. Não podemos arriscar que os trouxas nos vejam.
GS-Como assim levá-lo? Ele é nosso. Precisamos estudá-lo. - e Miyako sacudia a cabeça concordando.
PC-Eu adoraria que ele ficasse, mas para a segurança dele ele deve ficar entre seus iguais. Notei Morgan e O ferrugem de cochichos e não me segurei:
TM-Quem garante que ele é capaz de cuidar dele? Nem sabemos direito quem é... Ou o que faz.... - disse apontando com o queixo e acho que fui longe demais, pois deixei meu ciúme falar mais alto.
CW-Nós somos tratadores de dragões, somos bem treinados no que fazemos, e vamos levá-lo para crescer e se reproduzir nas Ilhas Hébridas que é de propriedade da família da Morgan. – disse paciente, enquanto Morgan olhava espantada para mim.
Eu olhava para ele com tanta raiva, tava difícil de disfarçar, então perguntei para o professor:
-O senhor precisa de mim para mais alguma coisa?
PC-Temos que cuidar do Othelo durante o dia hoje, para não ficar estressado. E pensei que vocês gostariam de ajudar, seriam os únicos alunos da escola a ver um dragão de pertinho.
GS/MS-Gostaríamos. - disseram Gabriel e Miyako em uníssono.
PC-Posso contar com sua ajuda senhor McGregor?
Apenas fiz que sim, com a cabeça e notei que o cabeça de fósforo me olhava sério, e não desviei os olhos. Se ele soubesse um pouco de legilimência iria ver a raiva que estava sentindo dele e principalmente de mim mesmo. Por sonhar com algo que agora eu vejo, não posso ter.

Wednesday, February 15, 2006

Dia dos namorados cheio de estranhas surpresas...

Do diário de Morgan O'Hara

Num dormitório da Fidei Angeli, antes do café da manhã...
MOH- Eu não acredito que você quer que eu diga ao Ty que não vou mais ao baile com ele, porque Armand está de bico. Aliás, ele nem deveria estar assim, pois não é meu namorado e ele que veio dizendo que não poderia ir comigo ao baile lembra?
MD- Ah eu lembro, mas ir com um garoto do 4° ano é humilhante demais né?
MOH- Não acho; pois estou indo com um amigo, igual seria se fosse com Armand.
MD- Um amigo pra você, mas os olhos daquele menino dizem outra coisa.Ele tá caído por você, e só você não quer ver isto. E já pensou no que o Carlinhos vai dizer?
MOH- Carlinhos disse que o que eu fizer está bom, já que ele não pode vir pra cá.Ele confia em mim. Assim como eu confio nele.
MD- Confia .... Sei... Se ele visse o jeito que aquele menino olha para você, não estaria tão seguro.... O garoto te olha como se você fosse o último copo de água no deserto.
MOH- Gosto do Ty como gosto de Armand, é apenas amizade. E por mais estranho que possa parecer, ele não é infantil.- enquanto ria do seu cometário exagerado.
Falar em meu namorado era sua ultima cartada e ao ver que eu não me abalei, e tive que aturar mais cobrança da parte de Armand, durante o café da manhã. Só parou porque ameacei nunca mais falar com ele, se ele insistisse nisso. Que coisa mais chata....
Na hora do baile Ty e eu nos encontramos no salão, a após acenar para só amigos dele, nos sentamos junto com Marienne, Julian, Armand, Denise para jantar. Tudo ia bem, até começaram as piadinhas de Armand e Julian:
AG- É seu primeiro baile, Timoty?
TM- Sim, e é Ty.
JG- Nossa, e seus pais deixam você ficar acordado até tarde?
Ty ficou vermelho mas respondeu calmo:
TM- Claro, se vocês "velhotes" conseguem porque eu não conseguiria?
Não me contive e comecei a rir. Acho que eles não esperavam tanta audácia do meu acompanhante e passaram para assuntos mais amenos e todos pudemos conversar numa boa. Após o jantar, teve início o baile e eu que achava que convivia com pessoas adultas, tive uma surpresa.
Começou com Ian, vindo todo galante me tirar par dançar:
IR- Oi, Morgan, tá a fim de dançar comigo?
MOH- Oi, Ian, estou acompanhada do Ty. - e ele já ia responder quando Ian diz:
IR- Ah, mas eu estive longe, e o "moço" aí vai ter a noite inteira pra ver você.
Acho que Ty, quis parecer descolado e disse:
TM- Por mim tudo bem.
E lá fui eu dançar com Ian, antes de terminar a música aparece Armand e troca com Ian. Continuamos assim por umas quatro músicas, pois dancei com Julian também e novamente com Armand. O pior era que eu não conseguia voltar para a mesa, pois sempre no meu caminho aparecia um deles, e quando eu via já estava presa pela cintura dançando com alguém. Em dado momento estávamos dançando uma música em 5 pessoas, e vi Ty se encaminhar para a mesa dos amigos. Pensei em ir atrás, mas os meninos fecharam a roda, percebendo minha intenção. Entendi o joguinho: evitar que dance com o Ty.
Bem, rapazes, vou frustrar seus planos hoje, sinto muito- e continuei como se nada tivesse percebido.
Ai começou uma música lenta e alguns professores estavam dançando também, e entre eles o professor de Mitologia com a professora de Botânica. Eu fazia par com Armand.
AG- Viu como você está aproveitando melhor o baile comigo do que com o fedelho?
MOH- Armand você me decepcionou. - disse seca e ele ficou surpreso.
AG- Mas por quê?
MOH- Porque considerava você um amigo, e como amigo você deveria apoiar e respeitar minhas decisões sejam elas quais forem. - então o vocalista da banda disse para fazermos as trocas de pares, e meu par era o professor de Mitologia.
Desde o dia em que ele havia falado da coragem dos comensais, eu procurava falar o menos possível com ele, e agora seria inevitável.
FR- Está uma festa muito bonita não?- disse para puxar papo.
MOH- Sim, está tudo muito bem organizado.
FR- Senhorita O'Hara creio que ficou com uma impressão errada da minha pessoa, quando falei que achava os comensais corajosos. Não quero que pense que os apóio.
MOH- Não penso professor, pois se pensasse já teria falado com Madame Máxime sobre isto. – disse indiferente, mas sua mão apertou a minha um pouco mais.
FR- Como poderia apoiar alguém, que quase a machucou. - disse me encarando e eu Fiquei surpresa, mas fiquei calada:
FR- Sabe que seu nome significa habitante do mar? Muito apropriado, pois você deve ser uma sereia disfarçada, muito encantadora.
MOH- Seria bom se voltássemos aos nossos pares. - disse fria.
Eu estava ficando com medo daquele homem. Primeiro elogia os comensais, agora está me cantando? Ele não é um conquistador, ele deve ser doido. Ele percebeu meu receio e disse como se nada tivesse acontecido:
FR- Vamos procurar nossos pares senhorita, estou um pouco cansado com esta agitação.
Logo estava dançando com Armand novamente e ele ia dizendo que Milena ficou o tempo todo cobrando-lhe mais empenho nas aulas de Botânica, que havia sido uma parceira muito chata. Notei Ty do outro lado do salão, e disse:
MOH- Vamos. - e o puxei pela mão ate próximo de onde Ty estava.
Soltei sua mão e disse séria: Acabou a brincadeira.Vou dançar com o Ty. Fui até onde meu par estava e lhe estendi a mão. Ele olhou surpreso de mim para Armand e a pegou. Dançamos uma música sem interrupções, mas ele falava, falava, e eu apenas me limitei a ouvir sem prestar atenção. Minha mente estava fervilhando: Porque o professor quis se desculpar comigo? Será que é culpado de alguma coisa e está tentando ganhar tempo? E o que ele quer comigo?
Ty percebeu que eu não estava concentrada nele e ficou calado, e aproveitei a deixa:
MOH- Você se importaria se eu fosse embora? - ele sacudiu a cabeça em negativa e me acompanhou até a entrada da Fidei.
TM- Morgan eu queria te dizer uma coisa...
Sua expressão era séria, parecia que ia revelar alguma coisa importante e as palavras trocadas pela manhã com Marienne me vieram à mente: Ele tá caído por você....
MOH-Ty você é um ótimo amigo e excelente dançarino, muito obrigada pela companhia. - dei-lhe um beijo na bochecha e entrei em meu salão comunal, sem olhar para trás.
Talvez Marienne tenha razão, e eu tenha que me afastar do Ty, antes que as coisas fiquem complicadas.

Trato é trato

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Sabe quando você faz uma aposta por pura empolgação, mas segundos depois você se dá conta de que foi uma péssima idéia? Que além de ser uma situação delicada, envolve outras pessoas? Pois é, estou com esse problema. Samuel e eu apostamos que beijaríamos as garotas que gostamos nesse dia dos namorados, mas ambos nos arrependemos rapidamente. Mas claro que nenhum dos dois teve coragem de dizer que estava pensando em dar pra trás e a aposta seguiu em frente. Passei a semana toda esquematizando um jeito de fazer isso sem parecer atirado, mas foi impossível pensar em algo sutil. Como ela reagiria a isso? E se não gostasse e se afastasse de mim de vez?

O tão esperado dia chegou. Elfos fantasiados de cupidos cantarolavam saltitantes pelos corredores, jogando pétalas de rosas nos alunos e entregando bilhetinhos apaixonados no meio das aulas. Recebi meia dúzia de corações com poemas melosos, mas não cheguei nem perto do saldo de Dominique. Não conseguíamos dar um passo sem que um elfo nos parasse para entregar alguma coisa e em sala era impossível assistir aula com ele perto. O professor de Transfiguração desistiu, sentando-se à mesa e começando a conversar com os alunos nas primeiras cadeiras, enquanto uma fila de elfos aguardava para fazer sua apresentação para Dominique. Bernard rabiscava algo num pedaçinho de papel, tentando esconder o conteúdo da gente.

IL: O que você tem ai?
BL: Nada. To copiando a matéria do quadro.
MD: Mentira, você já acabou de copiar tem meia hora!
BL: Michel, você é novo aqui, não pode dar opinião ainda.
ML: Anda Bê, deixa a gente ver. É torpedo pra alguém?
IL: Claro que é! Dá isso aqui! – arranquei o papel das mãos dele e subi na cadeira enquanto lia, Marie e Michel segurando seus braços. – “Deixar os livros de lado e aproveitar a festa não vão lhe fazer mal. Estarei lhe esperar no salão comunal da Sapientai às 19hs e não aceito não como resposta. Bernard”.
MD: Pra quem é isso?
ML: Oooh é pra Bel não é? Diz que sim, vocês fazem um casal tão bonitinho...
BL: Muito obrigada Luke, valeu mesmo.
IL: Ora Bê, pra que o estresse? Ela não parece ser do tipo que abandona os livros, mas você é um bom partido. Tenho certeza que ela não vai dar bolo!

Bernard tomou o bilhete da minha mão e sentou emburrado, mas depois desfez a cara feia e levou na brincadeira. Quando saímos da aula ele entregou o papel ao elfo discretamente e fingimos que não vimos para não deixa-lo mais constrangido do que já estava. Como não tínhamos mais nada pelo resto da tarde, caminhei pelos jardins com os três. Percebia que Michel não parava de secar Marie, mas como ele fazia o mesmo com qualquer outra garota que passasse ao seu lado, não dei importância. Alias, meu primo foi outro que concorreu com Dominique nos torpedos mesmo sendo novo na escola. Agora pelos jardins, como o Nick estava ocupada com suas milhares de fãs em algum corredor do castelo, era Michel que chamava a atenção. Logo ele saiu atrás de uma garota do 7º ano que piscou para ele ao passar e não nos vimos mais pelo resto da tarde. Deitamos em um dos pufes que estavam decorando o gramado e ficamos os três mudos olhando as nuvens. Confesso que por diversas vezes pensei em pagar a aposta ali mesmo, mas me contive. O bolha d’água do ex-namorado de Marie passou por nós nos encarando e saiu irritado, sem que eu entendesse o motivo. Marie se aborreceu por causa disso e acabamos entrando de uma vez por todas para nos arrumarmos.

O salão foi todo decorado com coisas rosa e vermelho. Varias mesinhas redondas foram organizadas pelos cantos dele e alguns sofás e pufes estavam agrupados em um espaço separado, no fundo do salão. Teríamos um jantar antes da banda começar a tocar e pude ver a professora de Etiqueta vigiando os alunos para se certificar de que todos andavam prestando atenção em suas aulas. Estava na mesa com Marie, Bernard com Bel, Michel e a acompanhante do 7º ano e Dominique com uma menina do 6º ano da Nox, Danielle. Quando a musica encerrou e todos levantaram pra dançar, entendi a mão para Marie, que me acompanhou sem contestar. Podia ver Samuel com Amaralina e constatei que ele já havia cumprido sua parte no trato. Sempre que nos esbarrávamos no salão ele piscava e indicava Marie com a cabeça, mas não estava na hora ainda, não podia simplesmente agarra-la ali. O vocalista da banda iniciou uma brincadeira de troca de pares e Bernard puxou Marie para dançar. Olhei ao meu redor procurando quem iria dançar comigo e vi a professora de feitiços sozinha. Corri até ela sorridente e estendi a mão, fazendo uma reverencia que imitava os elfos.

IL: A senhorita me concede a honra desta dança?
CT: Mas como recusar um convite de um jovem tão encantador?
IL: Por favor...

Abri caminho com a professora ate o meio do salão e começamos a valsar. Ela era de longe a professora mais divertida da Academia e adorada por todos os alunos, até os mais exigentes. Alguns casais em volta pararam de dançar para observar e rir, pois rodopiávamos pelo salão meio descompassados. Quando o vocalista anunciou mais uma troca, beijei a mão da professora e ela foi puxada por Dominique. Marie dançava com um menino da nossa turma que tinha namorada, então não me preocupei e fui até a mesa onde alguns alunos do 7º ano da Fidei estavam sentados, entre eles a Morgan, e a tirei para dançar. O garotinho que acompanhava ela não pareceu gostar muito, mas para dizer que era legal não se opôs e a conduzi ate o meio do salão.

IL: O que você viu no pirralho Morgan?
MOH: Não fala assim dele Ian, o TY é legal. E não vi nada demais, ele é só um amigo.
IL: Pra você né? Eu já tive 14 anos e naquela época também queria ser amigo de todas as garotas do 7º ano.
MOH: Para de implicar com ele ou piso no seu pé! Dança calado e deixa que eu tenho a situação sob controle.

Ela riu e prometi não falar mais nada e nem implicar com o menino. Morgan aproveitou a deixa e me puxou pra perto de Marie, perguntando quando eu ia tomar vergonha na cara. Fui salvo pelo gongo, pois uma nova troca de pares aconteceu e Armand Gaston a tomou dos meus braços. Acenei sorrindo e puxei Marie para dançar novamente. Bernard também dançava com Bel outra vez e Dominique com a professora de etiqueta ao nosso lado.

ML: Não tem graça repetir o par... – disse brincando
IL: Ora, não se pode contrariar as forças da natureza. É inegável que existe uma química aqui... – falei sorrindo bem cínico e Marie riu
ML: E se tiver química também com o professor de Mitologia?
IL: Vou ser obrigado a interromper a fusão antes que algo exploda...
ML: Está com ciúmes por acaso?

Eu ia responder que sim, mas na hora a senti sendo arrancada de mim e Dominique surgiu logo atrás, rodando Marie no salão. Dessa vez não ouvi o aviso da troca e puxei a Isa, que passava distraída pelo meio das pessoas. Ela se assustou na hora, mas acabamos dançando por 3 musicas seguidas. Uma balada mais agitada começou a tocar e os que estavam sentados levantaram, enchendo a pista numa fração de segundos. Logo minha visão foi obstruída por milhares de cabeças e não conseguia mais encontrar Marie. Já não havia mais trocas de pares com musicas agitadas e fui me sentar. Samuel estava na mesa e ficamos conversando um pouco, onde ele me questionou sobre a aposta. Garanti que ela seria cumprida e Amaralina chegou em seguida, levando ele embora. Aproveitei para sair da mesa e fui caminhar nos jardins. Muitos alunos estavam lá fora ainda e depois de dar a volta no lago, encontrei Marie sozinha em um dos pufes. Sentei ao seu lado e peguei uma das garrafas de vinho que ela havia contrabandeado para fora do salão, abrindo e bebendo um pouco para criar coragem.

ML: Cansou de dançar?
IL: Não sou um bom dançarino pra musicas agitadas. Não sei se você percebeu, mas sou meio desajeitado para algumas coisas.
ML: É... Acho que depois de 6 anos eu já percebi isso sim. Por que os garotos são tão idiotas hein Luke?
IL: Nós não somos tão ruins, somos?
ML: É serio, porque eles esperam você virar as costas e já vão logo cantando a 1ª saia que passa na frente, só por vingança?
IL: Nós sentimos muito... – Marie estava um pouco bêbada. Já tinha abandonado a taça e bebia o vinho da garrafa.
ML: Homens... São todos uns idiotas!
IL: Hei! Nem todos são assim, viu? Foi por isso que você e o Antoine terminaram? Ele traiu você?
ML: Ele é um ridículo! Acredita que ele fez isso por ciúme? Só porque eu ando o tempo todo com vocês. Ai que raiva dele, ainda tem a cara de pau de passar aqui e me olhar atravessado, como se eu que tivesse agido errado!
IL: Nunca gostei desse bolha d’água. Se quiser, posso bater nele pra você. – falei rindo, mas ela me olhava como se considerasse a proposta.
ML: Você faria isso por mim?
IL: Eu tava brincando... Acho que chega de vinho, não? Não sai daí que vou buscar água e algo pra você comer.
ML: Você é um amor sabia? Você é um amor e é lindo... e também é um amor, já disso isso?

Seu rosto estava muito próximo ao meu, podia ver cada tom de cor nos seus olhos, que por sinal piscavam sem parar devido à grande quantidade de álcool ingerida. Ele se aproximava cada vez mais e antes que eu pudesse raciocinar, Marie já estava com os braços em volta do meu pescoço, os lábios molhados de vinho grudados nos meus. Mesmo surpreso, soltei a garrafa no chão e envolvi meus braços nela, selando de vez a aposta não tão besta assim.

Tuesday, February 14, 2006

Era um patinho infladinho, amarelinho, tão pequenininho...

Da penseira de Miyako Hakuna

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer

GS: Quem te mandou esse Mi?
MH: Sem remetente... Porque ele insiste em me mandar esse poema em partes?
TM: Acho que quer dar ênfase que te ama, ou alguma coisa assim...
MH: Patético...

Havia acabado de sair da aula de Transfiguração e um elfo com peruca cacheada loira, asinhas nas costas, segurando um arco e flechas de borracha me entregou mais um bilhete de declaração. A caligrafia era a mesma em todas e eu não fazia a menor idéia de quem estava me mandando aquilo... Vários elfos perambulavam pelos corredores entregando bilhetes, fazendo serenatas, declamando poemas e até dançando para outros alunos, a maior parte, garotas!

O bom de um dia dos namorados quando não se tem um, é as boas risadas que você garante com a data... Tudo é tão romântico e meloso que chega a dar dor de barriga. Ver as meninas chamando os namorados de meu bebexinho e os meninos com a cara mais boba e apaixonada do mundo respondendo meu doxinho de abóbora cristalizada, pedacinho de céu era fatídico demais, mas uma constante piada. Você grava a cara dessas pessoas que se prestam a isso nesse dia, e faz com que eles nunca mais se esqueçam desse comportamento!

Sentei na mesa da Sapientai com os meninos para almoçar, e mais um bilhete chegou pra mim via fadinha multicolorida e piscante. Aquilo já estava ficando chato!

É um não querer mais que bem querer,
É um andar solitário entre a gente
É um nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que ganha em se perder

TM: Isso ta parecendo coisa do búlgaro... Essas coisas que só ele entende!
MH: Não fala assim do Sávio, ele é um fofo!
GS: Ah é? Falando nele...

Sávio estava entrando no Salão Principal para almoçar naquele momento. Sentou-se na mesa da Nox ao lado do Samuel, a bóia amarela de pato na cintura... Dei um breve sorriso pra ele, que correspondeu, e voltei minhas atenções para o bilhete.

MH: Isso é um enigma! Me ajuda Gabriel, não entendo nada de enigmas!
GS: Não consigo interpretar essas coisas muito adocicadas, me desculpe...
MH: O que você acha Ty? – Ty não falou nada, ficou calado o tempo todo olhando para um ponto fixo em um horizonte... – Ty?

Ele olhava fixamente para a mesa da Fidei. Morgan estava sentada com a amiga almoçando. Estava começando a concordar com o Gabriel, o Ty estava possuído. Os olhos dele brilhavam e ele fixava uma cara maníaca pra cima da garota... Se eu fosse ela, começava a me preocupar!

MH: Ty, para! Chega de olhar pra menina, antes que você fure ela!
TM: Oras, não estou olhando pra ela, estou apenas pensando distante aqui...
GS: Sim, nós sabemos Ty... Você que gosta tanto de pensar né?
MH: O que você acha desses bilhetes que estão me mandando Ty?
TM: Acho que se chover, derretem... Isso ta o puro melado!
MH: Ah sim, obrigada pela inteligente opinião...

Mal tinha terminado a frase e outra fadinha largou mais um bilhete em forma de coração na minha frente, soltou um risinho esganiçado e saiu voando...

É um querer estar preso por vontade,
É servir a quem vence, o vencedor,
É ter com quem nos mata, lealdade,
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos maizade,
Se tão contrário a si mesmo é o amor?

Agora eu realmente estava começando a ficar encucada com esses bilhetes. O poema de amor mais enigmático que eu já tinha lido antes! Me despedi dos meninos e voltei para o Salão Comunal da Nox para terminar os deveres antes do baile. Sávio estava sentado em uma poltrona perto da lareira olhando para o pato e resmungando algo com ele, acho que conversando com o animal inanimado na cintura dele. Sentei-me de frente pra ele e ele sorriu. Com certeza não entenderia nada do que eu pudesse dizer, então tentava conversar com ele por mímicas. Ele conseguiu fazer o convite para irmos juntos ao baile juntando as poucas palavras que eu tinha ensinado de francês, e as mímicas, e eu subi pra me arrumar...

Descemos para o Grande Salão, e sentamos à mesa com um Gabriel solitário e entediado.

MH: Oi Biel...
GS: Olá!
MH: Sabia que ia vir...
GS: Só porque fui forçado por vocês!
MH: Sei... Você precisa se distrair!
SD: Mi-iako...
GS: No way Mi, manda esse búlgaro de volta pro iglu que ele veio… Até para falar seu nome a coisa é enrolada!
MH: Shii Gabriel, deixa ele... Tava ensinando o básico de francês, e meu nome ele já quase acertou... Um avanço!

As aulas básicas de francês continuaram, mesmo ali, no meio de um baile... Sávio se esforçava para repetir todas as palavras que eu dizia e Gabriel entediado rodava um garfo entre as mãos... Passou um bom tempo, quando um Ty totalmente atormentado, depressivo, e calado se juntou a nós, porque os amigos da Morgan estavam fazendo um rodízzio pra dançar com ela, e como era o de se esperar, ele tinha ido a escanteio... Os dois ficaram calados ouvindo Sávio repetir obedientemente uma frase inteira. Gabriel disse que iria dormir e se levantou decidido fincando o garfo de uma vez em uma superfície... Chuta qual era a superfície??? A bóia com o pato do Sávio! Instantaneamente, a bóia começou a murchar, murchar, murchar, até que virou um monte vazio de plástico com 4 furos identificados na parte superior... Estava instalado o caos!

Sávio agarrou a bóia desesperado, batendo nela e gritando alguma coisa que não conseguia entender... Começou a chorar e Gabriel e Ty se debulhavam de tanto rir na mesa. Belisquei os dois e mandei que ajudassem a arrumar o pato...

SD: убийство, убийство!
GS: O que ele ta falando?
TM: Sei lá! Mas deve estar te jogando uma macumba!

Sávio partiu pra cima de Gabriel, e Samuel veio correndo separar a briga. Ty se posicionou na frente dele empunhando os dois braços como se dissesse que era só ele começar... Gritei com os três e pedi calma... Precisava pensar em alguma coisa pra arrumar o pato! Gabriel apontava e murmurava feitiços para reparar, corrigir, colar e inflar, mas nada adiantava. Ty olhava ameaçadoramente pro Sávio, que retribuía o olhar zangado, e eu comecei a enrolar ataduras em volta do pato... Se tínhamos mumificado um gato, porque não um pato?

TM: Isso não vai funcionar!
MH: Se você tem idéia melhor do que essa, apresente-a por favor...

Mas como ninguém disse mais nada, apenas se deixaram levar e me ajudaram a mumificar o pato, deixando de fora apenas o buraco para encher de ar. Soprei, soprei, e o pato ia inflando novamente... Sávio pulava, apontava feliz para o pato. Novamente o pato estava inchado, porém, com uma pequena grande diferença agora... Ele estava branco! As únicas coisas fora das ataduras eram o bico, os olhos, e o inflador...

Depois desse sufoco, resolvi arrastar Sávio novamente contente de volta para a Nox e ir dormir com promessas de afogar o Gabriel e o Ty no dia seguinte!

Apenas mais uma de amor

Das vergonhosas lembranças de Gabriel Graham Storm

Olha só, vamos combinar um negócio: eu não entendo o comportamento das pessoas em certas datas e pronto! É o unico jeito de explicar o que se passou nesse castelo nesse dia dos namorados!

Já disse várias vezes e repito que considero as meninas de Beauxbatons um tanto quanto fúteis e superficiais, mas também admito que algumas têm o seu valor e que nem todas preenchem esse estereótipo. Mas o fato é que uma em especial me deixa confuso. Não, não vou dizer quem é, podem esquecer. Nem sob tortura!

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer


Depois de um café da manha tranquilo, segui para minha aula de Feitiços. O castelo estava tão meloso com aquelas decoraçoes que estava com receio de vomitar tudo que havia comido mais cedo. Ty andava pra lá de esquisito, babando em uma menina 3 anos mais velha que ele... Pobre Ty, tem mesmo esperanças de que ela veja nele mais do que um menino engraçadinho. Já Miyako vinha atrás de nós conversando com o búlgaro. Quer dizer, vinha gesticulando, pois o garoto não fala absolutamente nada de francês. A unica lingua que ele parece falar além de búlgaro é a lingua daquele ridiculo pato de borracha pendurado na sua cintura.

Eu acho tão bonito
Isto de ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer


Adentramos a sala e qual não foi a minha surpresa em ver que ela estava de uma ponta a outra decorada para a data? Corações, querubins, flechas, babados e fitinhas rosas estavam pendurados em todos os cantos e a professora se encontrava sentada em uma enorme almofada vermelha em forma de coração sorrindo para os alunos que chegavam. Nem é preciso dizer que foi impossível absorver algo de útil naquela aula não é? Além dos alunos estarem extasiados com o clima que se alastrou pela escola, elfos fantasiados de cupidos invadiam a sala de tempo em tempo, cantarolando canções romanticas. Cada vez que eles entravam, o alvo era diferente. Já me perguntava quem estava com uma diarréia mental para bolar tal idéia quando um elfo estacionou ao meu lado. Tentei enxotá-lo, mas a criatura não saiu e começou a cantar. Minha cara devia estar da cor de um pimentão, pois a turma inteira ria sem disfarce e pude perceber lágrimas escorrendo dos rostos de Ty e Miyako. O elfo fez uma reverência e saiu, largando um coração de papel na minha mesa.

- Quem mandou?
- Não tem nome...
- Ai minha barriga...

Miyako mantinha as maos na barriga rindo, mas logo o sorriso evaporou da cara cínica dos dois. Mais elfos entraram na sala e por algumas vezes o torpedo apaixonado era para eles. O tempo de Feitiços terminou e caminhava lentamente para a sala de Poções quando fui parado mais uma vez. Agora era uma elfa de saias e peruca loira de cachinhos que atirou uma flecha de borracha em mim, lendo em voz alta para o meu total desespero, mais uma cartinha melequenta. Ela rodopiou não muito graciosamente no corredor soltando a carta no ar e a apanhei bastante sem graça. Mais uma vez não tinha remetente, apenas versinhos rimados tirados de algum livro de poesia. Quem será que me mandou esse? Será que foi quem eu estou pensando? Será que foi a mesma menina da outra? Será que é mesmo uma menina?? Espero profundamente que sim...

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer


O dia correu nesse ritmo. Recebi pelo menos mais uns 5 torpedos diferentes, todos sem assinatura. Já estava com trauma de elfos e completamente disperso, não conseguia me concentrar em nada que não fossem as tais cartinhas. Relia todas cuidadosamente, na esperança de que uma me desse alguma pista da autora. Encarava todas as meninas da escola enquanto carregava os corações de papel para ver se alguma delas dava um deslize, mas nada aconteceu. Aderi a tática de ignorar os comentários engraçadinhos dos meus amigos e me separei deles quando as aulas acabaram, pois cada um tinha seus compromissos. O meu era se esconder no salão comunal e não me deixar ser arrastado ao baile por eles.

Desviei o caminho para a torre da Sapientai e me sentei em um dos pufes já instalados no jardim para a festa de mais tarde. Casais passavam de mãos dadas para lá e para cá aos beijos, com aquelas expressões de panacas estampadas na cara. Os que estavam sozinhos secavam uns aos outros, as garotas dando aquelas risadinhas irritantes e os meninos com suas melhores caras de galã de 5ª categoria, mas que pareciam estar funcionando muito bem.

Até que algo chamou minha atenção. Do outro lado do gramado, a menina mais bonita da escola caminhava com as amigas sorrindo. Não conseguia desviar meus olhos dela, por mais que tentasse. Tive a impressão que ela percebeu que estava olhando, mas ou se fez de desentendida ou eu estava começando a ter alucinações. Que coisa mais ridícula, podia sentir meu coração batendo mais depressa. Me sentia patético nessa situação, isso não faz meu gênero! Tentei pensar em outra coisa, mas quando mais se precisa, nenhuma instrução de poção complicada vêm à cabeça... Olhei de novo para onde ela estava e abaixei a cabeça depressa ao notar que ela também me olhava. Queria ir até lá, mas alguma coisa mais forte e maior que eu me impedia. As coisas estavam bem desse jeito, não via motivo para querer mudar agora só porque estou começando a sentir os efeitos da adolescência.

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber


Varri esses pensamentos da cabeça e levantei do pufe para voltar ao salão comunal e não me arrumar para a festa. Não estava com vontade de aparecer por lá, ficando vulnerável às meninas alegres que me mandaram os torpedos. E se uma delas resolve se declarar? Onde ia enfiar a minha cara? Dei uma volta maior para evitar esbarrar com ela, mas quando olhei notei que elas haviam sumido. Provavelmente foram se preparar para o baile. Já estava quase na entrada do saguão principal quando dei um encontrão forte em alguém. Era ela.

- De-des-desculpa. – gaguejei sem graça
- Tudo bem, não foi nada. Não vai me ajudar a se levantar?
- Desculpa – estendi a mão desajeitado e a ergui da grama.
- Obrigada. Voce só conhece essa palavra?
- Desculpa... *Burro, diz alguma coisa inteligente!*

Ela riu e entrou no castelo, me deixando lá com cara de pastel. Brilhante Gabriel, isso é hora de deixar o QI decair tanto? Dei um tempo até ela se afastar e entrei desacreditado no saguão. Patética minha atuação, se antes ela não sabia quem eu era, agora vai se lembrar de mim como o idiota que precisa expandir o vocabulário! Melhor tentar evitá-la nos corredores para não correr o risco de continuar me desculpando. Acho que Ty tem razão, meu problema é que eu penso demais...

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

*******************************************

N.A.: A música usada e que deu título ao texto é “Apenas mais uma de amor”, do Lulu Santos.

Monday, February 13, 2006

Ou tudo, ou nada!

Da velha caderneta de Samuel Berbenott

Com a proximidade do dia dos namorados, o castelo começou a se preparar para o baile... Já se viam corações pendurados em todos os lados, cupidos no lugar das estátuas, os quadros atirando flechas para outros quadros, e o clima novamente estava de love is in the air... Nunca gostei muito dessa data, nunca tivera passado com uma namorada. Todas as minhas antigas namoradas foram bem passageiras, e esse ano se encaminhava para mais um rotineiro e solitário dia dos namorados. Durante um intervalo de aula dias antes do baile, eu e o búlgaro fomos para os jardins jogar o tempo livre lá, e por mera coincidência, Ian que também tinha aquele tempo vago estava sentado lá fora olhando vagamente pelos gramados.

SS: Luke, de tempo vago também né?
IL: Ah sim... Senta aí!
SS: Esse búlgaro é patético! Acho que se apaixonou pelo pato, ou pelo Bubo, como ele mesmo batizou...
IL: Não mais patético do que esse castelo durante essa época não é? Chega a ser deprimente! Sozinho no baile?
SS: Alguma sugestão para o contrário?

Coincidência ou não, a sugestão passou na nossa frente naquele exato momento. Amaralina vinha caminhando ao lado da Marie. Senti o coração acelerado quando ela acenou e sorriu pra mim ao mesmo tempo em que Ian devolvia um sorriso constrangido pra Marie. Ou estava escrito na minha testa ou o meu olhar me denunciaria! Precisava tomar uma atitude, isso já estava passando de todos os limites aceitáveis. Ficamos os três ali com caras de bobos... Sávio não entendia nada do que estava acontecendo, então se limitava a sorrir pro mundo e apertar o pato na sua cintura.

SS: Ian, não dá mais companheiro! Todo mundo já notou. Acho que os planetas gritam pra Amaralina me denunciando! Eu preciso falar com ela, e urgente!
IL: No baile...
SS: Como? Só se eu beber muito!
IL: Um pacto?
SS: Pacto?
IL: Vamos fazer um pacto de honra! O baile é a chance de ouro! Eu tenho que beijar a Marie no baile, e você beija a Amaralina! Não importa o método escolhido para conseguir tal proeza... Topa?
SS: Topo! Com a pressão de um pacto eu não vou poder me conter e ir falar logo com ela...

Maldita seja a resposta precipitada! Se arrependimento matasse, eu estaria sendo sepultado um segundo depois de aceitar esse pacto mais patético que o búlgaro e seu pato. Falar era fácil demais, queria me ver fazer... Treinos em frente ao espelho de cantadas não adiantariam de nada! Oi Amaralina, tudo no esquema? Você vem sempre por aqui?Então... Calor hoje né? Pois é... ou algo do tipo: Fala aí Amaralina, tudo beleza? Pois é, vamos ter uma parada ali nos jardins? Acho que eu teria que aprender a ver constelações pra ela entender o que eu diria... Teria que ser algo do gênero: Uau, a Lua de Saturno está inclinada em um belo ângulo de 175,9° sobre a de Netuno, indica isso: SMACK!

Uma vez que se faz um pacto de honra, ele se torna inquebrável, irrecuperável e irremediável... Ou você faz, ou você faz! Os dias passaram correndo, quando o dia 14 de fevereiro alvoreceu. Fadinhas voavam pelo castelo jogando bilhetinhos apaixonados, elfos entregavam cartas de amor e faziam serenatas, admiradores secretos se revelavam para suas amadas e namorados se presenteavam e passavam colados pelos corredores a cada momento. E eu? Desesperado com a idéia de me declarar para alguém, quase morrendo de diabetes e claro, preparando uma pequena surpresinha para uma querida professora...

Cenário: Café da Manhã, Grande Salão. Eu e Ian sentados na mesa da Sapientai cochichando os últimos detalhes quase aos sussurros... Chamamos os serviços de um grupo de elfos, e indicamos para quem iria a nossa apaixonada homenagem, sentada ao lado de Madame Máxime na mesa dos professores...

Eles se encaminharam prontamente lá, e quando chegaram ao pé da professora Milenna, pararam em fila indiana limpando as gargantas e começando em um som totalmente desafinado a cantar: Meu coraçããão, não sei porqueeee, bate feliiiiz, quando te vêêêê, e os meus olhos ficam sorrindooo e pelas ruas vão te seguindooo, mas mesmo assiiim foges de miiiim...

Por um momento pensei ter visto um sorriso no rosto severo da professora, mas essa impressão logo passou quando ela se virou furiosa para nós dois gritando maldições... Começamos a desenhar corações com as mãos, mandar beijos, o que só aumentou a fúria dela e os risos de todos do salão. Madame Máxime nos olhava encantada como se tivesse achando a coisa mais meiga do mundo dois alunos homenageando uma professora.

O tempo passou e meu estômago estava embrulhando. Sabia o que tinha que fazer, sabia perfeitamente, só me faltava a cara de pau para tanto... Mandei um bilhete sem remetente para Amaralina, pedindo que me encontrasse no corredor do primeiro andar, no começo do baile.

Desejei boa sorte pro Ian e subi. Ela ainda não estava lá e me escondi dentro do armário de vassouras deixando apenas uma fresta para espiar o exterior. Não estava fugindo, apenas ia pegá-la de surpresa... Ela chegou correndo, os cabelos soltos, a saia longa balançando, seus olhos percorrendo todo o corredor ansiosamente. Era agora ou nunca! Aproveitei que ela estava virada de costas e sai o mais silenciosamente que pude do armário. Cheguei por trás dela e nem ousava respirar aquele momento. Quando ela viu, já era tarde demais... Se encontrava encostada contra a parede, meus braços segurando forte a sua cintura, enquanto nos beijávamos...

Estrela da noite, meu universo é você

Do subconsciente de Amaralina Bourbon du Montserrat

Era dia de São Valentim. Os ciganos não costumam festejar datas de santos além de Santa Sarah, mas todos em Beauxbatons estavam tão eufóricos que eu pensei não haver problemas em participar das comemorações e desfrutar do prazer das torradas com geléia de morangos e bombas de chocolate em formato de coração que os elfos serviam no café da manhã. Enquanto descia as escadas, avistei Kassandra voando em torno da abóbada central do castelo. Gelei. Eu só usava minha coruja para mandar noticias ao meu pai ou a algum de meus irmãos, e se ela estava ali, com um pedaço de pele de carneiro atado à pata, só podia trazer notícias de casa. E como meu sexto sentido nunca falha, as notícias vinham de meu irmão Johann. E suas palavras me atingiram como um punhal envenenado durante um combate que, eu tive a certeza, estava perdido antes mesmo de começar.

Lina, minha pequena

Irmã, não sabes o quanto sinto sua falta! Minh’alma desfaz-se em lágrimas todas as vezes em que sinto a incerteza em seu coração e me sinto completamente inútil. Sempre fomos um do outro, minha pequena rainha, compartilhamos sonhos, segredos e ilusões. O mesmo espírito habita nossos corpos, o mesmo deus nos guia e protege. E, ocupando o lugar que ocupas em minha vida, decidi que seria você a primeira pessoa a participar de minha alegria. Lina, eu descobri que dentro de nós reside toda a magia da esperança, do amor e dos sonhos. Descobri que o amor é único. E que eu sei o que é o amor. Estou apaixonado, minha irmã! É estranho contar isso a você, mas sei que apenas você, a eterna rainha de nossa família, será capaz de compreender a intensidade do sentimento que tento expressar em cada uma destas linhas. Ksenya e eu vamos nos casar em julho, em uma magnífica cerimônia que unirá nossos clãs. Ah sim, estava esquecendo: Ksenya é filha de uma das mais belas e antigas tribos ciganas na Rússia. Ela está ansiosa por conhecer você, e sei que você gostará dela tanto quanto eu. Você será nossa convidada de honra, a protetora enviada pelos deuses.

Que Abraim te proteja!
Um beijo enorme do seu irmão
Johann



Ahn... ótimo, era tudo que eu precisava, definitivamente. Nada melhor que mandingas de amor em russo pra detonar de vez comigo. A idéia de ver Johann aos beijos com uma garota e ter que aplaudir e felicitar os pombinhos me dava arrepios. Mas... afinal, o que eu esperava? Somos irmãos, não somos? Seria muito idiota de minha parte ficar esperando que meu irmão se declarasse a mim. Respirei fundo, e contei até 3500 enquanto mordia meus dentes, segurando a violenta onda de perplexidade e fúria que perturbava minhas entranhas.

Decididamente, a perturbação astral decorrente dos últimos fatos me levaram ao limite. Eu deveria esquecer, precisava esquecer para não perder a lucidez. Então a última aula com o professor Martin Winckler surgiu em minha mente, tornando-se a estrela que põe fim a um buraco negro em uma desconhecida galáxia. Havia uma sombra em meu caminho, um alguém em meu destino. Eu não podia perder esta oportunidade. Correr o risco de não descobrir quem era a pessoa que se semi-materializou no mapa astral estava fora de cogitação. Consultei o orbe, meu amigo orbe que sempre me ajudava todas as vezes que eu precisava, mas dessa vez, nada, não apareceu nem fumacinha. Era agora ou nunca mais. Dei meia volta e corri para o dormitório. Isa já tinha saído, e não deveria voltar tão cedo. Tirei coragem só Abraim sabe de onde, e fiz.

Um berrador que canta pra cada um dos habitantes do sexo masculino da escola, com exceção dos fantasmas. Passei o fim de semana trancafiada no dormitório preparando eles. Foram mais de duzentos, inclusive para os professores. Alguém certamente iria se manifestar. Tudo bem que estava correndo sérios riscos de ganhar a maior detenção da minha existência, mas só assim eu poderia observar as reações das pessoas, descobrir quem ficou irritado, quem levou na brincadeira, quem ficou sem graça, quem pensou que eu estava matando cachorro a grito... e quem iria me dar a resposta que o orbe não deu.

Sigo viajando
Pelas ondas do mar
Sou barco navegando
à procura de um lar.
Sobre ondas que batem
E ventos que açoitam
Sou Lua, sou chuva,
Sou brisa e calor.
Quero Sol, quero sal,
Quero areia e amor.
Mas não tenho medo;
Do mar que arrebenta
Embaixo de mim
Eu domo a tormenta
Tão simples assim.
Perseverança e coragem
Por um porto seguro
Pouca sorte é bobagem
O destino é meu futuro.
Sobre ondas eu navego
Pelos mares eu procuro
O caminho do aconchego
Faça vento, ou esteja escuro.
Tenho fé e esperança
É tudo com que posso contar
Sou um barco, sou criança
Nas espumas a velejar.
Pelas praias, pelas serras,
Procuro meu amor enfim;
Sei bem que em alguma das terras
Meu amor acenará para mim.
A todos os portos irei
Em qualquer lugar a buscar
Mas meu amor acharei
Sei que está a me esperar.



Não é necessário ler a borra de chá pra saber que essa não foi a melhor idéia da minha vida. O professor de mitologia não deu ouvidos à voz açucarada do meu cartão, e o jogou sobre uma pilha de quase meio metro que se formava no canto do seu escritório. Edward Couggle sorriu em êxtase, acho que foi a primeira que ele recebeu um cartão de São Valentim na vida, coitado. Professor Martin confundiu o berrador cantante com uma estrela cadente em chamas, e ficou tão apavorado com a suposição que fez um enorme jato d’água brotar de sua varinha, e o pobre berrador terminou morrendo afogado. O professor Pierre achou graça, deu pulinhos e pendurou meu berrador no bolso das vestes, igual os trouxas fazem com cravos amarelos em casamentos.

Infelizmente, nem todos os mestres reagiram dessa forma. Sir Shaft Zambene transformou o cartão em um patinho de borracha antes mesmo que as primeiras palavras do versinho fossem pronunciadas. E, han... professor Grangier gostou taanto da surpresinha que resolveu me dar um presente inesquecível também. Só porque o berrador o encontrou na entrada do Grande Salão e a professora Morghana, de Poções, caiu na gargalhada, deixando nosso mestre de transformações roxo de vergonha, eu ganhei uma detenção. Tudo na vida tem a sua primeira vez, né? E, já diziam os antigos sacerdotes, tudo tem seu lado positivo: estarei devidamente ocupada durante todas as noites da próxima semana, no gabinete de Jean-Michel Grangier, transformando dois milhares de carrapatos em castiçais flutuantes. Isso só acontece comigo, deve estar escrito no meio de alguma constelação que eu ainda não enxerguei...

Sem argumentos, acabei cedendo ao vigésimo convite de Marie para passear nos jardins. Talvez a brisa fresca do Rio Sena desanuviasse minha mente. Enquanto caminhávamos, avistei Samuel e Ian, acompanhados do garoto que fugiu de Durmstrang e ficou amigo do patinho de borracha. Acenei para eles e sorri quando percebi a face de Samuel corando levemente. Logo ele desviou o olhar, e pareceu demasiadamente interessado no pato que o búlgaro carregava.

Ainda precisei aturar a gozação de boa parte dos garotos da escola, que alternavam entre simulações de enjôo e assédio sexual nos corredores. Disse a Marie que estava cansada e ia deitar um pouco, prometendo que apareceria na festa. Cerrei a porta do dormitório e sentei no chão gélido, com as pernas cruzadas, em posição de meditação. Então comecei a perceber que não havia uma viva alma naquele castelo que demonstrasse algum interesse pelo meu cartão de dia dos namorados. Cogitei seriamente a hipótese de ter visto coisas a mais no telescópio, durante a aula de astrologia, e uma pontinha de remorso passou pela minha mente ao pensar em Martin Winckler como um impostor, que nada entendia da ligação dos planetas e da alma humana. Não sei quanto tempo se passou, esses pensamentos se afastaram quando uma das fadas da escola se aproximou de mim, brilhante como a lua, e soprou algo que lembrava um floco de algodão, e que se transformou em um pequeno cartão quando eu o apanhei no ar. Não havia assinatura e eu não consegui reconhecer a caligrafia. Alguém dizia estar à minha espera no corredor do primeiro andar momentos antes do baile. Olhei para fora e vi que o sol já começava a se esconder. Troquei de roupa e, antes que pudesse mudar de idéia, já estava correndo em direção ao primeiro andar, esbaforida. Nem ao menos tive tempo de respirar. Alguém me agarrou e me pôs contra a parede, sem pedir licença. Mas era bom, ah... era tão bom!!!

Tímida
Um beijo tímido ao luar
Mágica
A simples mágica de amar
Se despiu da fantasia
Se vestiu de amor


***************************************
Poema retirado do site Usina de Letras.
A música citada chama-se Tímida, do Roupa Nova.

Thursday, February 09, 2006

De repente é....Amor?

Anotações de Ty McGregor

O relógio despertou super cedo e antes que Gabriel jogasse um travesseiro nele, eu levantei. Tomei meu banho, me aprontei todo e fui pegar minhas coisas para irmos para a aula:
GS- O que você tem? Levantou cedo. Nem precisei gritar com você. - perguntou meu amigo.
TM- Nada.
Ele me conhece o suficiente para saber que TEM alguma coisa acontecendo comigo, por isso quando ele arruma os óculos sobre o nariz e fica me analisando, isso me irrita:
TM- Vai Demorar? Tenho que ir logo pro salão principal.
GS- Ty, a comida não vai fugir se você me esperar mais dois minutos.- e ao ver minha cara ansiosa completou:
GS- E nem sua nova amiga.- disse malicioso.
Droga... Será que está escrito na minha testa?
Logo ele se aprontou e no caminho encontramos Miyako, tentando manter algum diálogo com o pato búlgaro; o aluno novato que veio fugido com o filho do Ministro francês de Durmstrang. Foi um pandemônio quando o carinha conseguiu atravessar aquele mar gelado e vir parar aqui na escola. O pai dele colocou um pelotão de gente atrás deles, mas pelo menos eles estão vivos.
A única coisa que sabemos do garoto é que se chama Sávio e seus olhinhos brilham quando vêem a Miyako. Ah, e ele anda com uma bóia de pato na cintura pra cima e pra baixo. Cada doido que aparece aqui.
Lá fomos nós: eu, Gabriel e Miyako, com o menino-bóia tomar café, e depois tomar café à mesa da Sapientai, vi que Morgan estava na mesa da Fidei conversando com os amigos. Fiz menção de levantar e Gabriel me segurou:
GS- Onde você vai?
TM- Vou... vou... falar com a Morgan, sobre um livro que ela me indicou e ...
Miyako, quase engasgou com o suco e disse:
MS- Livro? Você? Lendo? Meus deuses a coisa é séria, Gabriel.
GS- Ty porque você cismou com esta moça? Você tá querendo uma irmã mais velha é?
TM- Ela é apenas uma amiga, não sei porque você tá falando isso. E pra sua informação senhorita Santai, eu leio sim? Fui alfabetizado cedo. (preciso sair daqui, tão fazendo perguntas demais).
MS- Ty, ela é três anos mais velha que você, e pelo que as meninas falam tem namorado sério.
GS- O cara é tratador de dragões, imagina o tamanho do braço...
TM- Eu só vou falar com ela sobre o livro, dá licença?
Deixei-os na mesa e me encaminhei para a mesa da Fidei. Parecia que tinha chumbo nos meus pés, mas fui em frente:
TM- Morgan, posso falar com você?- disse procurando manter a calma.
Ela virou para mim e sorriu. Seus amigos ficaram me olhando de cima a baixo, um deles, reconheci como sendo Armand Gaston e jogava no time da Fidei e já tinha recebido um balaço meu.
Olhava-me como se eu fosse um verme, me controlei.
MOH- Claro Ty. Já tomou café? Se quiser sente-se conosco. - e o Gaston fechou mais a cara.
TM- Já tomei obrigado. - então ela se levantou e ficamos um pouco afastados da mesa.- pude ver Gabriel e Miyako me olhando e balançando as cabeças.
Durante o pequeno trajeto fui olhando a decoração para o Dia dos Namorados e lembrei que o pessoal do 4º ano poderia participar. No ano anterior eu, Miyako e Gabriel até tentamos entrar, mas fomos barrados.
E se haveria um baile, eu teria que convidar uma garota e porque não convidar a Morgan? Seria perfeito. Tomei minha decisão e mostrei a ela o livro sobre Loch Ness que havia prometido e ela olhava interessada. Respirei fundo:
TM-Morgan.... Você gostaria de ir ao baile comigo? - quando vi os olhos dela arregalados disse rápido: Esquece.
MOH-Não, não é isso. Sabe que eu estava dizendo aos meus amigos que não iria participar do baile, por não ter par. E você me convida assim? Parece até transmissão de pensamentos. Ficarei contente em ir com você, afinal somos amigos. - e bagunçou meu cabelo, acho que fiquei vermelho, pois quando olhei para a mesa da Sapientai. Miyako e Gabriel seguravam a barriga enquanto riam. Sacanas...
Mas nada estraga meu humor hoje; ela vai comigo ao baile. Isto deve significar que ela gosta de mim não é? E quem sabe dançando uma música romântica, ela perceba que eu sou um cara legal, e....
Nada pode dar errado neste baile!

Wednesday, February 08, 2006

Um pacto e uma promessa de confusão

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette


Faltavam apenas alguns dias para o Valentine’s Day, data em que 97% dos alunos do castelo deixam a timidez de lado e passam a agir como idiotas perto daqueles que gostam e não tem coragem de dizer. E aqueles que já têm alguém, andam pelos corredores com conversas que seriam capazes de matar um diabético. Samuel e eu andávamos com planos para a data e fizemos um pacto pra lá de besta, mas que era questão de honra cumpri-lo: eu teria que beijar Marie na noite do baile e ele teria que encurralar a Amaralina custe o que custar, e não importava os métodos adotados por nós para tal feito. O que nos levou a combinar isso só Merlin sabe. Talvez o desespero por passar a data sem ninguém ou talvez o fato de que já está ficando patética nossa situação com as duas...

Era sexta-feira, 10 de Fevereiro. Nosso primeiro tempo seria Oclumencia, matéria que amo e odeio. A parte que gosto fica por conta das vezes em que faço dupla com Bernard e conseguimos sempre fechar a mentes quando o professor passa. A parte que odeio se deve ao fato de por pura falta de sorte às vezes cair com Marie. Ela SEMPRE consegue invadir meus pensamentos, é impossível bloquear a mente com ela tentando quebrar a barreira. Ultimamente andava pisando em ovos com ela, evitando sempre cair ao seu lado nas duplas da aula pratica. Mas o professor Edward apesar de brincalhão, também era sacana. Ele já havia percebido que para mim o maior desafio na matéria era vencer os feitiços de Marie e dava sempre um jeito de me colocar com ela. Dessa vez não foi diferente.

Já estava quase desmaiando em sala, suando frio de tanto me esforçar, mas havia conseguido pela 1ª vez desde que a matéria foi implantada na grade curricular fechar minha mente. Marie estava irritada por não ter me dobrado e eu aliviado por não ter deixado nada impróprio escapar. Devo admitir que o desespero as vezes faz milagres! Quando a sineta tocou indicando o término da aula recolhi meu material espalhado no chão e me encaminhei para a aula de Transfiguração. Costumava gostar da matéria, mas esse ano tudo estava diferente. Ano de NOMs, os professores estavam forçando cada dia mais informação e revisões intermináveis. O professor carrancudo não estava em sala quando chegamos e nos acomodamos enquanto ele não chegava.

JG: Bom dia classe – disse e nem esperou a turma responder – Antes de começarmos a aula de hoje gostaria de apresentar um aluno novo, transferido de Hogwarts. Esse é Michel Renoir Ducasse, ele vai ficar na Fidei Angeli. Escolha um lugar e acomode-se, por favor.

Saltei da cadeira surpreso, pois ele não havia me dito que estava de mudança para Beauxbatons! Levantei o braço e ele me localizou rápido, vindo se sentar ao meu lado. Ele já estava usando o uniforme da escola, mas não parecia muito empolgado com as mudanças repentinas. O professor Grangier deu inicio a uma revisão sobre como transfigurar objetos pequenos em patos e Logo a sala se encheu com o som de patos assustados e asas batendo sem parar. Meu bloco e o de Michel permaneciam intactos na mesa enquanto conversávamos, sem prestar atenção nos exercícios.

IL: Porque não me avisou que viria?
MD: Não deu tempo, até ontem a noite não sabia de nada... Papai decidiu de ultima hora me mandar pra cá.
IL: Eles vão voltar a morar na França então?
MD: Tudo indica que sim. Papai foi pessoalmente até Londres explicar o motivo de estar me tirando da escola e mamãe me escoltou até aqui. Vou precisar de um tour, esse castelo parece ser imenso!
IL: Não se preocupe, na hora do almoço vamos dar uma volta.
BL: Hei, tem uma aula acontecendo aqui. – Bernard falou se virando para trás.
IL: Michel, esse é meu amigo Bernard Lestel. Michel é meu primo!
BL: Muito prazer. Então você é francês?
MD: Sim, apesar de ter morado na Inglaterra a maior parte da minha vida...
DC: Quem mora na Inglaterra aí? Dominique Cartier, muito prazer primo do Luke.
ML: Será que dá pra vocês calarem a boca?
MD: Acho que não fomos apresentados ainda, me chamo Michel... – ele falou soltando a mão de Dominique e a estendendo para Marie
ML: Marie Laforêt, muito prazer. Agora façam silencio, estão me desconcentrando!
MD: Sua amiga? Muito bonita ela...
IL: É sim, mas não é pro seu bico.
MD: Como você pode dizer isso?
IL: Porque conheço seu tipo e você não serve pra ela...
DC: Hei Luke, meu pato saiu xadrez, olha que engraçado ele ficou!

Dominique fez o pato xadrez voar pra cima de mim com a varinha e me assustei, esbarrando em Marie e sem querer fazendo com que ela explodisse o seu ao invés de transfigura-lo outra vez em bloco de madeira. Bernard e Dominique começaram a rir em meio às penas que voavam pelo ar e Marie me beliscava, mas eu não conseguia conter as gargalhadas. O professor veio irritado até onde estávamos e saiu distribuindo detenções para todos, nem Michel escapou. Antes de nos liberar, fomos obrigados a ouvir um discurso sobre como deveríamos estar nos comportando com os exames cada vez mais próximos e que ele notava que a maioria dos alunos não estava levando os NOMs a sério.

MD: NOMs? Vocês ainda não prestaram os exames? – Michel falou depois que saímos da sala.
DC: Não, por quê? Eles são em Junho.
MD: Eu já fiz os meus ano passado...
BL: Ah é verdade, eu li que em Hogwarts os exames são no 5º ano. Aqui é diferente...
IL: Então quer dizer que você vai ter que fazer outra vez?
ML: Claro que não, basta ele apresentar as notas dele a Maxime e ela terá que libera-lo.
MD: Assim espero, não estou disposto a refazer tudo.
DC: Bernard, NOMs são padrão para todas as escolas, certo? Quer dizer, as matérias básicas são as mesmas?
BL: Sim, por que pergunta?
DC: Então Michel pode forçar um pouco a memória e dizer o que caiu não é? Será que usando Legilimencia conseguimos obter as questões?
ML: Por Merlin Nick, que idéia absurda... Com licença, vou almoçar.

Marie saiu inconformada com a idéia de Dominique, mas até que ela não era ruim. Afinal, pra que estamos aprendendo essas técnicas se não podemos usa-las? Pulamos o almoço e fomos mostrar o castelo para Michel, apresentando a ele as pessoas que valiam a pena. Ele reconheceu as meninas que vieram de Hogwarts no inicio do ano, mas não sabia o nome de nenhuma delas, só as conhecia de vista. Esbarramos com Samuel quando voltávamos para o Grande Salão e depois de apresenta-lo ao meu primo, ficamos para trás e deixamos os outros irem almoçar.

SB: Nosso pacto está de pé não é?
IL: Lógico! Ainda não sei como fazer, mas vou conseguir.
SB: Ora Luke, já faz tanto tempo assim que você esqueceu como se faz? – disse rindo
IL: Muito engraçado... Você entendeu o que eu quis dizer. Não sei se quero que ela saiba que fui eu...
SB: Vai beijar e correr?
IL: Não sei, preciso pensar. O importante é não deixar nunca elas saberem que isso foi uma espécie de aposta ou vai tudo por água abaixo!
SB: Bem lembrado, temos que levar isso pro tumulo!
IL: Esse ano o Valentine’s Day promete companheiro Samuca...
SB: Ah se promete companheiro Luke!

Entramos atrás dos demais no Grande Salão e todos estavam reunidos da mesa da Nox hoje. Os moradores desse castelo podem aguardar, pois tem mais coisa sendo preparada para comemorar essa data que ia além desse pacto inocente... A dupla explosiva esta de volta!