Friday, January 06, 2006

Já que é pra cozinhar, então vamos cozinhar direito...

Da caderneta velha de Samuel Berbenott

AB: Chega pra lá ou enfio essa concha goela abaixo!
IL: Não tem espaço suficiente e o caderno de receitas que o elfo me deu diz claramente: Misture com firmeza... Se um de nós dois pararmos de misturar vai embolar tudo!

Estávamos na tenda que funcionava como cozinha. Eu picava os legumes e verduras para a sopa enquanto Ian e Adhara estavam misturando o caldo de um grande caldeirão. Os dois se fuzilavam com os olhos enquanto batiam com suas grandes conchas no fundo do caldeirão fumegante. A cena do incêndio no acampamento não saia de minha mente e eu nem queria imaginar a reação de meu pai quando recebesse o berrador da professora Milenna.

Falando na nossa querida mestra Milenna, ela estava mais insuportável que nunca! Passava na frente da tenda com a varinha em pé e uma expressão de grande satisfação e prazer misturada com ódio reprimido... Reprimido sim, porque eu tenho certeza absoluta de que se ela fosse a diretora de Beauxbatons, nós três teríamos sido expulsos e sem mais desculpas e explicações. Entrava dando ordens e criticando tudo que preparávamos para comer e proibira os elfos de ajudarem. Por grande sorte, antes dela proibir isto, Ian conseguiu arrancar de um dos elfos um caderno de receitas... Então, mais uma vez ela entrou na barraca com um sorriso irônico e parou nos olhando...

MD: Ah, não senhores... Misturem mais esse caldo! Não quero tomar uma canja e sim uma sopa, e você...- Ela foi se aproximando olhando sarcasticamente as cenouras que cortava – Corte em pedaços menores essas cenouras! Estão muito grandes...

Ela deixou a tenda sorrindo satisfatoriamente e me segurei respirando fundo para não lhe fazer um estrago com a faca que segurava. Virei pra Ian e Adhara e tive a impressão que eles estavam prestes a mergulhá-la naquele caldeirão.

SB: Eu não agüento mais essa mulher! Já levei um berrador mesmo... Se vocês não me ajudarem a pirraçar um pouco com ela, eu faço sozinho!
IL: Ta louco? Acha mesmo que eu vou ficar aqui rodando esse negócio eternamente e agüentar isso de braços cruzados?
AB: Aprendam: Eu nunca levo desaforo pra casa!
SB: Ótimo! Somos três... O que vamos fazer?
IL: Sugiro marshmallows!
SB: Ham? Ian, já estamos fazendo a sopa...
AB: Eu acho que entendi o que ele quis dizer! Vamos fazer uma fogueira!

A idéia de princípio não entrou na minha cabeça, mas quando Ian e Adhara se uniram e formamos um plano, saímos da barraca com lenhas nas mãos e começamos a montar uma grande fogueira.

MD: O que estão fazendo? Já acabaram a sopa?
SB: Ah sim senhora... Ela está bem ralinha, e as cenouras pequenas e cozidas!
AB: Estamos só preparando uma sobremesa!
MD: Sobremesa?
IL: Marshmallows professora! Já viu um acampamento sem marshmallows? Mas não se preocupe, nós cuidaremos de tudo...

Ela saiu com um olhar desconfiado e falando algo baixo consigo mesma. Levantamos as lenhas e logo uma alta e forte fogueira estava queimando... Servimos o jantar para todos e esperamos todos acabarem de comer. O Professor Pierre se levantou dizendo que daria uma saída e foi para o meio da floresta. Ian e Adhara fizeram sinal positivo com a cabeça. Era a hora de fazermos a sobremesa...

SB: Quem quer marshmallow? Temos uns que estão um prestígio...
IL: Adhara, me desce aquele marshmallow bem completo?
AB: Agora!

Ela tirou a varinha do bolso e apontou para a professora Milenna. Foi tão rápido que a professora não conseguiu reagir e quando viu já estava sem a varinha. Eu e Ian conjuramos cordas que se enrolaram na professora imobilizando-a. A fizemos levitar até um tronco erguido ao pé da fogueira e começamos a subi-la e amarrá-la no topo. Ela se contorcia e gritava em desespero. Os alunos ao redor estavam chocados e alguns riam a vontade.

SB: Acho que devíamos cortar esse marshmallow... Ele está tão grande!
IL: Ou quem sabe deixá-lo mais aguado?

A professora nos ordenava que a soltasse e tentava jogar feitiços convocatórios para a varinha, mas acho que não conseguia se concentrar muito com o fogo subindo pelo grande tronco. Ian pegou uma maçã e estendeu-a para todos verem...

IL: Quem quer ter o prazer de calar a boca desse marshmallow?

Isa se adiantou determinada e agarrou a maçã da mão dele. Subiu ao pé do tronco e enfiou nada delicadamente a maçã na boca escancarada da professora. Ela mais parecia uma grande leitoa pronta para ser assada e cada vez mais o fogo subia ao seu encontro... Comecei a dançar ao redor da fogueira com Ian e Adhara como naqueles rituais canibais e logo a onda se espalhou e a maioria dos estudantes nos acompanhava em uma dança desengonçada! Estava indo tudo muito bem até que...

PC: O QUE ESTÀ ACONTECENDO AQUI?

Com um aceno de varinha o professor apagou a fogueira e desatou as cordas da Milenna. Ela desceu transtornada, cuspindo a maçã da boca furiosa e avançando rápida para a nossa direção...

MD: O que está acontecendo aqui? Eu vou te explicar! Esses... Esses pivetes tentaram me matar! Me queimar viva!
IL: A senhora está completamente enganada professora... Só estávamos fazendo a nossa função: Cozinhando!
SB: Sim! Buscávamos a perfeição que a senhora nos exigiu e estendemos nosso menu para a sobremesa...
MD: Vocês... Me pagam! Eu quase virei cinza e...
AB: Bom, acho que agora aumentou o seu imenso conhecimento em História da Magia não é mesmo? Seria uma honra morrer como as antigas bruxas!
MD: Vamos embora! Já! Nesse momento... Não fico aqui nem mais um minuto! E todos vocês... – Ela disse olhando ao redor como se quisesse memorizar os rostos de cada um que havia colaborado com passinhos de dança para o ritual – Me pagam! Os pais de todos receberão uma advertência explicando o que seus adoráveis filhos fizeram... Vão, logo, arrumem as coisas! Partiremos em 20 minutos! Preciso falar com Madame Máxime ainda hoje... Absurdo!

Professor Pierre se contrariou muito com a idéia de voltarmos naquele momento, a noite estava alta já, porém não contrariou a colega com receio de levar uma resposta e então disse calorosamente para todos se apressarem e arrumarem as coisas.

Senti meu coração revirar... A sensação de que mais uma vez a brincadeira tinha ido longe demais e que papai saberia me castigar o suficiente por ela. Voltamos para o castelo dois dias antes do previsto... Me senti aliviado de voltar à Beauxbatons, mas me fiz uma pergunta: Madame Máxime me permitiria continuar lá depois que soubesse detalhadamente que tentamos assassinar a professora Milenna em mais uma de nossas brincadeiras?

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