Thursday, May 31, 2007

O Jogo da Intriga

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

Já havia se passado uma semana desde que Amélia fora levada pelo lobo, e três dias desde que cercamos o garoto Chronos no corredor, forçando-o a revelar que era um vampiro. Bernard estava convicto de que ele era o lobo e tentava forçar os aurores a interrogá-lo, mas eles diziam que já haviam feito isso e nada tinha sido descoberto. Eu já achava que não era ele, mas andava tão estressado com tudo que estava acontecendo que topei encurralá-lo no corredor apenas pra descarregar a raiva. Já as meninas afirmavam que ele não poderia ser o lobo, pois quando fui atacado ele estava fora da escola, mas eu sabia que não tinha sido atacado pelo verdadeiro lobo. Na verdade, nem eu e nem Michel. Tinha certeza absoluta de que os dois ataques naquela mesma noite foram feitos por amigos nossos, no intuito de nos pregar uma peça. E já estava na hora de colocar isso em pratos limpos.

Já passava da meia noite e os únicos autorizados a circular pelo castelo àquela hora eram os diversos aurores espalhados pelos corredores, mas mesmo assim marquei uma reunião com o pessoal na sala dos fundadores. Não tinha certeza se todos apareceriam depois do sumiço de Amélia, mas me surpreendi ao chegar e já encontrar Mad, Viera e Manu a minha espera. Pouco a pouco todos foram chegando e o único ausente era Michel, ele não estava na escola. Tio Edmond encontrou um curandeiro africano que se dizia capaz de fazer uma poção que acabava com a maldição do lobisomem e levou Michel até o homem, mas ainda não tinha noticias de como estavam as coisas.

- Estamos aqui Luke, porque convocou essa reunião no meio da madrugada? – Samuel falou impaciente
- Quero propor um jogo – falei sentando na cadeira vazia do circulo
- Jogo? – Bernard ficou de pé e me encarou irritado – Minha irmã pode estar morta e você quer brincar?
- Senta Bernard, deixe-me terminar de falar – disse sem me abalar – Vamos brincar de jogo da intriga
- Nos chamou aqui a uma da manhã para jogarmos esse jogo idiota? – Dominique reclamava – Não jogamos isso desde o início do ano
- Exatamente. Passamos tempo demais sem jogá-lo, e muitas coisas foram ficando confusas – respondi encarando Dominique e me virei para Samuel – Vocês conhecem as regras, eu começo: Samuel, você me atacou na sala dos troféus mês passado.

Todos olharam para Samuel, que estava estático. O jogo era simples: alguém acusava alguém, e os demais determinavam se era verdade ou mentira. Uma vez que o veredicto era tomado, o acusado deveria revelar se estavam certos. Se as opiniões do grupo fossem divergentes e a acusação fosse mentira, o acusado tinha o direito de acusar alguém. E quem fosse pego mentindo, pagava um preço alto. Samuel me encarava sem piscar e um a um, todos foram votando por verdade.

- E então? Verdade ou mentira? – perguntei sério
- Verdade

Diante da confissão de Samuel, foi impossível evitar uma agitação. Todos já haviam entendido o significado do jogo naquela noite: estavam todos ali para confessar o que a maioria dos ataques na escola foram falsos, que foram com a intenção de assustarmos uns aos outros. Samuel me acusou de colocar o punhal na mochila dele, mas neguei ser o autor da brincadeira. E quando todos, com a exceção de Viera, votaram falso, Samuel acusou ele. Viera confessou ter escondido o punhal para que ele fosse interrogado e levasse um susto, como punição por revirar suas coisas no dormitório. Samuel negou e nem foi preciso votação, pois Manu assumiu a autoria do ataque.

- Você? – Viera encarou a namorada chocado – Mas por que?
- Você me trocou por uma partida de quadribol no dia dos namorados, estava com raiva e queria assustá-lo.
- Eu ajudei – Mad se manifestou e Viera olhava de uma para a outra irritado – Manu pediu que eu fizesse aquela bagunça nas suas coisas e topei na hora
- Inacreditável! Pensei que pudesse confiar em você, Manuela!
- Não seja hipócrita, Olivier! – Bernard falou debochado – Acha mesmo que está em condições de cobrar honestidade dela?
- Ah, o Santo Bernard! – Viera retrucou – Se não me engano, você também foi atacado. Por acaso não atacou ninguém, pensando ser o autor do seu ataque?
- Michel. Ataquei Michel e Isabela na biblioteca, na mesma noite que Samuel atacou Ian. Não sabia que haveria outro ataque, acho que escolhi a noite errada.
- Não foi Michel que atacou você, ele estava comigo naquela noite, estávamos em detenção. – Mad falou e todos se entreolharam, procurando um culpado
- Eu ataquei você – Dominique levantou a mão sem encarar Bernard – Estava com raiva pelo que aconteceu na Alemanha, do que você contou sobre mim no pub
- Não fiz aquilo de propósito, Nick
- E como eu ia saber?
- E você Luke? Não atacou ninguém? – Samuel voltou a me encarar
- Não
- E espera que a gente acredite nisso? – ele falou outra vez e os outros riram
- Na verdade, algo foi planejado por Michel e eu, mas nunca executado já que ele precisou sair da escola por uns dias
- Aonde ele foi, afinal? – Manu perguntou – Você não nos disse
- Meus tios acham que descobriram um louco que pode acabar com a maldição do lobisomem, e foram ao encontro dele
- Mas Michel saiu daqui numa noite de lua cheia, como vamos saber se ele não foi atacado antes de encontrar os pais? – Dominique parecia preocupado – Ele já entrou em contato com você?
- Não, mas sei que ele está bem. Quem atacaria um lobisomem?
- Sei lá, esse lobo já provou ser louco e perigoso o suficiente, não acha? – Marie dividia a preocupação com Dominique
- Vocês estão exagerando – falei rindo – Michel está bem! Ele passou a noite na cabana acorrentado, madame Magali cuidou dele pela manha e antes do almoço meus tios vieram buscá-lo, basta irem perguntar a ela e ela vai confirmar tudo. A não ser, claro, que alguém aqui tenha atacado Michel de brincadeira outra vez e escondido ele debaixo da cama?

Olhei para cada um deles e as expressões preocupadas indicavam que não havia mais nenhum segredo, mais nenhuma mentira a ser confessada, que a partir de agora seriamos sinceros uns com os outros para que enfim, pudéssemos descobrir quem seqüestrou a irmã de Bernard e assassinou o irmão de Danilo. Dominique decidiu ir até a enfermaria perguntar a madame Magali sobre Michel e fomos todos atrás dele. Quando meu amigo empacava com alguma coisa, só sossegava quando tinha uma resposta final, e essa só viria da enfermeira da escola.

Renault estava deitado na cama do fundo quando chegamos e apesar de estar afastado, vi que ele os abriu bem depressa para ver quem acabara de chegar e tornou a fechá-los, fingindo estar dormindo. Madame Magali saiu espantada de sua sala e já começava a procurar os ferimentos no grupo quando me adiantei para falar com ela, ignorando o bisbilhoteiro.

- Ninguém está ferido, só queremos lhe fazer uma pergunta
- E não podiam esperar até amanhecer? Já são quase duas da manha! Não deveriam estar fora da cama, há um assassino louco à solta, os aurores vão achar ruim se verem vocês perambulando pelos corredores há essa hora.
- Esse é o menor dos nossos problemas no momento, madame Magali – Samuel falou
- Semana passada, na noite de lua cheia, meu primo Michel foi para casa com meus tios, mas antes foi para a cabana para se transformar e depois veio para cá para que fosse medicado, certo? Meus amigos estão preocupados achando que o lobo encontrou ele pelo caminho de volta. Eles só querem que você confirme que cuidou de Michel até meus tios chegarem – falei rindo, mas a enfermeira estava séria
- Desculpe monsieur Lafayette, mas não me recordo de ter cuidado de monsieur Ducasse na ultima lua cheia. Ele costuma vir sozinho até aqui nas manhãs seguintes às transformações, mas dessa vez ele não retornou. Como sabia que seus pais viriam buscá-lo, apenas deduzi que eles o apanharam e cuidaram dele no caminho de casa.

Olhei para meus amigos e sabia que estavam todos com o mesmo pensamento, mas ainda não podia acreditar. Se meu primo não tivesse chegado em casa, certamente meus tios já teriam entrado em contato para saber o que o prendia aqui. Tudo que precisava fazer era entrar em contato com eles e confirmar que Michel estava bem, não havia motivo para pânico. Michel estava bem em algum lugar da África, bem melhor do que estamos agora.

Tuesday, May 29, 2007

Don't fear the eyes of the Dark Lord

Diário de Seth K. C. Chronos

Inferno?

Aquele maldito conseguiu o que queria...Levou-me ao inferno, um inferno na Terra.

Aquele meu eu-maldito, me faz ter visões de coisas horríveis, de seqüestros, de perseguições e até assassinatos.

Ou será que não são visões? Será que são as lembranças?! Será que elas apenas romperam a barreira que eu havia construído para impedir que eu enlouquecesse de culpa?

Não posso mais andar pelos corredores sem ser acusado, tanto verbalmente quanto oralmente. As suspeitas a meu respeito se espalharam pelo colégio, mesmo que meus amigos tentem desmenti-las. Pelo menos poucos descobriram que sou meio-vampiro, pois se descobrem acho que iriam me levar a um Tribunal Inquisidor...Isso se eu não os atacasse, pois do jeito que pareço estar fora do controle, não duvidaria muito...

Quem mais me acusa, é óbvio, é o Ian e o Bernard, assim como seus amigos. Evito encontrá-los nos corredores, pois sei que vão me acusar e até tentar retirar algo de mim. Já senti várias pessoas tentando entrar em minha mente, apesar de não conseguirem, nem irão conseguir...E aqueles que chegam perto das trevas da minha mente, são repelidos por mim, ou por medo dele...Então tenho me mantido sozinho no telhado da Lux, ou na mais alta torre, pois sei que ninguém vai me alcançar lá, e só desço direto para as aulas. E foi em uma dessas que outra cena piorou minha "reputação"...Aconteceu quando desci da torre para ir pra aula de Mitologia, nessa aula a Emily me faz me sentir bem, deve ser por isso que o Griffon se apaixonou. Ouvi gente correndo atrás de mim, mas decidi não me virar, porém alguém me puxou pelo braço e me virou de frente. Era o Ian e o Bernard, ambos com cara de poucos amigos. As pessoas em volta se afastaram, como que com medo de nós três, também não os culpo, nossos rostos não eram muito belos e amigáveis.

- Pode parar de tentar entrar na minha mente?! Você não vai conseguir. - falei calmamente, sem romper o contato visual com Ian, mas o expulsando de minha mente.
- Eu faço o que eu quiser, já que você não me diz onde está a Amélia, Van Helsing - ele falou furioso, ainda me encarando.
- Já falei que não sei onde ela está!! E o que você disse?! - só depois de um tempo me toquei do que ele me chamou. Olhei para o Bernard e ele parecia se segurar para não rir, ao mesmo tempo em que parecia morrer de vergonha.
- Te chamei de Van Helsing, por que? Algum problema, Van Helsing!
- Não é Van Helsing... - falei com um leve sorriso, que ele tomou como insulto.
- IAN, SEU IDIOTA! Van Helsing é o caçador de vampiros! É Drácula, seu idiota! - Bernard o corrigiu, e Ian pareceu se lembrar, voltando a me encarar.
- Que seja, Drácula, onde a Amélia está?
- Já falei que não sei onde ela está! - eu começava a perder a paciência, e sentia meu corpo pulsando de raiva e meus instintos se aprimorando.
- Você sabe sim, e vamos arrancar por bem, ou por mal! - Foi Bernard quem falou, mas foi Ian que agiu primeiro. Ele me empurrou com força e me deu um soco no rosto, enquanto Bernard sacava a varinha e a apontava para mim. Ian também sacou a varinha e apontou para mim. Ambos se assustaram ao ver que meu rosto mal ficara vermelho com o soco, porém continuaram com as varinhas erguidas.
- Não façam isso... Por favor... - falei triste, pois sabia que eles me fariam perder o controle.
- Não temos medo de você, ataque a gente agora, seu covarde! - Bernard me insultou.
- Estupefata! - Ian gritou em seguida

O jorro de luz vermelha veio em minha direção. O pingente em meu peito piscou em branco e o feitiço me atingiu na barriga, me jogando para trás. Eles e aproximaram pensando que eu estava estuporado. Porém eu continuava acordado, com os olhos vermelhos e as pressas a mostra. Pus-me de pé de um salto, atingindo a ambos com um chute. Antes que eles se recuperassem do choque, os empurrei pra trás, e sem sacar a varinha avancei. Ian se recuperou primeiro e lançou outro feitiço em mim, que de novo não surtiu efeito. Eu lancei o mesmo feitiço nele e o joguei longe. Bernard se aproveitou e me atingiu pelo lado, porém novamente, sequer me arranhou.

As pessoas ao nosso redor gritavam e o som das vozes histéricas e o som dos duelos me enfureciam, me fazendo perder o controle, enquanto meu sobretudo esvoaçava e ele próprio parecia parar os feitiços. Ian me acertou um soco no estômago e fui empurrado pra trás, porém segurei seu braço e o agarrei pela gola da camisa, levantando-o centímetros do chão. Bernard encostou a varinha em minha garganta e a pressionou com força, enquanto eu apertei com mais força a gola de Ian.

- O que vocês pensam que estão fazendo?! – Era a voz de Emily saindo correndo do corredor da sala dela. Griffon, Ty e Mi a seguiam e encaravam atônitos a briga. – Chronos, Lafayette e Lestel, na minha sala, agora!!

Ela parecia a ponto de nos matar, porém controlou a surpresa e apenas nos apontou sua sala. Bernard demorou a retirar a varinha e segui-la, mas eu e Ian ainda nos encaramos e eu o empurrei para o chão. Emily nos fez nos sentar em volta da mesa dela. Ela parecia ao mesmo tempo enraivecida e chocada.

- Como tiveram a coragem de fazer um duelo, duelo não, uma simples briga no meio do corredor?! – Ela falou devagar, porém com uma força tremenda na voz.
- Foi ele que começou, professora. Van Helsing seqüestrou a Amélia e nos atacou! – Ian falou exaltado.
- É Drácula, Drácula! – Bernard, eu e Emily falamos ao mesmo tempo.
- Deixe de ser mentiroso! Eu não fiz nada disso! – Discuti alteando um pouco a voz.
- Basta, os três! – Emily se meteu entre nós três antes que voltássemos a brigar. – Ian, Bernard, vocês mal conseguem penetrar na mente dele, como podem afirmar que ele fez isso? E eu posso penetrar na de vocês. Vocês começaram atacando e ele apenas se defendeu. Por hora basta, não haverá detenções, mas se houver mais alguma coisa, eu mesma irei deter vocês três. Agora saiam! Chronos, você fica, ainda temos aula.

Eles saíram resmungando insultos para mim de modo inaudível para Emily, deixando-me a sós com ela. Ele respirou fundo e passou a mão pelos cabelos devagar, me encarando em seguida. Eu sequer desviei o olhar e ela sorriu, por eu ter resistido ao olhar penetrante dela. Griffon realmente tem bom gosto...

- Seth, por que você lutou daquele jeito?
- Não sei... Eles me fizeram perder o controle, parecia que eles queriam isso...
- E você não vê que era isso que queriam? Eles queriam provar que você é perigoso, e que você a seqüestrou. E quase conseguiram.
- Eu não sei o que fazer... Estou pensando em me trancar em algum lugar...
- Seth deixa de ser bobo! Você não é o Lobo. Acha que eu, seus pais ou seus tios deixaríamos?
- Então porque vi tudo? Por que estava na cena do crime novamente? E por que tinha sangue em minhas mãos?
- Seu pai já lhe falou do seu dom não? É ele atuando... Porque não tenta localizar o lobo usando seu dom?
- Eu já tentei... Mas não consigo. Mal localizo a mente dele novamente...
- Você precisa... Deixe-me ver... Precisa de canalizadores. E você já os tem. – Ela sorriu pra mim jovialmente e entendi sua mensagem. Tive vontade de beijá-la, mas acho que o Griffon me mataria.

Sai correndo da sala e na entrada encontrei quem eu precisava. Griffon, Ty e Mi. Eles tentaram falar comigo sobre o que acontecia, mas os calei com um aceno de mão e pedi que me seguissem. Os guiei pelos corredores até achar uma sala vazia. Eles não entenderam nada, porém sentiram que era algo importante e esperaram eu falar.

- Vamos achar o Lobo. Preciso de vocês três. Mi, preciso que você se concentre comigo, tente entrar na minha mente, isso vai fortalecer o que quero fazer. Ty você vai usar a Projeção para ir pro lugar que eu indicar. E você Griffon vai nos conectar, aumentando nossas energias e fortalecendo nossas formas de invadir a mente dele. Vamos localizar o lobo!
- O que você pretende fazer?! – Ty perguntou meio zonzo.
- Achar o Lobo. É possível e Emily me disse que talvez dê certo, só tem um jeito de saber não é? – Falei animado
- Mas o que pretende fazer? – Mi perguntou também animada.
- Vou usar meu dom para localizá-lo. O Griffon vai nos fortalecer e o Ty vai localizá-lo no lugar onde eu achar que ele está. Preparados?
- Vamos logo então – Griffon falou com um sorriso e seus olhos ficaram dourados, enquanto uma luz se expandia ao nosso redor. Demos as mãos e fechamos os olhos.

Senti a mente deles em sintonia com a minha, Mi concentrando-se mais que os dois em fortalecer minha mente para a invasão. Griffon nos fortalecia e Ty se preparava para a projeção. Concentrei-me nele... Preparei para procurar em cada pessoa da escola, mas não foi necessário. Minha mente estava em sintonia com a dele desde que vi o que ele fazia. Sabia que era ela, sentia seus pensamentos, sentia suas perseguições. Concentrei-me em Amélia e tive um vislumbre dela. Ela estava bem, porém não vi onde estava. Ele tentava me repelir, mas a mente de Mi e de Griffon me fortaleciam e não deixavam. Eu precisava ver quem era! Os olhos dele queimavam e sua mente explodia tentando me repelir, mas eu não cedia. Precisava de tempo para descobrir quem era, mas ele era mais forte que imaginava. Ty sentiu a tensão entre nós dois e fortaleceu o laço com suas forças. Rompemos suas defesas. Vi a máscara, os ataques anteriores, mas ainda não o vi. Então vi através de seus olhos e reconheci o lugar. Ele se enfureceu e me repeliu com força. Caímos no chão exaustos e Griffon imediatamente começou a nos curar, porém eu apenas gritei:

- Rápido Ty, Quarto andar, ele está lá, rápido! – cai exausto enquanto via a projeção de Ty atravessar paredes... Algum tempo depois ele retornou e também estava exausto.
- Droga ele fugiu! Mas ele estava lá! Vi sua sombra!
- Droga!! Não sabemos quem é!! Isso foi inútil! – falei decepcionado.
- Não foi inútil Seth! Agora sabemos que não é você! E podemos tentar mais vezes! – Mi tentou me animar e conseguiu, pois soltei um largo sorriso.
- Nós somos demais! Não é por nada não, mas ajudei bastante – Griffon falou se sentindo e arrancou algumas gargalhadas.
- Precisamos falar isso para alguém! – Ty falou contente.
- Eu falo para a Emily então, enquanto isso vocês vasculham os corredores – Griffon falou ficando vermelho e rimos de o porque dele querer ir falar com ela. Enquanto isso eu corria pelos corredores, procurando por alguém que se entregasse por estar muito nervoso. Mas não identifiquei ninguém... Mas agora sei como posso encontrá-lo e mesmo que seja mais difícil, eu vou tentar... Não tenho mais medo de meu lado vampiro, nem muito menos do lobo.

Friday, May 18, 2007

Entrevista com o vampiro – 20 anos depois - Parte II

Diário de Seth K. C. Chronos

Surgi no escritório de Madame Maxime e ela me saldou com um sorriso perguntando se eu estava bem. Ela também notou minha evolução e sorriu dizendo que devo ter feito progressos imensos em magia, mais até do que se tivesse ficado na escola. Eu agradeci com um sorriso e ela falou que ia mandar levarem meu malão para meu dormitório, dizendo que eu devia estar ansioso para rever meus amigos, e como eu realmente o estava, sai correndo do escritório. No meio do corredor cruzei com Amélia Lestel.

- Seth, você já voltou! Que bom!! Estão todos com saudades.
- Eu também estou com saudades. Sabe onde o pessoal deve estar?
- Talvez na biblioteca, e o Ty deve ta namorando.
- Obrigado, nos vemos depois.

Voltei a correr, mas me sentindo estranho, sentia como se algo estivesse para acontecer. Mas a alegria de estar de volta a escola me fez esquecer de tudo. Porém ela durou pouco... Me senti tonto quando peguei uma das passagens secretas e acabei perdendo a consciência ali. Quando voltei à consciência, eu enxergava com dificuldade e me via escondido atrás de uma porta, enquanto ouvia os passos de alguém do lado de fora. Algo me dizia que eram passos de garoto e eu os esperava. Os passos passaram diante da porta e se afastaram lentamente. Não havia outros barulhos no corredor. Abri a porta sem fazer barulho e espiei pela fresta era a Amélia. Esgueirei-me sem que ela notasse, mas eu queria vê-la sentindo medo, então me aproximei lentamente, mas no último instante fiz um barulho como um rosnado. Ela se virou e vi surpresa em seus olhos.

- O que está fazendo? Que brincadeira é essa? Vamos, está tarde temos que voltar.

Ela se virou novamente, segura de que eu não faria nada. Mas me aproximei e saquei uma faca do bolso, imobilizando-a pelas costas e colocando a faca em sua garganta. Ela gritou e me acertou na barriga tentando fugir. Em seu desespero ela gritava e corria pelo castelo, derrubando armaduras e qualquer coisa que visse, tentando me atrasar, ou acertar. Às vezes ela se virava tentando acertar um feitiço em mim, mas eles não surtiam efeito. Comecei a ouvir o barulho de pessoas correndo pelo castelo e rapidamente a alcancei, imobilizando-a novamente e colocando a mão em sua boca para tapar seus gritos. Ela balbuciou um porque, mas coloquei a faca em sua garganta e a puxei para trás de uma cortina, entrando em uma passagem secreta. Levei-a dali, escondidos de tudo e todos...

- O que houve? – Ouvi as pessoas gritando no corredor ao lado.
- Acho que um novo ataque! Ouvi a garota gritando e barulho de luta... Era o Lobo! – a histeria se espalhava pelo colégio e eu meio confuso me misturei à multidão.
- Seth?! Quando você voltou!? – Mi me abraçou forte e me deu um beijo no rosto, enquanto Ty e Griffon finalmente me notavam entre eles.
- Seth? Não sabia que já tinha voltado! – Ty me abraçou também e eu ainda me sentia meio fraco e confuso, sem entender direito.
- Vamos fale alguma coisa Seth! – Griffon sorriu pra mim e eu finalmente consegui falar.
- Acabei de voltar... Cheguei da sala da Maxime há pouco tempo... Que confusão é essa?
- Achamos que foi um novo ataque, mas não temos certeza... Que droga! – Ty falou com raiva dos ataques.
- Isso tem acontecido constantemente? – perguntei apreensivo.
- Não, tinha dado até uma diminuída, com exceção do Ian ter sido perseguido alguns meses atrás. – Mi respondeu enquanto ouvíamos as pessoas vendo se todos estavam lá. Fiquei pasmo e com medo ao ver que o que eu havia visto tinha realmente acontecido. Mal ela terminou de falar, Ian e Bernard passaram correndo gritando por Amélia.

Descobriram então que uma aluna da Lux, do 3º ano, havia sido raptada, e estava desaparecida. Havia sinais de luta, e até mesmo sangue em um dos corredores do castelo. O corredor da sala de Maxime. Medo espalhou-se pelo colégio novamente quando todos tomaram conhecimento de que Amélia havia sido raptada, e ninguém sabia o que podia acontecer... Ian e Bernard estavam arrasados e com raiva, não sabiam o que fazer... E eu me sentia mal, tentando ver mais claramente, o que tinha acontecido... Enquanto isso ainda ouvia a risada dele dentro de mim...

Wednesday, May 16, 2007

Canção, Declaração, Confusão e Detenção

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

- ‘Mas em breve’ diz Nonnos ‘a esposa de Júpiter notou o filho divino, e zangou-se. Por efeito da sua terrível cólera, as filhas de Lamos enfureceram-se sob a vergasta da péssima divindade’ – a professora Emily interrompeu a leitura e parou ao meu lado – Ian, estou interrompendo seu trabalho?
- Hã? – olhei para ela confuso e joguei o papel dentro da mochila – Não professora, desculpa, estava só anotando algumas coisas
- Dave, pode continuar de onde parei? – ela sorriu e se virou para o Regalski, que abriu o livro e continuou sua leitura

Esperei até que ela estivesse outra vez na frente da sala e continuei o que estava fazendo. Gastei mais de 10 minutos, mas consegui dividir em várias partes e sem que ela notasse, distribui entre meus amigos. Todos prenderam o riso ao lerem o pedaço de papel que seguravam, e Samuel puxou dois lápis da mochila, começando a batucar na mesa. Viera e Dominique o imitaram, e logo o batuque se tornada audível, chamando a atenção dos alunos que estavam sentados perto. Levantei da minha cadeira e parei de frente pra Marie. Quando Samuel bateu mais forte na mesa e todos olharam, puxei a mão dela e comecei a cantar alto.

- Listen baby… Ain't no mountain high, ain't no valley low, ain't no river wide enough, baby
- If you need me call me, no matter where you are, no matter how far
– Manu pulou da cadeira ao lado de Marie e me ajudou com a música
- Just call out my name, I'll be there in a hurry, you don´t need to worry – Mad também ficou de pé e terminou de cantar
- 'cause baby there ain't no mountain high enough, ain't no valley low enough, ain't no river wide enough… To keep me from getting to you babe – agora todos os meus amigos estavam de pé e cantavam cada vez mais alto o refrão

A turma inteira àquela altura já havia parado de copiar a matéria e sentava virada para trás prestando atenção à brincadeira, uns rindo e outros cantando também. A professora Emily cruzou os braços na frente da turma não acreditando no que estava vendo, mas parecia estar achando divertido, pois sorria de leve e não tentou interromper. Marie ficava cada vez mais vermelha, e tinha certeza que o que ela mais queria naquele momento, além de me lançar uma maldição imperdoável, era desaparecer. Ela estava escorregando na cadeira e só não havia sentado debaixo dela porque eu segurava sua mão, mas podia ver que ela tentava disfarçar um sorriso.

- Que bagunça é essa?? – a professora Milenna abriu a porta com um estrondo, furiosa – Professora Emily, é assim que ensina Mitologia aos alunos do 7º ano?
- Desculpe Milenna, mas não pude impedir um aluno que encontrou uma forma tão criativa assim de se declarar a uma colega! – ela prendia o riso diante da expressão severa de Milenna – Mas já acabou não é? Sentem, vamos, a aula continua!
- Estou tentando corrigir os trabalhos dessa turma na sala ao lado, e com essa algazarra fica impossível!
- Não vai mais ouvir barulho, lhe garanto – Emily falou praticamente expulsando Milenna da sala, fechando a porta ao conseguir – Acabou a bagunça, gente. Voltem aos lugares antes que a própria Maxime apareça, e não queremos que ela venha até aqui, certo? – a turma riu e todos voltaram aos lugares
- Marie... – me aproximei, mas ela me olhou atravessado
- Sai Ian, não fala comigo agora, senão mato você!
- Desculpa, eu sabia que você não ia gostar, mas fiz assim mesmo. Só quero que você acredite que realmente te amo
- E não tinha uma abordagem mais sutil? Quem sabe anunciar na primeira página do Le Prophète? Ah por favor, não tenha idéias! – falou depressa vendo minha cara
- Desculpa, por favor, me perdoa pela brincadeira! – encarei Marie com cara de menor abandonado e ela sacudiu a cabeça. Podia jurar que ela sorriu – Algum dia vai me perdoar por isso?
- Não sei, talvez – disse desviando o olhar de mim – Pergunte isso amanhã, quando a raiva momentânea passar!
- Marie, lembra ano passado, no nosso primeiro dia depois do banquete de boas vindas?
- O que tem? – falou impaciente
- Estávamos na sala ao lado do salão principal, discutindo nossas metas – ela ainda não me encarava, mas continuei falando – Eu disse que a minha era confessar a uma garota que estava apaixonado por ela... Você sabe que a garota é você, não sabe? Não estou brincando com você, eu juro, é tudo verdade!

Marie olhou para mim e pensei que ela fosse responder, talvez entender que estava sendo sincero, mas ela voltou a encarar o livro aberto na mesa e não se mexeu mais. Desanimado, voltei ao meu lugar e não prestei mais atenção na aula.

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- Ela nunca vai me perdoar por isso, eu sei! – falei para Bernard e Dominique enquanto caminhávamos para a biblioteca
- Calma Luke, ela só ficou com vergonha. Mas também, quem não ficaria? – Bernard tentou me animar
- É cara, relaxa! Depois que a vergonha passar, ela volta a falar com você! – Dominique falou confiante
- Todo mundo sabe que a Marie gosta de você, ela só está fazendo charme. Qualquer hora ela- - a voz de Bernard morreu de repente e vi meu amigo ser derrubado no chão.
- Mas que diabos? – uma mão fechada veio na direção do meu rosto e a próxima coisa que vi foi o piso do corredor encostando no meu nariz

A mesma mão que me acertou agarrou minhas vestes e quando virei, vi o punho fechado de Thiery vindo outra vez na minha direção, mas consegui impedir. Empurrei-o com o pé e ele caiu no chão, e foi o tempo que precisei para avançar para cima dele e devolver o soco. Bernard estava embolado com Antoine e Dominique prendia Cassel contra a parede, mas seu nariz sangrava mais que o dele. Vi Bernard dominar Antoine com a azaração do impedimento e apontar a varinha na direção dos outros dois loucos.

- IMPEDIMENTA! – Bernard berrou e Thiery e Cassel foram atirados para longe – Ficaram loucos??
- Isso foi pela vitória roubada naquela semifinal, Lafayette! – Thiery falou cuspindo sangue
- Você é um péssimo perdedor, Renault!
- Detenção para os três! – Bernard falou irritado – E menos 30 pontos para a Lux!
- Você não pode descontar pontos, Lestel – Antoine falou rindo – Só monitores-chefe têm esse poder
- Monitores têm esse poder, quando o monitor-chefe dá essa autoridade a ele. E Viera me autorizou a descontar pontos quando fosse preciso. Se tiver alguma queixa, procure madame Máxime. Tenho certeza que ela vai adorar perder tempo com os três, e ai quem sabe expliquem porque descontei os pontos.

Thiery abriu a boca para responder, mas nós três sacamos as varinhas e apontamos para eles, deixando claro que estavam dispostos a um duelo ali mesmo, e os três foram embora. Thiery e Antoine ainda nos ameaçaram antes de sumirem no corredor, e apanhei meus livros no chão. Quando ia levantar, vi a cabeça de Dave no canto do corredor nos observando.

- O que foi? – Bernard também notou a presença dele e foi ríspido – Quer uma detenção também?
- Não, só estava passando – ele respondeu baixo
- Ah é mesmo? Pois então passa batido, antes que desconte pontos da Fidei por bisbilhotar a vida alheia – Bernard continuou
- Por que faria isso? – Dave perguntou no mesmo tom de voz baixo e tímido – Não fiz nada, só estava passando pelo corredor
- Talvez alegue que é pela sua cara feia – Bê replicou e ele abaixou a cabeça – Anda, some daqui, vai caçar o que fazer, seu esquisito!
- Calma Bê, ele não faz nada – falei me aproximando dele, depois que Dave correu para fora do corredor
- Esse garoto me irrita, está sempre nos seguindo, nos espionando, nunca perceberam?
- Na verdade não... – Dominique tinha o lábio inchado quando parou ao meu lado
- Pois prestem atenção, porque ele está sempre por perto... Só queria saber por quê!
- Será que o pai dele mandou que ele nos seguisse? – sugeri
- O que o pai dele tem com isso?
- Regalski, o auror que me interrogou! Não conheço mais ninguém com esse sobrenome, e eles são parecidos...
- Se esse garoto estiver nos perseguindo como um espião, vou lhe dar uma lição para não esquecer nunca mais...

Bernard abaixou para recolher os livros e sem dizer mais nada, continuou andando pelo corredor em direção à biblioteca. Não sei o que ele pretende, mas é raro ver Bernard irritado com alguma coisa, e nunca é bom tirar uma pessoa calma do sério...

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N.A.: Ain’t No Mountain High Enough – Marvin Gaye

Tuesday, May 15, 2007

Metamorfoses

Isabel abriu os olhos assustada com o barulho do quarto ao lado. Reparou que ainda estava muito cedo, a julgar pela cor acinzentada do céu. Sentou-se na cama tentando distinguir de quem eram as vozes e o motivo da discussão, mas não precisou se esforçar demais. Antes que pudesse se levantar, a porta do quarto dela foi aberta com violência e Nicole surgia com a cara vermelha de ódio a encarando. Dora vinha logo atrás em pânico e com o rosto inchado de lágrimas.
Nicole andou quase marchando até a beira da cama de Isabel e estendeu um dedo para a cara dela. Isa estava espantada demais para mexer um músculo do corpo, qualquer que fosse ele.

ND: VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA!
IM: O que???
ND: VOCÊ CONSEGUIU ISABEL! ACABOU COM A MINHA VIDA! – Nicole não disse e nem fez mais nada. Dobrou os joelhos caindo no chão e começando a chorar. Isa estava branca de susto, não tinha se situado ainda. Dora levou as mãos à boca e tentou se aproximar de Nicole, mas essa se afastou depressa, limpando as lágrimas. – NÃO SE APROXIME DE MIM! NUNCA MAIS!

Dora olhou a amiga em desespero, e depois para Isabel que a encarou pedindo uma explicação. Começou a chorar novamente. Nicole se levantou e saiu correndo do quarto deixando Dora e Isa sem saber o que dizer. Dez minutos se passaram até que Dora parasse de soluçar e tomasse ar para começar a contar a história.

DG: No dia que o Samuel me beijou eu procurei o Rubens pra cumprir a minha parte do trato. – Isa abriu a boca espantada para responder e Dora foi mais rápida. – Eu sei, você disse que tinha desistido do Rubens, mas eu me senti na obrigação de fazer alguma coisa por você, então fui, mesmo sem te avisar.
IM: O que você disse pra ele? – perguntou com medo da resposta.
DG: Contei pra ele que nas férias passadas a Nicole ficou com outro menino, sem querer, mas ficou. Eles terminaram ontem.
IM: VOCÊ O QUE??? – Isa deu um salto da cama em choque. Dora afundou o rosto nas mãos recomeçando a chorar. Isa ficou tão perturbada com aquilo que trocou de roupa e saiu do quarto o mais depressa que pôde, batendo a porta.

Procurou Rubens por todo o Salão da Fidei, mas não estava em lugar algum. Saiu correndo pelo castelo. Não estava no Salão Principal, nem nos jardins. Encontrou-o no Campo de Quadribol onde sozinho arremessava a goles contra os aros, e com violência. Pegou sua vassoura e em segundos estava uns metros atrás dele o observando. Respirou e quando disse, tentou parecer o mais natural possível.

IM: Será que tem espaço para mais uma artilheira por aqui? – forçou um sorriso mas foi inútil. Rubens ignorou. – Rubens, eu...
RM: Ouviu toda a gritaria da Nicole e veio me explicar que não pediu para a Dora fazer isso? – ele deixou a goles cair no chão e se virou para encarar Isabel. Estava com uma expressão tensa. – Não precisava. A Dora me contou do trato de vocês, e como você tinha desistido, e disse que estava fazendo aquilo por que queria.
IM: Não, eu queria dizer que eu desisti por que descobri o quanto você e a Nicole se gostam! – Rubens soltou uma risada exagerada e triste.
RM: Se ela gostasse de mim, não teria feito o que fez.

Apontou a vassoura para baixo indo em direção ao chão. Isa ficou um segundo pairando no ar antes de decidir ir atrás dele, até o vestiário. Largou sua vassoura e ficou em pé, observando ele guardar a goles na caixa de bolas. Se aproximou. Ia tentar dizer alguma coisa que o fizesse mudar de idéia, voltar com a Nicole, mas ele a pegou de surpresa.

RM: Por que você gosta de mim, Isa?
IM: Como?
RM: Você é linda, é inteligente, é educada. Joga muito bem. Sabe ter amigos. Você é tudo que 99% dos garotos procuram. Por que você foi gostar logo de mim? – ele se aproximou ficando a apenas três passos dela. Isa sentiu o rosto ferver.
IM: Não sei... Não escolhi isso.

Ele a encarava e ela segurava isso, mas sentia que não suportaria muito tempo. Não se enganou. Abaixou os olhos para o chão querendo sumir dali. Rubens andou na direção dela e ficou a apenas centímetros. Colocou a mão no rosto dela fazendo-o levantar e o encarar novamente.

RM: Podia ter sido tudo diferente, desde o começo. Se eu tivesse com você. Se sentisse o que você sente...

Abaixou o rosto encarando ela mais firme. Isa estava gelada por fora e pegando fogo por dentro. Quando viu o rosto de Rubens se aproximando para lhe beijar, alguma coisa bem maior do que sua vontade de deixar aquilo acontecer a fez se afastar dele.

IM: O que você está fazendo???
RM: Tentando gostar de você... Acho que ainda é tempo.
IM: Você está perdendo a razão. Você ama a Nicole. Ela te ama. Não vou ficar com você só por que você acha que isso acabou, por que não vai acabar nunca. Se quer alguém para te ajudar a esquecê-la, não vai ser eu.

Nenhum dos dois disse mais nada. Isa encarou mais uma vez Rubens e saiu de volta para o castelo segurando uma lágrima.

°°°

Durante todo o restante do dia e da tarde, Isa ficou em seu dormitório. Samuel havia passado por lá mais cedo, contando que Dora terminou com ele por que não conseguiria ficar com ele sabendo que aquilo tinha vindo de um trato que ela estava deveras arrependida. Isa pôde reparar o quanto Samuel estava aliviado por ter sido Dora a pessoa a terminar o que nem chegou a começar direito.
Deitou-se na cama tentando dormir. A porta se abriu mais uma vez e passos silenciosos caminhavam em direção a ela. Assustada, agarrou a varinha.

IM: Lumus. – gritou em direção ao barulho. A luz cegou seus olhos um segundo, revelando logo depois o rosto fantasmagórico de Brendan. Isa jogou o travesseiro em cima dele. Brendan ligou a luz e a observou se recuperar do susto, sorrindo. – Não teve graça. Nada hoje teve graça!
BL: Você estragou meu show! Ia chegar bem perto, acender uma luz na minha cara enquanto falaria: sou a sua consciência, muahaha...

Isa não conseguiu prender a risada da piada do amigo. Se sentiu muito melhor por ele estar ali colocando-a pra cima.

IM: Se você fosse minha consciência, nesse momento estaria muito pesada!
BL: E estou! Acabei de jantar. Aliás, você não comeu nada hoje... Acha que não reparei? Quer desmaiar aí e me dar mais trabalho tendo que te carregar até a enfermaria? – fez uma cara brava, como a de uma mãe brigando com o filho. Depois sorriu novamente. – Toma. Peguei alguns pedaços de tortas pra você sobreviver até amanhã.
IM: Obrigada! Meu plano era descer até a cozinha mais tarde. Não estou com coragem de encarar Nicole e companhia hoje... – desembrulhando um pedaço de torta de frango e dando uma mordida. Brendan ficou sério.
BL: Não foi a sua culpa!
IM: Não, imagina! Quem foi que selou um pacto com uma menina que nem gosta se comprometendo a empurrá-la para cima de um amigo só para conseguir com isso tirar proveito de sua própria situação??? Fui eu. Sim, a culpa é minha! Minha por ter feito o Samuel agüentar essa menina, que se mostrou uma ÓTIMA amiga hoje. Minha por ter feito ela se sentir na obrigação de contar um segredo da amiga dela pro namorado da amiga e fazer com que eles terminassem. A culpa é minha. – parou de comer se sentindo enjoada. – Eu sou uma burra! Uma burra! O que é? Sou a menina mais feia e chata do universo pra agir nesse desespero, esmagando as pessoas??? E o que adiantou? Nada! Eu não beijei o Rubens quando ele avançou pra cima de mim, o Samuel ficou feliz por não ter que terminar com a Dora por que ela mesma fez isso, Nicole está tentando formas de suicídio por minha causa... Bff!
BL: Você está exagerando. O namoro da Dora e do Samuel não deu certo, mas não por que ela seja chata, e sim por que o Samuel gosta de outra, você sabe disso. A Nicole deveria ter contado pro Rubens há muito tempo que foi agarrada pelo amigo do primo e conseguiu afastar ele um segundo depois. Ele não ia terminar com ela se ela tivesse contado isso antes. Terminou por que ficou sabendo pela Dora, que nem de longe é a melhor pessoa que conheço, mas que já está bastante arrependida do que fez. Tão arrependida que terminou com o Samuel, certo?

Isabel assentiu com a cabeça se sentindo um pouco melhor. Não adiantava. Nada do que Brendan dissesse naquele dia a faria entender que as coisas se encaixariam perfeitamente quando chegasse a hora. Brendan ficou muito tempo conversando com ela e tentando a animar, mas Isa demorou muito tempo para conseguir pregar os olhos aquela noite...

°°°

Quando acordou no dia seguinte, Isabel já sabia exatamente o que ia fazer para tentar reparar tudo. Foi direto até o quarto de Dora. A menina tinha acabado de se levantar e estava com os olhos inchados.

IM: Se vai ficar chorando a poção derramada aí, fique. Mas se quer ter sua amiga de volta, vem comigo.

Dora se espantou com aquilo mas seguiu Isa no mesmo instante. Quando chegaram até o Salão Principal, foram diretamente até a mesa da Lux, onde Nicole estava de costas para a elas. Ela ameaçou se levantar quando se aproximaram e Isa a prendeu sentada na mesa.

IM: Escuta. Fui eu quem pediu pra Dora fazer aquilo. A culpa é minha. Eu pressionei a Dora, ameacei fazer o Samuel desistir dela se ela não cumprisse o trato, e como ela não tinha mais nada pra falar, fez aquilo. Mas estou arrependida assim como ela está. Então, se quer ter o Rubens de volta, sugiro que o procure e dê um jeito de o fazer escutar toda a verdade, exatamente do jeito que aconteceu, e o porquê de você não ter contado antes. E fique de bem com a Dora por que eu não vou me agüentar se vocês brigarem por minha culpa!

Tanto Nicole, quanto Dora arregalaram os olhos diante do que Isa disse. Ela saiu logo em seguida, deixando as duas em choque a encarando. Não sabia se aquilo era a melhor coisa a ser feita, mas ficou um pouco mais tranqüila ao saber que tinha feito alguma coisa.

Saturday, May 12, 2007

Entrevista com o vampiro – 20 anos depois – Parte I

Diário de Seth K. C. Chronos

“-Você não precisa do meu poder, você já o tem e o usa”.
O Ian fugindo de mim, a perseguição pelos corredores do castelo, até a hora em que ele consegue ferir meu braço.
Nova perseguição. Andares acima. Eu consigo com minha velocidade chegar lá quase que ao mesmo tempo que perco Ian de vista. Dessa vez o aluno também consegue fugir, e continuo enxergando através da máscara.


Acordei sobressaltado e com a respiração entrecortada, ainda era de tarde. Papai acordou ao mesmo tempo do meu lado, assustado pelo modo como eu estava. Estávamos acampando no meio de uma floresta. Havíamos localizado os assassinos e iríamos esperar a noite, onde nossos poderes seriam mais evoluídos.
- O que houve filho? Sentiu alguma coisa? – ele perguntou preocupado me olhando nos olhos.
- Um sonho ruim... Pai, eu estive com vocês durante todo o treinamento?
- Claro que esteve, onde mais estaria... Porém teve uma noite em que eu deixei de sentir sua presença na casa e corri para ver o que tinha acontecido, mas quando cheguei lá, voltei a senti-lo e você estava lá.
- Quando foi isso? – minha voz traiu um pouco de medo.
- Quando lhe ensinei a aparatar. Você precisa aprender a fazer isso o mais cedo possível, e com seu lado vampírico fica muito mais fácil. Por quê? O que você está sentindo?
- Pai... Diga a verdade... Eu sou o Lobo... Não tem como eu não o ser! Quando me encontrei com ele, eu me vi perseguindo alunos de Beuaxbatons, e eu estava com a máscara do Lobo! – não consegui segurar o choro e meu pai me abraçou, apesar de me dar um tapa na cabeça.
- Deixa de ser idiota. Se fosse você mesmo, eu já teria dado um jeito no seu lado vampiro. E o que você sente é outra característica nossa. Ela é chamada de Empatia. Para alguns ela é apenas a capacidade de sentir o que os outros sentem, até os trouxas a tem. Para eles, não passa de se sentir triste ou alegre quando outros estão, mas para nós dois é diferente.
- Mas o que isso tem a ver com Lobo?
- Vou explicar. Comigo a Empatia se desenvolveu de um modo para a adivinhação. Eu sentia antes da hora, as pessoas sofrendo e até felizes, tornando esse dom, uma forma de adivinhação. Eu senti a dor de seus avôs quando foram torturados, senti quando sua tia quase morreu tentando algumas experiências alquímicas. Mas todas como forma de adivinhação. Com você é diferente. Em você a Empatia se revela na forma de ver através de outros, sentir através de outros, geralmente quando já estão acontecendo. Em você ela também faz seu corpo reagir a esses estímulos e andar sozinho, de modo que você pode aparecer no local, ou próximo dele.
- Então as vezes que me vi como Lobo, eu estava apenas me vendo no corpo dele?
- Sim! Isso é um grande dom, se você evoluir mais poderá até ver quem é ele, mas isso deve demorar... Vamos, depois conversamos mais. Está na hora da caça.

Anoitecia... Os três assassinos trouxas estavam acampando. Pretendiam ir para outra cidade, talvez até ir para as ilhas britânicas, continuar sua série de assassinatos. Mas a noite acabaria para eles. Papai me deixou liderar a investida. “Use o medo, use os lobos ao seu favor”. Ele me dissera isso quando começamos e me concentrando, ouvi ao longe o uivo de lobos. Senti no ar a pulsação de medo dos assassinos, mas eles logo se acalmaram, eram apenas cães. Saltei da árvore próxima a eles, mas me mantive nas sombras. Um dele gritou que viu algo se movendo e os três se puseram de pé. Eu corri para o outro lado e os três empunhavam as armas de fogo apontando em todas as direções. O uivo dos lobos aumentavam e se aproximaram. Um dos homens atirou onde eu estava anteriormente e senti o medo crescendo dentro deles, e isso me alimentava. Eles formavam um círculo, um de costas para o outro. Saltei no meio deles, com as presas à mostra, senti o pavor nos olhos deles e agarrei o pescoço de um deles, jogando-o contra um dos outros. O último tentou atirar e acertou meu braço, mas para seu pavor, o furo se fechou instantaneamente. Agarrei seu pescoço e o quebrei, deixando-o morrer sufocado. Os outros dois tentaram correr, mas saltei sobre eles acertando-os com um chute nas costas. Fiquei de pé sobre os dois e acertei um soco em cada um ao mesmo tempo deixando-os desacordados. Voltei-me ao que estava morto e o levantei diante dos meus olhos. Papai tinha dito para que matar apenas um, e eu estava feliz de ter conseguido me controlar. Levei minhas presas à jugular do homem e sentindo nojo e prazer ao mesmo tempo, tomei seu sangue...

- Aqui novamente? – o jovem acorrentado nas trevas me encarou quando surgi diante dele.
- Quero que você me diga. Você é o Lobo?
- Não devo lhe dizer, você que deve saber se o é ou não. Mas sim, eu sou um Lobo – vi o sorriso maligno dele e isso me deu certa apreensão, mas me controlei.
- Eu nunca faria nada dessas coisas, e meu pai me contou sobre o meu dom.
- E você acreditou? Você é tão ingênuo Kamui... – ele sorriu calmamente.
- Cale-se!! Eu governo minha própria mente e não me deixarei levar por suas falsidades!
- Governa mesmo?! Então por que sente tanto prazer em se alimentar de um homem?! Você sabe aparatar agora, e eu uno minhas forças a você, tornando tudo mais simples... Ligue os pontos.

O que ele falou me deixou fraco e sem vontade de falar mais nada, abaixando minha cabeça, porém ouvi um barulho de correntes e quando levantei os olhos, ele estava desacorrentado. Ele gargalhou alto enquanto destruía as últimas correntes e estava diante de mim, face a face, olhos nos olhos. Agarramos um a garganta do outro, mostrando as presas, prontos para a luta.

- Eu lhe aprisionei uma vez. Aprisionei seu “pai” e vou matar seu criador. Você acha que deixarei você tomar conta de meu filho?!

Era papai que surgia no meio das trevas. Metade de seu corpo era branco e a outra negra. Ele agarrou o meu lado vampiro pela camisa e o jogou ao chão, esticando as duas mãos. Correntes surgiram do chão e começaram a envolver meu lado vampiro, que gritava e mostrava as presas ao meu pai. As correntes o prenderam e um elmo surgiu do chão, abafando os gritos.

Quando voltei a mim, os dois bandidos já estavam amarrados e o último jazia morto aos meus pés. Sentia o gosto de sangue na boca e eu estava abraçado ao meu pai, que acariciava meus cabelos devagar enquanto repetia algum encantamento.

- Nunca se deixe pegar de surpresa por eles. Aprenda a subjugá-lo sozinho, pois sei que você consegue. Tome, vamos voltar para casa e depois para a sua escola – ele sorriu feliz por eu ter conseguido caçar, me controlar, mesmo tendo sido quase destruído por ele. Ele me devolvia meu pingente de lua crescente e o pingente de grifo do Griffon. – Encantamos eles com algumas proteções extras. O do Griffon irá protegê-lo de muitas azarações e o seu irá selar seu lado vampiro se ele sair de controle totalmente. E caso vocês estejam em perigo, ambos irão nos alertar e eu e sua mãe aparataremos, onde quer que vocês estejam.

Voltamos pra casa e enquanto eu arrumava meu malão, papai foi levar os bandidos capturados e o corpo do último. Contei o que havia acontecido pra mamãe e chorei de nojo ao lembrar que eu havia matado um homem. Ela me confortou e acalmou e me ajudou a arrumar as coisas, para que eu saísse ainda essa noite. Quando papai voltou já estávamos com a lareira pronta e diante dela, me despedi deles, com um pouco de choro e apreensão, antes de entrar no fogo e falar “Beauxbatons”.

((Continua))

Thursday, May 10, 2007

A noite do princípio

IM: Samuca, eu juro pra você! Ela é gente boa! Simpática, inteligente... E você está sozinho há tanto tempo! O que custa ir conhecer a garota?
SB: Nada Isa, não me custa nada. Só que não acho que esse seja o momento ideal para ficar marcando encontros! Acabei de voltar da minha viagem de formatura, a semifinal está chegando, tem um assassino solto no colégio e...
PB: E ele está mais uma vez inventando desculpas! – Patrick que até então vinha calado, comentou. Olhei nervoso para ele e ele sacudiu os ombros. – Ou vai dizer que não são desculpas? Um encontro para conhecer uma menina que está gostando de você não vai atrasar em absolutamente nada a sua vida!
IM: Obrigada Patrick!!! – mais empolgada que nunca. – Então? Vai ou não vai dar uma chance para a Dora?

Isa lançou um olhar pidão e acabei concordando. Talvez os dois tivessem razão, e eu só estava inventando desculpas para evitar encontros assim. De qualquer maneira, fui até o encontro. Na verdade, uma encenação. Isa e Dora estavam sentadas nos jardins conversando, e fingindo que eu não soubesse que elas estariam ali, me aproximei pra sentar com elas. Dora no começo ficou muito calada, mas depois foi se soltando e ficamos os três conversando um bom período de tempo. Quando o sinal para voltarmos ao castelo soou, Isa levantou de um salto.

IM: Eu realmente preciso ir até o campo de quadribol apanhar umas coisas antes de voltar ao castelo, mas vocês podem ir indo se quiserem. Samuca, acompanha a Dora até a Fidei, por favor? Você sabe... Lobo! – Isa sorriu marota e concordei com a cabeça. Dora sorriu.

Continuamos conversando até a porta da Fidei quando parei. Ela me encarou séria e depois começou a rir. Mas não um sorriso tímido, e sim, um sorriso despreocupado.

DG: Pode terminar o teatro. Eu sei que a Isa armou esse encontro só por que eu disse que gosto de você.

Fiquei sem saber o que dizer e ela continuou a sorrir.

SB: Na verdade o encontro foi marcado por ela sim, mas fui por que quis. Quero entender como você pode gostar de mim sem nem me conhecer!
DG: Amor platônico eu acho. Mas agora eu te conheço e nada mudou, então...
SB: Então... Quer sair de novo?
DG: Seria ótimo!
SB: Ok. Amanhã depois das aulas eu te procuro para darmos uma volta.

Foi assim que começou. No outro dia saímos. No dia depois também. Acabamos nos beijando. E estava realmente começando a descobrir na Dora ótimas qualidades...

°°°

- Monsieur Stardust, será que dá para parar com a brincadeira? – professor Armand chamou minha atenção mais uma vez, quando tive que prender o riso ao declamar um parágrafo de 30 linhas, que poderiam ser resumidas em 2, para Anne. – A peça será em duas semanas! Francamente! Vá se sentar. Você também, senhorita Renault!

Soltando o sorriso cômico, fui me sentar com meus amigos no fundo da turma de teatro e o professor Armand começou um verdadeiro monólogo.

- Duas semanas e isso é tudo! Só mais duas semanas e vocês se livram dessa peça. Mas sinceramente, até lá procurem levar com o maior grau de seriedade que puderem?! As caracterizações estão cada dia melhores, e confesso que me surpreendi muito com a maioria de vocês. Mas outros... – pausa para me encarar rapidamente – ainda não perceberam a seriedade do projeto. Então, por favor, agüentem só mais duas semanas? – a turma em silêncio concordou com a cabeça. – Tudo bem, por hoje é só! Stardust, Renault, me dêem mais uns minutos.

Rindo e se despedindo de mim, meus amigos foram saindo aos poucos da sala. Um minuto depois só ficou eu, Anne e o professor Armand que arrumava uma pilha de papéis em cima da mesa. Nos aproximamos e ele levantou os olhos categoricamente.

- Bom, eu quero sugerir que os senhores ensaiem mais. Eu sei que estão apertados com exames e todo o resto, mas as falas dos senhores precisa ser aperfeiçoada. Os dois. Nem parece que fazem um par romântico! Tem que ter sentimento, ou não vamos convencer ninguém.
AR: Tudo bem professor, vamos nos dedicar mais nas aulas e...
- Não senhorita Renault. Estava sugerindo ensaios fora do horário de aulas. Será que vocês estão livres no domingo, às 8 da noite?
SB: Mas professor, no sábado é a semifinal de quadribol e se ganharmos vou ter que treinar com o time diariamente! – disse depressa. Armand sorriu.
- Uma horinha. Não vai morrer por uma hora, vai? Vejo vocês no domingo?
AR: Tudo bem.
SB: Claro, ¬¬.

Peguei minha mochila e sai com Anne falando de como seria animado nosso ensaio a três com o professor Armand no domingo. Antes que pudéssemos dobrar um corredor, Dora apareceu e sorriu a me ver. Retribui. Anne parou nos olhando. Dora me abraçou e me deu um beijo em seguida.

DG: Você disse que ia me procurar durante o jantar! Fiquei esperando... – em tom chateado.
SB: Desculpa. O Armand nos prendeu lá até agora por causa da peça.
AR: Er... Tenho que ir. Boa noite.
DG: Tchau. – Dora disse seca, olhando Anne de cima a baixo. Senti o rosto ficar vermelho.
SB: Boa noite! Nos vemos no domingo então? – rindo. Anne afirmou com a cabeça soltando um sorriso tímido e dobrando o corredor.

De mãos dadas com Dora continuei indo em direção ao Salão Principal. Queria comer alguma coisa antes de ir para a Nox terminar os deveres.

DG: Vocês vão se encontrar no domingo por quê? – perguntou, mas não em tom de curiosidade leve e sim de interrogatório.
SB: Ah, temos que ensaiar mais. A peça está chegando.
DG: Mas as aulas de teatro?
SB: Não são suficientes. Armand pediu que nós dois ensaiássemos mais, por que não estamos passando todo o sentimentalismo que Shakespeare recomenda! – ri e Dora levantou as sobrancelhas.
DG: Não estão levando isso a sério demais? Pensei que fosse só um teatro.
SB: Foi na base de um teatrinho que eu te conheci não foi? – parei de andar, sorrindo, e percebi tarde demais que tinha falado alguma coisa atingível. A boca de Dora ficou pálida.
DG: Eu não pedi para a Isabel fazer aquilo!!!
SB: Ei, calma! Estou brincando! Eu hein... Às vezes você leva a sério demais, Dora.
DG: E às vezes você brinca demais! Vou para a Fidei.
SB: Boa noite então. – me aproximei para lhe dar um beijo e ela se afastou virando as costas. Respirei fundo e continuei o caminho até o Salão Principal sozinho.

°°°

A derrota do time da Nox na semifinal foi menos traumática do que eu cheguei a pensar. Na verdade, todo o time ficou triste, mas se comportou racionalmente. Dora não vinha falar comigo desde aquela noite, e eu, que me julgava o certo da discussão ou seja lá o nome atribuído, também não fui atrás dela.
Isa tentou interceder ainda umas duas vezes, mas vendo que eu não ia atrás dela para pedir desculpas por uma coisa que eu nem sabia o que era, desistiu de tentar.
No domingo à noite fui até a sala de teatro. Anne e o professor Armand já estavam por lá.

SB: Desculpem o atraso.
- Bem na hora, Samuel. Anne acabou de chegar também. Vamos começar?

Armand puxou uma cadeira e seu roteiro e se sentou. Ficou calado o tempo todo assistindo eu e Anne repassarmos cada uma das falas e fazendo algumas anotações.

SB: Minha pequenina, não lhe faltes à palavra. – segurando a mão de Anne.
AR: Não faltarei. Amanhã, no canteiro das primaveras, onde poderemos ir para bem longe de Atenas.

Ainda continuava segurando a mão de Anne e nos olhamos. Senti a mão ficar quente, mas sustentei o olhar. Então, sem nem saber por que, puxei Anne pela cintura com a outra mão e a beijei. Incrivelmente, ela correspondeu. O silêncio era absoluto na sala e quando nos soltamos, professor Armand levantou da cadeira tão rápido que nos assustou. Bateu palmas, eufórico.

- Mas vocês hein? Não só estão perfeitos, como demonstraram uma carga de sentimentos que jamais vi. Exuberantes! Inigualáveis! Parabéns!!! O beijo não estava no roteiro, mas sabem que podemos acrescentar? Sim! – puxou o roteiro e já ia anotar quando cai na real.
SB: NÃO! Professor! Eu não devia ter feito isso. Só o roteiro principal, por favor.

Armand pareceu extremamente decepcionado. Olhou para Anne mas ela nem parecia estar prestando atenção. Olhava o chão completamente calada. Me senti mal.

- Tudo bem então. Pelo menos demonstrem esse sentimento nas falas. Dispensados.

Anne saiu depressa da sala e foi difícil alcança-la no corredor. Puxei seu braço fazendo-a parar.

SB: Me desculpa. Eu não queria. Quer dizer, queria. Eu não podia!
AR: Por que você fez isso Samuel? Era só com os personagens...
SB: Não, não era!!! Pelo menos pra mim. Anne, eu acabei de descobrir que estou apaixonado por você. Não sei como, nem por que, mas é isso aí. Eu não tinha o direito mas fiz. Não vai acontecer de novo. Eu nunca fiz isso, nunca. É que aconteceu algo estranho e foi involuntário. Quando eu vi, já estava te puxando e... Você deveria ter me impedido!
AR: Desculpa, mas eu não tenho um reflexo tão bom quando sou agarrada durante um ensaio de teatro.

Não pude deixar de rir do tom de voz dela. Ela levantou os olhos para mim pela primeira vez, séria.

SB: Ouço sinos. Você não? – ela sorriu.
AR: Você está brincando não é?
SB: Quem dera!
AR: É bom que esteja, por que pra mim isso foi só uma encenação Samuel.

Colocando um ponto final, ela sumiu no meio de um grupo de alunos da Sapientai.

Monday, May 07, 2007

Tudo por uma final

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

- Não foi culpa sua...


Eu estava sentado no gramado de um cemitério. Era dia, o céu ainda estava claro. Eu encarava uma lápide enquanto chorava, tinha os olhos vermelhos. Alguém mantinha a mão em meu ombro, repetindo sempre a mesma coisa.
- Não foi culpa sua...
- Sim, foi! Eu vi e não fiz nada, podia ter impedido!
- Não havia nada que você pudesse fazer Ian...
- IAN!

Cai da cama com o susto e Bernard estava parado em pé, rindo. Sonhei outra vez com a maldita lápide, e continuava sem ter idéia de quem era. E também, com tudo que estava acontecendo, já havia desistido de descobrir. Era véspera da semifinal entre Sapientai e Lux e precisávamos vencer para disputar a final, que seria contra a Fidei. Saí da cama esquecendo o sonho e em meia hora estava sentado no salão principal tomando café.

- O treino hoje vai ser às 15hs, Lafayette. Não se atrase. – Ty passou por mim na mesa e avisou sobre o treino, saindo com os amigos
- Ok, ok, já sei...
- O que foi, Luke? – Bernard acompanhou meu olhar intrigado – O que tanto olha pra mesa da Fidei?
- Acabei de ter uma idéia ótima pra amolecer um pouco a Marie!
- Ai Merlin, o que vai fazer?
- Só faça com que ela assista ao treino mais tarde, ok? Deixa que eu cuido do resto...

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- Devlin, você não está sincronizado com o Tewlis e o DeVille! Não vamos ganhar a taça assim! – Ty estava vermelho de tanto gritar
- Relaxa Ty, nosso time está bom, não vamos perder – Derkier tentou acalmá-lo.
- Não, não está nada bom! Podem continuar voando, ninguém sai daqui hoje até que eu ache que está bom! Ian, solte o pomo de novo e comece a procurar! Brenda, para os aros outra vez!

Abri a mão e deixei o pomo voar pela 5ª vez naquela noite, que parecia não ter hora para terminar...

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- Ok pessoal, acho que por hoje está bom!

Quase deitei na minha vassoura enquanto voltava para o chão, cansado. Mas nada se comparava ao estado dos outros jogadores, que faziam mais esforço que procurar um pomo. Era quase 22hs e estávamos no campo desde as 15hs! Ty estava tão determinado a vencer amanhã que não nos deu descanso. Mas não me queixava, afinal, era meu ultimo ano e tudo que mais queria naquele momento era sair da escola como campeão do campeonato de quadribol. Notei que Bernard ainda estava na arquibancada com Marie e abordei Ty na saída do vestiário, de maneira que os dois na arquibancada pudessem nos ver.

- Ei Ty! Espera ai!
- O que foi?
- Queria te pedir um favor
- Que favor?
- Será que você pode me acertar com o bastão?
- O que?? Está louco?
- Não, acredite, tem fundamento, mas preciso que você me bata com ele...
- Não, esquece. Não importa que fundamento possa ter nisso, não vou machucar meu apanhador na véspera do jogo!
- Eu juro que amanha vou estar bem! Madame Magali cura em um instante!
- Não, vai dormir, Ian! O treino deve ter afetado seu cérebro...
- Ok, tudo bem, não ia surtir efeito mesmo... Você rebate como uma garotinha...

Pronto, a frase surtiu o efeito desejado. Nem um segundo depois, Ty virou o bastão pra cima de mim. O reflexo fez com que colocasse o braço na frente, e ouvi o som do meu osso se partindo com a pancada. Ty na mesma hora largou o bastão no chão e fez cara de horror.

- EU FALEI PRA ME BATER, NÃO ME MATAR!
- Droga! Por que me provocou?? Ah não, vamos perder amanha!
- Calma, já falei que vou estar bom!
- Luke!! O que aconteceu? você está bem??

E mais uma vez, tive o efeito que queria. Marie e Bernard desceram correndo das arquibancadas e vieram ver o que estava acontecendo. Bernard na hora entendeu que aquilo era armação minha, mas Marie não sabia e logo apontou o dedo para Ty.

- Por que fez isso?? Quer matar seu apanhador na véspera de uma semifinal??
- Mas foi ele que... – Ty parecia cansado para discutir – Argh é bom que fique bom amanha, ou eu realmente vou ter a intenção de te matar! Boa noite!
- Por que ele bateu em você? – Marie me questionou quando Ty foi embora
- Ah nada demais, estávamos discutindo, mas não foi nada. Madame Magali pode dar um jeito...
- Acho que estou sobrando aqui... Vou voltar pro salão comunal, qualquer coisa me chama... – Bernard se despediu rindo e entrou no castelo
- Anda, eu levo você até a enfermaria...
- Vai me largar lá sozinho? – falei com cara de criança abandonada e ela riu
- Não abusa, Ian... Vai ter que fazer melhor que se machucar pra me conquistar
- Eu já te conquistei, meu bem... Só você ainda não percebeu isso...

Marie me encarou séria e não conseguiu segurar o sorriso, que logo ela transformou numa cara séria enquanto me puxava pela mão até a enfermaria. E claro, ela não saiu de lá até que madame Magali tivesse me liberado. Por que é tão difícil pra ela admitir que esteja apaixonada por mim?

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- Tiago Henri apita e a goles é lançada para o alto! Começa a segunda semifinal do campeonato de quadribol de Beauxbatons: Sapientai x Lux. Quem vai enfrentar a Fidei na final? – a voz de Violet Jabouille foi ampliada no megafone e todo o estádio gritou com o começo da partida

Casel saiu com a posse da goles e numa jogada rápida com Nicole e Meyer, a Lux marcou o primeiro gol da partida. Dei um soco no ar de raiva e vi Renault comemorando e rindo da minha cara. Mas a felicidade dele não durou muito, pois em menos de um minuto, vi Devlin tomar a goles de Casel e afundar o Chronos no aro do meio. Empatamos o jogo.

A partida foi dramática. A cada gol que a Lux fazia, nós marcávamos outro em cima. Seguimos empatados por mais de uma hora, e o pomo ainda não havia aparecido. Meus companheiros de time gesticulavam cansados, e jogavam atentos a qualquer brilho dourado no céu, mas nada. Até que então vi Renault fazer um movimento estranho, quase uma cambalhota. Olhei para ele depressa e vi seus dedos se esticando para alcançar algo dourado que brilhava perto dele. Deitei o corpo na vassoura e disparei em sua direção. Um balaço rebatido por Ty fez ele se desconcentrar e o pomo fugiu.

- Se manda Renoir! A final é Lux x Fidei!
- Só nos seus sonhos mais loucos, Renault... Ei, o que é isso na sua orelha???

Renault virou o rosto rápido, as mãos já voando na direção da orelha como se fosse pegar alguma coisa. O tempo que ele perdeu se dando conta que não tinha nada em cima dele foi o tempo que precisei para me afastar e sair na frente na corrida para capturar o pomo.

- Seu trapaceiro! – Renault inclinou a vassoura para me alcançar
- Cada um joga com as armas que tem... Você tem a melhor vassoura, eu tenho o melhor cérebro
- Vamos ver se o seu cérebro ainda continua bom depois que eu amassar ele!

Senti minha vassoura perder velocidade e quando olhei para trás, Renault segurava minhas vestes. Sacudi o pé tentando fazê-lo soltar, mas não adiantou. O pomo estava muito perto, se ele não estivesse me segurando, bastava esticar o braço e eu conseguiria capturá-lo.

Vi o pomo se distanciar e resolvi arriscar. Era minha única chance, se não desse certo, a Lux venceria. Joguei o corpo para trás até a vassoura parar por completo, e quando Renault percebeu que eu estava parando, era tarde demais e ele não conseguiu frear a sua a tempo. Ele se desequilibrou da vassoura e ia se chocar comigo, mas retomei a velocidade e desviei, deixando ele pendurado no ar. Avancei para o alto e em alguns segundos, pude sentir as asinhas do pomo se debatendo entre os meus dedos. Vencemos o jogo.

Sunday, May 06, 2007

Decisões

Estávamos a uma noite do jogo contra a Fidei, que definiria a final do campeonato de quadribol. Samuel dispensou o time do treino após dizer algumas palavras de otimismo e já me preparava para voltar ao castelo quando ele me rendeu no vestiário.

SB: Miyako, eu preciso muito conversar com você!
MK: Tudo bem. Algum problema no treino?
SB: Não, tudo certo. É que você sabe, eu estou me formando, e com isso o time vai precisar de um outro capitão. Dominique, Vieira, também estão indo, então entre você, o Jardel, o Jean e a Bridget, eu gostaria que você assumisse o cargo.
MK: Desculpa Samuel, mas não quero.
SB: Tem certeza? Olha, não é tão ruim quanto parece, sabia?
MK: Eu sei, não é isso. É que eu nunca pretendi evoluir com uma carreira de quadribol, entende? Jogo por prazer. Quero continuar só assim, e não com uma responsabilidade dessas. Tenho certeza que ou o Jardel, ou a Bridget, ou o Jean dará um excelente capitão!
SB: É, você tem razão. Bom, então se você tem certeza, amanhã anunciarei o novo capitão de vocês. Nos vemos antes da partida?
MK: Ok.

°°°

Saímos de perto da lareira, onde a cabeça do Gabriel ainda flutuava, para deixa-lo conversar sozinho com Madeline. Griff se despediu e saiu de volta para o salão comunal da Lux, enquanto Ty ia atrás da Rory do outro lado do salão, para se despedir dela. Sentei afastada para adiantar os deveres e minutos depois Sávio se aproximou dando um beijo no meu rosto e se sentando na minha frente.

SD: Atrapalho?
MK: Não. Já estou terminando...
SD: Que bom. Por que vim justamente pra te chamar pra dar um passeio.
MK: Não podemos sair agora, esqueceu? Tem um assassino perambulando!

Sávio soltou um suspiro conformado e ficou em silêncio me observando terminar o dever.

SD: Xadrez de bruxos? – puxando o tabuleiro. Sorri.
MK: Não tenho paciência para essas peças. – mais um suspiro dele. Ficou calado, provavelmente pensando em outra idéia para gastar tempo comigo. Fechei o livro e olhei para ele. – Acho que se formos rapidinho até a cozinha, só para comer um pedacinho de torta...
SD: Não vai ter problema algum!!! – ele sorriu mais uma vez, se levantando e estendendo o braço.

Passávamos por um dos corredores conversando quando deparamos com Samuel aos beijos com Dora. Sávio deu um sorriso discreto antes de continuar a caminhar. Ele entrelaçou os dedos dele nos meus, me senti estranha. Parei quando chegamos na porta da cozinha e fiquei olhando pra ele.

SD: Tudo bem? – parecendo notar minha cara de repente e ficando confuso.
MK: Sávio... O que você quer de mim?

Ele ficou sério, pálido, tossiu. Se afastou um pouco olhando para todos os lados, menos para mim. Me senti gelada.

MK: Eu preciso que você me responda, por que eu acho que isso não está bem claro e você pode estar confundindo as coisas. Eu não quero ficar te enganando e estou me sentindo mal com essa sua palidez, então, responde logo!
SD: Eu gosto de você. Não só como amiga. E eu quero ficar com você, de preferência, não só como amiga. Se isso te faz mais confortável...

Olhei pra ele incrédula, e me sentei no chão, encostando na parede. Precisava pensar! Ele se sentou do meu lado um minuto depois.

MK: Eu gosto muito de você, Sávio. E todas as coisas, você sabe, os beijos e tudo o mais, foram especiais pra mim. Mas não sinto o mesmo que você. Gosto de você como amigo, e é só como amiga que quero ficar. Desculpa.
SD: Eu posso tentar fazer você gostar de mim, eu sei!
MK: Não! Sávio! Para! Se eu tivesse que gostar de você além de amizade, eu teria gostado mesmo antes de todas as coisas que você já fez por mim. Não quero que você se decepcione.
SD: Eu não vou me decepcionar. Eu quero isso Miyako. Por favor?

Ele me olhou triste, mas parecendo confiante do que dizia. Por um momento, quase concordei, mas eu sabia que se ele continuasse com isso e não recebesse nenhuma resposta minha, acabaria se decepcionando. Me levantei.

MK: Desculpa. Você sempre vai ter uma amiga que gosta muito de você, mas sem mais tentativas para me conquistar ok?

Sem dizer mais nada, voltei para o Salão Comunal da Nox.

°°°

O barulho das arquibancadas já estava ensurdecedor quando terminamos de colocar os uniformes do time e nos sentamos para esperar Samuel passar as últimas instruções. Não tinha conseguido comer nada naquela manhã, e sentia meu estômago rodar de ansiedade, mas mesmo assim tentava me manter controlada. Samuel pigarreou.

SB: Antes de tudo, eu gostaria de dizer que independente do resultado do jogo de hoje, nós temos que sair com a cabeça erguida, pois fizemos belas partidas. Em segundo lugar, gostaria de dizer que independente do resultado de hoje, eu adorei ter sido capitão de vocês durante dois anos. Acho que mais do que colegas, nos tornamos amigos e aliados, mais dentro do campo de quadribol, mas grande parte do que eu aprendi sobre quadribol e partidas e pessoas, foi nesse período, portanto, obrigado por terem sido sempre compreensivos comigo em todas as decisões e derrotas. Por último, gostaria de...
DC: dizer que independente do resultado de hoje? – Dominique brincou e todos riram descontraindo um pouco.
OV: Nós queremos é seus ingressos de jogos futuramente, ouviu Samuca???
SB: Bom, pode ser! – rindo. - Gostaria de anunciar que com a minha saída do time, quem eu gostaria que tomasse o cargo de capitã, é você Bridget. Por ser uma excelente goleira, e excelente pessoa. Me ajudou sempre em novas jogadas e táticas e sempre preservou o espírito de equipe. Você aceita?

Bridget deixou a vassoura cair no chão e ficou branca. Demorou uns segundos até afirmar com a cabeça que sim e soltar um grande sorriso. Samuel sorriu de volta, e todos nós apoiamos a escolha. Lá fora, as arquibancadas começavam a cantar os hinos da casa quando a voz de Violet anunciou a entrada do time da Fidei.

SB: É isso aí! Vamos lá mostrar quem é o campeão de Beauxbatons!!! Boa sorte a todos!

°°°

Descemos de volta para o campo. O time da Fidei se amontoava em abraços. O jogo tinha sido limpo e rápido. Estávamos otimistas, mas Rubens e o restante do time parecia muito mais disposto a levar essa taça. Quando menos me dei conta, estava na cola de Tony Wallis, o braço estendido. Estávamos lado a lado, mas o braço dele alcançou o pomo primeiro e ele subiu com a mão fechada e duas asinhas saindo dela.

Primeiramente, me senti derrotada, mas vendo a felicidade deles comemorando ali embaixo de uma chuva fina, não pude deixar de sorrir. Era só mais um campeonato, e eles fizeram por merecer. Afinal, que graça teria ser bi-campeão, certo?

Tuesday, May 01, 2007

Treinamento

diário de Seth K. C. Chronos

Há mais de 3 meses atrás, papai e mamãe me levaram de volta pra casa e decidiram me manter por lá, para que eu pudesse treinar e desenvolver minhas habilidades, além de saber controlá-las.
- Ah droga! Por que só o Seth tem essa mordomia de faltar às aulas? – Griffon reclamava quando soube que só ele retornaria à Beauxbatons.
- Você por acaso tem um monstro dentro de você? E não conta quando você está com fome? – Brinquei, apesar de ainda sério.
- Há-Há-há! Queria poder ficar em casa e curtir a vida boa...
- Até parece que seu irmão vai curtir uma vida boa... – Mamãe falou acariciando nossas cabeças com um sorriso. Confesso que tive um pouco de medo com o jeito dela, quase peço pra me levarem pro colégio de volta...
- E sua hora ainda vai chegar Sr. Griffon – Papai surgiu na mesa do café da manhã, descendo do quarto dele e de mamãe. – Só que seu irmão tem prioridade agora, é por enquanto o caso dele é mais grave.
- Vocês tão é escondendo algo de mim! – Griffon acusou e eu desviei o olhar, o que fez ele olhar de um para o outro – VOCÊS TRÊS ESTÃO ESCONDENDO! Por que o Seth pode saber e eu não?! – Ele fez biquinho como sempre quando é rabugento e minha mãe apertou a bochecha dele de leve, encerrando o assunto.
- Vamos para a Estação, Lu comece o treinamento com o Seth.
- Não vou poder nem ir até um pedaço? – perguntei meio ansioso.
- Não, nada disso. Já devíamos ter começado! Mi, querida, não esqueça de pegar os amuletos dos dois. – Papai falou, despedindo-se de Griffon com um abraço e um beijo em mamãe. Me despedi deles também e Griffon me deu um abraço forte enquanto cochichava "Sortudo".
Nem sabia que os meses mais corridos, divertidos e construtivos da minha vida estavam para começar.

Na sala de treinamento do Clã

- Me diga Seth, quais são as Três Imperdoáveis? – Papai me perguntou diretamente, apesar dele saber que eu já conhecia a resposta.
- Avada Kedava, Imperius e...Cruccio – demorei a responder a última, pois fora ela que causara a morte de meus avós.
- Exato...E quais seus efeitos?
- Cruccio é a maldição da tortura, Imperius do controle sobre a pessoa, e Avada Kedava a maldição da morte.
- Muito bem...Quero lhe mostrar algo, por favor não se assuste. Avada Kedava!
Ele gritou a maldição enquanto apontava a varinha para mim. Eu apenas senti o medo e a surpresa de repente dentro de mim. Senti também muito ódio e rancor de meu pai ter me assassinado. Mas isso só durou um instante...Eu estava de pé ainda, com os caninos à mostra e os olhos rubros. Meu corpo inteiro tremia e sangue escorria do meu nariz e da minha boca, assim como dos pulsos e do peito. Mas eu estava vivo.
- Hahahahahaha! Como pensei. Você também é imune a ela...Você assim como eu apenas recebe danos "superficiais". Suas forças são exauridas e cortes surgem em pontos que seriam vitais, como os pulsos, o peito, a boca e do nariz. Mas você não sofre o dano completo. A Morte. Sabe por que?
- ...Porque, tecnicamente, já estamos mortos...
- Exato! Você realmente é meu filho!! – Papai sorriu e apontou a varinha, curando meus ferimentos mais rapidamente, pois eles já começavam a se fechar. – A Maldição da Morte não faz efeito naqueles que já estão mortos... – senti uma certa infelicidade no tom de voz dele, e eu entendia porque, mas o tom desapareceu rapidamente, meu pai já deixara de ser o jovem que sempre se sentia triste por ser o que é, assim como eu fico ainda hoje...- Porém, ela ainda é muito poderosa, e além disso as outras maldições ainda podem fazer efeito em você. Nesse seu novo treinamento, aumentarei sua força, aumentarei a sua velocidade de regeneração, aumentarei sua velocidade, e o farei ser uma barreira humana contra qualquer feitiço, e lhe ensinarei as Imperdoáveis, lhe ensinarei as Artes das Trevas.
Ele falou isso tudo de modo solene e eu sabia que não estava mentindo. "Para se combater o mal, deve-se conhecê-lo. Para se escolher a luz, deve-se conhecer as trevas". E eu estava preparado para isso. Já algum tempo sabia que esse dia chegaria, em que eu precisaria aprender como as trevas agem, aprender como me defender, mas também como aniquilar...
- A primeira parte será o treinamento com as Imperdoáveis. Quando você dominar seu uso e sua defesa, seus poderes já vão estar muito evoluídos e será apenas mais um passo para deixá-lo pronto para o que está por vir...Eu treinarei com você a maior parte do tempo, mas sua mãe também irá treiná-lo, assim como seus tios, tanto a Celas, quanto o Kyle e a Alex. Vou transformá-lo em um caçador como eu, prepararei você para o que for acontecer.
- Pai...O Tio Kyle...Estou preocupado com ele, sinto-me estranho sempre que penso nele...
- Eu sei... – papai ficou em silêncio um tempo e novamente notei tristeza – Eu também sinto...Mas não podemos fazer nada, nem ele quer que o façamos...Seth, preste atenção. Quero que me jure que se seu irmão, seus amigos, ou melhor, qualquer pessoa, estiver sob a mira de um Avada Kedava, você se jogará na frente deles.
- Não precisa nem pedir, pai. Desde agora em que vi, que sou imune à ela, tomei a mesma decisão...
- Chega de papo.
Os olhos dele se acenderam e iniciamos um duelo. Usamos nossos poderes vampíricos também, o que dificultava a ação dos feitiços. Meus feitiços mais poderosos sequer o arranhavam, e o mesmo valia para ele, apesar dele estar pegando leve. Ele usou o Imperius em mim, tentando me controlar, e por alguns minutos ele me fez saltitar pela sala como um canguru, até que ele surgiu.

- Vai deixar ser feito de palhaço? Pelo seu próprio pai?
- Quem é você?
- Eu sou você. E não sou você. Você ainda vai entender. Vamos, não vou deixar o outro Eu de seu pai nos vencer.

Tive o vislumbre de um jovem totalmente acorrentado nas trevas, e a única luz que eu podia ver eram seus olhos vermelhos...Iguais e ao mesmo tempo, diferentes dos meus...Na mesma hora, senti nova injeção de energia e eu sabia que era meu lado vampírico em ação, mas dessa vez mais intensamente. Reagi ao feitiço e o lancei de volta para meu pai, gritando alto Imperius. O feitiço mal fez efeito por alguns segundos, quando ele começou a rir e parou o duelo.
- Ahh! Então nós o acordamos! Aquele que você viu, filho, é a personificação de sua maldição, é a personificação de seu lado vampírico.
- Por que ele estava acorrentado?
- Porque eu e sua mãe o lacramos desde que você nasceu. E mais do que isso, porque você é mais forte do que ele...Depois falaremos mais sobre ele, quero me aquecer mais um pouco! – Ele sorriu jovialmente e eu também me animei e começamos a duelar novamente.

Minha rotina foi sempre a mesma pelos meses seguintes. Minha mãe ou às vezes minha Tia Celas substituíam meu pai nos treinos de manhã para que ele descansa-se, mas eu só podia descansar a cada 2 dias, apesar que eu mal me cansava. Mamãe me explicou que a exaustão era de propósito, para aguçar meus instintos e meus sentidos e eu concordava com ela. Tia Alex e Tio Kyle também vinham me visitar e treinar comigo, além de para conversar muito. Os quatro disseram que só me liberariam quando eu pudesse controlá-los por mais de 10 minutos e quando eu os pudesse torturar por 2 minutos...Demorei e muito para conseguir, mesmo que a contra gosto, mas ao final dos dois primeiros meses, eu já conseguia invadir a mente deles, controlá-los por 10 ou 12 minutos, e os torturava por até 1 minuto e meio, quando eles conseguiam se livrar do feitiço.
- Meus parabéns Seth, meu querido, você realmente está pronto para enfrentar praticamente tudo! – Tia Alex falou depois de eu ter controlado-a por 10 minutos, fazendo-a imitar um pomorim sem asas. Estávamos exaustos e havíamos parado por uns instantes enquanto ela se recuperava. Quanto a mim, eu não sentia meus músculos, faziam 2 dias que eu não parava... – Agora seria uma boa ter seu irmão ou sua mãe por perto...Eles nos recuperariam em instantes!
- Qual a fonte do poder deles Tia? Sei que tem a ver com a cura.
- Exatamente, os dois tem o dom de curar e revitalizar qualquer um que eles toquem. Na verdade eles tem um poder praticamente sagrado, que poderia até matar você e seu pai se não soubessem controlar. Teve uma época na escola que seus pais mal podiam se tocar sem que seu pai fosse queimado...Pra falar a verdade nem eu nem o Kyle podíamos tocá-lo também por sinal Rsrsrs...A fonte de poder é da família da sua mãe, um poder ancestral...
- Se já estão até conversando, acho que já podemos continuar não? – Papai e Tio Kyle desciam as escadas de acesso e mamãe os seguia com sucos de abóbora para todos.
- Tadinho dele Lu! Você é malvado com a criança! – Minha mãe reclamou e me abraçou. Me senti melhor só de sentir o toque dela.
- Você pode ser meu afilhado, mas concordo com seu pai! E agora vem um momento ainda mais importante do treinamento!! – Tio Kyle falou e elas concordaram, levantando-se e me deixando a sós com meu pai.
- Eu pensei que controlar as maldições eram mais importante... – comentei meio confuso.
- Elas também são, mas agora é uma parte ainda mais delicada e essencial...Lembra-se do jovem acorrentado que você viu? Vou ensiná-lo a se comunicar com ele, a usar a força dele, sem perder sua consciência.
- Mas para isso você vai precisar provar de sangue antes. E eu prefiro que seja do meu. – Mamãe voltou com uma adaga na mão e se aproximou de mim. Sem que eu fizesse nada, ela cortou o próprio braço e aproximou-o de mim. Eu senti nojo, mas a sede ficou maior e não pude resistir. Meu pai sequer se moveu enquanto minha mãe acariciava meus cabelos negros enquanto eu engolia as gotas do líquido vermelho... Ele reapareceu...
- Entre em contato com ele. Faça um acordo com ele, deixe-se aproximar dele, mas com cuidado. E mostrando que você é mais forte do que ele.

Tudo estava escuro, com exceção do par de olhos à minha frente. Eles me encaravam, mas pareciam sonolentos e calmos...
- Você voltou...Não acho que precisamos ter essa conversa agora...

Um corredor...O corredor da sala de troféus de Beauxbatons...
Já eram altas horas da noite e eu me aproximava da sala, onde alguém estava lá...
Algo dificultava minha visão. Era uma máscara. A Máscara do Lobo.
Me postei à porta da sala e via Ian dentro da sala. Ele também me viu e iniciamos uma pequena luta, mas ele conseguiu escapar. Eu o cacei pela escola, perseguindo-o até que ele conseguiu ferir meu braço e conseguiu se afastar.
Abri uma das passagens secretas que o Gabriel me ensinara e com minha velocidade acima do normal, cheguei em segundos ao outro andar. Lá estava outro aluno e também o ataquei, mas ele conseguiu escapar...

- Você sempre tem os meus poderes, não precisamos de acordos, por enquanto. Não sou como o monstro de seu pai sedento de sangue. Você é mais controlado que ele. E você já tem minha força...

- Vejo que conseguiu se comunicar com ele. – Papai sorriu quando abri os olhos. Eu ainda estava no colo de mamãe e me sentia confuso novamente...Eu era o Lobo?! Mas apesar disso eu sentia uma felicidade tremenda, e o mesmo sentiam meus pais, ambos me sorriam alegres.
- Quero que veja essas fotos desses homens. – Papai sacou rapidamente três fotos do bolso e me mostrou – Eles são assassinos trouxas, mas que aceitei capturá-los para lhe treinar. Você vai rastreá-los e segui-los...Agora, nós vamos a caçada! Vou lhe ensinar a ser um caçador de verdade.
Papai falou com entusiasmo, mesmo entusiasmo que eu tinha. Mamãe apenas me deu um beijo na testa e colocou a mão em meu peito, como se me desse um proteção. Depois eu e meu pai corríamos pela casa-fortaleza do clã e com um salto transpomos os muros e sumíamos na escuridão da noite...Estávamos indo à caça.