Thursday, January 26, 2006

Conversando a gente se entende

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Ian, abra essa porta!
- Não enche o saco!

Um clarão iluminou meu quarto e a porta se abriu, fazendo o sofá voar pelos ares. Meu pai estava com a varinha em punho e com uma expressão furiosa na cara. Talvez só não estivesse pior que a minha, que fuzilava ele com os olhos enquanto atirava minhas roupas de qualquer jeito no malão aberto ao pé da cômoda. Meu tio entrou depois dele mandando que Michel saísse do quarto e nos deixasse a sós. Meu primo enfrentou certa resistência, mas meu tio saiu rebocando ele a força, batendo a porta ao passarem.

- Eu exijo respeito Ian! Independente do que aconteceu, ainda sou seu pai!
- Pra exigir respeito, tem que respeitar antes!
- Já chega, não vou permitir que fale assim comigo! Você já passou dos limites!
- Já disse que nada que você fale ou faça me fará mudar de idéia, estou indo embora amanha cedo e não me espere mais aqui assim que completar meus 17 anos!
- Já conversamos sobre isso, você não sairá dessa casa, não vou permitir que deixe sua mãe me atormentando por sua causa!
- Bom senhor Lafayette, sinto lhe informar que vou seguir com meu plano, mamãe goste ou não...
- Vai me deixar ao menos explicar o que aconteceu aqui?
- Acho que já ouvi o bastante na reunião.
- Você não entendeu o real motivo, talvez se não tivesse espionando pudesse compreender. Sente-se, por favor, precisamos conversar.

Olhei para meu pai por um tempo, mas acabei cedendo ao seu pedido e me sentei na cama. Ele começou então a me explicar tudo que estava acontecendo fora da escola nos últimos meses, me contou tudo que ele e os outros aurores têm feito, falou sobre as mortes que estavam acontecendo, dos planos da Ordem da Fênix, abriu o jogo comigo. Pela primeira vez meu pai não me tratou como o garotinho de 6 anos que costumava correr pros seus braços em busca de proteção ao menor sinal de perigo. Pela 1ª vez ele me tratou como seu filho de 16 anos, que deixou de ser criança há muito tempo e que ele finalmente parecia perceber e aceitar isso.

Ele parou de falar e me deixou perguntar o que quis, respondendo a tudo. Questionei sobre voltar à escola, sobre meu desejo de me formar, estudar para me tornar um medibruxo e sair de casa, mesmo contra a vontade de minha mãe. Ele me ouviu assim como o ouvi, mas ainda estava irredutível quando a me deixar voltar para Beauxbatons. Foi então que chegamos a um acordo, que beneficiaria ambos as lados...

- Está certo filho, entendo que para você significa mais que tudo retornar à escola, para seus amigos e sua vida. Mas você tem que entender que para mim o mais importante é a sua segurança e que não julgo lá o local que me deixaria tranqüilo quando a ela.
- Eu entendo pai, mas o senhor não pode me manter trancado aqui!
- Sim, então vamos fazer um trato... Eu deixo você voltar para Beauxbatons, com a seguinte condição: terá que aceitar o estágio no Ministério da Magia durante o verão, terá que trabalhar no departamento dos mistérios ao menos até se formar. Depois, prometo não interferir em qualquer que seja sua decisão.
- Mas pai, não quero ser um inominável! Quero ser como o vovô!
- Eu já entendi isso Ian, mas pense comigo: para sair de casa, você vai precisar de dinheiro. Como pretende consegui-lo sem trabalhar? Porque você já deixou claro inúmeras vezes que não irá aceitar nossa ajuda...

Sentei ereto na cama e parei para pensar. Meu pai tinha razão, precisaria de dinheiro para alugar um apartamento em Paris e esse estágio iria me ajudar... E também, imagina as coisas que posso descobrir lá? Esses inomináveis que trabalham no departamento dos mistérios sabem de todos os segredos do ministério! Meu pai estendeu a mão e como sinal de que aceitei sua proposta, estendi a minha também, apertando à dele.

- Agora termine de arrumar suas coisas, você voltará em dois dias. Não irá sair daqui amanha cedo, pois senão terei que agüentar sua mãe me culpando por qualquer coisa que aconteça a você.
- Ok... Nós dois conversaremos com ela amanha, certo? Mas e quanto ao fato de que vou me mudar assim que terminar meus estudos?
- Quanto a isso não se preocupe. Quando a hora chegar, eu me entendo com Patrice.

Papai abriu a porta e meus tios, Michel, vovô e mamãe estavam parados do lado de fora, todos aflitos. Vi minha mãe o seguir interrogando sobre o que conversamos e Michel e vovô entraram no quarto. Contei a eles sobre o trato e meu avô me apoiou, dizendo que o mais sábio a se fazer agora era obedecer meu pai e aceitar as condições dele sem criar confusão. Disse que o caos ia passar e que muito em breve eu seria dono do meu próprio nariz, podendo seguir o caminho que considerasse melhor, mas sempre, é claro, se lembrando de que ele estará sempre lá para me ajudar e aconselhar quando precisasse. Terminei de arrumar minhas coisas e fui dormir, pensando em como mamãe reagiria amanha ao saber que voltarei para a escola mesmo sabendo que ela está com medo...

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