Friday, April 28, 2006

Algumas promessas nunca devem ser feitas....

By Rory Montpellier

Logo estávamos de volta ao castelo e as fofocas fervilhavam. Uma amiga veio me contar que Ty estava suspenso do time, e que as chances da Nox ganhar a taça aumentaram. Ele era a maior dor de cabeça para os times e para mim também. Sou obrigada a confessar que eu o acho bonito e me sinto uma tola perto dele, desde o dia que ele salvou a mim e a meus irmãos do ataque em Paris. E quando ele fala ou dá risada daquele jeito despreocupado, eu fico trêmula, com as mãos frias. Mesmo quando me olha com ar confiante e cínico eu gosto... Não posso e não devo sentir isto... Meu objetivo com ele seria um só: fazê-lo sofrer... Fechei os olhos e lembrei de casa...

Nosso feriado até que foi bom. Angeline e Louis não tiveram tempo de perceber que nossa dispensa estava mais vazia, e que mamãe estava pior. Papai estava mais magro, pois cuida da fazenda sozinho e o dinheiro nunca é suficiente para os remédios ou a comida.
Lembro de nossa discussão, quando disse que eu sairia da escola para ajudar:
- Não ouse pensar nisso, sua formação é mais importante...
- Vocês precisam de ajuda, sou forte, posso trabalhar...
- Isto é uma ordem mocinha... - e quando ele falava assim a discussão estava encerrada e fomos os dois; cada um para um lado. Na hora de dormir papai veio ao meu quarto com uma xícara de leite quente com açúcar e canela, para fazer as pazes, e então conversamos e pude entender seus motivos.
Queria que mamãe fosse como ele... Bem, ela me trata com muito carinho, mas aos meus irmãos ela os trata tão friamente, especialmente depois que soube que a senhora McGregor nos trouxe até aqui. Ficou transtornada.
Mamãe age como se somente eu fosse sua filha e mal liga para Louis e Angeline. Papai se ressente disso, e tenta compensar os dois, usando a doença dela para disfarçar, mas meus irmãos não são tolos. Sabem que há diferenças entre nós. E sobre estas diferenças eu perguntei a ela, que disse apenas:
- Você é melhor que os seus irmãos mestiços...
- Como mestiços? Somos trouxas.
- Não, Rory, você não é... - e um acesso de tosse a impediu de continuar falando.
Antes de voltar para a escola ela quis falar comigo em particular. Papai protestou, dizendo para ela não fazer isto, mas ela o olhou tão friamente que até eu me assustei.
- Rory... Tenho que contar a verdade para você.
- Mamãe, descanse isto pode esperar... O papai poderia estar aqui e...
-Rory você não é filha do Antoine.
- Mamãe você está febril novamente... Deixe-me chamar o papai...
- Ele não é seu pai. Ele a criou; apenas isso.
Eu não soube quando comecei a chorar, pois só percebi quando tornei a falar:
- Mamãe porque você tá dizendo isso? Eu fiz alguma coisa para magoá-la?
- Fique quieta menina e escute: Eu sou uma bruxa puro sangue e seu pai verdadeiro também o era. Você nunca percebeu sua superioridade em relação aos seus irmãos?
- Mamãe, ninguém aqui é superior, eu...
- Cale-se. Não diga besteiras. Você é superior sim, e seu pai verdadeiro teria muito orgulho de você, pois é tão parecida com ele.
Eu olhava para ela com medo. Minha mãe havia enlouquecido. Ou não estaria dizendo tantas loucuras.
- Mas se você é uma bruxa, onde está sua varinha?- como se com esta pergunta eu pudesse fazê-la voltar à razão.
- Tive que escondê-la. Se o Ministério detectasse magia aqui, viria atrás de mim.
-Mas por que o Ministério viria atrás de você?
-Porque eles perseguem todos aqueles que são leais ao grande Lord das Trevas. Mas mal sabem eles, que nosso retorno será triunfal. Já há o terror que sua presença inspira...
- Você é um comensal da Morte?- e eu sentia falta de ar, e olhava para aquela mulher como se nunca a tivesse conhecido.
- Sim, com muito orgulho e se o seu verdadeiro pai também, se ele estivesse vivo...
- O que houve com ele? Com o... meu pai?- era melhor fazer do jeito dela, deixar desabafar.
-Foi assassinado por um Auror. Um homem que acabou com a minha vida e a sua, pois se não fosse por ele, eu não teria que estar aqui, vivendo com trouxas, usando remédios trouxas... Vivendo esta vida indigna cheia de miséria. E você vai me ajudar a vingar seu pai Rory, prometa-me.
- Mamãe...
- Prometa-me, menina. Ou te amaldiçoou até a sua ultima geração. - e tinha os olhos brilhantes de ódio, nunca a vi tão transtornada que me vi obrigada a fazer o que ela queria:
- Prometo mamãe, o que você quiser.
-Você vai vingar a morte do seu pai, vai ajudar a destruir o auror que o matou, prometa.
- E quem foi?
- Foi o auror McGregor.
- Não. Ele não faria isso... Ele é um bom homem... Ele ...
- Não diga o que você não sabe. Você não estava lá. Estávamos quase vencendo... Sim, foi ele. Prometa-me vingar-se dele.
- Mamãe... Por favor...
- PROMETA-ME.
- S-sim. Eu prometo.
Eu me vi fazendo uma promessa injusta, que vai exigir muito de mim, enquanto meu coração se enche de dúvidas ao pensar no Ty.

Thursday, April 27, 2006

2 + 2 = 4

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

DC: Ele volta hoje mesmo?
IL: Sim, já deve estar aqui.
BL: E como ficaram as coisas? Mais alguém na escola sabe?
IL: Acho que só madame Maxime, Gerard e o professor de Zoologia... Eles acharam melhor não alardear as coisas.
ML: E com razão... Imagina o pânico que ia ser? Os alunos mais afoitos iam pensar que ele ia se transformar no meio do café da manhã!
-SILENCIO!

Um pedaço de giz bateu na parede atrás da gente e nos calamos. Era aula de Mitologia e pela 1ª vez, nem mesmo Marie prestava atenção no professor. O motivo? A volta de Michel, com alguns dias de atraso. Meus tios iam traze-lo hoje, depois de um tempo em casa tentando decidir o que fazer. Eles ficaram furiosos quando souberam do ocorrido!Tio Edmond, embora negue veemente, tentou assassinar Michel, tia Eva só fazia chorar e ser amparada pela minha mãe e meu pai me ameaçou, avisando que deveria curtir meus últimos dias de aula, pois teria férias inesquecíveis. Os pais de Bernard também não ficaram muito satisfeitos, provavelmente meu amigo também terá um verão daqueles! E bem, melhor nem comentar do pai do Samuca né? O ministro estava uma arara da última vez que o vi, ainda no hospital...

Quando a sineta tocou saímos em disparada para a porta do escritório de Maxime, esperando eles saírem. Já estávamos lá há quase meia hora quando o quadro das fadas dançantes se moveu, deixando-os passar. Michel abriu um sorriso ao nos ver, mas os outros não pareciam tão contentes assim.

MD: Voltei crianças... E pra ficar!
- Já estamos de saída. Michel lembre-se do que conversamos. Veja bem o que mais você vai arrumar!
- Tome cuidado meu filho... - tia Eva falou ainda chorosa - Bom fim de semestre meninos, se cuidem.
IL: Tchau tia... - e abracei Michel quando eles se afastaram. - Pensei que não fosse mais ver você por aqui!
MD: Nem eu! Papai não queria me deixar vir, diz que sou um risco pros outros alunos...
ML: Quanta bobagem! E o que o fez mudar de idéia?
MD: O que não, quem! Dumbledore.
DC: Quem é esse?
BL: Por Merlin, Nick! Alvo Dumbledore, o maior bruxo do mundo!
MD: O próprio. Ele é diretor de Hogwarts. Ficou sabendo o que aconteceu e foi na nossa casa conversar com papai. Levou com ele um bruxo que havia passado pela mesma coisa quando ainda era aluno de lá, ele ajudou a explicar que isso não é o fim do mundo.
IL: Quem passou pela mesma coisa?
MD: Ah não me lembro o nome, era Lupin alguma coisa... Sei lá, não importa! O que importa é que esse homem mostrou ao papai que posso terminar meus estudos sem virar uma ameaça se tomar algumas providencias.

Lupin? Onde já ouvi esse nome? Michel começou a explicar quais seriam essas providencias, contando o que foi conversado com a diretora, mas eu só ouvi metade da história. Estava encucado com o nome, tinha certeza de que ele era familiar... Caminhei sem perceber até o Grande Salão e só acordei quando tropecei na mesa da Fidei, me sentando junto com eles. Os alunos com quem Michel já havia feito amizade rapidamente vieram cumprimenta-lo querendo saber se estava tudo bem e o por que da demora na volta. Como ele parecia ter o que o mantivesse ocupado por pelo menos meia hora, me virei para conversar com Dominique. Meu amigo falava sobre o campeonato de quadribol, de como a Nox agora tinha chances de vencer por conta da suspensão do batedor da Sapientai. Olhei pra mesa da minha casa caçando o menino que foi suspenso, o Ty, e o encontrei jantando alheio à movimentação causada pelo meu primo. Ele conversava distraído com o amigo, o Gabriel e... Peraí! Saltei do banco assustado e um estalo me veio à cabeça. Os amigos chamam o Gabriel de lobão, o pai dele é um lobisomem, o nome que já ouvi... O tal Lupin é o pai dele!

Monday, April 24, 2006

A regra é clara!

Alguns rabiscos de Ty McGregor

Após o feriado, voltamos para o castelo acompanhados de tio Scott, e ao chegar no salão da Sapientai, um aviso no quadro chamou a minha atenção:
TM-Gabriel, hoje tem reunião do time.
GS-Hoje? Deve ser alguma coisa grave. Não tinha nada marcado.
No horário da reunião, estávamos no campo, na sala da Spaientai, quando De Ville, o capitão chegou, e junto dele vinha Derkian, todo convencido e mais um garoto do quinto ano amigo dele, com cara de fuinha.
Tive a impressão de ver um ar de deboche no olhar daquele garoto, mas fiquei na minha, ate que o capitão chamou nossa atenção:
DV-Ty, é muito difícil o que eu tenho que dizer, mas eu achei melhor, devido a umas coisas...
TM - Fala logo, DeVille, o que tá acontecendo?
DV - Ty... Olha não tenho nada contra você, mas é que no último jogo... Você pisou na bola.
TM - Como assim?
Olhei para o Gabriel e ele tinha o ar tão curioso quanto o meu, mas esperei a resposta de DV - Olha você como batedor tem que derrubar adversários, e não ameaçar companheiros do time. Então por isso, você tá suspenso até segunda ordem.- e todos olharam para mim com uma interrogação na testa.Eu mesmo queria olhar para algum lugar e me achar, porque parecia que eu tava tendo um pesadelo.
Agora aquele ar convencido do Derkian fazia sentido. A ameaça dele de que eu sairia do time, era real. Meu primeiro pensamento era o de bater nele. Que cara mais idiota, mas aí olhando pro DeVille, vi que ele devia ter sido pressionado por alguém, pois eu me dava bem com todos do time.
TM - E quem mandou você fazer isto?
DV-Eu sou o capitão do time, eu decido quem fica e quem sai, não, preciso de ninguém mande fazer nada. O Derkian mentiu quando disse que você o proibiu de acertar a Kinoshita?
TM - Não.
DV - Então, não há o que discutir. Você tá fora, até segunda ordem. Aonde você vai?- perguntou me vendo levantar e ir para a porta.
TM - Embora... Se não vou jogar, não tenho que ficar aqui.
DV - Quando sua suspensão acabar eu chamo você pra uma nova reunião.
TM - É... Vamos ver se eu vou querer voltar pro time.
Saí de lá e o barulho de várias vozes começou. Gabriel entre elas. Aposto que ele vai tentar argumentar com DeVille.
Comecei a andar e de repente vi um vulto saindo do castelo sorrateiramente, pela porta dos fundos. Parei e fiquei prestando atenção no jeito de andar e altura, deduzi que só podia ser o professor de Mitologia. E ele se encaminhava para a floresta. O que ele iria fazer lá? Eu me perguntava e meus pés começaram a segui-lo. Só que nesta hora...
G - McGregor... Onde você está indo?
Meleca... O zelador.
TM - Er.. ahn...eu fui suspenso do time e tava andando pra esfriar a cabeça, só isso, Gerard, nem notei que tinha me afastado tanto do castelo.- fazendo um ar surpreso.
Ele ficou me olhando um tempo e devia estar decidindo se eu merecia uma bronca ou não, quando falou:
G-Farei de conta que não vi você aqui, portanto não preciso comunicar á diretora. Você já vai ter dor de cabeça demais quando seus pais souberem que foi suspenso do time.
TM - Como assim?Porque eles precisam saber?- perguntei meio apavorado.
G - Madame Máxime avisa aos pais dos alunos quando eles recebem suspensão, mesmo nos times de quadribol.
TM - Tá, obrigado Gerard. Er... Você viu o professor de Mitologia passar por aqui agora a pouco, talvez... indo em direção da Floresta?
G - O professor Richelieu? Não, ele está de folga hoje e não está no castelo. E que eu saiba nunca iria à Floresta, pois tem medo. - disse e pude notar um pouco de desprezo na sua voz.
TM - Tá, então vou voltar para o castelo, a reunião do time deve ter acabado. Obrigado Gerard. - e comecei a andar de volta pro castelo, sem olhar para trás.
-Droga, além de não jogar quadribol vou levar bronca dos meus pais por causa daquele idiota do Derkian. Que vontade de bater nele. Ah..., mas não vai adiantar de nada, porque aí eu seria expulso do time. E porque o professor de Mitologia estaria indo para a Floresta no dia de sua folga? E o pior: fingindo que não está no castelo.
Sinistro...

Friday, April 21, 2006

A mentira tem perna curta

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

- O que aconteceu?
- O que foi que mordeu o Michel??
- Parem de falar e ajudem a carregá-lo!

Bernard gritou irritado com as meninas, que haviam nos encontrado na orla da floresta. Carregamos um Michel inconsciente até o hospital bruxo de Marseille sem dizer o que tinha acontecido. Estávamos tão assustados que não conseguíamos falar nada, embora elas nos questionassem.

Uma enfermeira que estava na recepção do hospital berrou assustada ao ver a quantidade de sangue nas roupas dele e correu para buscar ajuda, trazendo em seguida uma equipe de medibruxos que tomou ele de nossos braços e sumiram por detrás das portas da emergência. Sentamos inquietos na sala de espera, parando todas as pessoas que saiam de lá de dentro, mas ninguém dizia nada. Já estava entrando em desespero quando um medibruxo de cabelos negros parou na nossa frente, pedindo que apenas eu e Sophia entrássemos.

IL: Como ele está???
SL: Foi muito grave??
- Preciso saber o que atacou o menino...
SL: Luke, o que aconteceu naquela floresta? - Sophia me perguntou, mas não respondi.
- É importante que você diga o que o atacou, para que possamos ajuda-lo.
IL: Vocês não podem fazer nada por ele.
SL: O que diabos machucou o Michel?? - e agarrou minha camisa em pânico.
IL: Foi um lobisomem...
- Tem certeza disso?
IL: Bastante! Ou então foi um lobo de aço, pois o acertamos com pelo menos 10 balas e ele continua vivo!

Sophia tapou a boca com a mão e o medico fez aquela cara de compreensão, voltando para o quarto onde Michel estava. Ele nos deixou segui-lo e vimos meu primo estirado na cama desacordado, uma enfermeira atarefada fazendo curativos nele. O homem comunicou aos outros bruxos sobre o ataque do lobisomem e alguns saíram apressados. Pelo que entendi, iriam comunicar ao ministério francês e localizar os lobisomens registrados à procura de um baleado. Ele nos explicou o que estavam fazendo, sobre como ele se feriu, mas na hora de dizer como seria a vida dele a partir de agora, parou.

- Preciso conversar com os pais do menino
IL: Ahn... Meus tios estão de férias no Caribe, não creio que vá conseguir acha-los antes do tempo previsto pra volta...
- Sinto muito, mas seu primo será liberado somente na presença dos responsáveis.
SL: Eu já tenho 23 anos, isso não conta??

Mas pela cara do homem, a idade de Sophia não fazia a menor diferença. Entrávamos agora em um novo conflito: como dizer ao tio Edmond e a tia Eva que o filho deles agora é um lobisomem? E o que eu acho que será pior: que estávamos fora da escola no feriado, apesar deles terem dito que deveríamos ficar por lá??? Começamos a andar de um lado para o outro coçando a cabeça e nos juntamos aos outros na sala de espera, dizendo a encrenca em que havíamos nos metido. Samuel só faltou enfartar quando se deu conta de que o pai já devia estar ciente de sua localização, visto que dois medibruxos partiram em direção ao ministério comunicar sobre o ataque e fichar o mais novo lobo da parada. Marie tentava manter a calma, mas as exclamações preocupadas de Bernard e Dominique estavam deixando-a mais histérica do que antes. Sophia se afastou nervosa e fui atrás dela. Ela saiu para a rua e parou ao lado de um telefone público, me encarando séria e puxando um pedaço de papel amassado do bolso.

SL: Acabou a brincadeira Luke... Vamos ter que contar a eles!
IL: Eu sei... Por onde começo? Oi tio Edmond, como vão as férias? A propósito, Michel foi mordido por um lobisomem!
SL: Talvez não seja bom ir direto ao ponto, ele pode desmaiar de susto
IL: E se eu já falar chorando? Ele pode se comover...

Ela riu de nervoso e tirou o telefone do gancho, discando o número que mamãe tinha deixado com ela para emergências. Eu tentava pensar no que dizer quando eles atendessem ao telefone no hotel, mas não conseguia pensar numa maneira mais amena de falar sobre isso. Sophia saltou do chão e me passou o telefone, apavorada.

IL: Alô? - falei confuso quando ela o empurrou na minha orelha
- Ian? Por que está nos ligando? Onde você está?
IL: Ahn oi pai...
- Onde você está Ian?
IL: Em casa... Tem uma coisa que eu preciso te contar...

Olhei pra Sophia e ela mordia os lábios de nervoso, me encarando enquanto eu tentava explicar ao papai o que tinha acontecido, antes dele começar a gritar no telefone...

Wednesday, April 19, 2006

Amar é...correr atrás do prejuízo

Do diário de Morgan O'Hara

O meu primeiro dia na Romênia havia me rendido dor de cabeça e náusea por conta do excesso de bolo de chocolate e pela irritação ao ver Carlinhos sendo beijado por outra. Descobri que não posso me entupir de doces, de um jeito traumático. Carlinhos estava tentando falar comigo desde o ocorrido, mas eu estava ignorando-o. Fazia questão de nem olhar para ele.
SM- Morgan seria bom você conversar com seu noivo, para acertar as coisas.
MOH- Por quê? Estou sendo um peso para você?- disse irritada para Sergei, que me olhava calmamente.
SM- Não é isso, e não quero me meter em sua vida. Gostei da sua companhia, e apenas acho que você e ele deveriam se resolver, caso você decida seguir em frente. – ele disse de um jeito tão displicente, como se fosse fato meu rompimento.
Fiquei pensando neste "seguir em frente" e minha irritação foi dando lugar ao vazio. E isto me deixou sem dormir a noite toda.
Estava começando a ser dominada pelo cansaço, quando ouvi baterem na porta. Levantei-me rápido e enquanto andava, estava vendo vários pontinhos pretos voando rápido pelo quarto. Quando abri era Carlinhos:
Ia bater a porta na cara dele, quando ele a segurou com o ombro:
MOH - Vá embora.
CW - Precisamos conversar... O que você tem?- e fazendo uso do seu tamanho entrou no quarto e me encarou preocupado.
MOH - Comi doces demais e... O que você quer hein? – tentei fazer a pior cara possível, e não estava sendo difícil, pois estava conseguindo mantê-lo longe.
CW - Falar com você, ficar com você, apenas isso. - disse e começou a me olhar de cima a baixo, analisando-me.
MOH - Já falou e já ficou por alguns segundos, agora fora. Volta para sua amiguinha.- disse indicando a porta.
CW- Morgan, eu não fiz nada de errado. A Irina fez uma brincadeira de mau gosto.
MOH-Você disse que estava muito ocupado, cheguei a achar fosse alguma missão da ordem, mas me enganei.
CW- E eu estive numa missão para a Ordem. Havia acabado de chegar, e fui beber com eles, para comemorar o final dos seus exames. Eu estava aguardando uma resposta ao meu pedido para ir pela rede de Flú até Paris.
MOH- Ah é? Você ia me fazer uma surpresa?- disse toda bobona e quando vi que ele sorria voltei a fazer cara brava, pois ele havia chegado mais perto sem eu perceber.
CW- Sim. E por sorte você chegou antes que eu fosse para lá. Teríamos nos desencontrado. Você acredita em mim?- e estava tão perto, tão... Só me via fazendo que sim com a cabeça quando ele começou a me beijar.
MOH- Espera... Eu tenho que avisar ao Sergei que não vou com ele conhecer o vilarejo.
CW- Eu já avisei a ele que você vai comigo.
MOH- Ah é? Quer dizer que você acha que basta me cobrir de beijos que fica tudo bem?
CW- Eu conheço você, sei que por mais brava que estivesse iria me ouvir, agora se iria me perdoar eu não, eu tinha que arriscar. Fiz mal?
MOH- Não... Será que não há nada em mim que você não conheça?
CW - Vou descobrir isto agora. – enquanto voltava a me beijar.

Tuesday, April 18, 2006

Caçadores de confusão

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

Ultimo dia de recesso... A casa dos meus pais estava uma verdadeira zona! Sophia havia se instalado aqui e na condição de mais velha da casa, tentara botar ordem, desistindo logo em seguida. Ela e Marie agora estavam intimas e se recusavam a fazer qualquer tipo de favor para qualquer um de nós, diziam que éramos muito bagunceiros.

Estava deitado em minha cama brincando com uma goles junto com Michel, quando a porta se abriu com um estrondo e Dominique e Samuel entraram com espingardas nas mãos. Michel gritou e Bernard se atirou embaixo da cama na mesma hora.

IL: Onde acharam isso??
SS: Luke, de quem são?
DC: Achamos numa cabana no seu quintal...
BL: Estão carregadas?
IL: Não, podem sair do chão. Elas são do vovô... Nossa, faz muito tempo que não as vejo!

Peguei a espingarda da mão de Dominique, olhando com atenção. Elas pertencem ao meu avô, ele as coleciona e seu hobby era caçar cervos na temporada. Desde criança ele me leva nessas caçadas e começou a me ensinar a usá-las de fato, quando eu tinha 11 anos. Mas há uns 2 anos que não acompanho ele e nunca mais as vi, nem me lembrava que ele tinha espingardas na cabana.

Samuel começou a brincar com ela no quarto, apontando para o ar e fingindo que atirava, e aquilo acabou me dando uma idéia. Ainda teríamos uma noite em casa, o auror que nos trouxe para cá só viria nos buscar às 10hs do dia seguinte, então sugeri que acampássemos nas montanhas que tinham perto de casa, para caçar. Imediatamente todos toparam e começamos a arrumar as mochilas. É obvio que Marie e Sophia se recusaram a dormir no mato na expectativa de matar qualquer tipo de animal, então foram apenas os garotos.

Às 16hs em ponto deixamos a casa, munidos apenas de mochilas, algumas panelas penduradas nelas e espingardas, rumo à mata. Andamos por aproximadamente 1 hora até encontrarmos uma clareira segura e montamos acampamento ali. Com a nossa vasta experiência depois das férias de natal, não foi nada difícil erguer a barraca, já que não estávamos autorizados a usar magia fora da escola sem antes termos prestados os NOMs.

A noite logo caiu e junto com ela veio nossa empolgação por passá-la escondidos em algum arbusto, na espreita de que algum bicho passasse e pudéssemos caçar nosso jantar. Gastei algum tempo ensinando meus amigos a usar as armas, mas todos pareciam ter entendido e nos espalhamos, tomando o cuidado de não ficar na reta de ninguém caso algo saísse errado. Estava escondido junto com Dominique quando ouvimos um barulho de galho seco partindo.

DC: Ouviu isso??? – disse claramente alarmado.
IL: Sim... Fica calado, deve ser um cervo, essa região é cercada deles.
BL: Luke! Tem certeza que não é ilegal acertar um deles?
MD: Estamos na temporada de caça, pra onde acha que vovô foi nesse feriado?
SS: Alguma coisa se mexeu aqui atrás! – Samuel disse baixo, pedindo que nos calássemos.

Havia algo na mata se movendo e fazia isso muito rápido. Não podia ser um cervo, eles não corriam assim, já estava acostumado a vê-los embrenhados no mato fugindo dos caçadores. Era outra coisa... E talvez não tivesse sido boa idéia comunicar meus companheiros sobre isso, pois todos logo se assustaram e tinham as espingardas em punho, embora suas mãos tremessem levemente.

MD: Eu senti um vento nas minhas costas!
IL: Cala a boca, Michel! Vai atrair a atenção deles.
DC: Dele quem???
SS: Quem é eu não sei, mas sei que não quero descobrir!
BL: Shiiii! Ouvi alguma coisa...
DC: Eu vi se mexer, atrás do arbusto!

Tudo aconteceu numa fração de segundos! Dominique berrou, um tiro ecoou pela mata, alguns pássaros que descansavam nas árvores ao redor voaram assustados, Samuel estava caído no chão com a espingarda por cima dele, Bernard e Michel ajoelhados e tapando os ouvidos e um pequeno vulto passou disparado por nós, saindo do arbusto. Com o susto da coisa se movendo, Samuel acabou atirando na direção onde Dominique apontou, mas não tinha um bicho asqueroso e grande atrás dela, e sim um coelho! O vulto assustado que saiu da mata era um coelho cinza, que claramente perdeu seu rabo para a bala da espingarda de Samuel, pois um fino rastro de sangue ficou pelo caminho quando ele saiu em disparada.

Começamos a rir da situação, aliviados por termos nos assustado com um simples coelho e nada perigoso. Claro que Samuel seria motivo de piada por muito tempo, pois entrou em pânico e atirou em um frágil e indefeso coelhinho... Voltamos para as barracas dispostos a comer alguns biscoitos antes de tentar outra vez quando um segundo vulto, dessa vez maior, passou por dentro da mata. Imediatamente erguemos a espingarda em alerta, mas infelizmente Michel não imitou nosso gesto. Meu primo começou a rir dizendo que devia ser guaxinim dessa vez, seguindo o barulho dos galhos sendo amassados.

IL: Volta aqui!
SS: Michel, você não sabe se é um guaxinim!
BL: Pode ser qualquer coisa, volta!
DC: Ele não vai vir, vamos atrás dele!

Entramos na mata com as armas em punho atrás dele, mas Michel corria cada vez mais. A cada passo, percebia que estava em terrenos desconhecidos, jamais pisei com vovô nesses cantos da floresta. Olhava para os lados em alerta, atento a qualquer barulho ou movimento suspeito, e passava instruções para os outros cobrirem diferentes direções. Já estávamos no coração da mata quando o vulto novamente passou correndo e dessa vez pude ver que era um bicho enorme, vindo na direção onde estávamos.

IL: Michel, NÃO!

Mas foi tarde demais. Um enorme lobisomem saltou do meio dos arbustos, voando pra cima do meu primo. No mesmo instante nós quatro largamos o dedo nas espingardas, atirando contra ele. O lobisomem se levantou irritado, rosnando na nossa direção antes de entrar na mata novamente e desaparecer, deixando rastro de sangue por conta das balas que havíamos acertado nele. Corremos para onde Michel estava caído, uma enorme poça vermelha o cercava. Consegui ver que ele ainda tinha pulso, logo estava vivo, e o arrastamos de volta até a barraca, esquecendo a regra que nos impede de usar magia e soltando um sinal de alerta para que as meninas chamassem por socorro e nos tirasse de lá, antes que fosse tarde demais para Michel...

Sunday, April 16, 2006

Uma surpresa nada agradável...

Do diário de Morgan O'Hara

Inicialmente eu tinha pensado em ficar no castelo, estudando para os NIEMS e tentar encontrar o sarcófago verdadeiro do professor Richelieu. Meus amigos iriam para casa e eu estava desanimada para ir passar o feriado de Páscoa na Ilha Negra sozinha com tia Bertha, pois andava tendo dores de estômago causadas pelo stress. Carlinhos não poderia sair da Romênia, por estes dias, era o que dizia em sua última carta. Na parte da tarde,na véspera da partida, acabei tendo uma idéia. Procurei Madame Máxime e perguntei se poderia ir até a Romênia pela rede de Flú. Ela achou a idéia ótima e me disse que haveria um auror que acompanharia os alunos que tinham família no extremo Norte. Deu-me o roteiro com a data da volta e o ponto de encontro dos alunos. Voltei ao dormitório para arrumar uma mochila com minhas coisas, e encontrei Marienne preparando-se para partir também.

Dia da partida...

Levantei-me super animada e fui ao salão com meus amigos esperar pela hora da viagem. Tomei meu café com meus amigos e via o casal de aurores, pais do Ty coordenando as partidas. Assim, que deu o horário e a lareira começou a crepitar, um auror alto e louro saiu de lá, e o senhor McGregor chamou meu nome junto com o de outros cinco alunos.
Aproximamos-nos e o homem se apresentou:
- Olá, sou o auror Menken. Vou acompanhá-los até seus países e vocês voltarão comigo também ao final do feriado. Já foram orientados sobre nosso ponto de encontro?- e ao ver que confirmávamos haver recebido orientação sobre a segurança e confirmar nossos nomes um a um, nos encaminhou para a lareira e logo rodopiávamos para os países rodeados pelo Mar do Norte. Chegamos e os pais dos alunos já os esperavam e logo levaram seus filhos, ficamos eu e o senhor Menken parados um na frente do outro. E ele me perguntou:
-Senhorita, alguém da família vem buscá-la? - perguntou solícito.
MOH- Não avisei a ninguém, vim fazer uma surpresa para o meu noivo.
SM- E você sabe aonde deve ir? Se quiser a acompanho, pois ainda estamos na época que escurece rápido por aqui.
MOH- Bem... se não for atrapalha-lo, eu agradeço.Pode me chamar de Morgan.- e ele pediu que o tratasse por Sergei.
Contei-lhe que Carlinhos estudava dragões e ele sabia onde deveria me levar.
SM- Segure firme em meu braço, vamos aparatar.
Aparatamos no vilarejo, e ele disse:
SM- Preciso enviar uma mensagem para avisar que estamos bem, e de lá podemos seguir até a reserva.
Entramos no bar do povoado que já estava cheio àquela hora, e fiquei esperando num canto. Comecei a ouvir gritos animados e comecei a prestar atenção:
- Vira, vira, vira...
- Urra....- e gargalhadas eram ouvidas.
- Vamos lá mais uma rodada... Vira, vira, vira...
Comecei a andar para ver a movimentação enquanto esperava o auror. Vi que já haviam várias pessoas ao redor da mesa e fui me aproximando.
-Se beber esta, sou capaz de te dar um beijo... - disse uma moça de voz melosa, e ouvi vários assobios.
- Sou comprometido...
Esta voz....
- Eu não ligo... - logo os homens gritavam incentivos para a brincadeira continuar.
- Vira, vira, vira...
Consegui chegar quando o tal homem bebeu e ouvi quando bateu o copo na mesa, o som de um beijo estalado. Quando a mulher o soltou pude ver Carlinhos todo vermelho, limpando a boca suja de batom. Estava meio bêbado, pois seus olhos estavam piscando rápido:
Ele e seus amigos riam do ocorrido. Seu amigo Yuri foi o primeiro a me notar:
- Weasley....
- Que foi Yuri? Algum dragão fugiu? – ele virou caçoando para o amigo e seus olhos entraram em foco rapidamente quando me viu parada, olhando para ele. As risadas foram morrendo e só a garota que estava sentada junto dele parecia alheia à tensão que estava se formando.
Ele se levantou rápido e veio para o meu lado:
CW- Morgan... Amor... Eu...
MOH- Estou vendo que está muito ocupado. - comecei a me virar para ir embora e ele me alcançou.
CW- Não é o que você está pensando...
MOH- Larga meu braço agora... Antes que eu comece a gritar... - mas minha voz já estava um pouco estridente, e meu queixo tremia, nisso o auror apareceu:
SM- O que está havendo Morgan? Moço... Solta o braço dela. - disse vendo Carlinhos prendendo meu braço.
CW- Ela é minha noiva... Quem é você? - disse olhando o estranho de alto a baixo.
SM- Alguém que está falando para você soltar o braço da moça agora. - e algo na postura e na voz do homem fez as pessoas em volta recuarem.
Carlinhos havia ficado sóbrio de repente, e lentamente começou a me soltar e a falar com urgência:
CW- Estamos comemorando o final dos exames, Irina é uma amiga da escola.. Não estávamos fazendo nada de errado. Tudo não passou de brincadeira...
Eu olhei para a mesa e vi a tal Irina com um risinho debochado nos lábios. Voltei meus olhos para o rosto de Carlinhos e não conseguia dizer nada. Eu estava com medo do que dizer. Olhei para o auror e pedi:
MOH- Sergei, você pode me tirar daqui, por favor?
SM- Claro. Vou levá-la para a estalagem do povoado. – disse olhando firme para Carlinhos e me deu o braço para acompanhá-lo.
Saí dali disposta a não chorar, e estava conseguindo me manter firme. Chegamos à estalagem me hospedei, e virei para o gerente:
MOH- Você serve refeições aqui?
-sim, posso mandar fazer um chá...
MOH- Quero um chá completo.
Fui para o salão e o auror foi atrás de mim, onde o chá seria servido, depois de algum tempo eu devorei 3 pedaços de bolo de chocolate.
SM- Você está mesmo com fome não?- disse me observando.
MOH- Não estou com fome. – e mordi mais um pedaço de bolo.
SM- Ahn... - me observava enquanto bebia sua xícara de chá.
SM- Pelo que pude entender... Seu noivo só estava bebendo com os amigos... Era uma comemoração... - tentou dizer conciliador.
MOH- Meu n-o-i-v-o me escreveu dizendo-se muito ocupado para ir a Paris ficar comigo, pois tinha muito trabalho a fazer, agora vejo que o "trabalho" a ser feito deve deixá-lo exausto. Quando posso voltar pra Beauxbatons?
SM- Só teremos a rede liberada no último dia pela manhã. Pedir uma liberação agora somente em emergências, pois poderia por o Ministério em alerta....
MOH- Ok, sem problemas vou ficar aqui na estalagem. Deve ter muita coisa para se fazer aqui neste lugar cheio de gelo ainda. Na manhã combinada eu o encontro aqui.
SM- Não me sinto bem em deixá-la aqui sozinha....
MOH- Há muitas pessoas aqui, não ficarei sozinha.
SM- Olha Morgan... você está sob minha responsabilidade e... - parou quando viu que as lágrimas corriam pelo meu rosto.
Ofereceu um lenço e eu comecei a enxugar o rosto.
SM- Ei, foi só um mal entendido. Logo vocês farão as pazes, vai ficar tudo bem...
MOH- Eu não vou vê-lo mais. Não quero ouvir a voz dele. Eu quero bater nele. Eu quero... - disse e comecei a chorar de novo.
SM- Claro que vai vê-lo... Assim que for possível você dá uns tapas nele, vai fazer bem pra relação de vocês. Você é uma garota bonita, ele seria doido de trocá-la por outra. - disse me dando tapinhas nas costas e não pude deixar de rir ao imaginar a cena.
MOH- Ai....- disse depois de chorar por algum tempo.
SM- Que foi? - Perguntou alarmado.
MOH- Será que ainda tem bolo de chocolate?
Ele me olhou abismado, mas pediu para servirem mais bolo. Ficou me olhando enquanto eu comia e depois de um tempo disse:
SM- Sabe... Eu já vi uma situação destas algum tempo atrás e tudo se resolveu. Todos eles ficaram bem. – disse sorrindo.
Sorri para ele sem entender direito aonde ele queria chegar, mas pensando se realmente eu e Carlinhos ficaríamos bem. Neste momento eu gostaria de torcer o pescoço dele, por ser tão bobo, deixando-se levar numa brincadeira tão estúpida, mas isso me lembra galinha assada e estou ficando com fome novamente...

Saturday, April 15, 2006

Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara...

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades


Cai no tapete da minha sala, aos pés da minha mãe. Levantei depressa espanando as cinzas da roupa e a abraçando, matando as saudades. Miyako e Ty estavam ao meu lado e nem bem cumprimentaram ela e foram andando para a varanda do apartamento, atraídos pela vista dele, que dava pra praia do Leblon. Tio Scott, rindo da cara deles, levou as malas pro meu quarto e voltou logo para a sala.

SF: Muito bem, podem ir trocando essas roupas quentes, vocês estão no Brasil!
MK: Ai, eu to com calor mesmo... - Mi falou puxando a gola da blusa.
GS: Coloquem bermuda, camiseta, o que tiver de mais leve nas malas ou vocês vão assar!
TM: Eu não tenho roupa fresca! Faz frio na França.
LS: Não precisa se desesperar, veste alguma coisa do Gabriel.
SF: Mas vamos depressa com isso, o Rio de Janeiro é grande e vocês só têm 4 dias.

Levei-os até meu quarto e depois de Ty revirar minhas gavetas todas, a procura de algo que coubesse nele, descemos para a rua. Mamãe havia tirado esses dias de feriado de folga e tio Scott deixou o sus-chef do restaurante encarregado das coisas, tendo os dois o tempo todo livre para passear conosco. Ty vinha falando dentro do carro que queria conhecer as praias daqui sem dizer o porquê da urgência na voz, mas nem precisava dizer... Já Miyako, que também sabia os motivos do Ty, dizia que preferia conhecer o Cristo Redentor.

Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi feito pra mim


Pra fazer um tour daqueles bem turistas mesmo, tio Scott foi dirigindo pela orla do Rio. Passamos por Ipanema, Copacabana, Leme... Tudo beirando a praia e mamãe fazendo o papel de guia, explicando um pouco de cada lugar. Demos a volta para a Urca, parando em frente ao Pão de Açúcar. Ficamos esperando na beira da praia enquanto tio Scott comprava as entradas e Mi e Ty olhavam para o alto do morro, fascinados.

MK: É alto, não?
TM: Fala sério Miyako! Voamos bem mais alto que isso nos jogos de quadribol!
GS: Shiii fala baixo Ty! Você ta no meio da rua, ta cheio de trouxas aqui...

Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você


Logo ouvimos nossos nomes alto e vimos tio Scott sacudindo os braços perto da entrada da estação para que fossemos encontrá-lo lá. Assim que entramos no bondinho, Ty e Miyako colaram no vidro receosos, com dúvidas sobre o que aconteceria quando ele saísse do chão. Mas nem dá tempo de sentir medo, é tão rápido! Em menos de 2 minutos descemos na estação da Urca, que é a 1ª parada. Os dois saíram andando desembestados, batendo foto de tudo e em todos os lugares onde conseguiam se encostar. Tio Scott ia correndo atrás deles, pois mamãe gritou que se alguém caísse de lá de cima, ia ter assassinato entre amigos.

Enquanto eles andavam de lá pra cá, ia caminhando devagar ao lado da minha mãe. Ela me perguntou sobre o dia em que cruzei com meu pai na escola e contei o que aconteceu. Ela me disse que esteve com ele em Paris em um dos dias em que ficou lá, mas não conseguiu contar sobre mim. Disse que preferia mesmo esperar minhas férias, onde iríamos para Londres. Ty nos berrou na fila do bondinho novamente e fomos ao encontro deles, para subir até a estação do Pão de Açúcar, última parada.

A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de um minuto estaremos no Galeão


Passamos mais de uma hora lá em cima e quando descemos fomos direto almoçar em uma churrascaria em Botafogo, que tinha vista para o morro da Urca. Ty não rejeitava nada que os garçons ofereciam, assustando minha mãe e tio Scott, que não estavam acostumados com a fome da criança... De lá fomos direto para o Cristo Redentor, para a alegria da Miyako. Mamãe queria subir de carro mesmo pela estrada, mas eu disse que de trem era mais divertido e mais uma vez entramos na fila para comprar os bilhetes.

Passamos o dia todo fazendo passeios turísticos pela cidade e mesmo já conhecendo tudo, sempre gosto de visitar as coisas de novo, é divertido! Ty falava o tempo todo que queria ver o carnaval e parecia não entender, ou se conformar, quando eu dizia que ele já havia terminado há 40 dias... Infelizmente nem eu que gosto posso acompanhar, pois estou em Beauxbatons. Mamãe sempre grava os desfiles e eu assisto na Páscoa, mas esse ano vai ficar pras férias, não temos muito tempo aqui.

Terminamos o dia comendo porcaria nos quiosques da praia e depois fomos ao cinema, voltando cedo pra casa, pois o dia seguinte prometia ser agitado também. Iríamos para passear na região serrana, único lugar daqui que faz frio rs

Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar...


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N.A.: "Samba do avião", de Tom Jobim

Friday, April 14, 2006

Festas e festas...

Relatos de Samuel Berbenott

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SB: Amaralina, eu precisava falar com você... Será que a gente pode conversar?
IM: Ham, eu vou ali tirar uma dúvida com a professora... Esses garfos são confusos! Te encontro no Salão Principal ok Lina?

Isa me deu uma piscada e saiu. Fui caminhando com Amaralina pra fora da sala e ficamos em silêncio até chegar nos jardins congelados. Sabia que estava passando da hora de conversar com ela, mas me dava um frio no estômago em ter que dizer...

SB: Eu queria te pedir desculpas sobre o que aconteceu na festa do dia dos namorados... Eu acho que nunca te expliquei por que fiz aquilo, mas eu tinha um certo encanto por você, mas eu entendo que só podemos ser amigos...
AM: Não se preocupe, eu nem me lembro mais! Você tem uma aura iluminada Samuel, e vai fazer muito feliz a menina que se apaixonar por você e for correspondida. Meu destino não está aqui no castelo, está muito além do que as estrelas possam ter me denunciado!
SB: Eu sei... Eu quero continuar seu amigo, ta bom?
AM: Sim, é claro!

Muito mais aliviado, abracei Amaralina e voltamos ao castelo. Eu não saberia dizer o que se passara no meu interior... Um dia eu era apaixonado por ela, e no outro, porém, não a via como nada além de amiga...
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Os dias se passaram lentamente. Quando a Páscoa se aproximou, eu e os meninos já tínhamos arquitetado um plano para o feriado. Chegamos à casa vazia de Ian e após nos acomodarmos e conhecermos a casa, saímos para dar uma volta pela cidade. Passamos a tarde no iate do pai de Bernard, que ele singelamente seqüestrou, e quando voltamos de noite, começamos a festa de comemoração da Páscoa. Imagine você, seis bruxos menores de idade, com posse de uma casa... Imaginou? Era a nossa situação!

Marie, Dominique, e eu fomos para a cozinha preparar algumas coisas para beber e comer na festa.

Sophia, a prima do Ian, chegou quando já estava tudo pronto, e trouxe alguns amigos e amigas do Luke que estudavam em outras escolas... A festa se deu iniciada!

Dominique não tardou e foi conversar com uma das amigas do Ian, e logo os vi saindo porta afora. Fui até a mesa e peguei uma cerveja amanteigada. Vi Bernard conversando com Michel e Sophia... Pensei em ir até eles, mas tinha a leve impressão que o papo era sobre alguma coisa relacionada a escolas e professores. Decidi ir me sentar em um dos pufes ao canto da sala de estar e sai distraído pelo trajeto, a garrafa de cerveja amanteigada na mão... POFT! Senti meu corpo retroceder quando colidi com alguém. Uma menina lutava pra manter-se de pé depois do choque. Após conseguirmos nos estabilizar, começamos a rir deliberadamente do acidente. A roupa dela estava encharcada de cerveja que derramei... Notei que era uma das amigas do Luke, muito bonita por sinal...

SB: Me desculpa, estava andando distraído! Vou perguntar pro Ian onde tem um pano...
BT: Não precisa, está tudo bem, eu também não te vi!
SB: Samuel Berbenott – disse estendendo a mão um pouco constrangido...
BT: Beatriz Taylor... Você estuda com o Luke?
SB: Sou de Beauxbatons também, mas somos de casas diferentes e sou um ano abaixo dele...
BT: Também faço 5° ano, em Durmstrang.
SB: Ah, tenho um amigo lá... Sávio!
BT: Não me lembro de nenhum...

Ponto. O assunto tinha acabado e se deu aquele silêncio ainda mais constrangedor. Eu estou realmente estranho esses dias... Às vezes me surpreendo comigo mesmo... Pra não deixar o assunto morrer, convidei-a pra darmos um passeio, e ela aceitou. Saímos para a rua iluminada por lamparinas e fomos andando. Ficamos em silêncio um bom tempo, até que chegamos em uma ponte e nos sentamos.

SB: Você mora aqui?
BT: Sim...
SB: E porque foi para a Durmstrang?
BT: Porque meu pai acha melhor! Ele e minha mãe estudaram lá...
SB: Hum... Acho que não gostaria de estudar em um iglu!
BT: Eu gosto de lá... Depois que você se acostuma, é bem legal!

Porque será que a gente não tem uma ficha de assuntos dentro do bolso quando se precisa de um? Perguntei se ela queria voltar pra festa e ela concordou... Fizemos o caminho de volta ainda em silêncio, mas eu já tinha avançado um ponto: estávamos de mãos dadas! A casa estava cheia de adolescentes, e uns poucos que apresentavam serem maiores de idade. Tive a intuição de que alguém tinha jogado um Sonorus ao redor da casa para que os vizinhos não reclamassem com a polícia trouxa.

Dominique estava dançando com a menina, e ao me ver chegando com Beatriz, soltou um daqueles seus sorrisos vitoriosos e balançou a cabeça pra que fossemos dançar também. Péssima, péssima idéia! Eu definitivamente não sei dançar! Antes de começar manchar minha reputação construída em uma pista de dança com meus passos desajeitados, puxei Beatriz para mais perto e a beijei.

Passamos o resto da festa juntos, mas agora os assuntos fluíam com mais rapidez, e quando o dia estava prestes a nascer, nos despedimos. Quando todos foram embora, a casa estava revirada de cabeça pra baixo. Sophia sugeriu um aceno de varinha para organizar tudo, mas Bernard e Ian ficaram receosos e então resolvemos ajudar a organizar e limpar tudo... Mal fui dormir e o despertador tocou, mais uma manhã de passeios por Marseille nos aguardava!

Thursday, April 13, 2006

Saída à francesa

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Acordem, vamos! Última chamada, quem perder o trem, vai passar a páscoa com a Maxime vestida de coelho!
- Já levantei, já levantei, não precisava ter plantado essa imagem medonha na minha mente...

Era quinta-feira, 07hs da manhã. Eu estava em pé na minha cama, ainda no dormitório da Sapientai e acordava Bernard para encontrarmos os outros e através da rede de flu, irmos para minha casa passar o feriado. Meu amigo levantou animado e logo estávamos no hall de entrada de mochilas nas costas, esperando pelos demais.

Michel foi o 1° a chegar, dizendo que desistiu de esperar Marie juntar as diversas malas espalhadas pela Fidei e veio na frente. Ela seria a única menina no meio do grupo. Dominique e Samuel apareceram logo depois, cada um com sua mochila, sorrisos estampados no rosto e loucos para sair dali. Assim que Marie apareceu carregando uma mochila e 3 frasqueiras, seguimos até a sala da lareira onde aurores do Ministério estavam escoltando os alunos para casa.

Uma multidão de alunos fazia fila para ir embora e depois de um tempo, onde um auror magricela nos escoltou, chegamos à minha casa em Marselha. Não sei do que aquele pedaço de bambu ia nos proteger, mas enfim... Estávamos livres!

Mostrei a casa pra eles apontando o quarto de hóspedes que Marie ia dividir com a minha prima e levei-os até meu quarto. Dos presentes, só Bernard e Michel já o conheciam e Samuel e Dominique tiveram um choque quando entraram, pois parte da parede era decorada com coisas do meu time de quadribol, os Quiberon Quafflepunchers.

DC: Luke... Seu quarto é rosa???
SS: Ahn, não é tão rosa... Só alguns detalhes nesse lado de cá...
IL: Não comecem! O que posso fazer se a cor dos Quafflepunchers é rosa choque??
BL: Eu falei pra ele que tava exagerado, mas ele não me ouvir.
MD: Vocês não são torcedores dos Quafflepunchers coisa nenhuma, senão não iam falar nada!
ML: Por Merlin, parem! Se vocês forem começar a discutir quadribol aqui me avisem, pois vou dar uma volta na cidade!

Encerramos a discussão antes mesmo de começar e saímos para dar um passeio pela vizinhança, andar um pouco a toa na rua. Já havia mandado uma coruja para Sophia, que estava vindo à noite, trazendo junto nossa turma de sempre por aqui, para uma festa em celebração ao feriado!

Paramos no Cais do Porto, a maior atração turística da cidade. Honestamente, eu achava que era a única e mesmo assim nada de interessante, mas Bernard parecia fazer questão de mostrar o lugar onde moramos para os visitantes.

BL: Marseille é a segunda maior cidade da França, o maior porto comercial do país!
IL: Bê, por favor... Não tem nada pra ver aqui, a não ser água. Por que não vamos até Provence?
BL: Não, só tem lavanda lá. Tenho uma idéia melhor!

Bernard saiu andando pelo píer do porto e parou em frente a um barco branco, com um brasão estampado na proa. Logo reconheci como o barco do pai dele e aquele era o brasão da família Lestel. Meu amigo perdeu juízo, só pode! Bernard cumprimentou o rapaz que tomava conta do barco e como ele já devia conhecê-lo desde pequeno, não perguntou nada e ainda puxou uma escada para subirmos. Ficamos calados enquanto Bernard fuçava a cabine do comandante, até que ele achou o que procurava e voltou balançando as chaves do barco.

BL: Sabia que papai ainda as guardava aqui! Ele sempre deixa uma cópia sob os cuidados do Jean-Luc, caso esqueça as suas em casa.
IL: Você vai roubar o barco do seu pai?
BL: Não estou roubando, sou o filho mais velho! Por direito, o barco vai ser meu quando papai morrer...
DC: E porque ele se chama Poseidon II? O que houve com o I?
BL: Ah, bom... Ele afundou...
SS: Queria saber como, mas estou com receio de perguntar...
IL: Bernard afundou o barco quando saiu com ele sem autorização pela última vez!
BL: Hei! Você estava comigo, não sou o único culpado. E foi um acidente...
ML: Tem certeza que você sabe pilotar isso?
BL: Não se preocupem, sou campeão juvenil de vela e papai me deixa pilota-lo nas viagens. Já falei que o caso do naufrágio foi acidente...

Diante da garantia de que voltaríamos vivos nos acomodamos na proa e relaxamos. De fato aquele fatídico dia em que afundamos o Poseidon I foi acidente, ninguém teve culpa... Bernard foi até a cabine e achou dois quepes de capitão perdidos, botando um na cabeça e dando outro para Dominique usar. Os dois ficaram lá dentro nos conduzindo, enquanto aproveitávamos a brisa fresca que batia nos nossos rostos. Quando já estávamos bem afastados do Cais do Porto, Bernard lançou ancora e ficamos parados, boiando no meio do Mar Mediterrâneo, completamente a toa e sem hora pra voltar...

Próxima lareira: Brasil

Anotações de Ty McGregor

Let me take you far away
You'd like a holiday
Let me take you far away
You'd like a holiday
Exchange the cold days for the sun
Good times and fun


Eu estava sonhando que erguia a Taça do campeonato de Quadribol, e senti alguma coisa me sacudindo...
- Hummmm, agora não, Gabriel, me deixa aparecer na foto erguendo a taça....
- Acorda belo adormecido. A foto vai ficar pra depois.
Aquela voz macia... Aquele perfume....
- Mãe, o que você tá fazendo aqui? Vocês só viriam depois do almoço.
Dizia enquanto dava um pulo na cama e Gabriel alertado pela minha voz fez o mesmo. Mamãe já acenava a varinha e abria as cortinas dizendo:
AM - Tivemos que antecipar a partida de todos para maior segurança e também pela diferença de fuso horário. Miyako já está acordada. Aprontem-se logo. - e saiu porta afora me deixando meio tonto.
Logo eu e Gabriel estávamos prontos e nos dirigíamos para o salão comunal com nossas mochilas, quando Miyako, nos encontrou:
MK - Por quê vamos mais cedo?
GS - Tia Alex falou que é pela segurança....
Apenas balancei a cabeça confirmando o que ele dizia e para meu alívio as mesas das casas estavam com o café da manhã em cima. Sentamos e começamos a comer, enquanto via os alunos que iriam viajar fazer o mesmo.
Minha mãe entrou no salão acompanhada de uma turma do primeiro ano e enquanto eles se sentavam para comer, ela foi em direção ao meu pai olhando o relógio. Era engraçado observar os dois trabalhando juntos. Ele falava pouco, apenas ouvia; eu e meus amigos ficamos observando e rindo da cara dos estudantes que se encolhiam quando recebiam um olhar dele. Ele sabia fazer cara de mau. Mamãe olhava para ele segurando o riso e continuava falando. Ele acenou com a cabeça e saiu para verificar alguma coisa numa sala ao lado. Logo voltou fazendo um sinal de negativo , para ela que saiu novamente pelo castelo e enquanto Gabriel e Miyako se distraiam jogando snap explosivo, fiquei observando tudo e todos ao redor. Papai viu que eu comecei a observá-lo e veio falar conosco.
KM- ‘Dia gente. Animados com o feriado?- disse nos cumprimentando.
T/M/G - Bom dia.
TM-O que tá havendo pai?
KM - Ajustes de última hora. - respondeu simplesmente.- E me olhou firme nos olhos, indicando que outras perguntas não seriam respondidas, mas resolvi mudar de tática.

Longing for the sun you will come
To the island without name
Longing for the sun be welcome
On the island many miles away from home
Be welcome on the island without name
Longing for the sun you will come
On the island without name


TM - O que a mamãe foi fazer?
KM - Ela foi buscar os alunos que ela vai acompanhar.
Antes que eu fizesse algum outro comentário, mamãe entrou acompanhada de Rory e das duas crianças do dia do ataque. Fiquei observando mamãe falar com eles enquanto eles se acomodavam na mesa da Nox. Rory olhou na minha direção muito rápido, e antes que eu acenasse em cumprimento, virou o rosto. (Queria entender o que eu fiz de ruim para ela.).
Eu devia estar com uma cara bem idiota, pois meu pai perguntou:
KM - É a sua amiga não?- e isto atraiu a atenção de Miyako e Gabriel que olharam rápido na mesma direção e viram Rory, logo abaixaram as cabeças, segurando o riso. Ninguém merece! Hunpft.
TM - Não, ela não é minha amiga. Vai demorar muito? Como vai ser?- mudei de assunto.
KM - O Scott virá buscá-los, em uma hora pré-determinada. Tenho que ir para a lareira, está quase na hora de começar. Cuidem-se ok? Louise e Scott têm tudo sobre controle lá. - disse enquanto nos abraçava e se dirigia para minha mãe que voltava ao salão novamente.
Quando ele se virou para ir embora, vi um brilho por dentro de sua capa, que me pareceu familiar. Já tinha visto isto antes. Virei para Gabriel rápido:
TM - Você viu?
GS - Sim.
MK - Será que todos eles voltaram à ativa?- pois ela também havia visto o mesmo que nós.
TM - Eu acredito que sim, e isto significa que a coisa é mais séria do que pensávamos.- ficamos fazendo suposições sobre o que nossos pais faziam nesta tal Ordem da Fênix e nem vimos o tempo passar. Logo a lareira começou a crepitar com o fogo verde-esmeralda e alguns adultos iam saindo dela; Madame Máxime ia chamando os nomes dos alunos que iriam acompanhá-los. Até que vimos o tio Scott sair da lareira e nos encaminhamos para ela. Cumprimentamos-nos e antes de gritamos o endereço de Gabriel no Brasil, acabei olhando para os lados de Rory.
Ela também me olhava e desta vez apenas a encarei rápido, enquanto sentia o repuxão no umbigo e tudo girar a minha volta, enquanto lareiras iam passando rápido. Fomos recebidos por tia Louise num amplo apartamento com uma das vistas mais bonitas que já vi. Todo e qualquer pensamento ou pessoa que não me lembrasse diversão, apagaram-se da minha mente.

Let me take you far away
You'd like a holiday
Let me take you far away
You'd like a holiday
Exchange the cold days for the sun
Good times and fun



N.autora: música Holiday – Scorpions.

Wednesday, April 12, 2006

Contato de risco

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

Faltava apenas 3 dias para a páscoa e estava já com tudo arquitetado: iria sair de Beauxbatons pela rede flu com meus amigos para passar o feriado em minha casa, já que meus pais estavam de malas prontas para o Caribe. Bernard já tinha conferido com seus pais e eles estavam mesmo indo passar o feriado em Lyon, na casa da avó dele, então não corríamos risco de sermos delatados. Passaríamos o feriado todo sozinhos, sem pais por perto para perturbar e fazendo bagunça. Samuel já havia me avisado que também iria, estava só bolando um jeito do pai não descobrir nada.

Tínhamos acabado de assinar nossos nomes na relação de alunos que vão se ausentar na páscoa quando uma menina da nossa turma veio correndo, dizendo que os professores Edward e Edmond estavam convocando os alunos que participariam do torneio imediatamente na saleta atrás do grande salão. Como Bernard e eu estávamos nos times, nos encaminhamos para lá.

Edmond: Por que demoraram tanto? Não importa! Renoir queira se juntar aos seus companheiros de equipe. Estou passando instruções finais, o torneio irá começar dentro de 15 minutos!

Separei-me de Bernard, que era do time de Oclumencia, e sentei ao lado do resto do grupo. O professor parecia nervoso com tudo isso, repetia insistentemente para que nos concentrássemos o máximo possível e não baixássemos a guarda, pois qualquer deslize permitiria que o adversário bloqueasse a mente e invadisse a nossa. Acho que ele estava mais preocupado em provar ao professor Edward que Legilimencia era mais útil que Oclumencia do que qualquer outra coisa, mas não importava. Ele querendo ou não, transformou sua equipe em pessoas extremamente competitivas! Passados os 15 minutos, fomos posicionados em frente a mesas com duas cadeiras cada, esperando pelo sorteio que definiria as duplas. Bernard foi sorteado com uma garota do 7° ano e eu, para minha felicidade, cai para fazer dupla com o Gabriel Storm, o garoto que me derrubou em esgrima por causa de um deslize meu.

IL: Nos encontramos outra vez...
GS: Infelizmente...
IL: Guarda muitos segredos, Storm? Espero que não, ou vou descobrir todos...
GS: Não tenho segredos e você não vai conseguir descobrir nem o que eu comi ontem. - ele disse confiante, mas notei um ar preocupação em sua voz, o que me deixou mais curioso ainda.
Edward: Todos prontos? Podem começar!

Ao sinal do professor, a sala caiu em um silencio que beirava ao mórbido. As duplas concentradas em seus adversários mal respiravam e os espectadores observavam atentos, sem dizer uma única palavra. Queria olhar para os lados e ver como meus amigos estavam se saindo, mas sabia que se o fizesse, o cabelo de fogo bloquearia a mente de maneira que eu não conseguiria mais penetrar. Em vez disso, continuei o encarando sério e aos poucos conseguia enxergar algumas coisas. Sempre que via algo mesmo que embaçado, sorria cinicamente e ele, mesmo que não demonstrasse muito, parecia preocupado. O que ele esconde para estar tão determinado a não me deixar ir além? Não podia ser só o fato de querer vencer!

Esforcei-me um pouco mais e as imagens começavam aos poucos a fazer sentido. Vi um garotinho de óculos de no máximo 5 anos numa festa de aniversário, uma mulher ruiva de um lado e um homem loiro do outro, sorrindo satisfeitos. Talvez seus pais, apesar do homem não se parecer em nada com ele. O menino ia falar alguma coisa com a mulher, mas Gabriel bloqueou o que viria em seguida e a cena se apagou, cortando para um castelo antigo. Era o mesmo garoto, agora maior e com um uniforme preto que era claramente o da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ele tinha um emblema azul e prata no peito e usava uma gravata da mesma cor, provavelmente correspondente à casa que ele pertencia. Não devia ter mais que 11 anos e carregava vários livros nos braços, lendo um pedaço de pergaminho e parecendo perdido. Um homem que se parecia muito com ele o abordou no corredor e se apresentou como Remo Lupin, apontando a direção da sala de aula. Instantaneamente o garoto derrubou todos os livros no chão e novamente a cena foi bloqueada.

Parei de tentar por um momento para prestar atenção em Gabriel. Ele tinha uma expressão séria no rosto e senti que por um segundo, por ter abaixado a guarda, ele invadiu minha mente e bloqueou a dele. Sabia que ele havia visto algo que me comprometesse, pois sorriu levemente e aproveitei a deixa para furar seu bloqueio outra vez. Dessa vez ele estava nos jardins de Hogwarts numa noite de lua cheia e olhava para um salgueiro lutador fixamente, escondido atrás do pátio da escola. Em frente ao salgueiro havia algumas pessoas, muita confusão e um homem gordo que desapareceu de repente, causando alguns gritos. O professor que se parecia com ele começou a se contorcer e se transformou em um imenso lobisomem, atacando um cachorro, correndo para a floresta e deixando 2 crianças gritando e uma inconsciente. “Eu sei que ele é sei pai, mas talvez seja melhor você entrar...”, falou um velho barbudo que parou calmamente ao lado de Gabriel, pousando a mão em seu ombro, antes da ultima lembrança ser bloqueada. Pela cara de pavor que o Gabriel do presente fez quando percebeu o que eu tinha visto, ficou claro que o lobisomem era o mesmo homem que o velho disse ser pai dele.

Havia ido longe demais, sabia disso e ninguém precisava me dizer. Encostei-me na cadeira encarando ele ainda sério, sem dizer nada. Gabriel provavelmente achava que agora que eu sabia seu segredo, sairia espalhando pra toda escola. Não iria fazer isso, nunca! Mas os professores iriam perguntar o que eu havia visto na mente dele para poder nos avaliar e teria que dizer alguma coisa. Ficamos calados sem fazer mais nada até que um dos professores declarou encerrado o torneio e começaram a ir de mesa em mesa anotando o que as duplas diziam. Eles pararam ao lado da nossa um tempo depois, mas nenhum dos dois se pronunciou.

Edmond: Então? Renoir, o quanto conseguiu penetrar a mente do Storm?
Edward: Storm bloqueou bem a mente das tentativas dele, não foi?
IL: Não consegui ver nada além do aniversário de 5 anos dele... Depois ele bloqueou a mente e invadiu a minha, não pude fazer mais nada. – disse depressa.
Edward: Muito bem Storm! O que viu?
GS: Ahn, nada demais, só o dia que ele se vestiu de comensal da morte, no Halloween, depois ele também bloqueou sua mente... - falou me olhando confuso. Claramente havia dito a 1ª coisa que pensou e não o que realmente viu.

Os professores pareceram um pouco desapontados e deram como empate nossa disputa. Eles passaram para a mesa seguinte e vi que Bernard me olhava sem entender nada, perguntando por que havia mentido. Dominique, Samuel e Michel também faziam caras intrigadas na platéia, mas Marie parecia perceber que eu tinha algum motivo forte. Levantei da cadeira cansado para me juntar a meus amigos e Gabriel também levantou.

GS: Obrigado.
IL: Não precisa agradecer.

Falei sendo sincero e me encaminhei até o pessoal, que imediatamente começou a me perguntar sobre o que havia acontecido. Disse apenas que tinha falado a verdade e ninguém questionou mais nada, apesar de ter certeza que Marie não acreditou, pela cara que fez. Teria que driblar o interrogatório dela mais tarde...

Wednesday, April 05, 2006

Bobeou, dançou

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Estávamos às vésperas do feriado de páscoa e só o que se falava pela escola era sobre ir para casa descansar. E assim como os demais, eu também fazia planos de passar a data longe da escola. Miyako e Ty ainda não sabiam para onde iam e escrevi para minha mãe perguntando se eles poderiam ir para o Brasil comigo. Enquanto ela não respondia, me preocupava com outra coisa: o torneio de Legilimencia e Oclumencia que se aproximava. O professor Couggle estava forçando cada vez mais nas aulas e em especial os alunos que ele havia selecionado para representá-lo, eu nesse meio que estava sofrendo pressão.

Ao mesmo tempo em que eu me arrependia amargamente de ter feito progresso em oclumencia antes desse desafio, nas aulas de esgrima não poderia estar indo melhor. Meus reflexos aumentaram em quase 100% e vencia 8 de 10 lutas em sala. Hoje não foi diferente, mas teve um gostinho melhor por conta de um único detalhe...

SZ: Mais rápido, vistam seus coletes, peguem os floretes e procurem seus pares. Hoje estamos divididos por símbolos, procurem pelo aluno com o símbolo igual ao seu. Há apenas 2 de cada nas vestes.

Apanhei meu florete no armário e vendo que nenhum dos meus amigos tinha uma meia lua desenhada no colete, comecei a andar pela sala. Não vi ninguém igual entre os alunos do 4° e 5ª° ano, porém entre os alunos do 6° ano o quadro mudou...

GS: Ah não, você?
IL: Storm? Você é meu adversário? Maravilha, batalha ganha...

Não acreditei quando vi a meia lua estampada no colete daquele panaca do Renoir, mas não tinha alternativa, teria que lutar com ele. Nos cumprimentamos como o normal e demos inicio à luta. Acho que foi a mais demorada desde que essas aulas começaram. Ele era extremamente forte e ótimo em esgrima, mas eu estava determinado a derrotá-lo e não me mostrava cansado em momento algum, deixando bem claro que ia até o fim até um dos dois desistir. O resto da turma já havia encerrado os duelos e alguns alunos mais curiosos mantinham as atenções em nós dois.

IL: Desiste Storm, sabe que não tem chances contra mim...
GS: Cala a boca Renoir!
SZ: Mas o que está acontecendo aqui? Parem de medir forças e acabem logo com isso!

O professor percebeu a guerra de vontades em que havia se transformado aquela luta e nos mandou dar um fim nela. Pela regra, se ele a desse por encerrada ali, eu perderia por pontos. Ou seja, se queria vencê-lo tinha que ser agora. Percebi que a maioria da turma agora estava amontoada à nossa volta assistindo atenta e por um segundo, Ian se distraiu com a movimentação. Aproveitei o rápido deslize dele e o derrubei, espetando meu florete em seu peito.

SZ: Vitória do Gabriel! 10 pontos para a Sapientai!
GS: Touché... - disse olhando pra ele estirado no chão, rindo sem disfarçar.

Antes que ele pudesse levantar e reagir, Ty e Miyako me empurraram pra longe pulando em cima de mim, Ty comemorando minha vitória como se fosse o campeonato de quadribol. Ia precisar andar atento pelos corredores por um tempo, porque se conheço bem aquele bocó, ele vai querer aprontar alguma comigo para não ficar com a imagem manchada...

Tuesday, April 04, 2006

Eu sei o que você fez.......

Do diário de Morgan O’Hara

- Eu e madame Máxime conversamos com o professor, Morgan. Não há nada errado com aquele sarcófago.
- Eu sei o que eu vi, Remo. Eu não estou louca...
- Eu sei que não, mas você pode estar sofrendo ainda do efeito do ataque sofrido, e até... Imaginando coisas onde não existem...
-Você está me dizendo de forma elegante que eu estou histérica, apenas isso. E com certeza serei a piada da mesa dos professores...
- Ele não sabe o nome do aluno que fez a denúncia não se preocupe.
Estas palavras ainda martelavam a minha cabeça, quando fui dormir sentindo-me péssima. Havia discutido com Marienne, e ela novamente afirmava que o professor de Mitologia era inocente, ficou irritadíssima, quando eu disse que ela o apoiava por estar apaixonada por ele, e ela me respondeu que eu faria o mesmo por Carlinhos. Como se pudesse haver alguma comparação. Acabamos indo dormir de cara amarrada uma com a outra. Havia pouco que havia dormido quando senti um dedo longo e fino me cutucar.
Abri os olhos sonolentos e Porshy estava debruçado sobre mim:
P- Mestra, acorde. O mestre está na casa e mandou Porshy buscar a mestra.
Pulei da cama e joguei uma capa sobre minhas roupas de dormir e sai do quarto bem devagar, tomando o cuidado de não acordar Marienne. Assim que chegamos ao corredor, perguntei ao elfo:
MOH- Como vamos para lá? A escola é vigiada.
P- Porshy descobriu uma passagem que leva para fora dos portões, de lá aparatamos. Rápido, o mestre tem urgência em vê-la.
Andamos rápido e logo eu aparatava em frente ao Chateux, a porta se abriu e Carlinhos saiu rápido de lá de dentro me envolvendo em seus braços. As palavras podiam esperar, minha urgência em tocá-lo e ver se ele estava bem era maior.

***********
Dia seguinte...
Acordamos com Porshy batendo na porta do quarto, avisando que havia feito um café para nós, e que logo o dia iria nascer. Enquanto comíamos, falávamos sobre os últimos acontecimentos:
CW - Mesmo o Remo não descobrindo nada, foi bom você ter pedido ajuda à ele. Eu me sinto mais tranqüilo, sabendo que você pode contar com alguém aqui.
MOH - O Remo vai me considerar doida daqui por diante. Ele praticamente disse que estou tendo alucinações...
CW - Sshhii, não liga ok? Eu acredito que você tenha visto alguma coisa. Quero que redobre os cuidados. O tal professor parece ser bem esperto, mas em alguma hora ele vai cometer algum erro.
MOH - Como você vai embora?
CW - Vou de barca até a estação o centro e pego o trem para Londres ainda hoje.
MOH - Transporte trouxa? Por quê?- disse sentindo apreensão.
CW - É uma forma de verificarmos atividades suspeitas entre os trouxas, não se preocupe.
Despedi-me dele e segui Porshy de volta ao castelo. Entrei rápido em meu quarto e segundos depois Marienne acordava. Olhamos de uma para outra e sorri dizendo:
MOH - Desculpe... Cada um tem direito a ter suas opiniões e eu tenho que respeitar isto.
MD-Desculpe de chamar de doida. Arrumamos-nos e seguimos para a primeira aula do dia, que seria Mitologia.
... Durante a sua viagem, ela recebeu algumas conselhos que lhe diziam para evitar os perigos do reino dos mortos e que a avisavam para não abrir a caixa. Mas a tentação foi mais forte e Psyché abriu-a. Então, em vez de encontrar aí a beleza, ela encontrou um sono mortal...
A aula de Mitologia fluía normalmente. Usávamos as túnicas gregas, e a sala havia sido modificada de forma a parecer um mini Coliseu. O professor havia decidido falar sobre a lenda de Cupido, e aparentemente não sabia que eu havia estado em seu quarto.Tudo corria bem, até que ele resolveu me fazer uma pergunta:
FR - Senhorita O’Hara, o que podemos ver nas entrelinhas desta lenda mitológica?
MOH - Que o amor supera e perdoa tudo?- disse fazendo-me de tola.
FR - Também... No fundo o fato de Psique ser curiosa custou-lhe o seu amor. Isto é algo a se pensar não? Será que vale a pena?
Ele me olhava tão friamente, que tive a certeza: ele sabe e está me ameaçando...
Logo ele voltava a falar com seu jeito encantador e vários alunos dispostos a ganhar pontos extras, expressavam seus pontos de vista; mas quando nossos olhares se encontravam, eu tinha certeza de ver certa irritação por trás deles.
Saí da aula tensa. Não podia falar com ninguém da escola e muito menos com Marienne ou algum dos garotos. Olhei para o céu e vi as corujas voando de volta para o corujal. Dei uma escapada e fui até lá. Havia levado pergaminho e pena, e minha mensagem foi curta e rápida. Amarrei a mensagem na pata de Órion e dei-lhe o endereço.
Só espero que Gui não ache que estou imaginando coisas e fique de olho em Carlinhos.

Monday, April 03, 2006

Estudar, estudar, estudar, só nos resta estudar!

Dos relatos desesperados de Ian Lucas Renoir Lafayette

Terça-feira, 04/04/97 - Sala de Transfiguração.

- Monsieur Lestel, por favor, recolha os relatórios e deixe-os sobre a minha mesa.

Bernard se levantou do meu lado e fez menção de puxar meu pergaminho, mas pedi que me deixasse por último. Ele concordou e começou a recolher os dos demais alunos, me deixando sozinho na mesa. O professor Grangier havia passado algumas revisões para os NOMs e nos pedido para descrever todos os feitiços já ensinados até ali. Levando em consideração que já temos quase 6 anos de estudos completos, minha lista sem sombra de dúvidas estava incorreta, visto que preenchi muito mal e porcamente 2 rolos de pergaminho enquanto meu amigo havia feito no mímino 4! Bernard voltou depois de alguns minutos e arrancou meu trabalho da minha mão sem dó nem piedade, dizendo que o professor estava cobrando, e entreguei a Merlin minhas chances de não levar um “T”.

- Muito bem, agora vamos passar para um exercício prático. Todos peguem um gatinho aqui nessa caixa e executem o feitiço de desaparecer. Lembrem-se que os gatos devem sumir por completo, não vou considerar nada dessa vez mesmo que deixem apenas o rabo visível.

Dominique largou um gato no meu colo e se se sentou na mesa da frente, começando a praticar no dele. Normalmente acharia esse feitiço algo simples de se fazer, mas ando perdendo minha concentração nas aulas esses dias. Talvez sejam os NOMs se aproximando ou papai que me escreve quase que diariamente para me lembrar que começo meu estágio assim que pôr os pés em casa. Ou talvez seja o fato de que o vovô não quer me dizer o que tem naquela maldita caixa, diz apenas que na hora certa irei descobrir e que é para andar com aquilo comigo o tempo todo. Percebi que havia me distraído mais uma vez quando Bernard e Marie agora acariciavam o ar e Dominique e Michel tinham apenas 8 patas circulando pela mesa, sem corpo. Voltei minha atenção ao gato e tentando me concentrar no feitiço, disse o encantamento. A principio ele não mudou, depois começou a falhar, como se estivesse mal sintonizado. Depois foi desbotando lentamente até desaparecer por completo. Abismado comigo mesmo por ter conseguido recuperar a nota da aula no exercício prático, carreguei o gato invisível até a mesa do professor e guardei meu material, saindo da sala com meus amigos.

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Quarta-feira, 05/04/97 - Aula de Botânica

Mamãe me escreveu hoje, depois de 2 meses sem dar notícia. Disse que estava indo para o Caribe com papai e os pais de Michel para o feriado de páscoa e que era para ficarmos pela escola, já que vovô Henri estaria fora também, com uns amigos que estudaram com ele. Ingratos, nem para nos convidarem para passear pelas praias do Caribe com eles! Será que eles ainda estão receosos por conta da última viagem de família onde nós transformamos a piscina do hotel em uma imensa máquina de lavar, com espumas pra todos os lados? Ah, quem quer ir ao caribe afinal? Prefiro ficar aqui, curtindo o final de frio nesse inicio de primavera...

- Atenção! Monsieur Lafayette, está estrangulando sua planta! Mais delicadeza ou terei de reprová-lo!

A voz aguda da professora Milenna me fez saltar na bancada e olhei para a planta que deveria estar cuidando. De fato ela estava quase com a língua pra fora. Soltei a pobre coitada no vaso e me levantei para buscar adubo. Não levava o menor jeito para essa matéria, detestava cuidar de planta! Deve ser trauma de infância, pois mamãe conserva um jardim lindo nos terrenos da casa e quando criança era proibido de me aproximar dele. Pra falar a verdade, até hoje não tenho permissão de chegar muito perto sem que ela esteja presente...

ML: Quer ajuda?
IL: Você faria essa caridade?
ML: Você está plantando errado, por isso ela joga terra em você, tem que ser mais delicado...
IL: Deixo a delicadeza pra você, sabe que não tenho paciência pra essas frescuras!
ML: Ora, mas você está adorando as aulas de esgrima... Não acha que ficar lutando com a mão na cintura é a mesma coisa?
IL: Não vou responder a acusação de alguém que só se inscreveu nas aulas pra passar mais tempo com o professor bombadinho...

Marie riu e esfregou esterco no meu rosto. Peguei um punhado e passei nela também, desencadeando uma série de risadas na aula, que só cessou quando a professora casca-grossa bateu a mão pesada na nossa bancada e tomou nossos vasos, rabiscando um notável “P” na prancheta.

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Quinta-feira, 06/04/97 - Lago, Aula de Sereiano

DC: O que foi que ela falou? Não entendi o final da frase...
BL: Ela disse que vai passar revisão na próxima aula
MD: Como vocês conseguem entender isso? Estou completamente perdido!
IL: Não esquenta, eu estou aqui há 6 anos e até hoje não entendo a língua. Você só chegou há 3 meses.
MD: Aonde ela vai? A aula já acabou??
ML: Já Michel, ela acabou de se despedir...
IL: Saco, não consegui entender lhufas dessa aula, vou precisar de toda ajuda possível pros NOMs!
DC: Eu vou te ajudar cara, vem comigo.

Dominique foi andando até a beira do lago, onde um grupo de sereianos da nossa idade ainda conversava. Dividíamos as aulas com eles, a professora ensinava nossa língua a eles simultaneamente. Com certa dificuldade ele disse alguma coisa a eles, que aparentemente entenderam e submergiram em seguida. Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, Nick me agarrou pelo pescoço e afundou minha cabeça na água, me segurando lá embaixo. Me sacudia desesperado tentando sair, mas descobri do pior jeito que Dominique era forte. Os sereianos que estavam na margem do lago se encontravam parados na minha frente e falavam alguma coisa, mas eu não entendia nada. Já estava quase perdendo os sentidos quando captei algo que parecia ser "chuta a canela dele" e obedecendo ao que entendi, acertei a canela de Dominique. Ele me soltou na hora e voltei à margem do lago sem ar, engasgado e cuspindo água.

IL: Ficou louco????
ML: Ian, você ta bem??
BL: O que deu em você Nick?
DC: Conseguiu entender o que eles disseram?
IL: Claro que não! Só o final, que acho que eles me mandaram chutar você!
DC: Viu? Funcionou!

Levantei ainda sem força por estar com falta de ar e completamente encharcado, apanhei meus livros no gramado e marchei em direção ao castelo sem dar atenção ao que eles diziam e indignado com a tentativa de afogamento do Dominique. Todo mundo olhava pra mim no caminho, no mínimo tentando entender porque eu havia obviamente mergulhado no lago se ainda estava fazendo frio. Estou muito bem arranjado com esses amigos e suas tentativas de me ajudar a estudar... Quer saber? Isso vai ter troco! Mas por enquanto deixa eu mergulhar de cabeça, dessa vez nos livros, pois realmente não sei nada de sereiano e vai ter teste semana que vem, ai, ai, ai...

Sunday, April 02, 2006

Toujours Pours! Quanta besteira....

Fragmentos das anotações de Ty McGregor

Embora Gabriel não tocasse mais no assunto da visita do pai dele, eu sabia que ele ficava pensando nisso, pois passou a devorar o diário da mãe, e o livro que o pai havia dado a ele. Bem, ele ficou um pouco brabo comigo por eu ter contado pra Morgan sobre ele, mas ela já tava tendo idéias erradas sobre o meu interesse naquele homem.
Imagina ela dizer que não sabia que eu gostava de homens mais velhos. Oow! Nada contra, mas não é minha praia.
E como ela prometeu que não iria falar a ninguém sobre isto, ele perdoou meu deslize.
Eu estava gostando das aulas de esgrima, aumentavam mesmo os reflexos, havia notado a melhora até no Quadribol. Não fiz mais dupla com aquela garota, de vez em quando eu a via e acenava com a cabeça em cumprimento, e ela me respondia da mesma forma. Na aula de hoje eu duelei com um garoto da Fidei, e ele era muito bom, o professor acabou dando empate, pq nenhum dos dois desistia. Parei para observar a garota duelando com um garoto da casa dela, e ela estava se esforçando bastante. Via-se que a técnica dela, era superior, porém faltava a força física. Em dado momento o garoto começou a falar gracinhas para irritá-la, mas ela ignorou e conseguiu vencê-lo no instante final. Ela levantou a cabeça sorrindo na minha direção e eu sorri de volta. Ficamos nos encarando e sorrindo alguns segundos, até as colegas da casa dela, começarem com risadinhas idiotas. Aí ela ficou séria e saiu com as colegas para comemorar a vitória, pois a aula havia acabado. Sai com meus amigos e fomos para as próximas aulas, mas algumas vezes eu me distraia e o Gabriel me cutucava:
GS- Ty... Presta atenção na aula.
TM- hum? Ah. ok...
GS- O que você tem? Anda distraído... Das duas uma: ou quer aprontar alguma coisa ou tem uma garota na jogada.
TM- Não estou aprontando nada, embora nossa vida aqui esteja um tédio, e não tem garota nenhuma. Depois da Morgan estou vacinado.
Ele ia dizer alguma coisa, mas a professora de etiqueta passou e nos olhou feio, nos fazendo ficar calados.
Após o jantar, estávamos fazendo nossos deveres quando ouvimos um barulho:
MS- Eu não acredito que foi o seu estômago que roncou, Ty. Acabamos de jantar.
GS- Mas o Ty é anormal Mi, já te disse isso. Ele tem uns três estômagos dentro dele.
Dei-lhe um soco de leve no ombro, enquanto ríamos e disse:
TM- Não sou anormal, apenas gasto calorias rápido. Vou pegar comida na cozinha, alguém quer? - e eles disseram não. Fui até a cozinha e depois de comer uns bons pedaços de bolo quentinho, comecei a fazer o caminho de volta, quando ouvi vozes alteradas e apressei o passo:
- Você deve ter jogado algum feitiço em mim...
- Eu não fiz nada, você está me machucando.
- Você trapaceou, eu nunca perderia um duelo pra você.
TM- O que está acontecendo aqui?- perguntei olhando para o garoto que segurava o braço da garota. Era Montpellier e o oponente dela da esgrima. O nome dele era Renald e jogava como batedor pela Nox. Sempre nos estranhávamos em campo, pois ele acertava balaços nos outros à toa, só para machucar, fez isso uma vez com o Gabriel, num treino.
-Isto não diz respeito a você.
TM- Porque você tá agredindo ela? Isto é errado. - disse irritado.
- Ela trapaceou no duelo de esgrima, só assim ela me venceria.
TM- Tira as mãos de cima dela, eu estava lá e vi que ela ganhou honestamente. - disse já próximo dos dois, e com os punhos fechados.
Eu devia estar com a cara bem feia, pois o garoto soltou o braço dela e disse:
- Porque você está defendendo a garota McGregor? Ela não é como nós...
TM- Ela é uma garota, pra mim já basta.
- Ela nada mais é que uma sangue ruim miserável e trapaceira....
Não deixei ele terminar de falar. Dei-lhe uma cabeçada e ele caiu ao chão, logo nos embolávamos, trocando socos. Ele não devia estar acostumado com isso, pois logo perdeu as forças. Levantei e olhei para a garota, pensando ver um olhar de agradecimento e tudo o que vi foi um olhar gelado, enquanto ela me dava às costas e saia andando pelo corredor. Fui atrás dela e a puxei pelo braço.
TM - Ei, um obrigado não vai te matar.
RM - Pelo quê? Por você bancar o gorila defendendo o território? Eu não pedi sua ajuda... - disse olhando friamente para onde meus dedos a tocavam e instintivamente a soltei.
TM - Quando eu cheguei você não estava despejando este veneno em cima dele. Pensei que estava ajudando...
RM - Você é tão presunçoso, por achar que eu não saberia me defender daquele incompetente. No fundo vocês puro-sangue são todos iguais.
TM - Não ouse me comparar com aquele babaca. Não aceito esta história de puro sangue ser melhor que os outros.
RM - Não? Você veio "me defender", mas nunca perguntou o meu nome, nem mesmo quando me levou para a enfermaria. Agiu como se eu fosse apenas um peso, que você tinha que se livrar logo e ainda posar de bom samaritano. Típico de um esnobe.
TM - Olha aqui: Não quis me livrar de você aquele dia. Você mesma disse que acidentes acontecem, e eu havia me desculpado. Se me conhecesse um pouco, saberia que eu acho esta história de sangue puro uma grande besteira. Todo aquele que tem um pouco de bom censo sabe que nosso mundo só sobreviveu, por termos nos casado com os trouxas. Eu não tenho culpa, por algum idiota ter feito você acreditar nestas bobagens sobre uns serem melhores que os outros, e com isto fazer você se sentir por baixo, achando que pode julgar a todos que não se encaixam ao seu padrão. Deste jeito você age igual ao Renald, fica difícil ver a diferença entre vocês dois. - disse asperamente.
Ela apenas me olhava de queixo erguido, respirei fundo, pois já havia falado demais, e comecei a andar de volta para o meu salão comunal. Estava começando a ficar com dor de cabeça.
De repente me virei e disse para ela:
TM - Seu nome é Rory Montpellier. Eu sou Tyrone John McGregor e me orgulho muito de ser o que sou: um bruxo.
Seus olhos brilharam e antes que ela dissesse alguma coisa para brigar comigo de novo, fui embora, procurar alguma coisa para a dor de cabeça que estava de matar.