Thursday, September 29, 2005

Aluga-se espaço vago no meu guarda-roupa, por tempo DETERMINADO!

Do diário de Isabel McCallister

Nossa, se morri, por favor, alguém me belisca! Eu estou no céu! Pra todos os lados que olho só vejo coisas lindas e perfeitas e a maioria das pessoas aqui tem a aparência de como considero os anjos: loirinhos de olhos claros. Só posso estar no céu! Ta, querido diário, eu vou explicar tudo, TUUUDINHO! Peguei essa manhã o barco, sim, o barco que me traria pra nova vida, começando por aí... Só de lembrar do Expresso de Hogwarts balançando e soltando fumaças, minha mente se alivia de pensar que finalmente estou em lugar melhor. Todos os alunos de Beauxbatons pegam o barco que passa por todo o rio Sena, até chegarmos no porto do castelo. A viagem é tão maravilhosa... O dia estava claro e limpo, e um sol estava no céu... O rio é lindo, e tinham uns peixinhos laranja seguindo a gente... Me senti em um cruzeiro no alto mar!

Anabel que tinha embarcado comigo, estava atenta com o Grimoire aberto no colo, e com uma lupa na frente dos olhos, tentando ler umas Runas minúsculas do rodapé de uma página, e eu apenas olhava tudo ao redor e a paisagem. Morgan e Adhara logo se juntaram a nós, e estávamos caladas quando a âncora do barco afundou e muitos já desciam... Descemos seguindo os grupos de alunos, e antes que nos perguntássemos o que faríamos a seguir, Madame Máxime, a mulher gigante diretora da escola, nos barrou, e nos conduziu escola adentro. Nossa, lá dentro é tudo tão maravilhoso! Os corredores são todos detalhados e claros, com artes que me lembravam barrocas, não são como os de Hogwarts iluminados por tochas e velas, mas com grandes janelas, e aberturas.

Sem que eu me desse conta de onde estava, já tinha entrado na sala mais linda que um dia pude entrar. Total e completamente dourada, com pedras encravadas nas paredes. No teto dançavam quatro fadinhas, lindas, e sobre uma mesa de cristal que se localizava ao centro, se encontrava um espelho. E eu achando que entendia tudo de espelhos... Nunca vi um espelho tão misterioso! Depois que as fadas nos fizeram um tipo de ritual de arrumação, Máxime pediu que nos aproximássemos uma de cada vez do espelho, e a primeira, quem foi? Eu, lógico!

Quando me aproximei o suficiente do espelho, descobri que a anormalidade era muito maior do que minha imaginação alcançaria. Vi tudo rodando, me vi criança, correndo, comendo doce (nossa, que coisa mais gorda), me vi em Hogwarts, vi meu pai, minha mãe, Anabel, meus tios, avós, primos, animais, amigos... Ufa, já estava ficando tonta com todas aquelas coisas rodando lá dentro, quando finalmente me vi parada e refletida nele. Máxime me fez sinal pra voltar, e confusa fiquei tentando entender qual era a do espelho, que mais parecia um filme retrospectivo da minha vida... Quando Adhara voltou, Madame Máxime nos levou pra fora da sala sem nos explicar qualquer coisa, e nos conduziu pro Salão Principal. Meu queixo foi ao chão. Apesar das semelhanças com o Salão Principal de Hogwarts, esse era dourado, com quatro grandes mesas dispostas, talheres e pratos encima delas, de ouro, e além disso a mesa dos professores era toda dourada. Não havia mais o teto encantado, mas grandes janelas dispostas ao longo das paredes.

Ficamos paradas perto do grupo de primeiranistas esperando para serem selecionados, e novamente aquele espelho maluco começou a agir. Ele levantou vôo por nossas cabeças, e começou a narrar, na voz de uma mulher, a fundadora do colégio, toda a história de Beauxbatons, arrancando assim muitos aplausos de todos. E então do nada, ouvi meu nome: Isabel Damulakis McCallister – FIDEI ANGELI. Ham? Hem? Como? Quando? Onde? Por quê? Sem entender nada, ouvi uma mesa se levantar e explodir em aplausos e então me toquei, era a minha casa. Me dirigi até a mesa, toda sorridente, e sentei ao lado de uma menina de cabelos ruivos e olhos verdes. Depois ouvi que Adhara e Anabel foram pra Sapientai Angeli, e pra minha completa felicidade, Morgan também havia sido selecionada pra Fidei. Depois dos costumeiros avisos de começo de ano, que descobri, eram praticamente iguais em qualquer escola, começou o jantar. Nossa, que maravilha, uma escola que influencia minha mania de vegetais! Muitos tipos de saladas, carnes, caldos, e bebidas surgiram, e até Cerveja Amanteigada, e depois a mesa de sobremesas! Claro, fiquei sabendo que era só hoje que serviriam Cerveja Amanteigada, mas já estava feliz! Quando finalmente meu estômago deu alarme de: Não cabe mais nada, fui seguindo os monitores da casa, e ao contrário do que eu pensava, eles não nos levaram para os dormitórios, e sim, para uma sala cheia de almofadas, lareira, e poltronas.

Sem entender nada, Morgan havia perguntado pra alguém o que exatamente estávamos fazendo lá, e disse que aquela era chamada de Sala de Metas, e o que tínhamos que fazer era simplesmente traçar uma meta pra esse ano, e tentar cumprí-la até o final dele. Anabel já foi logo dizendo: minha meta pra esse ano é passar dele, porque sinceramente, estamos ferradas! Muitas matérias ensinadas aqui, não tivemos qualquer base em Hogwarts. Adhara fuzilava tudo com os olhos, acho que ela achou aquela idéia de metas patética, e Morgan estava quieta, com olhar penetrante e sério pensando com seus botões. Ta, meta pro ano, vamos ver... Ah, num sei! Depois eu penso nisso! Fiquei lá tentando traçar algo, mas nada me vinha na cabeça, e depois de um tempo, os monitores estavam de volta pra nos guiar finalmente pros dormitórios.

Ahh, agora chegamos no principal ponto! Os dormitórios. Aliás, quando entrei na Sala Comunal, já fiquei chocada. Era circular, clara e muito confortável. O clima era de animação. O monitor nos disse onde ficavam os dormitórios, e eu e Morgan subimos em sua direção. No terceiro andar de dormitórios, logo que cheguei, vi uma porta de madeira escura, com uma plaquinha dourada que se lia: Amaralina Bourbon e Isabel McCallister. Imagina a minha cara de idiota. Só duas por quarto? Isso era um sonho? Não, isso num era nada comparado com o que veio depois... Me despedi de Morgan que continuou a procurar seu dormitório e abri a porta.

Nossa, acho que desmaiei instantaneamente. O dormitório era lindo, amarelinho, com duas camas, estantes com todos nossos livros de estudos já organizados, uma escrivaninha ao lado de cada cama, uma grande janela, e uma lareira ao canto. Quando voltei ao que considero minha normalidade, andei pelo quarto e juro, quase que morro de ataque do coração. Imagina você, querido diário, que nosso dormitório, num é comum, e sim O dormitório, porque além disso tudo, temos um closet e um banheiro! Acredita nisso? Acho que nem o quarto de Dumbledore é assim!

Mas no mesmo instante que eu estava dando pulos e vivas de alegrias, meus olhos se encheram de lágrimas quando reparei o tamanho do meu guarda-roupa. Nossa senhora, acho que nunca vi um guarda-roupa tão grande assim. Ele tem tudo que um dia eu pedi. Espaço para pendurar vestidos, calças, sapatos, gavetas, e até um cofrezinho com segredo no canto ao fundo. Em cima, tinha a placa com meu nome, e na porta lateral, um grande espelho. Agora você me pergunta por que eu quis chorar ao ver isso e eu te respondo: Porque simplesmente, todas as roupas que tinha trazido já estavam dispostas nele dobradas e penduradas, e mesmo assim elas não ocupavam nem um terço do espaço dele. Mas é claro, como eu poderia adivinhar? Estava acostumada com o dormitório-pensão de Hog, e com deixar as roupas no malão em frente à cama.

Não, isso não pode ficar assim, o que pensariam de mim se vissem o meu armário assim, praticamente deserto? Não se preocupe, isso vai mudar muito mais em breve do que você imagina, pois já notifiquei papai do acontecido e pedi que me mandasse todas as minhas roupas pra cá. O guarda-roupa de Amaralina estava cheio, e eu amei tudo... Ela tinha uma coleção de roupas indianas e ciganas de dar inveja, e é isso que esté em alta agora. Vou me dar muito bem com ela... Ah, falando nela, ela entrou aqui no dormitório a pouco tempo atrás, e é aquela menina ruiva de olhos verdes que sentei ao lado depois da seleção. Não a vi na Sala de Metas, mas agora, conversando com ela, me pareceu uma ótima pessoa, super zen! Bom, falando em metas, a minha está traçada: abarrotar meu armário de roupas novas e francesas antes que Anabel diga: SOCORRO, vamos bombar! Ai chega! Estou cansada e esse colchão está muito macio... Depois te relato mais do meu novo lar doce lar. Beijinhos...

Wednesday, September 28, 2005

Lá e de volta outra vez...

Da caderneta velhinha de Samuel Berbenott

Nossa, é incrível como o tempo passa voando. Parece que foi ontem que entrei nesse castelo pela primeira vez, e cá estou eu no dormitório da Nox pelo 5° ano. Cheguei ao castelo de Beauxbatons de novo, e de novo vi a seleção dos novatos, de novo fui pra sala das metas e tracei minha meta do ano, que é a mesma há 4 anos consecutivos: Falar pra menina que eu gosto, que eu gosto dela, mas porque raios isso é tão difícil, e como ela nunca percebeu isso? De novo subo com novas e tolas esperanças para essa Sala Comunal e de novo estou eu escrevendo nessa caderneta como se ela fosse se materializar em forma de pessoa e me dar um chute pra eu parar de ser lento.

Porque a gente simplesmente não pode controlar o coração, ou então, porque dentro do nosso corpo num existe um pé de coragem que vai germinando toda vez que a gente precisa do fruto? Ai, esquece que falei isso, acho que sofri muita influência da professora de botânica ano passado com esses papos de sementes, frutos e pés de alguma coisa...

Bom, o que eu sei é que querendo ou não fico me iludindo todo ano com coisas do gênero: Esse ano eu vou conseguir me abrir pra ela, afinal, o que tem de mais? Mas toda vez que vejo ela passar no corredor parece que some tudo, e eu faço papel de idiota, porque as únicas coisas que consigo soltar são: Oi, Bom dia, Boa noite, Tudo bem?, Tudo bem! Olha, sinceramente, se eu não mudar esse meu jeito vou acabar solteiro e amargurado!

E lá se foram minhas férias! Fiquei variando da casa da minha mãe, pra casa do meu pai sem qualquer novidade ou coisa empolgante, mas o que importa é que, por mais que o castelo tenha seus lados negativos, como ter que encarar aulas e professores de novo, eu estou feliz por ter voltado, porque afinal, aqui está o meu destino, e o meu coração! Nossa, como eu estou dramático e meloso hoje, credo! A convivência com minha mãe não me anda fazendo muito bem... É melhor eu ir dormir porque se não daqui a pouco começo a chorar e a te chamar de diário... Blergh, meninas!

Antes de ir dormir, quero deixar isso registrado: Esse ano eu resolvo, esse ano eu cumpro a minha meta... Ai, parei, parei, sabe-se lá quantas mil vezes eu já registrei isso aqui... Fui!

Pensamentos e promessas

*do subconsciente de Amaralina Bourbon de Montserrat*

Mais um ano nesse castelo. Não, Amaralina, seja positiva: um a menos para terminar isso tudo. O jantar foi encerrado, os alunos novos pareciam prestes a entrar em ebulição, completamente eufóricos. Acho que nunca viram um castelo tão grande! Juro que não consigo entender o que todo mundo acha de tão perfeito aqui. Bom mesmo é viver ao ar livre, somente eu, o vento e as estrelas, indo de qualquer lugar para lugar algum, tendo como única preocupação ser feliz e amar seu pai e seus irmãos... Meus irmãos... o que estariam fazendo agora? Onde Johhan estaria? Sentado, entre os nossos, ou talvez dançando com alguma bela cigana em torno da fogueira... E Kalinka? Amiga, como eu sinto a sua falta. Talvez, se você estivesse aqui, este caminho fosse menos pesado. Como eu queria estar em seu lugar, feliz, dançando e comemorando a chegada de Meneghal.

Olhei em volta. A escola estava reunida na tradicional “sala das metas”, onde os alunos costumavam se reunir para fazer promessas para o próximo ano letivo. Ó Abraim! Mal sabem eles que seu destino está traçado, não adianta fazer promessas. Abraim conhece o passado, o presente e o futuro, e a seus discípulos cabe saber o que acontecerá em sua passagem por este planeta. Os descrentes também conhecem, apenas preferem não acreditar. Então, traçam metas e planos para tentar justificar seus mais íntimos desejos.

Saí para os jardins. A lua me chamava. Toda vez que a olhava, lembrava de minha mãe. Sentia sua presença carinhosa, que me fora roubada tão cedo. Era a lua que me confortava, trazia o calor de minha família para perto de mim. A pulseira de minha avó brilhava sob a luz do luar. Apertei-a com força, e senti a presença de Ellyat. Meu irmão mais velho me abraçava e pedia aos deuses que eu tivesse força. Não sei dizer quanto tempo fiquei ali.

As luzes da sala de reuniões já estavam apagadas quando eu retornei ao castelo. Segui para o dormitório, confortada. Onde estivesse, sabia que os deuses olhavam para mim.

Tuesday, September 27, 2005

Metas para o novo ano

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette


O banquete de boas vindas já havia se encerrado. Alguns dos alunos começavam a caminhar lentamente para suas respectivas casas e outros, assim como nós, se dirigiam para a sala que ficava ao lado do grande salão, para bater papo antes de dormir. Madame Maxime nunca se incomodou, muito pelo contrario, ela incentivava esse habito que os alunos daqui de Beauxbatons tinham. Só tinha sobrado umas almofadas no canto da sala quando entramos e tratamos logo de nos largarmos sobre elas, ainda pesados do jantar. Todo ano sentávamos por ali, para discutirmos nossas metas para o novo ano letivo. Cada um tinha que pensar em uma e cumpri-la ate o fim de Junho. Mas antes, tínhamos os resultados dos NOMs para mostrar.

ML: Como vocês se saíram no de vocês? Eu consegui um E em todas as matérias, com exceção de Oclumencia, que só atingi um A...
DC: Bom, tirando Poções e também Oclumencia, que consegui P, minhas notas estão dividias entre A e E.
BL: Consegui E em todas também e um O em Feitiços e Botânica.
IL: Eu tirei O em todas as matérias, menos em Oclumencia que foi A e Sereiano, que consegui apenas um P...
DC: Seu nerd! E ainda vem esfregar na nossa cara!
ML: Como você só atingiu um P em sereiano? É tão fácil...
IL: Fácil pra você, eu não consigo entender o que aqueles peixes super-desenvolvidos dizem.
ML: Bom, então já sei qual a minha meta para esse ano: ensinar sereiano pro Ian. Nem que pra isso tenha que passar 24hs por dia falando na língua deles.
DC: Faça isso apenas quando estiver sozinha com ele, por favor... A minha meta é largar o time de quadribol.
Todos: O QUE?
DC: Isso mesmo. Aquele louco do capitão transformou diversão em obrigação. Ta me fazendo odiar o esporte.
ML: Quer dizer que você agora odeia quadribol? Eu assisti todos os seus jogos por nada?
DC: Não, você assistia pra me incentivar. Ate o fim do ano eu digo a ele que vou sair, nem que só saia ano que vem, mas já avise nesse ano... Se continuar lá, vou ter trauma de quadribol! E você Bernard?
BL: Não sei, acho que não tenho uma pra esse ano.
IL: Você teve dois meses pra arrumar uma, não é possível!
ML: Eu sei uma pra ele: arrumar uma namorada!
IL: Isso Marie, você não namorou ninguém aqui em 5 anos! Vamos ver se desencalha no 6º.
BL: Isso não é verdade, eu tive uma namorada sim!
DC: A menina que foi com você ao baile e que você só beijou uma vez não conta como namoro. Se contar, você bateu meu tempo recorde!

Bernard começou a protestar em meio a nossas gargalhadas, mas por fim aceitou a meta sugerida por Marie como sendo a sua.

BL: E você Luke? Ta rindo muito ai, já bolou uma?
IL: Pensei sim, é deixar meus sentimentos transparecerem mais...

Todos pararam e me encaram por alguns segundos, sérios. Em seguida, explodiram em gargalhadas.

DC: Olha só, ele ta falando difícil... O que andou lendo nas férias? O dicionário?
BL: Em termos leigos, por favor.
IL: Não, é assim, eu quero que certa pessoa saiba que gosto dela e pra isso, tenho que deixar isso transparecer, entenderam?
ML: Que lindinho! Você ta apaixonado? – Marie falou, voando pra cima de mim e apertando minhas bochechas.
IL: Não sei ainda, espero descobrir até o fim do ano...
DC: E quem é ela?
IL: Não digo.
ML: Luke, pelo amor de Merlin, você não vai me deixar nessa curiosidade não é?

Marie agora me segurava pela gola da camisa, seu rosto brilhando de curiosidade. Os olhos piscavam muito próximos aos meus. Levantei rápido, dizendo que o tempo deles havia se esgotado e que estava na hora de ir dormir. Deixamos Marie na Fidei sob protestos, Dominique seguiu pra Nox e Bernard e eu para a Sapientai. Ele não havia feito nenhum comentário ainda sobre minha meta ate alcançarmos o quadro que dava acesso a casa.

BL: Demorou cinco anos, mas você finalmente percebeu...
IL: O que você quer dizer com isso?
BL: Você entendeu Luke. E espero que não leve mais cinco anos pra contar a ela...

Friday, September 23, 2005

A Cerimônia de Seleção

OM: Pode deixar que assumo tudo agora, Gérard, obrigada.

Olímpia Maxime estendeu o olhar a sobre cada uma das garotas à sua frente. O castelo de Beauxbatons era simplesmente magnífico. Enquanto Isa e Morgan tentavam ajeitar os cabelos, Bel parecia desesperada em procurar um buraco no chão onde pudesse se esconder. Adhara analisava friamente tudo ao seu redor, desde as paredes do castelo até os sapatos da diretora gigante.

OM: Entrem na fila. Dentro de alguns instantes vocês serão selecionadas para suas casas. Elas são quatro: Lux, Nox, Fidei e Sapeintai. É na casa que vocês passarão grande parte do seu tempo livre, lá farão amigos e serão também responsáveis pelo desempenho de suas casas. Seus acertos acarretarão pontos positivos; da mesma maneira, seus erros descontarão pontos de suas casas. Entenderam? Então, andando!

Madame Maxime conduziu as garotas por um imenso corredor de paredes de vidro, através do qual o Rio Sena e as belas embarcações de Beauxbatons eram visíveis. Havia um imenso portão de ouro no fim do corredor, por onde as novas alunas passaram após um movimento da varinha da diretora.

O queixo das garotas caiu. Os olhos de Isabel brilhavam alucinadamente diante de tamanha luxúria. Nem mesmo Adhara foi capaz de conter um sorriso. A sala em que se encontravam tinha as paredes douradas, com milhares de pedras preciosas encravadas. No centro, quatro fadas lindíssimas dançavam graciosamente em torno de uma bela mesa de cristal. Sobre a mesa, havia um espelho. Assim que a figura de Madame Maxime irrompeu sob os olhinhos das fadas, elas imediatamente pararam de dançar e se curvaram, como acontece sempre no fim de um espetáculo.

Sem pronunciar palavra alguma, Maxime tocou a fronte das quatro meninas com a varinha. As fadas as envolveram e começaram a trabalhar. Puxa daqui, estica dali, um toque de varinha, outro, um terceiro... Madame Maxime permanecia de pé, parada ao lado do estranho espelho. As fadas fizeram as garotas puxar as varinhas do meio das vestes e as puseram em transe. Somente Adhara resistiu. Quando a fada loirinha de olhos cor do céu tentou obriga-la a ceder, a garota lançou um jato verde azulado da varinha. E os longos cabelos da fada foram transformados em um magnífico gramado verdinho. A fada arregalou os olhos e se encolheu, tristonha. Não foi de propósito... Madame Maxime fitou a garota, severa, e em meio segundo Adhara consertou o estrago na cabeça da pobre fadinha.

Em um instante, as fadas voltaram a ser curvar e permaneceram eretas, imóveis. Madame Maxime então fez sinal para que as garotas, uma de cada vez, se aproximassem do espelho e o tomassem nas mãos. Primeiro Isa, depois Morgan, Bel, e por fim, Adhara.

Quando Adhara tomou o espelho nas mãos, uma figura um tanto estranha apareceu no lugar onde supunha que veria o próprio reflexo. Na realidade, era uma imagem distorcida da própria consciência. Uma versão inovada do "falar com seus próprios botões". Seu alter-ego espelhado fez algumas observações, muitas críticas, a garota e sua imagem discutiram um bocado. Por fim, o espelho simplesmente calou-se. E ele não havia dito para onde ela iria, o que faria, nada. Se a cerimônia de seleção foi só isso, posso voltar pra casa. Depois de azarar a fada e falar comigo mesma nesse espelho sem noção, tenho certeza que fui reprovada...

Madame Maxime continuou sem dizer uma única palavra, mesmo frente às argumentações de Morgan e Isabel, que tentavam em vão arrancar alguma explicação da professora.

A bruxa as conduziu novamente pelo corredor de paredes de vidro, até parar em frente a uma imensa porta de madeira antiga.

As portas se abriram e haviam enormes mesas postas uma ao lado da outra. Era o Salão Principal da Academia de Magia Beauxbatons. Centenas de estudantes estavam sentados e pareciam radiografar cada uma das garotas. No instante em que Madame Maxime surgiu, todos os alunos levantaram-se, suntuosos. Os alunos do primeiro ano aguardavam ansiosos no fundo do salão. Provavelmente eles ainda não haviam sido selecionados. Ainda bem.

À frente, havia outra mesa, esta de ouro puro, onde estavam os professores. Em frente à mesa dos professores, havia uma mesinha de cerimônias, sobre a qual encontrava-se o espelho. Sim, o mesmo espelho estranho que as garotas haviam deixado na sala das fadas.

No momento em que Olímpia Maxime parou ao lado do espelho, os murmúrios imediatamente cessaram.

OM: Antes de darmos inicio ao banquete, quero dar as boas vindas a todos os novos estudantes desta escola. Sintam-se em casa, afinal vocês passarão aqui os mais brilhantes anos das suas vidas. Senhoras e senhores, fantasmas, fadas, guardiões e professores, a cerimônia de indicação tem início neste exato momento.

Com um aceno da professora, os alunos sentaram-se. Depois de um movimento da varinha de Maxime, o espelho subiu no ar lentamente, e pôs-se de pé a cerca de quatro metros de altura. A imagem de Alegna Beauvoir, fundadora da escola, apareceu na face do espelho, e foi aplaudida entusiasticamente pelos alunos.

Então, uma voz suave e misteriosa dominou o salão. A história de Beauxbatons estava sendo narrada pela própria fundadora.

Fundada pela jovem idealista Alegna Beauvoir, única mulher de sua época a criar e comandar sozinha uma escola de Magia, Beauxbatons tem por tradição manter mulheres na direção.

O desafio de Alegna não foi maior q sua força de vontade. Em seis meses o castelo estava pronto, e no outono de 1.214 foi inaugurada. Contava na época com quatro professores e os alunos eram divididos por sexo para os dormitórios.

No ano seguinte a sua fundação, a Academia de Beauxbatons contava com nove professores e os alunos passaram a ser separados por casa de acordo com suas aptidões.

Nesse ponto o sonho de Alegna já estava estabelecido, e então o nome que escolheu para a Academia fazia mais sentido: a seleção dos alunos era feita através de um feitiço especial que apenas podia ser realizado pela varinha da diretora.

"Beauxbatons", o feitiço, até hoje só pode ser executado pelas sucessoras de Alegna ao cargo de diretora, e com a mesma varinha que Beauvoir usava. O feitiço,intimamente ligado ao espelho mágico de Beauvoir, intriga a muitos.

Beauxbatons é encantadoramente misteriosa.

Uma explosão de vivas e aplausos ecoou no Salão Principal, e mais uma vez a imponência do espelho fez todos se calarem. Formalmente, a mesma voz suave anunciou:

Depois de muito pensar, e do auxílio inigualável das Fadas dos Poderes, anuncio-vos que já tomei minha decisão. Senhorita Anabel McCallister, Sapientai Angeli.

Os alunos da extrema esquerda, acompanhados pela imponente figura de uma Esfinge, receberam a garota com palmas e assovios. A voz de Alegna continuou:

Senhorita Isabel McCallister, Fidei Angeli.

Dessa vez foram os alunos em volta de um cavalo alado de singular beleza que aplaudiram.

Senhorita Morgan O’Hara, Fidei Angeli.

Mais uma vez, os "Anjos da Fidelidade" irromperam em vivas. Era a vez de Adhara. O Salão silenciou. A voz de Alegna Beauvoir não se fez ouvir. Pela primeira vez, Adhara realmente sentiu o frio percorrer-lhe a espinha. Seria mesmo mandada de volta?

Senhorita Adhara McClaggan Black...

Silêncio. A imagem da fundadora da escola estava inexpressiva no espelho. Todos os olhares voltaram-se para a garota de cabelos negros e olhos azuis parada em frente à mesa dos professores.

Sapientai Angeli.

A garota respirou aliviada. Os colegas comemoraram, e Adhara sentou-se ao lado da amiga Anabel, eufórica. Encarou a esfinge por alguns instantes, que a olhava friamente. A figura mitológica guardiã de sua nova casa não moveu um músculo sequer. As duas se encararam por alguns instantes, e então a voz de Olímpia Maxime desviou a atenção de Adhara.

OM: Muito bem, é chegada a hora de indicarmos as casas aos iniciantes em Magia. Que comece a indicação.

A fila de alunos aproximou-se do espelho. Para eles, não haviam as Fadas. Madame Maxime apontava a varinha em suas cabeças e murmurava o feitiço. Lá no alto, Alegna Beauvoir anunciava a casa onde os alunos deveriam ficar. Meia hora mais tarde, depois de quarenta crianças selecionadas, a diretora da escola tomou a palavra mais uma vez:

OM: É com imensa satisfação e orgulho que anuncio o início das atividades da Academia de Magia Beauxbatons. Este será, tenho certeza, um ano impar em suas vidas. Não percam tempo, é chegada a hora. Inicie-se o banquete.

Murmúrios voltaram a ecoar pelo salão. Dezenas de travessas e jarras deram cor e vida às mesas dos alunos. Adhara não conseguia desviar a atenção da esfinge parada à sua frente, encarando-a. Talvez Maxime estivesse certa: seria mesmo um ano inigualável.

Thursday, September 22, 2005

França! aqui vou eu.

Do diário de Morgan O’Hara

Alguns dias se passaram, e eu tinha que tomar o controle de minha vida e decidir o que fazer do futuro. Passei algumas noites em claro no escritório de meu pai, quer dizer: meu escritório, mexendo nas gavetas e verificando documentos do cofre. Para alguns isso soaria como ganância, para outros uma forma de sentir a presença de meus pais, e para alguns mais atentos, seria a busca por respostas.
Carlinhos algumas vezes passava as noites no escritório comigo. Não dizia nada, folheava algum livro sobre Criaturas Mágicas ou Herbologia, mas eu sentia seus olhos me acompanharem constantemente, e isso me dava forças para continuar a minha procura por respostas.
Sim... Eu queria respostas para minha pergunta:
Quem era o comensal que lançou o Avada Kedrava em meus pais?Porque ninguém sabia a identidade dele ou dela.
Pois segundo o pouco que Porshy descobriu com alguns elfos domésticos do povoado, onde o ataque foi maciço, que a figura, estava mascarada, não falava nada, apenas agia friamente, enquanto assobiava uma música.
Sim... Assobiava enquanto matava as pessoas.
Olhei ao meu redor.
O escritório era grande, havia livros sobre diversos assuntos que ocupavam quase três paredes, algumas poltronas confortáveis e um sofá de couro escuro, onde Carlinhos, todo encolhido, cochilava neste momento. Aticei o fogo na lareira para que ele não sentisse frio, e voltei a analisar o meu achado: alguns documentos da Ordem da Fênix com pistas sobre um grupo de comensais, em Paris.
As informações não eram muito precisas, porém não havia nomes, citavam uma grande desconfiança da diretora da Escola de Beuaxbatons, uma mulher de nome Olímpia Máxime, sobre alguns possíveis locais de encontro destas pessoas como Dijon e Marselha.
Anotei em minha agenda, para me informar sobre esta mulher, quando me deparei com uma carta desta senhora a meu pai:
"Senhor O'Hara,
Claro que ficarei feliz em recebê-lo como professor em minha escola, para que possa investigar as atividades dos aliados Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Acho o disfarce propício, uma vez que minhas desconfianças recaem sobre alguns professores da escola. Mande sua resposta o mais breve possível, e farei os arranjos necessários.
Olímpia Máxime
".
Olhei a carta e estava datada do dia da morte de papai.
Meu pai iria para lá como professor? Estranho...
Pensei um pouco, analisei os prós e contras... Sentei-me na mesa e me pus a escrever a resposta. Bom nunca fiz uma carta destas, então resolvi ser o mais direta possível:

MadameMaxime,
Sou Morgan, filha do auror falecido John O'Hara e gostaria de pedir a minha transferência para sua escola. Gostaria de concluir meus estudos sob sua conceituada tutela.Anexo nesta carta os resultados de meus NOM’s.
Sem mais, aguardo sua resposta.
Morgan S.M.O'Hara"


E escrevi uma outra para meu amigo Jean Pierre, pedindo-lhe que me arranjasse um local para eu ficar hospedada, quando estivesse fora da escola.
Mandei Orion levar as cartas. Chamei Carlinhos e Porshy e contei minha decisão. Meu namorado, ia fechando a cara à medida que eu contava o que descobri.
CW-Você podia ter falado comigo antes de decidir alguma coisa.
MOH-Desculpe, quis responder logo e pedir a vaga de estudante na escola francesa. Seria um bom disfarce e de qualquer forma tenho que terminar os estudos. - argumentei.
-Mestra, vou junto.- disse o elfo com seus olhos enormes.
MOH-Não sei se você poderá ir Porshy... - comecei
Porshy-Porshy vai. Fiquei longe do mestre John e olha o que aconteceu. Vou com a mestra, é meu dever.
MOH-Fazemos assim: vindo aprovação para estudar lá, peço para levá-lo. E se não conseguir a vaga, nos hospedaremos em algum lugar ok? – e o elfo acenou positivamente e disse.
-Porshy contente com a decisão. Já vou arrumar bagagens... - e saiu da sala.
Olhei para meu namorado calado e ele perguntou:
CW-Você está decidida não é? Mesmo que eu diga que os membros da Ordem estão investigando sobre a morte do seu pai ou que não é seguro.
MOH-Não vou conseguir ficar sentada sem fazer nada de útil entende? E você não vai poder ficar vinte e quatro horas grudado comigo, mesmo que eu fique aqui. Você tem as missões da Ordem, o trabalho com os dragões; e cabe a mim, me manter segura e ocupada.
Ele me olhava sério, e em seus olhos eu lia apreensão, admiração e muito amor. Era estranho você conseguir ver nos olhos de alguém, o quanto ele se preocupa com você.
Peguei seu rosto entre minhas mãos, e olhei para ele por alguns instantes, ele deve ter visto o quão segura eu estava, e isto o convenceu de meu propósito.
CW-Bom, acho que vou ter que aceitar a sugestão de Fleur e começar a treinar o "jeito civilizado" de falar: após uma mesura, fez biquinho e começou a falar: Je t'aime, Je sui mon amour, Je sui magnifique...
Era a primeira vez em muito tempo que eu ria das brincadeiras dele e enquanto me abraçava ele continuava a treinar seu "extenso" vocabulário francês, imitando a noiva do irmão.
Meu último pensamento antes de beijá-lo foi: França, aqui vou eu!

Les quatre fantastiques

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Mais uma vez as férias acabaram, mais uma vez refiz meu malão, mais uma vez me despedi de meus pais, mais uma vez deixei minha casa, mais uma vez embarco rumo à escola e mais uma vez revejo as pessoas que tanto me fazem falta nos meses de férias. Estou começando hoje meu 6º ano na Academia de Magia Beauxbatons, junto com meus melhores amigos, Marie Laforêt, Dominique Cartier e Bernard Lestel. Nosso reencontro foi como todo ano: cheguei com Bernard à Pont de la Concorde às 9hs, para já encontrar Marie sentada às margens do rio Sena a nossa espera. Dominique, como sempre, era o ultimo a chegar e vinha com uma comitiva de garotas atrás. Pegamos nossa costumeira ultima fileira do Bâteaux-Parisien e às 9:30 em ponto ele saiu do porto, rumo à Beauxbatons. O barco percorria toda a extensão do rio Sena, até desaparecer de vista pelos canais da França que levavam à nossa escola. Canais dos quais os trouxas não enxergam, pois são protegidos por magia.

Enquanto navegávamos pelo canal, parei para observar meus amigos. Foi ai que me dei conta de que só tínhamos mais dois anos estudando juntos, que aquela era nossa penúltima viagem de volta às aulas e de como nunca parei para pensar o quanto tudo isso iria me fazer falta depois. Marie escrevia distraída em seu diário. Ela era uma das meninas mais bonitas de Beauxbatons, sem duvida. Foi selecionada para a Fidei Angeli e retrata com perfeição as qualidades da casa. Ela detesta quadribol, mas assiste aos jogos somente para incentivar Dominique, o único do quarteto que joga. Ela havia crescido nesse verão, estava mais bonita que nunca. E aderiu a mania de prender o cabelo dividido ao meio, deixando-os caírem amarrados sobre os ombros. Novidade que aprovei instantaneamente, isso possibilitava uma melhor visão de seu rosto doce...

Sacudi a cabeça ao me dar conta de meus pensamentos e avistei Dominique. Ele estava encostado na borda do barco, conversando com três meninas do 5º ano. Uma cena normal, ele estava sempre cercado por garotas. Dominique é o que Marie chama de “conquistador barato”. Já namorou metade da população feminina de beauxbatons. A outra metade são as crianças três anos mais novas, ai ele deixa passar. Mas eram namoros de uma semana, que segundo ele, é o tempo necessário para que um conheça os defeitos do outro. Sendo assim, a cada semana ele estava com uma namorada diferente. Ele é da Nox Angeli e joga quadribol pelo time da casa como apanhador. O único defeito dele é essa necessidade incontrolável de cantar todas as garotas. É irritante estar conversando e de repente, ver que ele não esta mais prestando atenção no que você diz, pois alguma menina passou e ele se virou para piscar pra ela. Mas tirando isso, não tenho do que reclamar dele. Nunca brigamos por nada.

Enquanto Dominique conversava com as meninas, Bernard passou por ele rindo e veio se sentar ao meu lado, as mãos ocupadas com doces que ele havia comprado na proa do barco. Bernard é o que eu considero como irmão. Conheço-o desde que me entendo por gente. Somos vizinhos e nossas famílias são muito amigas. Ele, numa feliz coincidência, caiu na mesma casa que eu, a Sapientai Angeli. E como aqui na França não é aquela pensão que é em Hogwarts (sim, um conhecido meu foi pra lá para assistir o torneio tribruxo e me contou), sendo somente dois por quarto, dividimos um. Com Bernard sei que posso contar em qualquer hora, seja nas boas ou nas ruins. Ele já sabe o que estou pensando apenas ao me olhar, e vice-versa. E agora que começamos a estudar legilimência, isso só aumentou. Não há oclumência que impeça um de adivinhar os pensamentos do outro. Mas talvez ajude o fato de que somos péssimos na matéria...

Huuum, o barco está diminuindo a velocidade, acho que estamos nos aproximando do castelo. Já posso ver o campo de quadribol, o sol batendo nas balizas e elas brilhando perto do lago. Sim, chegamos mesmo, pois Dominique se despediu das garotas e veio procurar suas coisas, Marie fechou o diário e sorriu para nós. “Estamos em casa”, ela disse feliz, a imagem do belo castelo de Beauxbatons ao fundo, nos esperando para mais um ano de estudos.

Wednesday, September 21, 2005

You’ll be in my heart

Do diário de Isabel Damulakis McCallister

Certa vez, em algum lugar li um ditado, ou um verso, que só passei a considerá-lo agora: Você só dá o verdadeiro valor às coisas, quando surge a ameaça de perdê-las, ou quando já é tarde demais. Com a sensação amarga na boca, e sentindo como se algo estivesse entalado na garganta, desembarquei na Itália com papai. Os jornais trouxas anunciavam o lugar da sepultura de Giovanna e Luighi, e pra lá nós fomos. Apesar de o enterro ter acontecido no mesmo dia, estava lotado de gente. Pessoas chocadas, tristes, e imparciais.
A família de Giovanna, que há poucos dias atrás eu vi, alegres e cantantes, fazendo uma pollenta, agora encaravam os dois corpos como se eles fossem algo extremamente anormal, como se aquilo não passasse de um pesadelo, uma mentira. Ai, como queria ter uma palavra de consolo pra dizer a eles... Nona, vô da Gi, Lancelot, Francesco e principalmente Marino, mas se tivesse uma palavra de consolo, primeiro diria pra mim mesmo ela. Papai me abraçava forte, e me dizia: eu estou aqui...

Come stop your crying
It'll be alright
Just take my hand
Hold it tightI will protect you
From all around you
I will be here
Don't you cry

Nunca pensei que uma situação como essa, aconteceria comigo. Enquanto velavam os corpos, parei pra pensar na minha vida, nos meus erros, nos meus acertos, em tudo! Nossa, pensei em muita coisa mesmo, e observei os meus comportamentos. Quantas pessoas eu poderia ter magoado até hoje, mesmo sem querer? E quantas pessoas eu magoei querendo? Quantas vezes eu disse: eu te amo, para as pessoas que realmente se importam comigo? Do que adiantou todas aquelas roupas que Gi tinha comprado alguns dias atrás, se agora, ali, ela não estava com nenhuma delas, se aquilo não importaria nada mais.

For one so small
You seem so strong
My arms will hold you
Keep you safe and warm
This bond between us
Can't be broken
I will be here don't you cry

É, se lembra do verso que escrevi no começo desse relato? Pois é... Acho que nunca tinha dito pra Giovanna o quanto a amava, o quanto ela era importante pra mim, e só me toquei agora, que as oportunidades se foram, era tarde demais. A última visão que me lembro, foi de todos indo embora, os dois já estavam enterrados. Misty tinha ido embora pra casa, Morgan, nem sei se tinha vindo, nem sei como ela deve estar se sentindo, mas vi Bel ali, ainda paralisada, sozinha. Senti algo inexplicável acontecer, e fui até ela, sem me controlar. Quando cheguei bem perto, nossos olhos se encontraram, e eu a abracei forte, e a disse que apesar de tudo eu a amava. Sabe, se fosse em outras circunstâncias, acho que me arrependeria disso, mas nunca me senti tão aliviada. Papai a encarou muito, era a primeira vez que via ela, sua outra filha, em carne e osso.

Why can't they understandthe way we feel
They just don't trust
What they can't explain
I know we're different
But deep inside us
We're not that different at all

Acho que o mesmo sentimento a tocou, e por impulso eles se abraçaram como pai e filha mesmo. Conversamos muito, sobre tudo, ela me contou como tudo tinha acontecido tão rápido. Disse que voltaria para a Grécia, a mãe estava viajando, mas ela arrumaria um jeito de voltar. Papai então, a convidou para passar os últimos dois dias de férias com a gente, em nossa casa, e de lá, pegaríamos o trem de Hogwarts. Quando ouvi novamente, a palavra Hogwarts me pesou muito, uma sensação de desespero tomou meu coração e na mesma hora, eu e Anabel falamos em som bem claro: Eu não volto pra Hogwarts!

Don't listen to them
Cause what do they know?
We need each other
To have, to hold
They'll see in timeI know

Papai nos encarou assustado, e então, mais uma vez eu desatei a chorar. Não suportaria voltar ao castelo. Entrar no trem com a sensação de que não a veria mais, sorrindo pra mim. Ir ao Salão Principal e não encontrá-la lá para lhe desejar boas aulas. Voltar à Hogwarts seria algo totalmente inconsiderável, pelo menos por enquanto, pois a veria em todos os lugares. Anabel disse que tinha conversado com nossa mãe, e que ela seria transferida para Beauxbatons, pois Quim levaria Adhara para lá também. Uma onda de indecisão se apossou de mim, eu não sabia o que fazer, mas por impulso, eu falei: Pai, eu quero ir pra lá também! Papai sem saber o que dizer, apenas acenou afirmativamente com a cabeça e me abraçou forte.

When destiny calls you
You must be strong
I may not be with you
But you've got to hold on
They'll see in time
I know
We'll show them together

É, e foi assim que decidi como será minha vida de agora em diante. Voltamos para casa, Anabel com a gente. Papai mandou uma carta para Dumbledore pedindo a minha transferência para Beauxbatons e no mesmo dia recebi uma carta de Madame Máxime informando que seria bem vinda no castelo francês. As aulas começariam uma semana após o início de Hogwarts, o que nos deu tempo de comprar tudo o que precisávamos no Beco Diagonal e ajeitar tudo para a nova vida que começaríamos. Os dias passaram sem novidades. Eu e Anabel estávamos convivendo pacificamente. Estava na hora de rever meus princípios, hora de recomeçar!

Cause you'll be in my heart
Yes, you'll be in my heart
From this day on
Now and forever more
You'll be in my heart
No matter what they say
You'll be here in my heart
Always

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Os versos são da música You’ll be in my heart – Phill Collins é o tema da versão animada de Tarzan, da Disney. Para os novos leitores desse caríssimo blog (olha a linguagem da menina) que não entenderam patavinas da história da Isabel, não se preocupem, ela realmente começará uma nova história a partir de agora, esse foi o texto que ficou pendente. Pra quem quiser saber da história velha: www.acciocerebro.com.br