Saturday, January 21, 2006

Apenas uma carta para minha mãe...

Do diário de Miyako Kinoshita

Querida Mamãe... Como está? Ah, não se preocupe, eu estou bem, e isso aqui não é nem um tipo de notificação de que destruí o colégio, ou que estarei cumprindo um mês de detenção ok? Apenas quero trocar uma palavrinha com a senhora...
Hoje recebemos uma visita. Você a conhece muito bem... Tia Alex, mãe do Ty. Conversa vai, conversa vem, até que ela me revelou que a senhora, sim, você mesma, tinha tido um caso com o Sergei, padrinho do Ty...
Eu preciso te dizer qual foi a minha reação, se não um grande queixo caído, dois olhos bem arregalados e uma total incredulidade? Disse que simplesmente não podia ser você... Você que sempre se orgulhou de falar que era monitora, e que tinha que dar um ótimo exemplo. Nunca me contou absolutamente nada sobre nenhum homem que tenha passado na sua atordoada vida! Foi difícil acreditar que era de você mesmo que ela estava falando, mas como poderia se enganar se estudaram juntas sete anos?
Francamente mamãe... Eu nem sei o que te dizer! Acho que se a carapuça de uma grande culpa não te servir aí, eu me rendo com direito à bandeirinha branca. Todos os seus discursos de: Mi, você é tão nova pra esquentar a cabeça com garotos... Você ainda está na idade de colecionar figurinhas de sapos de chocolate e brincar com pequenas vassouras... Tão nova pra se apaixonar! Minha filha, ainda tem tanto tempo pela frente, porque essa conversa de se eu a deixo namorar?
Ah, meu longo discurso já acabou... Não tenho mais reclamações e nem drama o suficiente para terminar essa carta! Exijo da senhora uma boa explicação, porque preciso entender o motivo de você ter se passado por uma personalidade que de longe é sua... Acho que somos mais parecidas do você jamais imaginou! Mande beijos ao tio Yuri, e Yoshi... E claro, à tia Yhara, se essa aparecer por aí ainda este semestre!
Sinceramente, Mi.


Você deve estar se perguntando o porquê de tantas pedras na mão sendo jogadas na minha mãe. Oras, no dia que você ouvir o seu longo discurso de que nunca gostou de ver jovem bebendo, que a idade ideal para começarem a namorar é 18 anos, e que era quase uma Madre Teresa de Calcutá misturada com um Freud, você vai entender a minha indignação. Sabe quando você simplesmente tem que se esconder da sua mãe, porque crê que se disser que tomou uma cerveja amanteigada com os amigos em um frio dia do inverno, ela te condena eternamente? Eu! E ter que namorar escondido? Camuflar as cartas de namorados durante as férias e pedir que só mandem corujas durante a noite... EU!
Descobrir que minha mãe era uma adolescente com comportamentos normais da idade dela, e que se divertia muito foi um choque e ao mesmo tempo uma satisfação. Sim, fiquei feliz em saber que éramos parecidas... Que ela não era uma exceção para uma importante regra social: Os jovens devem se divertir! Quando Hilla voltou com a resposta de mamãe, me trouxe um caderno vermelho, com o nome dela gravado em prata na capa. Parecia mais um livro... Muito grosso e totalmente preenchido pela caligrafia dela.

Mi, eu não queria que você pensasse que tenho medo do meu passado... Como a Alex deve ter dito, aqueles foram uns bons tempos! Eu só preferi omitir, ou melhor, esquecer de lhe contar certas coisas, para que você não se baseasse no meu exemplo. Errei mesmo, mas agora, estou te mandando o meu diário dos sete anos que fiquei em Hogwarts, para que você saiba tudo que me aconteceu... Mas quanto a Alex, por um acaso ela contou ao Ty que também foi peixe da rede do padrinho dele? Alex dedo-duro, hunf, teremos uma conversinha, ela pode esperar!

Fiquei até com medo do que a tia Alex vai ter que escutar da mamãe, mas o Ty saberia disso? Vou contar pra ele só pra confirmar! Ah, e como eu sempre falo: Quem tem boca, vai a Roma. Agora que fiz um básico drama, tenho o velho diário da mamãe em mãos e não vou precisar mais das informações de ninguém sobre o seu obscuro e verdadeiro passado...

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