Monday, August 27, 2007

MH: Eu não vou ficar aqui, Gabriel. Só essa noite e amanhã mesmo eu volto pra casa por flú. – Ty estava na cozinha em frente à geladeira enquanto eu cochichava irritada para Gabriel. – Você tinha que ter me avisado, tinha! Eu nem teria vindo para passar essa noite. Teria combinado com mamãe, da Toca direto para casa.
GS: E por que você acha que eu não disse nada? Sabia que você ia fazer isso. Essa briga de vocês está idiota. Além do mais, você iria perder a Copa Mundial por causa disso? – perguntou irônico.
MH: Não me obrigue a te violentar, Gabriel. Minha cota de paciência já estourou.

Gabriel ia responder, mas desistiu ao ver que Ty caminhava em nossa direção com bebidas gasosas e um bolo nas mãos. Sorriu sem graça na minha direção, e olhei para o chão.

TM: Er, bom, não temos muitas coisas aqui. Mas acho que podemos comer isso por enquanto, e mais tarde pedimos uma coisa mais definitiva.
GS: Se um bolo não é definitivo para você, me pergunto o que seria Ty. – Gabriel disse e os dois riram. Me controlei mentalmente para não rir também.

Sentamos à mesa enquanto devorávamos o bolo. A tarde gasta no Beco Diagonal fora suficiente para nos deixar exaustos e famintos. Ty e Gabriel embarcaram em uma discussão sobre a ansiedade para a Copa de Quadribol, e vez ou outra eu cheguei a abrir a boca para tecer um comentário, e tornava a fechá-la com uma fatia de bolo. Tia Alex chegou do Ministério algumas horas depois, parecendo abatida, mas sorriu ao nos ver.

AM: Gabriel, Miyako. Que bom vê-los aqui. Como estão?
GS, MH: Bem. – sorrimos de volta.
AM: Se importam se subir para tomar uma ducha e der uma descansada? Os preparativos para a Copa Mundial estão uma loucura.
MH: Vou me sentir extremamente afetada, Tia Alex. Não vou deixar você subir! – disse séria e todos riram.
GS: É. Tremenda falta de educação! – Gabriel disse risonho. Tia Alex agradeceu entendendo que aquela era a maneira de dizermos que estava tudo bem e começou a subir as escadas. Virou-se para Ty.
AM: Então. Encontrou tudo o que precisava para Durmstrang?

A menção daquilo fez toda a animação se esvair de mim novamente. Fechei a cara. Ty olhou nervoso de mim para a mãe antes de responder um “encontrei” rouco. Tia Alex deixou os olhos caírem sobre mim uns instantes e levantou as sobrancelhas parecendo entender o que se passava.

AM: Certo. Bom, se quiserem pedir uma pizza ou qualquer outra coisa. Não estou com fome, de qualquer maneira. Nos vemos depois, ok?

Concordamos e ela sumiu na escada. Ficamos novamente a sós e um clima pesado e silencioso planava. Eu gostaria de estar em qualquer outro lugar, menos naquela sala.

°°°

A Copa Mundial de Quadribol teve fim com vitória da França, depois de vários anos sem a taça. Saímos do estádio em meio a uma confusão de bruxos franceses que cantavam o hino, alucinados e balançavam gigantescas bandeiras. Minha relação com o Ty não tinha se alterado nadinha durante a semana. Alguns momentos, eu pensava em ir até ele esbofeteá-lo e dizer que aquilo estava me deixando maluca, mas quando estávamos juntos em algum lugar, só conseguia ignora-lo por completo.

Gabriel se desdobrava para dar atenção às duas partes, e estava ficando irritado com essa situação. Faltava somente uma semana para que eu voltasse sozinha à Beauxbatons. Acordei no meio da noite com um sonho esquisito que envolvia Ty, Gabriel, Seth, Griffon, minha mãe e um grande trasgo. Olhei ao redor do quarto de visitas e percebi que a cama de armar de Gabriel estava desocupada. Me levantei preocupada. Desci as escadas silenciosamente, a varinha em mãos, mas assim que cheguei ao andar de baixo, percebi que ele não era o único acordado. A luz da cozinha estava acesa e a voz de Gabriel e Ty saíam pela porta entreaberta.

GS: Nenhuma notícia?
TM: Nada. Não vejo e não falo com a Rory desde aquele dia. Ela deve estar ofendida comigo como se a culpa fosse minha! – falou nervoso. – Mas é até bom, sabe? Melhor assim.
GS: Já te disse o quanto acho essa história mal contada?
TM: Isso por que seu namoro com a Mad é uma maravilha. Fale por você. Não existem finais felizes!

Abri a porta e os dois me encararam inflexíveis. Pigarreei.

MH: Insônia, Gabriel? – perguntei, novamente ignorando Ty.
GS: É, um pouco. Você?
MH: Mais ou menos. Bom, acho que vou voltar para o quarto. Só vim ver onde você estava... Boa noite.

Virei as costas sem nem olhar para Ty. Antes que saísse da cozinha, a porta se fechou com um estalo e minha varinha voou do bolso, indo até a mão de Gabriel.

MH: O que você está fazendo? Devolve minha varinha e abre essa porta! – ordenei, mas ele apenas me encarou irritado.
GS: Chega! Só vamos sair dessa cozinha quando vocês se entenderem! E estou falando sério.
TM: Gabriel, abre a porta. – Ty disse ansioso. Gabriel guardou as três varinhas no bolso.
MH: Você vai abrir essa porta por bem, ou por mal? – ameacei.
GS: Todos vamos sair de bem. Então, quem vai começar?

Senti o corpo ficar quente de raiva e eu e Ty trocamos olhares rapidamente, antes de eu desviar. Me sentei.

MH: Ok, vou esperar tia Alex acordar e abrir a porta. Simples. – cruzei os braços e encarei o chinelo.
GS: Ótimo, vamos então. Vamos todos passar a noite quadrados nessas cadeiras duras por que vocês dois são moles demais para se entenderem. Por mim, sem problemas. – ele disse deixando claro que estava decidido. Fuzilei-o com os olhos.

Depois de dez minutos, continuávamos os três parados, e em silêncio. Gabriel soltava faíscas coloridas das pontas das varinhas e começou a cantarolar o hino da França novamente. Tentei pular em cima dele, pensando que ele estivesse distraído, mas assim que me movi, ele conjurou cordas e me prendeu à cadeira.

MH: Me solta nesse exato segundo!!! Agora!
GS: De qualquer maneira, quando sairmos dessa cozinha, você vai ficar sem olhar para a minha cara pelo menos dois ou três anos. Então quero te dar motivos reais. E se reclamar, te amarro abraçada ao Ty.
MH: Você está sugerindo que sou exagerada???
GS: E não é? Você está fazendo esse drama todo por que, afinal?
MH: Não vou discutir isso.
GS: Ah sim, certo. Mas vai continuar amarrada.

Ty estava estático. Eu semi-cerrei os olhos enquanto encarava Gabriel, o xingando mentalmente de todos os nomes cabeludos que conseguia me lembrar. Um minuto depois, explodi.

MH: Não estou fazendo drama! Não estou mesmo!
GS: Que nome você dá para essa sua irritação toda só por que o Ty vai para Durmstrang esse ano? Para mim é drama.
MH: Para mim é raiva! Você sabe muito bem que ele não está indo para Durmstrang por que quer conhecer lugares novos ou subir no quadribol. Ele está fugindo!
TM: Eu não estou fugindo!!!
MH: Claro que não está! Se transferir de colégio para evitar uma garota! Isso não é estar fugindo???
TM: Se você ao menos me deixasse falar...
MH: Bom, nesse momento eu estou presa e amarrada em uma cozinha, trancada, e sem varinha. Acho que não vou te impedir dessa vez. – olhei desafiadora. Ele devolveu o olhar.
TM: Eu não estou fugindo. Estou indo para Durmstrang, pois preciso fazer algo para o meu pai lá. – ele respondeu sério. Virei os olhos.
MH: E posso saber o que você tem que fazer lá, Tyrone? Deve ser muito importante, pro tio Kyle te pedir só depois de morto, não é? – quis atingi-lo o máximo que eu pudesse. Ele continuou no mesmo tom seco.
TM: É importante, mas ainda não posso contar o que é, nem para você e nem para ninguém. Você vai ter que confiar na minha palavra. Eu só fiquei sabendo disso depois que ele morreu, através do meu tio. Quando ele era vivo, ele nunca quis me pressionar. Acho que depois de tudo, devo isso ao meu pai.

Ele terminou e a cozinha caiu no mais absoluto silêncio de novo. Minha cabeça estava rodando. Metade de mim acreditava no Ty, no que ele estava dizendo, e na tal missão importante. Mas a outra metade insistia em dizer que aquilo era desculpa esfarrapada. Gabriel soltou as cordas que me prendiam e lançou minha varinha de volta, que segurei no ar.

GS: Agora se você quiser, pode sair daqui, ou me amaldiçoar, estourar a cozinha, me prender na cadeira... – ele disse listando. Parou. – Só queria que você escutasse o que o Ty tinha a dizer antes de começar a gritar.

Continuei parada com a cabeça baixa. E então, sem precedente nenhum, lágrimas começaram a escorrer do meu rosto sem parar. Ty e Gabriel não se moveram. Controlei um pouco delas e levantei a cabeça, molhada, para Ty.

MH: Ah, Ty, você me desculpa? Eu não sei o que deu em mim. Estou deprimida de voltar para Beauxbatons sem vocês. Primeiro o Biel, e agora você. Como vai ser? – mais algumas lágrimas escorreram. Gabriel e Ty se entreolharam assustados. – Eu devia ter confiado em você desde o começo. Eu sei que você não está fugindo, sei mesmo. Virei as costas logo quando você mais precisava de mim!!!

Escondi o rosto nas mãos. Senti duas mãos segurando meus braços e me fazendo olhar para cima. Ty estava ajoelhado na minha frente, parecendo aliviado.

TM: Quantas vezes eu te disse que você é doida? Você é muito doida, sabia?! Primeiro que eu não entendi toda essa briga, e segundo por que não precisava nem me perguntar se eu te desculpo, não é? Parece que não me conhece, alfabetinho!

Ri sem graça e dei um beliscão no braço dele pelo apelido. Ele me abraçou.

TM: Você é minha melhor amiga, Mi. Nada vai mudar. E só vamos estar um pouco longe, mas vamos nos falar todos os dias, e sempre que der, vamos nos encontrar. Ok? Prometo.

Confirmei com a cabeça e ri. Gabriel se ajoelhara ao lado dele rindo também.

GS: Acho que vou vomitar o bolo. – disse sarcástico. Caímos na risada. – Mi, você está ficando boa em dramatizações, hein? Professor Armand vai te dar um protagonista esse ano, posso apostar isso.

Mandei língua pra ele limpando o restante das lágrimas. Os encarei séria.

MH: Tudo bem. Vocês podem ir, eu deixo. Mas se eu chamar uma única vez nos espelhos, e vocês não aparecerem, eu busco vocês de volta pelos cabelos! E Ty, se cuida. De verdade. Durmstrang me dá arrepios, e eu nem conheço. E você, Gabriel, quero ingressos de todos os jogos!
TM: Sim senhora.
GS: Ok, ok, entendi.
MH: Ah, eu amo vocês! – disse abraçando os dois de uma vez, que dessa vez, não protestaram.

It’s hard to believe that there’s nobody out there
It’s hard to believe that I’m all alone...

Well, I don’t ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way.

Red Hot Chili Peppers – Under the Bridge

°°°
N.A.: Texto feito com apoio moral da Ju, e apoio moral e duas mãozinhas da And. Thanks. FIM DE FÉRIAS DE VERÃO!

Sunday, August 26, 2007

A Hora da Verdade

Lembranças de Seth K. C. Chronos

This time, this place
Misused, mistakes
Too long, too late
Who was I to make you wait
Just one chance
Just one breath
Just in case there's just one left
'Cause you know,
You know, you know

Chegara a hora de eu sair da casa dos Lovegood. Faltava apenas uma semana para o início das aulas, e eu já havia passado as férias todas com eles. Conversamos muito, o Sr. Lovegood foi ótimo como sempre, me mostrou vários artigos e dados de suas pesquisas; e fez sua tão esperada entrevista comigo que deve ser publicada mês que vem. Mas nada superava a Luna. Desde a conversa com o Biel eu tentava reunir forças e coragem para me declarar, mas não conseguia. Chegava a ser ridículo! Não tenho medo de caçar, de lutar com bruxos adultos e mais experientes que eu, nem de correr atrás de lobisomens e tudo mais, mas morro de medo de me declarar!! Chego a ter vergonha de mim mesmo... Mas eu tenho muito medo das coisas não serem como antes. A Luna é minha melhor amiga, a primeira fora da minha família a me ajudar e apoiar, a primeira a descobrir minha maldição, ou como ela gosta de dizer meu “dom”. Ela foi a primeira amiga que eu tive... Minha melhor amiga. Andei trocando cartas com o Biel sobre isso, me abrindo pra ele e revelando esses meus medos. Acho que se estivéssemos conversando pessoalmente, ele me daria um soco...

No dia anterior à despedida, fizemos de tudo para não pensar que eu ia embora. Conversamos sobre várias coisas e procuramos pelos campos ao redor da casa por naglaurés, mas quando achávamos algum sinal deles, eles fugiam rapidamente. Mas desde cedo meu coração já começava a doer... E eu não conseguisse juntar coragem para me declarar?

No último dia, a Luna me acordou de um modo diferente. Ela estava sentada na cama dela, me olhando de frente, e notei que me olhava enquanto eu dormia, até ela abrir as cortinas com um toque de varinha e eu acordar. Ela ficou lá um tempo apenas me olhando e sorrindo, como se quisesse decorar o meu rosto. Ela então levantou e me puxou pela mão, me fazendo sair da cama. Ela me abraçou com força e quando achei que eu teria coragem para me declarar, ela saiu do quarto aos saltos, me deixando sem entender nada. Eu iria embora sozinho, simplesmente aparatando, portanto, logo após o almoço, ela e o Sr. Lovegood me acompanhariam até a ponte para que eu pudesse aparatar. Meu estômago pulava na minha barriga enquanto eu tentava reunir coragem, mas não ia conseguir falar na frente do Sr. Lovegood. Então em desespero pensei no que poderia me dar mais tempo.

- Sr. Lovegood. O senhor deixaria a Luna passar essa semana lá em casa? Daqui alguns dias é a final da copa mundial de quadribol, e minha família vai e adoraríamos a companhia da Luna. Você quer ir Luna? Podemos até treinar juntos e te mostro que sei ensinar melhor que o Potter.
- Eu não me importaria. Realmente você deve ter muitos feitiços e poderes a ensinar, até eu gostaria de ter aulas com você. – O Sr. Lovegood falou pensativo e me virei para a Luna aguardando.
- Eu adoraria Kam! Posso mesmo papai? Mas seus pais não deveriam ser avisados?
- Você vai pra lá amanhã então. Eu volto amanhã para aparatar junto com você, que acha?
- Sim, vai ser ótimo. Papai, pode nos dar um minutinho a sós, preciso falar com o Kam.
- Tudo bem, eu vou indo então, tenho que preparar a edição da sua entrevista! Mandarei um exemplar para vocês. Até mais Seth, cada vez sinto como se você estivesse tirando minha Luna de mim, mas você eu acho que aceito. – Ele se despediu e voltou correndo para casa. Não sei por que, senti um frio na barriga, mas não conseguia reunir coragem ainda.
- Kam, eu pensei que ia ser uma separação por um bom tempo, mas fico muito feliz de poder ir treinar com você e conhecer sua casa. Vamos para a de Paris ou a de Londres?
- Acho que a de Paris, lá é melhor para treinar. Amanhã eu volto nesse horário mesmo então ta? Fico muito feliz de estar com você mais um tempo, Luna.
- Eu também Kam. – Ela me abraçou, e pendurada em meu pescoço me deu um beijo no rosto, se afastando para que eu aparatasse. Reuni um pouco de coragem, e a puxei para um novo abraço, apertando-a com força. Ela respondeu ao abraço, acariciando meus cabelos. Ainda abraçados, nos afastamos um pouco e tirei o meu pingente. O toquei com a varinha murmurando algumas palavras. No meu pingente de lua cheia surgiu um corte vertical vermelho em seu centro. O corte se arredondou e formou uma meia circunferência, dividindo a lua cheia em lua crescente e lua minguante, enquanto que de cada uma saia um fino cordão negro.

That I love you
I've loved you all along
And I miss you
Been far away for far too long
I keep dreaming you'll be with me
And you'll never go
Stop breathing if
I don't see you anymore

- Eu sou a lua minguante. A escuridão tenta me engolir, me tragar para dentro dela. Você é a lua crescente, a luz que brilha dentro de mim e me dá forças para continuar. Esse pingente foram meus pais que me deram, assim que nasci. Tem encantamentos de proteção poderosíssimos, que minha mãe aprendeu com o próprio Dumbledore, e encantamentos que só ela possui. E principalmente, nesses dois pingentes, agora têm meu sangue. Dei meu sangue de bom grado para o pingente que seria seu. Meu sangue a protegerá de qualquer coisa, fará os feitiços mortais desviarem de você até eu chegar, e caso você precise de mim, basta apenas apertá-lo com força e pensar em meu nome. Eu virei, mesmo que do inferno, para você. Você é a pessoa mais importante para mim, Luna.

On my knees, I'll ask
Last chance for one last dance
'Cause with you, I'd withstand
All of hell to hold your hand
I'd give it all
I'd give for us
Give anything but I won't give up
'Cause you know,
You know, you know

Dizendo isso eu a beijei de leve no rosto, mas próximo de seus lábios. Ela emocionada me abraçou, e depois me afastei. Não precisávamos dizer mais nada, e com um sorriso e um aceno de mão, aparatei no ar. No dia seguinte voltei à casa deles e ela já estava pronta. Vi o cordão negro em seu pescoço e notei que o pingente estava por dentro de sua roupa, e que às vezes ela passava a mão onde ele estava. Fiz uma aparatação com companhia excelente e em um segundo estávamos em Paris. Até o dia da final da Copa, passeamos por Paris e eu lhe mostrei o Louvre, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, Notredame e tantos outros lugares, como o Senna. E durante a noite duelávamos e treinávamos, eu ensinando-a magias que ela não conhecera e mamãe a ensinando como usar perfeitamente o pingente. Papai estava em Londres, em uma missão com Tia Celas, e acho que tinham ido para a Alemanha, enquanto o Griffon estava com o George, trabalhando na loja do Beco Diagonal e dividindo o apartamento dele em cima da loja. Pelas notícias que ele mandou, ele fez as pases com o Harry e ficara amigo dele e do Rony. Ele e os dois Weasley estavam trabalhando em novas gemialidades e ele disse que o Harry queria conversar comigo e quem sabe fazer as pases. Logo, eu cedi meu quarto à Luna e dormia no do Griffon, mas ficávamos acordados até tarde conversando sobre os passeios e sobre os treinos, junto em um dos quartos, até mamãe vir dizer que era hora de ir dormir. Ficamos nessa rotina até os dias dos jogos da copa. E eu não conseguia mais reunir coragem, e passava os dias babando.

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Dia da Final da Copa Mundial de Quadribol.

- Vamos dar uma volta? Não estou muito interessada nesse jogo. E sei que você também não gosta muito de quadribol. Vamos ver se achamos algumas flores de Azeviodor?
- Tudo bem, eu vou com você. – concordei, apesar de achar estranho ela não querer ver a final, pois ela gosta muito de quadribol.

Luna abriu caminho pela multidão que gritava durante o inicio da final e me guiava de mãos dadas. Descemos os vários andares do estádio em direção às saídas e como eu esperava estava tudo isolado e vazio e ouvíamos ao longe os gritos do público.
Quando finalmente saímos do estádio Luna saiu saltitando pela estrada de terra na direção da floresta e tive que correr atrás dela. Ela pareceu não se importar e ria comigo enquanto corria e examinava varias árvores e arbustos em seu caminho, a procura das ervas e flores que ela tanto conhecia e tanto conversávamos. Na verdade parecia que ela fazia um encantamento isso sim, e eu cada vez mais me via envolvido por ela... Seu cabelo voando enquanto ela rodopiava e corria. Com o pingente hora voando, hora escondido em suas roupas. Seus olhos buscando os meus fingindo procurar por flores. Suas mãos indo de folha em folha. Seu perfume se misturando ao perfume da natureza, como se fosse parte do planeta. Eu a alcancei quando ela finalmente parou um pouco olhando para uma árvore que parecia antiga.

That I love you
I've loved you all along
And I miss you
Been far away for far too long
I keep dreaming you'll be with me
And you'll never go
Stop breathing if
I don't see you anymore

So far away
Been far away for far too long
So far away
Been far away for far too long
But you know, you know, you know

- Seth...- Notei que era algo importante, ela nunca me chamava de Seth, ela era a única que gostava de me chamar de Kam - Seth... Essa árvore está quase morrendo. Todos nós um dia morreremos, acho que menos você e seu pai. Eu não senti muito a morte de mamãe, apesar de ainda sentir falta dela... Mas e você?? - eu fiquei quieto apenas de mãos dadas com ela olhando a mesma árvore - Você está sempre em missões perigosas, sempre caçando e lutando... Eu não iria agüentar se acontecesse alguma coisa a você. - pela primeira vez desde que a conhecera eu via uma expressão diferente de sonhadora, era quase puro temor.
- Eu sei me cuid.. - ela me cortou, colocando a mão em meus lábios.
- E se um dia não conseguir se cuidar?? Me promete uma coisa? Nunca mais vai me deixar. Me prometa.

I wanted
I wanted you to stay
'Cause I needed
I need to hear you say
That I love you
I've loved you all along
And I forgive you
For being away for far too long

So keep breathing
'Cause I'm not leaving you anymore
Believe it
Hold on to me and, never let me go

O encanto pareceu chegar ao máximo. Peguei as mãos dela entre as minhas e senti como estavam frias de medo e como ela estava pálida. Eu a acariciei no rosto e não resisti mais. A beijei, aproximando devagar meu rosto do dela. Era o primeiro beijo de ambos e não sabia bem como agir. Ficamos apenas assim nos beijando por o que pareceu ser uma linda eternidade. Então nos afastamos lentamente.

- Sim. Eu prometo... Me perdoe por...

Ela me calou novamente antes que pudesse dizer mais algo e me beijou novamente. Senti lagrimas nos meus olhos e depois nos abraçamos. Ao longe pude ouvir os gritos da torcida como se estivessem felizes por nosso primeiro beijo. Eu levantei o rosto dela para o meu e tomei coragem para algo que já deveria ter feito.

- Luna, quer namorar comigo?

Ela acariciou meu rosto, mas ficou calada por um tempo.

- Ainda não sei Kam...Eu realmente gosto muito de você, como nenhum outro. Mas não sei se estou pronta. Você sempre foi meu melhor amigo. Senti muito sua falta, mas ainda não sei se é a ponto de namorar. Venha parece que o jogo terminou.

Ela saiu saltitando na direção do estádio, mas fiquei parado um pouco atrás. Ela pareceu ler minha mente, pois eu sentia como se tivesse feito algo muito errado e a tivesse chateado, ou até insultado. Ela voltou correndo pra mim e segurou minha mão me encarando nos olhos sorridente e me puxando para segui-la.

- Você nunca vai deixar de ser meu amigo, ainda mais depois da promessa... Venha não queria que nada mudasse entre nós...seja qual for minha resposta...

Nickelback - Far Away

Tuesday, August 21, 2007

- PONTO! – Gina gritou erguendo os braços – 80 a 40, desistam!
- Não senhora! – Griffon emparelhou com ela – Jogue a goles de novo!
- Vamos Gina, se eles gostam de apanhar, o que podemos fazer? – falei brincando e ela riu

Miyako voou até o chão e apanhou a goles, tomando impulso outra vez e atirando para Griff. Estávamos na colina perto da Toca jogando quadribol 2 x 2: Miyako e Griffon contra Gina e eu. Eles diminuíram a vantagem para 10 pontos depois de meia hora de jogo e a voz da Sra. Weasley nos chamando para almoçar fez com que encerrássemos a partida.

Já estávamos na casa de Gina há uma semana, e Griff havia chegado hoje para passar o dia conosco. Ele contou do treinamento que passou com o Ty, e Miyako torcia o nariz todas as vezes que o nome dele era mencionado. Queria que ela parasse com isso, mas sabia que os dois só fariam as pazes quando ela cedesse, pois se dependesse dele a briga nem teria acontecido.

Faltavam apenas mais duas semanas de férias, e hoje era nosso último dia na Toca. Tinha alguns planos para a semana seguinte, mas não podia compartilhá-los com Miyako, ou ela daria um jeito de voltar para o Japão. Como não queria isso, deixei apenas Gina ciente de que estaríamos indo embora naquele dia à noite. Almoçamos depressa e depois que a Sra. Weasley conseguiu nos fazer comer todos os doces da face da Terra como sobremesa, voltamos ao jardim. Havíamos prometido uma visita a Luna, que morava há algumas jardas de distancia dos Weasley.

A casa dos Lovegood era bem diferente. Era uma torre, e não uma casa comum. Paramos na cerca e Gina chamou-a por três vezes, mas não obtivemos resposta. Já pensávamos em voltar, quando o Sr. Lovegood apareceu com aquele ar engraçado dele, sempre distraído, e nos recebeu.

- Se é a minha Luna que estão procurando, receio que chegaram alguns minutos atrasados – ele sorriu e caminhou até o portão – Ela acabou de sair com o Seth, foram até o rio ver se conseguiam pescar mais plimpies para o jantar. O rapaz apreciou muito minha sopa, e resolvi fazer outra vez.
- Obrigado Sr. Lovegood, nós vamos até lá encontrá-los – Gina respondeu
- O que são plimpies? – Mi perguntou parecendo intrigada quando nos afastamos
- Não faço idéia, mas se quer um conselho, não tentem entender – respondi rindo e Gina, que a conhecia tão bem quanto eu, também deu risada
- Bom, essas coisas ai, plimplim, podiam ter gosto de bosta de dragão que meu irmão ia dizer que pareciam manjar turco – Griff falou debochado – Tudo para agradar o sogrão
- Plimpies, Griff – Miyako o corrigiu rindo
- Ah tanto faz, devem ser inventados de qualquer forma, não? – ele deu de ombros e rimos

Caminhamos pelos terrenos vazios de Ottery St. Catchpole rindo da imitação do Griff de quando o Seth reencontrou a Luna e logo chegamos ao rio. Os dois estavam sentados de costas para onde estávamos parados, os pés descalços dentro da água, rindo. Griff puxou um cilindro minúsculo e de cor laranja berrante do bolso e puxou a tampa. A coisa saltou da mão dele e subiu feito um foguete, estourando no ar. Um clarão imenso atingiu quase toda a área vazia onde estávamos. Nossa reação imediata foi tapar os ouvidos com as mãos para abafar a explosão que seguiu o clarão, mas Luna e Seth que não nos viram chegar levaram um susto tão grande que ela deixou a vara de pescar cair dentro da água. Seth, por outro lado, saltou para cima de Griff e caiu em pé em cima dele.
- Sai de cima de mim, Di-Luo, ou vou iluminar você um pouco... – ouvi Griff falar baixo e Seth saltou para o lado
- Brincadeira idiota, Griffon! – Seth esbravejou – Onde comprou essa porcaria?
- George me deu para testar, produto novo da loja!
- Onde está a Luna? – ele olhou alarmado para os lados, mas ela já estava do meu lado, abraçando a mim e Gina
- Efeito interessante... – falou divertida – George está cada dia mais criativo nas invenções
- Você se machucou? O idiota do meu irmão tem mania de pregar peças e não pensa nas conseqüências
- Ah estou bem, mas acho que o barulho espantou todos os plimpies – falou desapontada – Acho que não teremos sopa no jantar. Vocês vão ficar para jantar, não? – falou se virando para o nosso lado
- Claro! – falei rindo. Se não teríamos que comer enguia, claro que poderíamos ficar – Mas acho que temos que avisar a mãe da Gina
- Mamãe não vai se importar, depois aviso a ela – Gina falou animada, puxando uma caixinha colorida do bolso - Quem quer jogar snap explosivo?

ººº

- Gabriel, será que eu posso falar com você um instante? – Seth me abordou depois de meia hora de snap explosivo – em particular?

Levantei do gramado e caminhei atrás dele até estarmos fora do campo de visão dos outros. Seth parecia tenso, e começava a imaginar o que ele ia me falar para estarmos nos afastando tanto assim. Quando já estamos longe o suficiente, ele parou e me encarou muito sério.

- Qual o problema, Seth? Você ta esquisito...
- Preciso, ahn, mostrar uma coisa a você – disse sem jeito – Quero sua opinião, saber o que você acha
- O que eu acho do que? – disse confuso – Não está falando coisa com coisa
- Expectro Patronum!

Seth puxou a varinha do bolso e apontou para o chão, murmurando o encantamento. Uma luz prateada saiu ponta dela e o que a principio parecia querer se transformar em uma águia virou um coelho. Fiquei olhando o bicho pulando na grama de um lado para o outro ainda sem compreender aonde ele pretendia chegar com aquilo, mas quando ele sacudiu a varinha e o coelho se dissolveu, olhei para a expressão aflita dele e entendi. Luna havia me contado das aulas da AD e de como seu patrono assumira a forma de um, nas palavras dela, coelhinho serelepe. E agora o patrono dele havia mudado.

- Cara, você ta gostando da Luna? – olhei para ele espantado e mantive a voz baixa, embora não precisasse
- Era isso que eu temia – disse desanimado - Que você dissesse isso
- Mas porque temia isso? Ela é legal, é ruim gostar dela?
- Não, claro que não! – disse depressa – Mas ela é minha amiga, não quero estragar as coisas
- Deixe de besteira, Seth! – falei começando a rir – Tome coragem e fale com ela. Os melhores namoros começam com uma amizade...
- Não vai contar a ninguém?
- Claro que não, não se preocupe – ele pareceu aliviado – Griff já vai pegar no seu pé o suficiente quando você confessar a ela o que sente, então é melhor poupá-lo das gozações até você criar coragem – e ele riu – Vamos voltar, ainda vamos ao Beco Diagonal hoje comprar os materiais

ººº

Já estávamos caminhando pelo Beco Diagonal há algumas horas, cada um com sua lista de materiais na mão. Os livros que eu usaria na Califórnia eram completamente diferentes dos livros que usava em Beauxbatons, mas por sorte alguns deles eram os mesmos usados em Hogwarts, e pude encontrar a maioria na Floreios e Borrões. Perdi a maior parte do tempo dentro da livraria, pois não me contentei em comprar apenas os livros da lista, e caminhava entre as prateleiras desorganizadas escolhendo alguns para ler nos tempos vagos na escola, entre as aulas e os treinos.

Gina, Miyako, Griff, Luna e Seth já estavam cansados de tanto tomar sorvete na Florean Fortescue quando apareci com as mãos carregadas de sacolas com livros. Miyako me entregou um sorvete verde já quase derretendo e descemos a rua apertada, cheia a duas semanas da volta às aulas, direto para a Gemialidades Weasley. A loja estava apinhada de gente como sempre, lotada de alunos se preparando para voltar para suas escolas. George sorriu animado ao nos ver entrar e abriu caminho entre os clientes, trazendo uma caixa cheia. Ele indicou o balcão com a cabeça e o seguimos curiosos.

- Produtos novos! – disse fazendo alarde – Preciso de gente disposta a testá-los, querem se oferecer para o trabalho honroso?
- Por que não testou com o Ron? – Gina perguntou
- Não é a mesma coisa. Preciso saber como ele vai funcionar nas escolas. Preciso que alunos testem entre as aulas. Gabriel, aposto que aqueles americanos branquelos nunca viram um produto das Gemialidades, acertei?
- Provavelmente não, você precisa expandir mais o seu mercado... – falei rindo, pegando um cilindro igual ao que Griff usou mais cedo – Esse eu sei o que faz, é muito bom!
- Estou pensando mesmo em expandir os negócios – ele pegou duas caixas fechadas de dentro da caixa maior e entregou uma pra mim e outra pra Mi – Mas para isso, quero que você faça o grande favor ao seu amigo aqui e apresente essas maravilhas aos yankees, e Miyako pode introduzir os fazedores de biquinho ao mundo dos logros e brincadeiras. Topam?
- Não precisa pedir duas vezes! – Mi pegou a caixa da mão dele, os olhos brilhando
- Maravilha! Griffon também tem um kit, vai ajudar você a vender em Beauxbatons – Griff e Mi trocaram um sorriso maroto. George pegou uma terceira caixa e me entregou – Essa caixa é para o Ty, soube que ele vai para Durmstrang e seria bom levar um pouco de alegria àquele país gelado! Pode entregar a ele pra mim?
- Pode entregar em mãos, George! – ouvimos a voz do Ty se aproximando do balcão e George fez uma saudação maluca, empurrando a caixa na mão dele

Ele estava um pouco abatido, mas bem melhor do que da última vez que nos vimos. Imagino que ainda vá demorar até que ele fique bem por completo, mas já dava indícios de estar voltando a ser o Ty de sempre. Nos abraçamos e ele sorriu cumprimentando todo mundo, mas parou quando chegou em Miyako. Ela mantinha a expressão séria e parecia irredutível em não falar com ele. Ty deu um sorriso fraco e se virou pra mim.

- Essa semana vai ser um estouro! – Miyako olhou desconfiada para nós dois e rimos. Ou eles se entendiam na próxima semana, ou se matavam. Mas arriscaria dizer que as coisas iriam voltar ao normal...

Saturday, August 18, 2007

A Casa dos Lovegood

Lembranças de Seth K. C. Chronos


O dia acabara de amanhecer e como em todas as manhãs, Luna abrira as janelas do quarto e despertei no mesmo momento. Ela continuava linda como sempre, e cada vez mais me pegava pensando nela. Mas agora estou sozinho, disse a ela que ia trocar de roupa e avisei que já descia. Eu precisava testar algo. Deitei-me novamente na cama e fitei o meu rosto na parede oposta à cama da Luna e murmurei:

- Expectro Patronum


O fio prateado saiu de minha varinha e rapidamente se transformou em uma nuvem prateada pairando no ar. Ele começou a tomar a forma de uma águia, mas a meio caminho a nuvem prateada se desfez e fui obrigado a murmurar o feitiço novamente. Dessa vez, a nuvem prateada saiu instantaneamente da minha varinha e pairou no ar, em dúvida se tomava a forma ou não. Novamente asas começaram a surgir da nuvem, mas a nuvem se contraiu novamente, assumindo uma nova forma. As longas asas deram lugar a um par igualmente longo de...

- Kam! Nós só vamos ficar conversando, não precisa se arrumar para um baile de halloween. – Ouvi Luna subindo as escadas e me chamando. Rapidamente desfiz o patrono com um aceno de varinha, a tempo de quando ela entrou no quarto sorrindo. – E ainda por cima, ainda está com a mesma roupa! Não ia se trocar? Ou era por outro motivo que queria ficar sozinho? – Ela riu e fingi ignorar a pergunta, sorrindo também. O resto do dia, eu fiquei pensando em meu patrono, e na forma que ele assumira...

-----*-----

A casa dos Lovegood era a mais peculiar em Ottery St. Catchopole. Tirando sua forma circular, e a grande lua fantasmagórica que cortava o céu, acima da casa, o interior ainda era mais estranho. Os móveis se encaixavam nas paredes, e vários objetos diferentes (em sua maioria, amuletos) tomavam todos os cômodos.

Já fazia aproximadamente uma semana, desde que tinha chegado. Assim que o dia amanheceu, e um insistente raio de sol penetrou no quarto mais alto da casa, Luna se levantou e abriu as cortinas, respirando longamente o vento que entrava e sorrindo. Abri os olhos devagar e sorri ao vê-la na janela.

LL: Bom dia, Kam. – ela disse em seu habitual tom meigo, ainda olhando o quintal de casa.
SK: Bom dia. – respondi desconcertado, enquanto vestia meu sobretudo.
LL: Você acreditaria se eu te contasse que acabei de ver passar além da ponte um zonzóbulo? Até aqui esses danadinhos querem nos deixar confusos! Papai vai ficar furioso quando souber... – ela finalmente riu e se virou para encarar-me, de pé ao lado da cama. – O que acha se fôssemos até a ponte? Podemos tentar capturá-lo, e pescar alguns Plimpies...
SK: Acho ótimo. Quero mesmo provar a tal sopa de Plimpies. – devolvi o sorriso. Era incrível a capacidade que ela tinha de fazer com que eu me sentisse bem.

Então, alguns minutos depois, saímos para a luz do sol e os gramados. Luna rapidamente segurou a minha mão enquanto caminhávamos juntos, conversando. Quando alcançamos a ponte, paramos. Luna ficou na ponta dos pés, olhando por cima do gramado, e desceu parecendo desapontada.

LL: Não o vejo por lugar algum! Será que você poderia dar uma olhada também?
SK: Claro! Só um minuto! – Dei um impulso no chão e saltei em cima de uma árvore, rastreando a propriedade com os olhos. Não havia sinal de nada, além de grama, girassóis, macieiras e pequenos frutos laranjas bem parecidos com rabanetes. – Não o vejo por lugar algum! Deve ter se escondido!
LL: Aww, tudo bem, eu não esperava que fosse tão fácil mesmo... Vem, vamos pescar!

Pulei novamente ao lado dela e nos sentamos, lado a lado, no meio da ponte. Ela tirou de dentro da bolsa que trazia, duas varas de pescar simples, feitas de bambu, e várias frutinhas vermelhas bem parecidas com amoras. Estendeu uma das varas à mim e pegou outra, segurando o anzol.

LL: Os Pimpies gostam bastante de ameixas dirigíveis. Por isso mantemos uma boa quantidade perto de casa. Só tome cuidado quando furá-las no anzol, Kam. Não pode furar o caroço de dentro, ou vai sair um líquido bastante urticante. Olha só... – ela pegou uma das frutinhas vermelhas e colocou cuidadosamente no anzol. Apanhei uma também, atingindo sucesso depois de alguns minutos.

Luna tirou os sapatos e mergulhou os pés na água fresca. Lançamos as varas no meio da água e esperamos. Nada parecia se mover por um minuto, até que a linha da minha vara mergulhou alguns centímetros para dentro da água, com tanta força que quase deixei escapar. Luna largou sua própria vara para me ajudar.

LL: UAU, um bem grande! – exclamou, quando conseguimos puxar um animal que era metade peixe, metade lacraia, de um verde limão vivo. Ele debatia a calda furiosamente. Agarrei a calda fazendo com que ele parasse de se mexer e Luna tirou ele do anzol, depositando-o em uma sacola. – Muito bom para um iniciante!
...

Passamos boas horas na beira do lago pescando e conversando. Luna me explicava todas as características dos Plimpies, e eu simplesmente ficava ali ao seu lado, falando pouco, escutando tudo e me sentindo tão feliz quanto não sentia há muito tempo.

Quando estava prestes a terminar a manhã, Luna achou que a sacola já estava bastante cheia para uma sopa, então nos preparamos para voltar para casa. Ela tirou os pés da água, e ficou me observando pegar as sacolas e varas.

LL: Kam... Por que você nunca tira esse sobretudo?

A observei surpreso. Não sabia explicar por que sempre usava o sobretudo. Mas já fazia parte de meu vestuário há tanto tempo, que já estava acostumado.

SK: Não sei. Gosto dele. Combina comigo.
LL: Não, não combina. Ele é tão sério e triste! Você não é assim...
SK: Mas eu tenho as trevas em mim, Luna. Você sabe.
LL: Todos nós temos trevas e luz dentro de nós. – ela disse displicente. Sorriu. – Só não quero que você se sinta triste, nunca mais. Você sabe que não está sozinho.
SK: Como poderia? Você deve ser a luz que eu tenho, então...


Ficamos nos encarando por um minuto, até Luna sorrir e correr, abrindo caminho entre os girassóis. Eu respirei fundo e sorri, feliz corri atrás dela, quase deixando o sobretudo voar. Mesmo que ela não achasse que ele combinava comigo, ele já virara parte de mim, e eu me acostumara com ele. Mas talvez, já fosse a hora de tirá-lo...

Quando chegamos em casa, levei um susto ao encontrar papai na porta de entrada, se despedindo do Sr. Lovegood. Eu me sobressaltei e o alcancei mais rápido que a Luna, que estava a minha frente. Eu fiquei preocupado com a visita inesperada dele, mas fiquei tranqüilo ao ver como ele estava radiante.

AC: SETH! Filho! – Ele me abraçou cheio de felicidade e alegria – Ia procurar vocês agora. O Xeno me disse que tinham ido pescar e pelo visto pescaram muito. Já passei nos Weasley para contar a novidade e eles adoraram! Nesse momento mesmo a Molly já deve estar visitando a Mi. Ah, sabia que o Gabriel e a Miyako estão lá também?
LL: A Miyako também? Amiga do Seth? E o Biel também? Quero conhecê-la e rever o Biel. Vamos visitá-los, que acha Kam?
SC: Seria ótimo, mas se a Sra. Weasley não está lá, seria estranho visitá-los agora. Mas quais as noticiais, pai?!
AC: SUA MÃE ESTÁ GRÁVIDA! Vocês vão ganhar um irmãozinho ou irmãzinha! Se for menina vai se chamar Kyle, se menina, ainda não decidimos. E o Ty vai ser o padrinho! Quase peço para você ou o Griffon serem padrinhos, mas quero fazer essa homenagem ao meu grande amigo, e o Ty é uma ótima pessoa! Ta entre você e o Griffon, prefiro você... Tadinha da criança com o Griffon como padrinho...
SC: Que maravilhoso! E sim, o Griffon seria péssimo... O Ty deve estar sem graça, mas feliz também! E pai, vai ser uma menina, tenho certeza. Vou adorar ter uma irmã.
AC: Como tem tanta certeza? Bem, talvez esteja certo, você soube antes de mim que sua mãe estava grávida... Eu vou indo então, saudações Xeno.
LL: Sr. Chronos, cuide bem e mande meus parabéns para a Sra. Chronos. A proteja intensamente, mulheres grávidas, bruxas ou não, tem dons especiais, tem uma força maior que qualquer outro. Energias puras emanam delas e tornam as coisas ao redor delas especiais, ainda mais um mulher como a Sra. Chronos. Parabéns de verdade. Fico curiosa de como é ser grávida.

Papai ficou feliz e espantado pelo discurso dela, mas se despediu ainda mais feliz e prometendo manter notícias e cuidar da mamãe. Luna estava com um olhar sonhador, encarando o céu com nuvens brancas, sonhando e imaginando. Por um momento pensei ter visto um olhar significante dela para mim, mas foi por poucos segundos e depois entramos para fazer a sopa de Plimpies. O Sr. Lovegood não parava de me dar os parabéns e conversar comigo e Luna voltou a sorrir como sempre, mas eu ainda podia jurar ver um olhar diferente nela...

N.A.: Texto feito com a ajuda de Amanda (Tandinha), muita ajuda na verdade

Friday, August 17, 2007

Anotações de Ty McGregor

Após o treinamento com tio Lu, eu voltei para casa exausto. Ele e tia Mirian tinham uma energia fora do normal, e Griff também. Fiquei pensando que se Seth estivesse lá, eu teria que voltar numa maca rsrsrs.
Cheguei na casa da minha avó através do pó de Flú, e ela estava ansiosa me esperando. Notei que seu olhos estavam úmidos ao me ver.
- Que bom que você chegou. – e me abraçou forte e começou a contar as novidades:
- Brain e Brianna estão lá em cima com os elfos tomando um banho bem demorado. Acredita que conseguiram irritar um gambá? O batismo para ser meu neto está completo. - demos risada porque Ariel, Riven, e eu quando pequenos, encontramos um filhote de gambá na floresta e cismamos que ele seria um excelente bichinho de estimação. Claro que a mamãe gambá não aceitou isso muito bem e deixou isso bem claro. Nada tirava aquele cheiro, até que vovó nos jogou numa banheira cheia de sopa de tomate. Ficamos conversando na cozinha que era meu lugar favorito da casa e não demorou a ouvir os gritos alegres de meus primos de 8 anos. Eles pararam de falar e como não soubessem o que fazer, eu abri os braços e Brianna fez o mesmo de quando era pequenina: veio correndo e se atirou neles. Brian sorriu e começou a contar as coisas que fez neste tempo em que estivemos separados, e os planos deles para pregar peças nos outros primos que iriam chegar e comecei a dar sugestões de como melhorar aquilo e comecei a pegar coisas da cozinha para utilizarmos. Em dado momento Brianna, me olhou séria e disse:
- Sabe Ty... Eu estava sentindo falta do titio, mas com você aqui, eu não sinto tanta falta mais. Mamãe disse que depois de algum tempo você voltaria a ser como antes. Olhei ao redor e minha avó nos observava. Sorri e disse:
- É... Eu estou de volta. Sabe, aprendi a fazer uma meleca verde que ficará ótima num jogo de paintball, vamos fazer? – e eles gritaram alegres e vovó riu.
Eu me sentia realmente bem.


I’m here without you baby but you’re still on my lonely mind
I think about you baby and I dream about you all the time
I’m here without you baby but you’re still with me in my dreams
And tonight it’s only you and me


A janela do quarto estava aberta, esperando que uma brisa soprasse aliviando todo aquele calor, que o ar da noite não conseguia afastar. Ela dormia profundamente, mas sua boca sorriu quando ele se aproximou e vagarosamente ela abriu os olhos na direção dele. Olhos de um azul tão profundo, que era fácil se perder neles. Quando ela se sentou uma alça da camisola caiu, deixando um ombro descoberto. Ele inspirou com força e junto veio o cheiro do perfume dela, algo tão familiar quanto respirar.
Ela não se moveu, mas cada pedaço dela parecia convidá-lo a se aproximar mais e mais. E ele se aproximou, levantou a mão para tocar aquele rosto e matar as saudades, ele sentiu uma dor aguda no peito. Olhou para baixo e viu seu peito coberto de sangue. Olhou novamente para ela e ela murmurava pedidos de desculpas e pedia que ele voltasse para ela, mas quando ele esticou a mão para tocar seu rosto...

COF, COF, COF... - acordei suando.
- Que foi Ty? Engasgou dormindo?- perguntou Declan do outro lado do quarto.
- Tá... Tudo bem... Era um pesadelo...
- De novo? A tia Alex sabe que você não anda dormindo? – perguntou John e sentou-se na cama preocupado.
- Não é nada sério. Devo ter comido demais no jantar. Voltem a dormir. – disse rápido e me levantei para ir até a cozinha. Abri a geladeira e comecei a tomar um copo de leite frio pensando em meus sonhos. Era a terceira noite que sonhava a mesma coisa e isso estava me irritando. Vi quando Riven, entrou, ainda usando as vestes de viagem, pegou o pote de biscoitos e começou a beber o leite direto da garrafa.
- Voltando agora? – perguntei.
Ele após engolir um biscoito e beber mais um copo de leite, respondeu:
- Sim, não consegui sair do hospital mais cedo. Deste jeito Desireé vai terminar comigo, não consigo chegar na hora aos nossos encontros.
- Ela está apaixonada por você, basta se desculpar. Você não iria ser Auror? Era o que vivia dizendo ao meu pai.
- Cheguei a pensar nisso sim, mas quando ele morreu, eu percebi que não duraria um dia na Academia. Aí vovó me mostrou a carta dele para nós.
- Ele deixou uma carta para vocês?- perguntei.
- Estava guardada com a vovó. Ele deixou uma carta a cada um dos sobrinhos. E nela ele dizia o que admirava em cada um de nós, e nos pedia para seguirmos as nossas verdadeiras aspirações, lembrando de episódios de nossa infância. Então percebi que eu só queria um motivo pra bancar o rebelde e que sendo auror, estava afrontando ao meu pai, sem me importar com a minha felicidade. Ele me lembrou de que eu sempre gostei da arte da cura. Então fiz as pazes com meu velho e pedi o estágio do hospital. Vem comigo.
Fui com ele até o seu quarto e vi a carta de meu pai para ele. Pensei que fosse sentir ciúmes, mas o que senti quando toquei aquele pergaminho foi apenas saudade, e de repente ele disse:
- Eu quero pedir um favor a você. É sobre Durmstrang.
- O que é?
- Se em algum momento você precisar de ajuda lá, quero que procure o meu amigo. Ele não é muito popular e com o tempo você vai descobrir o porquê, mas é uma boa pessoa, e vai ajudá-lo mesmo que você não consiga o que quer lá.
- Acha que não vou conseguir?- perguntei.
Ele após me olhar respondeu:
- Vai conseguir sim... Ou vai morrer tentando não é?
- É. – olhei e vi o seu pequeno laboratório e perguntei:
- Riven, o que eu conversar com você como médico você não pode repetir não é?
- É uma consulta de verdade? Posso cobrar? – brincou e como eu permanecesse sério ele respondeu com ar profissional:
- Qual o problema?
- O que você sabe sobre bloquear sonhos com determinada pessoa. - e contei os sonhos que andava tendo desde que voltei para casa e o que queria que ele fizesse. Após algum tempo ele disse:
- Não são sonhos, parece uma projeção. Você deseja estar com a Rory e se sente culpado por isso. Acho que você deveria dar um jeito e se encontrar com ela e se ambos quiserem, que fiquem juntos. Você é doido por ela ainda.
- Não sou doido por ela. Você deve estar lendo as revistas teen da Sophia. E aí vai me dar alguma coisa pra eu dormir sem sonhar ou vou ter que pedir ao seu pai?
- Ok, vou dar o que você quer. Pena que bom senso não vem em frasco. - resmungou e me deu um vidro com uma poção azulada.
Voltei para o meu quarto e antes de tomar a poção pensei ter sentido um perfume familiar. Tomei todo o vidro de um gole só. Pelo menos por uma noite, eu não vou sonhar com ela.

N.Autora: trecho da música Here without you, 3 Doors Down

Wednesday, August 15, 2007

[Parte II]


O espaço aberto, onde seria o casamento já estava abarrotado de pessoas. A maioria, familiares longínquos, que só via em casamentos e velórios. Tentando evitar mais olhares e perguntas, dirigi com Bernard e Isa até a última fileira de cadeiras, onde permanecemos sentados até o começo da cerimônia.

Após a entrada dos noivos e as rotineiras exclamações de ‘Nossa, como ela está bonita’, o casamento começou e correu, sem diferenças.
Ao término, nos levantamos e nos unimos à mamãe a uma mesa, para esperarmos e cumprimentarmos os noivos. Achava tudo aquilo uma chatice!!!

Quando Dora e Thomas finalmente passaram por todas as mesas, as músicas começaram. Mas mal tivemos tempo de nos levantarmos, Samantha chegou à nossa mesa, sorridente.

SD: BEL!!! Não acredito! É você? Pensei que fosse a Isabel! Se não fossem os óculos...

Samantha era a irmã mais nova de Dora, e era a prima que eu mais gostava. Nos entendíamos bem, uma vez que ela também era bastante estudiosa e mais caseira. Porém, desde que tinha se transferido para Hogwarts, andava diferente. Mais solta, mais arrumada, muito mais social. Mas mesmo assim, sentia uma simpatia imensa por ela.

AD: Oi Sam. É, sou eu... Isabel quem produziu, mas sou eu. E esse aqui é meu namorado, Bernard.

Os olhos dela então se desviaram do meu vestido a Bernard. Ele mantinha uma expressão tão tensa, tão tensa, que pensei que fosse ter um colapso. Não conseguia entender o que estava acontecendo. Nem quando o apresentei à mamãe ele me pareceu tão nervoso. Samantha também o olhou séria e então sorriu. Não de educação. Um sorriso irônico.

SD: Bernard. ‘O que namora a Bel’...
AD: Ah, tia Sophia contou né? Bê, essa é a Samantha. Irmã da Dora.

Mas Bernard não falou uma única palavra. Olhou Sam com a testa enrugada, e suas mãos estavam suando.

AD: Ela não morde, sabe... – sussurrei no ouvido dele sorrindo. Ele continuou sério.
SD: Acho que está assim, por que já nos conhecemos antes, Bel. – Sam disse, o sorriso irônico e o tom irônico. – Está se lembrando de mim, Bernard?
AD: Se conhecem? De onde?

Agora olhava atônita, de um para outro, sem entender nada. Como Bernard conhecia Samantha, se não tínhamos encontrado com ela nem uma única vez desde que chegamos?

BL: Ah sim, me lembro! Nos conhecemos na viagem de formatura, Bel. Se lembra? Foi aqui. Conheci Samantha no luau de despedida. Que coincidência! Como vai?

Bernard falava rápido, e parecia bastante nervoso. Alguma coisa no tom de voz dele me fez perceber que ele não parecia nada feliz de ter se encontrado com Samantha. Samantha, por outro lado, parecia radiante.

SD: Muito melhor agora. Então... estão namorando é? Sabia que você é o primeiro namorado da Bel? Não vai decepcionar minha priminha, hein? – sorriu.
BL: Seria a última coisa que iria querer fazer nessa vida, não se preocupe.

E então eu tive certeza que alguma coisa muito errada estava acontecendo. Samantha usava o mesmo tom desagradável de tia Sophia e Bernard a respondeu com um tom gelado. Nunca tinha o visto responder alguém daquela maneira. Isa que até então estivera sentada observando, pensativa, se levantou.

IM: Esse mundo é uma ervilha, não? – e sorriu. Mas não conseguiu descontrair o ambiente e foi para a pista de dança sozinha.
BL: Bem, foi um prazer te encontrar, Samantha. Até mais! – saiu me puxando com força para longe da mesa, atravessou a pista de dança, e só quando chegamos ao gramado enfeitado de fadinhas, ele parou, ainda apertando meu braço, e me encarou. – Bel, eu preciso te contar uma coisa!
AD: Algo que explique a maneira que você tratou a Samantha? – puxei meu braço, levantando a sobrancelha. – O que foi aquilo? Não entendi nada!
BL: Aquilo foi a demonstração física da tortura psicológica que venho sofrendo desde que voltei da viagem de formatura. E a sua prima, é a torturadora. No luau de despedida, estávamos eu e Dominique sozinhos conversando, quando sua prima e um grupo de amigas chegou. Você conhece o Dominique, não conhece?! Ele logo começou a lançar olhares e sorrisos, e se convenceu de que Samantha não tirava os olhos de mim. Eu não achei que ela estivesse olhando para mim, até a hora que Dominique saiu com uma amiga dela e eu pensei em voltar para o hotel e dormir. Então Ian passou por mim e largou um copo de batida na minha mão. Eu pensei que não poderia ir dormir tão sóbrio na última noite da última viagem da turma, então tomei metade e comecei a voltar para o hotel, quando Samantha me abordou. Quando vi, tinha me arrastado para a pista de dança. E então, ela me puxou e me deu um beijo, e eu não pude reagir, eu...

PAFT!

Sem pensar muito, sentindo a raiva subir, eu bati no rosto do Bernard com a maior força que consegui reunir nas mãos. Lágrimas de raiva já escorriam pelos meus olhos e saíam pretas de lápis de olho.

BL: Bel, eu sei! A culpa é minha! Mas eu estava bêbado, não conseguia pensar direito! E além do mais, Dominique me lembrou que ainda não éramos namorados oficialmente, e aconteceu tudo tão rápido!
AD: Cala-a-boca, Bernard!

Me sentei no banco tremendo. Bernard ficou parado me olhando, as marcas vermelhas da minha mão se intensificando no seu rosto. Um filme começou a ser rodado na minha mente, como se eu estivesse em uma penseira e visse a cena toda passar do alto. Samantha e Bernard dançando e sorrindo, se beijando.

AD: Sabe o que me dá raiva? O que me faz estar com ódio? Não é nem o fato de você e Samantha terem aproveitado a festinha na praia juntos. Afinal, ‘como Dominique te lembrou’, nós ainda não éramos namorados. O que me faz ter uma vontade louca de te encher de tapas, e ir arrancar os cabelos da Samantha nesse exato momento, é a falsidade. Principalmente a sua. Se você tivesse sido sincero e contado desde o começo, nada disso aconteceria. E eu não ficaria olhando de você para a Samantha como se vocês estivessem ficando malucos! Mas não. Ficaram nesses sorrisos cínicos até o último segundo! Talvez Isa tenha razão quando diz que eu nasci para envelhecer sozinha, com animais ao meu redor...
BL: Bel, eu nunca me arrependi tanto de uma coisa! Eu estou sendo o mais sincero que posso, nesse momento. Vim a viagem inteira de volta odiando ter feito isso. E querendo matar o Dominique. E assim que cheguei a Beauxbatons eu fui te procurar, lembra? Estava ficando louco já. Mas então quando eu te vi, e você aceitou namorar comigo, eu simplesmente achei que não era necessário voltar à essa história. Nunca mais ia ver Samantha, e você não precisaria saber do que aconteceu. Não quando eu prometi pra mim mesmo que a partir daquele momento seria só você, entendeu? Mas aí eu descubro que ela é sua prima?! Só piorei a situação.
AD: Quando um não quer, dois não beijam. Nem dançam. Nem namoram. Não coloca a culpa no Dominique.
BL: Eu sei, eu sei. Mas ahh, se ele não tivesse enchido minha cabeça...
AD: A Samantha iria te abordar da mesma maneira, você iria se deixar arrastar por ela da mesma maneira, e ia me esconder tudo, da mesma maneira!
BL: Me desculpa, Bel? Olha, eu faço qualquer coisa pra mostrar que estou arrependido. Eu gosto de você como eu nunca gostei de nenhuma garota! Até mesmo o Dominique vai poder comprovar isso. Ele sabe. Eu não quero estragar tudo.
AD: E se acontecer de novo? Agora você não vai estar mais em Beauxbatons. Vai morar sozinho, ter responsabilidades. Não vamos ter muito tempo para nos vermos... E se outra Samantha te abordar e você preferir ‘esquecer de me contar’ por que não me encontra há dias? – disse azeda. Bernard se ajoelhou na minha frente segurando minhas duas mãos.
BL: Eu te prometo. Aliás, eu te juro, que nunca mais vai acontecer. Confia em mim? Eu sei que você gosta de mim também.

Olhei para os olhos azuis dele que estavam a poucos centímetros dos meus. Tinham uma expressão desesperada e sincera. E os meus dedos ainda continuavam se destacando no rosto pálido dele. Abaixei a cabeça.

AD: Não quero me decepcionar de novo com você, Bernard. Não mesmo. Gosto muito de você, e acho que você já está farto de ouvir da família inteira que você é meu primeiro namorado. Mas faço você virar passado em um minuto se isso acontecer novamente... Isso não é uma ameaça, é um aviso! – apontei o dedo pro nariz dele. Ele sorriu aliviado ao ver minha expressão e me abraçou com força, me dando um beijo.
BL: Se acontecer de novo, não se preocupe. Antes que você fique sabendo, eu desapareço.
AD: Assim que se fala! – sorri. – E nunca mais te trago aqui na Grécia. Foi uma vez para nunca mais! Aliás, vou garantir que você e Samantha mantenham a maior distância possível, um do outro.
BL: Isso seria ótimo!

Passamos o restante da noite distante do barulho de música e vozes que vinham do salão. Não tínhamos a mínima vontade de entrar. Quando Isabel e mamãe saíram assustadoramente tontas e andando juntas, a cena me chamou tanta atenção que não conseguia parar de olhar. Mamãe e Isa, que mantinham uma relação extremamente formal, vinham caminhando juntas, abraçadas, rindo alto, sem penteados e sem maquiagens. Olhei para Bernard assustada e ele devolveu a expressão, rindo. Foi até bom que Isa não estivesse em seu estado natural, pois assim não prestou atenção que a maquiagem do meu rosto já estava àquela altura toda borrada, os saltos Prada estavam em minhas mãos ao invés de estarem nos pés, e o decote do vestido da última coleção sendo injustamente tampado pelo blazer de Bernard, que continha no seu rosto a forma exata de cinco dedos longos e finos.

All of the things that I want to say
Just aren’t coming out right
I’m tripping in words
You got my head spinning
I don’t know where to go from here

Cause it’s you and me, and all of the people
With nothing to do, nothing to prove
And it’s you and me, and all of the people
And I don’t know why
I can’t keep my eyes off you

Lifehouse – You and me #

Tuesday, August 14, 2007

~ Memórias de Anabel Damulakis. Semana posterior à Copa Mundial de Futebol... ~

A velha mansão da família Damulakis continuava exatamente igual como eu havia deixado desde a última vez que estivera ali, no verão passado. Os mesmos sofás, estantes, enfeites, quadros, lareira...

Quando eu, Bernard e Isa entramos na Sala de Estar, mamãe que estivera sentada no sofá conversando com Tia Sophia, se levantou sorrindo e veio até nós. Estava decidida com relação a Bernard, então quando ele fez menção de dar um passo para trás, e ficar ao lado de Isabel, apertei sua mão fazendo-o permanecer do meu lado. Quando ela terminou de me abraçar apertado e me olhar de cima a baixo, dirigiu seu olhar a Bernard.

AD: Mãe, esse é Bernard. Meu namorado.

Tia Sophia, que estivera até então observando com muita curiosidade, soltou um suspiro “Aww” e mamãe olhou Bernard como se ele fosse o primeiro garoto da Terra. Uma novidade.

RD: Namorado, é?
AD: É, meu namorado! – Bernard continuava estático ao meu lado, sustentando nervoso o olhar de mamãe. Segurei a mão dele novamente, com firmeza. Mamãe sorriu.
RD: Bom, então muito prazer, Bernard! Seja bem-vindo! – mamãe estendeu a mão educadamente e ele segurou parecendo tenso. Só então, Isabel, com um sorrisinho irônico se adiantou. – Ah, Isabel, que bom, que bom que você veio! Como está seu pai?
IM: Muito bem. E você?
RD: Na mesma... Bom, não quero vocês plantados aí na porta, não é? Mostre a casa a Bernard, Bel. Ah, e essa é Sophia, minha irmã. - Tia Sophia se adiantou e cumprimentou a todos sorrindo. – Veio nos trazer o convite de casamento de Dora!
IM: O QUE?! Dora vai se casar? – Isa exclamou perplexa. Acho que estivera pensando em como seria bom se sua mais fiel companheira de compras continuasse solteira e livre de compromissos. Tia Sophia sorriu.
SD: Vai sim, Isa. Também acho que ela está se precipitando um pouco, mas... Agora, vendo Anabel de namorado, percebi que os tempos mudaram!

Como tia Sophia conseguia ser desagradável quando queria! Gostaria de perguntar a ela o porquê do tom cínico na voz quando teceu o último comentário. Mexi um pouco a cabeça e chamei Bernard e Isa para subirem e largarem as malas nos quartos. Quando alcançamos o de visitas, Bernard se sentou na cama, incomodado.

BL: Elas não gostaram de mim! Nem um pouco...
IM: Ta brincando?! Rebecca estava a ponto de te abraçar também! – Isa sorriu. Olhei atravessado para ela. – Verdade. Desculpa Bel, mas Sophia tem razão. Acho que até uns dois anos atrás, toda a sua família pensava que seria praticamente impossível você abrir a guarda para um garoto. Não fique irritada se eles se chocarem, inicialmente... Eu mesma confesso que imaginei você, diversas vezes, envelhecendo com vários gatinhos ao redor.
AD: Se você não parar de falar, eu juro que a última visão que você vai ter de mim, vai ser lançando um jato verde contra você, Isabel. – minha voz saiu fria, cortando o quarto. Isa sorriu e anunciou que iria até o quarto dela. Sentei ao lado de Bernard. – Você está se saindo muito bem! Sério. Acho que Isa tem razão em alguns pontos... Minha família está acostumada a me ver atrás de livros, não de mãos dadas com um garoto. Só que quando se acostumarem, vão ser mais simpáticos! Mas ela definitivamente não conhece a minha alergia a gatos! – Sorri e Bernard sorriu também, me dando um beijo.
BL: Também não conhecia... E eu que sonhava com uma casa no campo, vários gatinhos e cachorros, e várias crianças! Mas tudo bem, cortamos os gatinhos da lista, e aumentamos o número de cachorros.
AD: Podemos tirar o plural de crianças também, o que acha? Criança me parece muito mais agradável!
BL: O que??? Um filho? Não, não! Acho que vamos ter que negociar isso, sabe? Dois, no mínimo!
AD: Só queria poupar meu filho de ter um irmão como a Isabel. A criança não pode crescer em seu estado normal. Sorte que mamãe nos separou quando ainda havia tempo... Mas, ah, por que estamos discutindo isso agora??? Vem, vamos descer! Não dá para fazer elas se acostumarem com essa idéia de namoro, se ficarmos isolados o dia inteiro!

°°°

À medida que os dias foram passando, mamãe e Bernard já estavam se entendendo particularmente bem. Quando ele contou sobre seu interesse em fazer parte do Ministério da Magia, foi como se tivesse dito palavrinhas mágicas. Passavam horas conversando sobre isso.

Isa, ao contrário, vivia saindo de casa mesmo que sozinha. Voltava com as mãos carregadas de sacolas, e nem mesmo as compras pareciam estar fazendo com que ela se divertisse tanto.

Na manhã do dia do casamento de Dora, ela conseguiu finalmente me trancar no meu quarto com ela, onde entrou carregada de bolsas e sacolas. À primeira vista, era assustador o sorriso que ela deu. Mas ela me pareceu tão feliz, que não me importei de ceder aos caprichos dela ao menos um dia, deixando que ela me arrumasse.
Duas horas de tortura. Sobrancelha tirada, cabelo esticado, cachos, óculos discreto, vestido com decote, maquiagens e mais maquiagens e um salto alto e fino que me fez parecer uma grande girafa andando.

AD: Não vou de salto. Não sei andar com essas coisas.
IM: Ah, mas você vai de salto sim, senhora! Não é um salto, Anabel. São Prada! Entende o que digo? Prada! E toma essa bolsa, da mesma coleção. Discreta, chique. Você está linda! – Olhei as sandálias e a bolsa, e entendi que era a marca. Virei os olhos.
AD: Ok, mas não tem um vestido menos decotado? Minhas costas estão nuas, e meus seios...
IM: São bem bonitos para ficarem escondidos atrás daquelas velharias que você usa. E esse também não é só um vestido. É o último da nova coleção “Giorgio Armani”! E para de tentar mudar as roupas, não vai mudar nada!
AD: Ah... Será que posso ao menos tirar esses cachinhos da frente do meu cabelo? Estão me irritando!
IM: Até poderia, se eu não tivesse lançado um feitiço permanente neles!
AD: Você O QUE?
IM: Feitiço permanente. Vão ficar aí pelo menos por mais alguns meses, mas eram exatamente o que faltava no seu cabelo! Estava... RETO demais! Entende? – ela disse com uma naturalidade tão grande, que me senti uma idiota.
AD: NÃO! Eu gostava deles!
IM: Eu não. Pare de reclamar e vamos embora!

Saiu do quarto andando com delicadeza sobre os saltos, bem maiores que os meus, e um vestido bem mais aberto. Observando-a, até pensei que talvez não fosse difícil, já que apostava que Isa seria praticamente capaz de sambar com eles nos pés. Dei uma última olhada no espelho. Estava bonita, mas me senti uma boneca, completamente artificial. Soltei um suspiro tentando esticar os cachos, que desciam e subiam se enrolando novamente. Irritada, sai do quarto arrastando os pés para evitar uma queda. Assim que cheguei à porta, deparei com Bernard que estava quase tão elegante quanto o tinha visto na noite da formatura. Ele arregalou um olho quando me viu.

BL: Caramba, é você Bel???
AD: Não. A Anabel mandou avisar que está passando mal e prefere ficar em casa. Sou a Isabel.
BL: Não sabia que você usava óculos, Isa. – ele sorriu, ainda lançando olhares para o decote. Soltei um muxoxo.
AD: Pode dizer. Ela acabou comigo. Esses saltos, esse vestido do George não sei das quantas, essa bolsinha minúscula. E esses cachos!!! Me dá um minuto, vou tirar essa tinta da cara! – me virei para a porta e Bernard segurou meu braço.
BL: Você está linda! Não que não seja, naturalmente. Mas hoje...

Olhei constrangida. Ele parecia encantado. Sorri agradecendo e puxei a mão dele com impaciência.

AD: Gostaria que você parasse de lançar olhares a esse decote. E fechasse a boca. E me oferecesse o braço para me ajudar a andar, por que estou prestes a me desequilibrar!
BL: Ah, hum, certo. – ele balançou a cabeça rindo e me ofereceu o braço. Mamãe e Isabel já estavam na sala, e Isa parecia estar travando uma guerra interior, pois observava os sapatos de mamãe com muito desagrado. Porém, ao nos ver descendo a escada lentamente, abriu um sorriso.
IM: Não querendo me gabar, mas fiz um ótimo trabalho! Você está linda, Bel! – Mamãe, ao contrário, ficou chocada também.
RD: Anabel?! Nossa!
AD: Eu sei, eu sei, está extravagante. Vamos depressa? – perguntei impaciente. Estava me sentindo desconfortável com o choque dela e os sorrisos de Isabel e Bernard.

Ainda com a boca aberta e os olhos perplexos, mamãe saiu de casa.

What day is it, and in what month
This clock never seemed so alive
I can’t keep up
And I can’t back down
I’ve been losing so much time

Cause it’s you and me, and all of the people
With nothing to do, nothing to lose
And it’s you and me, and all of the people
And I don’t know why
I can’t keep my eyes off you

[To be continued...]

Thursday, August 09, 2007

“Durante a vida você conhece uma porção de gente. Algumas ficam com você para sempre, outras passam por sua vida e desaparecem totalmente. E de vez em quando aparece aquele alguém que você não fazia a menor questão de se lembrar... mas ele sempre estaria por perto. E você nunca os esquece”

- A TOCA!

Abri a mão e deixei cair o pó de flu no chão. Segundos depois me encontrava girando na escuridão, e de relance capturava a imagem de várias salas por onde passava, até sair no chão da cozinha mais incomum que existia. Estava na cozinha da casa dos Weasley, conhecida como A Toca. Longos cabelos ruivos obstruíram minha visão quando levantei do chão.

- Gabriel!! – Gina me abraçou com força – Que bom que está inteiro!
- Que bom que VOCÊ está inteira! Não sabe como fiquei preocupado quando soube que participou da batalha que aconteceu em Hogwarts! Mamãe contou que você estava no meio dos alunos que duelaram!
- Queria que eu fosse embora e deixasse minha família lá? – ela cruzou os braços e me encarou. Embora estivesse séria, sabia que não estava zangada – De que adiantaria ser a única sobrevivente dos Weasley?
- Adiantaria a mim não perder uma amiga! – fiz a mesma cara que ela fazia e ela riu

Uma mala caiu no meio da cozinha e atrás dela, veio Miyako. Corri para ajudá-la a se levantar e minha amiga bateu a poeira do vestido, observando o lugar com um olhar curioso. A cozinha dos Weasley causava mesmo essa reação para quem ainda não a conhecia.

- Gina, lembra da Miyako, não?
- Claro que lembro!

As duas se cumprimentaram e logo o pai de Gina entrou na cozinha procurando a fonte do barulho. Sempre muito simpático, o Sr. Weasley nos recebeu muito bem e pediu que ficássemos à vontade, pois ele teria que voltar ao trabalho e a Sra. Weasley só retornaria na parte da tarde. Pegamos as malas e subimos para os quartos.

ººº

- Harry e Hermione vêm jantar aqui hoje, pedi que viessem junto com o Ron – Gina falou sentando na cama outra vez. Já estava quase escurecendo e resolvemos entrar
- Ai, Harry... – revirei os olhos – O que você viu nele, Gina?
- Ele é legal, Biel. Se você desse uma chance a ele... E não sei por que vocês implicam tanto um com o outro! Se nada daquelas tragédias todas tivessem acontecido quando os pais dele morreram, e se seus pais não tivessem se separado antes de você nascer, vocês teriam sido criados juntos – ela apertou minha bochecha rindo – Seriam amiguinhos de infância...
- Então nesse caso diria que fico feliz por meus pais terem se separado antes que eu nascesse!
- Não acredito que você disso isso! – ela fechou a cara – Parece até que você tem ciúmes dele!
- Eu não tenho ciúmes dele! Não precisa se gabar... – falei rindo e ela desfez a cara feia – Caso não se lembre, eu tenho namorada...
- Ah sim, claro! – Gina me sacudiu – Por favor, mate minha curiosidade sobre essa garota da qual você nunca fala!
- Esquece, não vou lhe dar munição para me atazanar! – ri e ela fechou a cara outra vez
- Merlin, ela é feia, não é? Pra você se recusar a falar...
- Madeline não é feia, ela é linda
- É verdade, ela é bonita... – Miyako falou e Gina virou depressa para ela
- Então você a conhece?
- Sim, claro! – Mi se ajeitou na cama e ficou de frente para Gina – Ela era da mesma casa que eu. Era, porque já se formou. Ela é dois anos mais velha que ele!
- MIYAKO! – olhei para ela indignado – Gina só perguntou se você a conhecia!
- Dois anos?? – Gina me fuzilou com o olhar – E você me enrolando com o papo de que tinha que arrumar um namorado da minha idade! Parecia que o Harry tinha 25 anos! Mas então... – ela tornou a encarar Miyako – Ela se chama Madeline e tem 18 anos?
- É. Ou Maddie, como o Biel cham... POFT

Miyako não terminou a frase. No segundo seguinte estava com a cara colada no colchão. Ela levantou já com um travesseiro na mão e me encarou. Estava parado de pé, uma almofada na mão, rindo. Gina saltou da cama e puxou duas almofadas, girando-as nas mãos como duas pistolas.

- GUERRA!! – Miyako berrou saltando para cima de mim e acertando o travesseiro na minha cara

A imagem de Miyako voando na minha direção foi a ultima visão clara que tive. Tudo que era possível enxergar depois eram cabelos, borrões e almofadas voando em todas as direções. Começava a me cansar da correria quando um estampido ecoou no quarto e no instante seguinte o som de três almofadas atingindo o mesmo alvo pode ser ouvido.

- EU ME RENDO! EU ME RENDO! – a voz de George Weasley saiu do meio das almofadas que ainda o acertavam e recuamos. Ele olhou com ar de incredulidade para nós três, balançando a cabeça – Que coisa feia! Quantos anos vocês têm? Cinco? – ele tomou uma das almofadas da mão da Gina – Só tenho mais uma pergunta a fazer... Por que diabos não me esperaram??

Antes mesmo que pudéssemos rir George já tinha acertado a almofada em cheio no rosto da irmã e Gina estava caída no chão. Ela levantou furiosa e partiu pra cima dele, mas George enfeitiçou várias almofadas para que nos perseguissem, e nos ocupamos em rebatê-las para cima dele. A porta do quarto abriu com um estrondo e tudo que flutuava pelo quarto caiu. A Sra. Weasley estava parada no corredor.

- Que ótimo George! – ela falou zangada – Peço para você checar porque eles estavam gritando, e você se junta à bagunça?
- Desculpe mamãe, velhos hábitos nunca vão embora... – demos risada e ela nos olhou séria
- O jantar já vai ser servido, se puderem se lavar e se juntarem aos demais convidados, ficaria grata – disse e saiu
- Acabou a zona, pessoal... – George fez todo o quarto voltar ao normal com um aceno de sua varinha – Mamãe está irritada, melhor não contrariarmos!
- Vai aparecer para o jantar todas as noites, George? – Gina perguntou rindo
- É, o apartamento está meio vazio agora, sem o Fred – ele falou triste – Não gosto de fazer as refeições sozinho...

Ficamos todos calados por um tempo, sem saber o que dizer. A morte de Fred tinha afetado a todos que o conheciam e em especial a George. Ele balançou a cabeça e forçou um sorriso, nos encarando.

- Mas não vamos ficar com caras de velório. Comida fria é ainda mais triste! – ele riu e apontou para a porta

Saímos do quarto os quatro e minutos depois estávamos na cozinha, onde Harry, Hermione e Ron já nos esperavam para o jantar, junto com o Percy e o Sr. Weasley.

ººº

O jantar havia terminado e estávamos espalhados pela sala conversando. George e Percy já haviam voltado para casa, o primeiro nos convidou para visitá-los no dia seguinte, pois ele tinha alguns produtos novos para nos mostrar e saiu lembrando a Ron do horário que a loja abria. Parece que o novo sócio de George não gosta de levantar cedo nas férias. A Sra. Weasley passava pela sala apontando a varinha para todas as direções, arrumando onde não estávamos sentados.

- Gabriel, você é tão bonito, por que não corta esse cabelo? – ela falou quando passou perto de mim
- O que tem de errado com ele? – mexi nele e os outros riram
- É muito grande, está parecendo o Gui! – ela parecia irritada ao lembrar-se do cabelo do filho mais velho – Seu pai também tinha esse cabelo comprido quando o conheci e nunca gostei!
- Mas eu gosto do meu cabelo... – todos riram outra vez quando ela saiu inconformada
- Mamãe odeia cabelo comprido em garotos – Gina falou rindo – Mas o seu nem está tão grande assim, acho que ela receia que fique do tamanho que ela não suporta
- Trauma por causa do Gui, não ligue... – Ron falou abraçado a Hermione – Ela cortava os cabelos dele e ele fazia com que eles crescessem de novo assim que mamãe virava as costas
- Ah, mas o cabelo dele está de acordo com a rebeldia repentina que o assola! Largando a escola no meio do ano e indo para outra... – Miyako falou me encarando
- É, Gabriel gosta de fazer isso – Gina a apoiou – Nos abandonou no fim do 2º ano para ir falar fazendo biquinho...
- Pois é, e agora ME abandonou para estudar na Califórnia!
- Eu já disse que não abandonei você! – olhei revoltado para Miyako e depois para Gina – E nem você! Já expliquei milhões de vezes porque pedi para ser transferido pra Beauxbatons – tornei a encarar Miyako – E já falei que precisava ir pra Califórnia! Era uma oportunidade única, eles me convidaram para ser apanhador do time deles! Posso me formar com uma vaga garantida em um dos melhores times de lá!
- Como é que é? – Harry falou pela primeira vez diretamente comigo. A palavra ‘apanhador’ despertara sua curiosidade – Você joga na escola e tem vaga garantida em um time profissional?
- Não tenho vaga garantida, mas modéstia à parte fui escolhido o melhor apanhador da última temporada e só entrei para o time em Abril – as meninas riram – Em todos os jogos tem diversos olheiros, eles selecionam os melhores jogadores para se juntarem aos times profissionais assim que saímos da escola
- Por que não temos essas coisas em Hogwarts? – Ron falou indignado – Não acho que seria escolhido como o melhor goleiro, mas você poderia estar jogando pelos Chudley Cannons, Harry!
- Não Ron, VOCÊ poderia estar jogando pelos Chudley Cannons – Gina falou rindo – Harry é um excelente apanhador para fazer parte desse time horroroso! ‘Vamos fazer figa e esperar o melhor’ – ela falou com uma voz de criança – Não é esse o lema do seu time?
- E por acaso para que time você torce? – Ron falou azedo. Falar mal de seu time de coração era quase uma ofensa pessoal para ele
- Holyhead Harpies – Gina respondeu com orgulho
- Feminista... – Ron provocou
- Iludido! – ela rebateu com deboche
- Harry, controle sua namorada – Ron fuzilou Gina com o olhar e Harry riu – Então como são esses jogos? Como é lá onde você estuda? – ele ignorou as risadas de Gina e se virou para mim
- Nas escolas da América eles não tem casas, não é? – Hermione falou – Li que lá não existe essa divisão que tem aqui na Europa
- É verdade, lá não temos casas. E são muitas escolas, cada estado tem uma
- Mas se vocês não tem casa, jogam contra quem? – Ron tornou a falar
- Jogamos contra as outras escolas de magia da América. Como falei, cada estado tem uma, e cada uma delas tem seu time. Um time por escola, e viajamos o país inteiro para participar dos jogos
- Cara, que maneiro... – Harry também prestava atenção na conversa – Estudar para jogar quadribol. Você ganha uma bolsa só por causa dos jogos! Quer coisa melhor?
- Queria que vocês parassem de falar de quadribol, isso sim seria algo maravilhoso! – Hermione forçou um bocejo e Miyako e Gina riram – Mas como sei que não vão parar, vou dormir – beijou Ron e levantou
- Acho que vou aproveitar a deixa, ainda estou cansada – Miyako também levantou – Acordei muito cedo para chegar aqui!
- Bom, já que todas as meninas vão...

Gina também ficou de pé e se despediu da gente, subindo atrás delas. Ron começava a bocejar e como teria que levantar cedo, como bem lembrou George, decidiu dormir. Harry e eu acabamos por subir também. As meninas ficaram no quarto de Gina no 3º andar, e como estava dividindo o quarto com Ron, e naquela noite com Harry também, segui com eles até o ultimo quarto da casa, antes do sótão. O quarto quase cegava uma pessoa, pois era todo coberto com pôsteres laranja dos Chuddley Cannons. Cada um procurou seu colchão em silêncio e logo já estávamos enrolados nas cobertas. Mas ninguém dormiu.

- Ei Gabriel, já dormiu? – ouvi a voz do Harry não muito longe de mim – Em qual time quer jogar como profissional?
- Fitchburg Finches – respondi de imediato – É um dos únicos times deles que chegaram ao nível internacional!
- Mas os Sweetwater All-Stars não são melhores? – ouvi Ron se ajeitando na cama quando ela rangeu
- São, mas eles não tem o Maximus Brankovitch
- É, ele é um dos melhores apanhadores do século! Já jogou duas copas mundiais! – Harry falou empolgado
- Mas os Stonewall Stormers são considerados um dos times mais bem treinados que existem! – Ron falou
- Esse time é do Canadá, Ron... – Harry o corrigiu e rimos
- Ah é mesmo... – ele falou desanimado – Mas é ali do lado, não pode jogar lá também?
- Acho que sim – falei incerto – Contanto que não tenha que jogar pelos Moose Jaw Meteorites, tudo certo! – demos risada

Não sei dizer por quanto tempo a conversa sobre quadribol durou. Cinco minutos, trinta ou uma hora. Não tinha muito em comum com eles, e nem nunca fomos amigos. Talvez nunca cheguemos a ser. Mas enquanto conversava com eles ali, percebi que todas as desavenças que sempre tive com Harry talvez fosse mesmo pura implicância. Podia até ouvir Maddie falando... ‘Quadribol! Garotos só sabem falar disso?’ Ri ouvindo a voz dela reclamando. É, acho que no fundo, temos coisas em comum. E podemos sim conviver em paz, por que não?

Wednesday, August 08, 2007

*.* Memórias de Miyako Hakuna *.*

Haviam se passado duas semanas desde o enterro do tio Kyle. Eram as férias de verão mais tristes e desanimadas que eu estava tendo que enfrentar. Sergei andava pela casa calado, sério. Conversava pouco e passava a maior parte do tempo sentado na sala com um porta-retrato na mão, uma fotografia dele e de tio Kyle jovens, na Academia de Aurores.

Mamãe tentava várias vezes fazê-lo sorrir e se animar com alguma coisa, mas de uns dias para cá ela o deixava mais tempo sozinho, admitindo que não havia nada a fazer além de esperar que o tempo levantasse seu humor.

Eu passei a maior parte dos dias dentro do quarto dando uma faxina, fazendo trabalhos, lendo livros e assistindo partidas inteiras de quadribol nas páginas de “Quadribol através dos tempos”, mas estava começando a ficar irritada com o tédio.
Desci para tomar café e a primeira imagem que vi foi a cabeça de Ty flutuando na lareira, entre as chamas. Dei um grito e um salto, correndo até lá e me ajoelhando para falar com ele. Apesar de ainda ter os olhos tristes, ele me deu um sorriso satisfeito quando me aproximei.

MH: Como você está?
TM: Bem. Indo... E você?
MH: Sobrevivendo às férias. Já estou com saudades de Beauxbatons, aulas, deveres... Nada melhor do que a cabeça ocupada para parar de pensar em coisas ruins. – falei virando os olhos e depois sorrindo para ele, que me encarava sério. – Vai passar, Ty. Podemos embalsamar o rato de alguém esse ano!

Ele tentou sorrir, mas o máximo que conseguiu fazer foi cruzar os lábios. A expressão séria dele estava me preocupando.

MH: O que aconteceu?
TM: Eu vim aqui para te dizer que eu tomei uma decisão.
MH: Sobre a Rory? Você pensou melhor e vai perdoar ela? Tudo bem, eu...
TM: NÃO! – e os olhos dele esconderam a tristeza e mostraram uma raiva que raras vezes eu tinha visto. Ele então percebeu que estava gritando comigo e abaixou os olhos. – Não vou perdoar ela nunca. Desculpa por ter gritado.
MH: Não tem problema. Mas se não é sobre a Rory... É sobre o que?

Ele voltou a me olhar e respirou fundo antes de falar baixo.

TM: Euvousairdebeauxbatonseestudaremdurmstrangesseano.
MH: Se você falar tudo junto e para as chamas, não vou conseguir te ouvir! – disse irritada, por que estava muito perto da lareira e sentia meu rosto esquentar. Ele riu e novamente tomou ar, antes de dizer pausadamente e com clareza.
TM: Eu-vou-sair-de-Beauxbatons-e-estudar-em-Durmstrang-esse-ano.

Foi como se alguém tivesse dado um chute nas minhas costas e minha cabeça tivesse batido sem cerimônias no chão. Senti o sangue gelar, os músculos paralisarem, a boca tremer, as mãos tremerem. Fiquei olhando para o rosto de Ty como se ele tivesse acabado de surgir ali, vindo de outro planeta, e estivesse cheio de furúnculos na cara.

MH: Você vai... o que? – perguntei gaguejando.
TM: Vou estudar em Durmstrang, esse ano. Eu...
MH: Ah sim, vai mesmo. É claro que você vai. E eu não te contei a última? Eu vou agora mesmo me dar uma descarga para sentir a sensação! – soltei uma gargalhada tensa. Estava esperando Ty gargalhar também e dizer que nunca conseguia me pregar uma peça. Ou esperando Gabriel surgir pela porta rindo e gritando ‘1º DE ABRIL’, tra-lá-lá! Mas nenhuma das duas coisas aconteceu. Minha gargalhada ecoou pela sala, e morreu. Ty continuava a me observar com atenção, sério, e preocupado. – Você está falando sério?!
TM: Estou.

Me levantei de um salto, os punhos fechados, gelados e tremendo. Andei de um lado para o outro e permanecemos em silêncio. Na verdade, estava me controlando para não nocautear a cabeça de Ty pelas chamas.

Ele pareceu notar o clima tenso e começou a tentar se explicar.

TM: É só durante esse ano, Mi... Eu preciso.
MH: Precisa? É mesmo? Nossa! Posso saber do que você precisa, Tyrone? – meu tom de voz estava alterado e frio. Ele se assustou mas respondeu.
TM: Preciso de um tempo, longe de Beauxbatons. Longe da Rory. E há uma coisa que eu tenho de fazer em Durmstrang.
MH: Blá, blá, blá. BLÁ, BLÁ, BLÁ. – gritei com raiva parando de andar e encarando ele. – Você e suas fraquezas. Sair de Beauxbatons não vai mudar o fato de que seu pai morreu, e uma hora você vai ter que aceitar!!! Você está sendo um covarde, um idiota! Fugir da Rory como se ela fosse a dona da razão!
TM: Eu... não... estou... sendo... covarde! – ele disse cada uma das palavras como se também estivesse se segurando para não sair dali e me sacudir.
MH: Ah não, é claro que não está! Que burrice a minha! Como fui pensar isso de você??? – fiz um tom irônico. Meu rosto estava queimando.
TM: Será que eu posso me explicar? Meus motivos... Preciso do seu apoio.
MH: É CLARO QUE PRECISA! É SEMPRE ASSIM. VOCÊS TOMAM ESSAS DECISÕES EGOÍSTAS, E SÓ DEPOIS APARECEM, ORELHAS BAIXAS, RABOS ENTRE AS PERNAS, FALANDO MANSO, DIZENDO O QUANTO SOU IMPORTANTE, O QUANTO PRECISAM DE MIM E DO MEU APOIO!!! NÃO PENSAM EM MIM NEM UM MINUTO ANTES DE SE DECIDIREM! ISSO É AMIZADE PARA VOCÊ??? – berrei com ódio. Ty arregalou os olhos.
TM: Calma! Me deixa falar! Por favor... Eu pensei em você!
MH: Estou percebendo! Deve ter passado noites em claro pensando em mim, realmente! Imaginando como seria me deixar sozinha em Beauxbatons, me imaginando com dois espelhos de duas vias, como se isso fosse o suficiente. Como se eu fosse passar a mão na sua cabeça e te apoiar em troca de um outro espelho! O que você pensou Ty? Que eu ia te entender? Que ia sentir pena de você por que você perdeu seu pai há poucos dias? Eu nem conheci os meus, e se mamãe não tivesse me adotado, seria órfã até hoje. Então eu conheço vocês e sinto que minha vida está realmente completa! E vocês fazem o quê? Vão embora! Me deixam!
TM: Não estou te deixando, Miyako! Você está exagerando!!! Vamos nos falar todos os dias, e vou aparecer sempre que der! Eu prometo!
MH: Não é a mesma coisa, e você sabe muito bem disso. E se quer saber, não preciso de um amigo que não pensa em mim nunca. Boa sorte em Durmstrang.

Virei as costas e caminhei em direção à escada. Ty chamou meu nome depressa. Parei olhando as chamas, com raiva.

TM: Então é isso? Você não vai me ouvir, vai ficar com raiva, e ponto? Não pensei que você fosse assim. Quem está sendo egoísta dessa vez, é você Mi. Espero que você perceba o quanto eu gosto de você e preciso de você do meu lado, agora mais do que nunca. Mas se você acha que estou sendo falso, não vou mais te incomodar.

Sem dizer mais uma única palavra, ele dissolveu nas chamas. Subi pro meu quarto chorando, chutando a porta com raiva ao passar.

°°°

Alguém bateu na porta do quarto. Enxuguei as lágrimas depressa antes de ver o rosto de Sergei aparecer, um semi-sorriso no rosto.

SM: Posso entrar?

Acenei com a cabeça e ele entrou fechando a porta em seguida. Sentou na beira da cama e me estendeu um copo de água.

SM: Mais calma? Ouvi a discussão com o Ty, mais cedo. Para falar a verdade, duvido que alguém, em um raio de 15 km, não tenha escutado.

Me senti extremamente desconfortável. Mas ele apenas riu novamente, um ar paternal, e ficou me observando.

SM: Você começaria a brigar comigo, se eu tentar te explicar o porquê da decisão do Tyrone?
MH: Não precisa explicar, eu já entendi tudo.
SM: Não vejo como pode ter entendido, se não o deixou falar...
MH: Você também é? Vai defender ele por que é homem, ou por que é seu afilhado? – disse azeda. Sergei riu.
SM: Não estou defendendo ele, estou sendo realista. O Ty estava com medo da sua reação, e hoje eu percebi que ele te conhece muito bem. Ele está indo para Durmstrang, por que acha que deve isso ao pai.
MH: Não me lembro de tio Kyle pressionar ele para se mudar de colégio. Quem dirá para Durmstrang, onde 90% dos bruxos que se formam, se tatuam com a marca negra um dia depois! Ty está indo para fugir, da Rory, das lembranças dele. Isso sim. Está sendo fraco e egoísta!
SM: Não deixo de concordar com você. Metade do que disse é verdade. Kyle não pressionava ele, nunca disse nada. Mas agora, depois de morto, Ty descobriu que algumas vontades do pai nunca tinham vindo à tona. Ele acha que deve isso. Se sente culpado pelo o que aconteceu. E realmente ele também está procurando fugir da decepção que Beauxbatons trouxe a ele. Egoísta não sei, mas quem não fica fraco quando perde alguém que ama? E a sua atitude está deixando ele cada vez mais fraco. Por que ele precisa de vocês para sacudir e animar ele. Para demonstrarem que estão ao lado dele, o apoiando.

Fiquei calada. Não sabia o que dizer. A raiva que sentia pelo Ty ainda era muito grande e latejava. Mas agora sentia uma mescla de tristeza, de conformidade, de vergonha.

MH: Não vou poder apoiar ele, pelo menos por enquanto. Preciso de um tempo para tentar aceitar isso.
SM: Já é alguma coisa. – ele sorriu se levantando. – Não deixe que uma coisa boba dessas estrague a amizade de vocês, por que só vamos dar o verdadeiro valor aos amigos, quando não podemos mais fazer nada.

Me lançou um último olhar triste e saiu do quarto. Lágrimas recomeçaram a correr pelo meu rosto descontroladamente.

°°°

Mesmo depois de duas semanas, eu ainda não sabia como iria agir quando encontrasse Ty novamente. Quando ele me enviou aquela carta tentando me fazer entender, e eu havia respondido com um belo feitiço de murchar orelhas, eu ainda não tinha conseguido controlar a raiva que sentia.

Alguns momentos eu fico conformada, e me sinto uma idiota quando lembro de tudo. Pensara só em mim, e tinha o magoado. Mas em outros momentos, eu sinto raiva. Me sinto só, triste.

Terminei de arrumar as malas. Tinha aceitado o convite de Gabriel para ir passar uns dias com ele e Londres, mal percebendo que eu era a fraca da história, fugindo e adiando meus problemas...