Monday, January 30, 2006

Voltei pra ficar, daqui ninguém me tira

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette


- Moço, eu preciso de um desses aqui. Isso bóia né? Quer dizer, não afunda não né?
- Não, 100% seguro! Pode levar a garantia, qualquer defeito você volta aqui e eu troco.
- Mas e se furar no mar? De que adianta garantia?? Quer saber, passa também esse negocio aqui e mais aquele outro ali!

Apontei para um colete laranja e uma bóia de cintura com um patinho na frente enquanto falava. O vendedor as juntou com um enorme bote inflável amarelo que tinha achado na estante e paguei. Sai da loja com meu primo carregando de bolsa e voltei apressado para minha casa. Tinha recebido uma carta urgente de Samuel, soando bem desesperada, com um pedido de socorro para escapar de Durmstrang. Como lá só tem mar, ele pensou em escapar por ele e fiquei encarregado de lhe fornecer o bote. Corri ao meu quarto e catei duas corujas desocupadas da casa, as incumbindo de levar os equipamentos até ele.

Havia levantado cedo com o pedido de SOS, a coruja do meu amigo me acordou bicando minha orelha furiosamente. Infelizmente antes de sair atrás do socorro tive que passar pelo inquérito de Patrice Lafayette, que estava inconformada por meu pai ter me deixado retornar a Beauxbatons. Foram horas e horas de conversa, onde tive que prometer a ela que não me meteria em confusão e me manteria afastado do perigo, escrevendo para eles ao menor sinal dele. Ah sim, ouvi também mil recomendações e mamãe me lembrou todos os tópicos que os aurores estavam considerando alta prioridade, quase esfregando no meu nariz fotos dos comensais conhecidos que estavam à solta, para que eu não esquecesse mesmo suas fisionomias e os alertasse caso algum resolvesse assistir uma aulinha de Poções ou Feitiços.

Já passava das 12hs quando fui liberado da audiência disciplinar para comprar as tralhas de Samuel. Gastei mais um bocado de tempo rodando o comercio trouxa atrás de algo decente e tentando saber o que era o que, mas consegui fazer tudo. Michel ia me contando que também conversou com seu pai, mas que ainda não haviam chegado a um acordo. Tio Edmund estava começando a considerar a possibilidade de voltar para a França e relutava com a idéia de mandar meu primo estudar em Londres com o perigo rondando aquela escola. Michel chegou a sugerir ser transferido para Beauxbatons como ultimo recurso, mas não estava muito animado, queria continuar com seus amigos ingleses em Hogwarts. Passei rápido pelo colégio trouxa onde estudei por duas longas semanas para me despedir dos detentos. Eles estavam todos no pátio conversando, as aulas já haviam acabado. Os quatro me questionaram por ter faltado e expliquei que estava voltando ao meu antigo colégio ainda aquela semana, mas que apareceria nas férias e ligaria para eles. Shopia reclamou bastante, mas deixei o endereço para ela me escrever e consegui que parasse de resmungar.

Já era noite quando cheguei em casa. Meu malão estava parado ao lado da lareira, junto com a gaiola de Héstia. Tomei banho e me arrumei, voltando à sala para jantar. Foi tudo bem silencioso, a refeição mais tensa que já presenciei nessa casa. Mamãe só me olhava de lado quando achava que eu não estava vendo e murmurava algo com minha tia. Papai conversava com meu tio e meu avô, mas dessa vez não sussurrava tanto e tentava manter a aparência calma. Meu avô balançava a cabeça e ria, olhando pra mim e Michel sempre que eles deixavam transparecer que ainda não estavam confortáveis com as ultimas decisões.
Quando levantei da mesa, todos saltaram junto. Ate me assustei, mas ignorei e caminhei até minhas coisas.

- Preciso ir... O Sr. avisou Madame Maxime que estou voltando, não é pai?
- Avisei sim, já está tudo acertado. Lembre-se do que nos prometeu Ian.
- E por Merlin, fique longe de confusão meu filho! – mamãe me pediu quase implorando.
- Quando tiver novidades sobre onde terminarei meus estudos, escreverei!
- Escreva sim. E não descarte estudar lá, não é ruim como você pensa... Bom, já vou indo! Até Junho...

Entrei na lareira arrastando minhas coisas com dificuldade e vovô me ajudou. Ele me entregou uma caixinha prateada, mas pediu que só a abrisse quando chegasse lá e que não deixasse minha mãe perceber o presente. Assenti com a cabeça, guardando o que quer que fosse aquilo no bolso do casaco e apanhando um bocado de pó de flu. Dei uma ultima olhada na sala e meu avô sorria e piscava pra mim, quebrando as expressões serias dos demais...

- Salão Comunal da Sapientai Angeli, Academia de Magia Beauxbatons!

Engoli um tanto de poeira quando falei alto o endereço da escola e sentia meu corpo bater no malão e nas paredes enquanto eu abraçava a gaiola de Héstia para que minha coruja não saísse com hematomas da viagem pela lareira. Cai chapado no tapete do salão comunal da minha casa, já vazio àquela hora. Pouquíssimas pessoas ainda transitavam por lá, entre elas Bernard. Meu amigo olhou assustado para onde eu estava caído e esfregou os olhos pra ter certeza de que não era miragem antes de largar o livro e se jogar em cima de mim.

- Voltei pra ficar meu amigo, ninguém me tira mais daqui! – falei levantando do chão e sorrindo para Bernard, sacudindo a poeira das vestes.


Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa...

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N.A.: Trecho da música “Por Enquanto”, da Cássia Eller.

Desgraça pouca é bobagem...

Anotações de Ty McGregor

Estava tomando o café da manhã junto com Gabriel e Miyako quando uma enorme coruja castanho avermelhado pousa na minha frente. Gelei. Ela tinha um berrador no bico.
Olhei pros meus amigos meio sem saber o que fazer.... Quer dizer sei que a gente abre berrador o mais longe possível e torce pra quem mandou estar ruim da garganta, mas.... e o medo?
MS- Não vai ler não?
GS- Isto vai explodir na mesa....
Peguei o pergaminho e sai correndo do salão, mal dei dois passos a coisa se abriu, trazendo a voz de minha mãe ampliada não sei quantas vezes gritando:

"TYRONE JOHN MCGREGOR, NUNCA MAIS EM SUA VIDA OUSE GRITAR COMIGO, ESPECIALMENTE POR ASSUNTOS QUE VOCÊ NÃO CONHECE, SÓ NÃO VOU AÍ TE ARRANCAR AS ORELHAS PELA MÁ EDUCAÇÃO, PORQUE SEU PAI INSISTE EM FAZER ISTO PESSOALMENTE blá, blá, blá..."

Consegui arrastar aquilo e entrar num armário de vassouras no corredor. Não deve ter sido suficiente, pois quando saí algumas meninas passavam e davam risadinhas da minha cara.
Voltei para o salão, pois tinha que terminar o café e sentei ao lado de Miyako e Gabriel:
GS- Sabia que tia Alex ia responder à altura. - dando risadinhas.
MK- Nossa, ela e mamãe devem ter feito um curso de elevação de voz sem o Sonorus. Toma tem mais isto aqui pra você. - disse me estendendo mais pergaminhos onde reconheci a letra da mamãe, e do meu padrinho Sergei.
TM-Nossa, devem estar com saudades.... - disse sem graça e meus amigos tornaram a rir.
TM-Eu exagerei quando mandei o berrador pra mamãe não é? Ela ter namorado meu padrinho não tem tanta importância assim porque eles eram jovens... - e eles assentiam com a cabeça e logo estávamos os três rindo e indo pra aula de Mitologia.
Parei de rir quando entramos na sala e o professor, andava impaciente de um lado a outro:
PF-Bom dia a todos. Entrem e acomodem-se, estou fazendo umas investigações aqui. Meus vasos egípcios sumiram...
Eu olhei para Gabriel e Miyako e na nossa cara estava escrito: Ferrou. Nos sentamos nos últimos lugares bem longe do professor, e depois de vestirmos as túnicas gregas, ele continuou a falar sobre o Egito e o livro dos Mortos, que era uma coleção de feitiços, hinos e orações que pretendiam afiançar a passagem segura e curta do falecido ao outro mundo.
Nunca anotei tanta coisa em tão pouco tempo, pois eu precisava ficar com a cabeça abaixada, senão aquele professor metido, ia perceber que tinha coisa errada, mas isto não adiantou muito, pois ele começou a fazer perguntas e alguns alunos erguiam os braços normalmente, Gabriel entre eles, mas o cara cismou comigo:
PF-Senhor McGregor, o senhor sabe para que serviam os canopus não?
Olhei para o professor, e fiz força para minha voz sair normal:
TM-Sei sim senhor. São 4 vasos, quer dizer, eram 4 vasos.... - Gabriel arregalou os olhos para mim, Miyako com aquele frio todo começou a suar, e eu olhava para o professor, tentando não dizer nada que nos entregasse.
PF-Que bom que o senhor sabe contar, agora me diga para que eles serviam? - uma loirinha da casa da Miyako deu uma risadinha abafada.
Olhei para ela de ara fechada, e ela parou. Lembrei quem ela era, tinha tentado sair comigo, no passeio a Paris, mas eu disse que já tinha um compromisso, parece uma Barbie falsa... Ainda se fosse ruiva como aquela garota do sétimo ano... Comecei a divagar, e o professor me chamou de volta à realidade:
PF-Poderia me responder hoje senhor McGregor? A aula não dura a vida toda.... - nesta hora eu tive certeza: ele não ia com a minha cara e queria que eu errasse as respostas.
Respirei fundo e comecei a dizer para que servia cada vaso, e qual a sua aparência, para total assombro do professor.
Quando terminei ele foi obrigado a dizer:
PF-Bem... 5 pontos para a Sapientai... O senhor falou com muita propriedade do assunto... Como se já tivesse participado de alguma mumificação....
Antes de poder responder o sinal tocou, e fui rápido tirar aquelas vestes, elas estavam me sufocando.
GS-Acho que ele sabe....
TM-Sabe como? Eu fui cuidadoso...
MS-Não sabe não, se soubesse ele teria tirado pontos, mesmo com a resposta certa....
Caminhávamos pelo corredor quando avistamos Gerard, o zelador do castelo colando alguns cartazes. Nos aproximamos e ele disse:
- Bom dia crianças, por acaso alguém viu o gato de Madame Máxime?
MS- Ela tem um gato?
G-Tem, mas o gato está sumido, e ela esta desesperada atrás dele. Ela disse que ele estava adoentado. - como não sabíamos de nada, nos despedimos e saímos andando com a foto na mão.
Para nosso espanto, o gato da foto era o mesmo gato que havíamos mumificado: grande... Peludo... Brincando com uma bolinha colorida. Paramos em um corredor lateral e começamos a falar ao mesmo tempo:
-Ty você matou o gato da Maxime... - disse Gabriel desesperado.
-Não, matei. Ele tava mortinho eu juro...
-Minha mãe vai voar até aqui de vassoura, só pra me matar quando descobrir que o gato da Máxime foi mumificado...
Estávamos tão distraídos em nossa angústia, que não percebemos que alguém se aproximava e ouvia o que dizíamos, logo os gritos ficaram evidentes, e nem precisamos nos virar para ver de quem se tratava:
- Vocês mataram meu Napoleon! – disse madame Máxime nervosa.
GM- Não matei, eu juro. Ele já estava morto quando a gente mumificou ele.
Droga, eu e minha boca grande. Ai ela gritou mais ainda, quando vimos o corredor estava cheio de gente olhando, enquanto ela nos empurrava para o escritório dela.
Do desespero ela passou para a ira, e enquanto escrevia os pergaminhos para nossos pais, chamou o professor de Mitologia, chamou o zelador, e a coisa não melhorava à medida que eu fui contando tudo que aconteceu, sim... porque agora era contar tudo de uma vez e tentar sobreviver.
Quando chegou na parte sobre abrirmos o gato e pôr as coisas nos vasos o professor queria pular no meu pescoço. Ele tinha uma veiazinha saltando na testa, que eu reconheci como perigo, pois ele dizia: Isto só pode ter sido idéia sua, só você pensaria numa coisa destas....
Como se eu fosse uma peste. Atrevido!
Ele estava uma fera, disse que os vasos eram caríssimos, e ele ia cobrar dos meus pais.Madame Máxime após anotar as nossas detenções nos mandou terminar as aulas do dia, não sem antes eu explicar onde havia enterrado o gato dela.
Gabriel e Miyako olhavam tudo de olhos arregalados, pois cada vez que tentavam justificar alguma coisa, a bruxa os cortava.
TM-Madame ele estava morto, jogado na neve, fizemos tudo direitinho, ele passou pelo julgamento de Osíris com chave de ouro. - tentei remediar a situação, o professor não escondeu a surpresa por eu lembrar tão bem da aula, mas fazer o quê? A culpa foi do professor almofadinha que atraiu a minha atenção com estas coisas do Egito.
Só espero que as cartas que ainda tenho para ler, não tenham mais desgraças, como mais algum castigo imposto pelos meus pais.

Saturday, January 28, 2006

Uma novata na França

De Zandone, o diário secreto de Giordanna Emmeline Yanichewkys Bergamaschi

Se eu soubesse que Beauxbatons era uma escola tão... apaixonante, teria vindo pra cá mais cedo, diário. Claro que eu gostava de estudar na Sicília, afinal lá estava perto de casa, falando a minha própria língua e estudando Mitologia Romana ao vivo e a cores. Por falar nisso, o que me traz mais saudades da Itália e até mesmo um pouco de remorso são as aulas de Mitologia. Nunca pensei que diria isso, mas ninguém ensina Mitologia Romana como Maurizio Petronio, e está pra nascer o homem que transformará a sala de aula em um legítimo Coliseu como Demetrius Agamenon. Os franceses estudam mitologia grega e romana em um mesmo período de aulas, e o professor daqui me pareceu um tanto estranho. François Richelieu é o nome dele. Existe certa frieza em seu olhar, e Poseidon fica em estado de alerta toda vez que alguém pronuncia o nome daquele homem. Meu primo Romeo sempre disse que meu gato tem sétimo sentido, e estou começando a pensar que isso é verdade. Sinistro...

Io non so se mai si avvererà
uno di quei sogni che uno fa
come questo che
non riesco a togliere dal cuore
da quando c'è...


Mas a França não é nada ruim. Pelo contrário, as aulas aqui são ótimas, alguns professores são realmente fantásticos e a culinária francesa não deixa nadinha a desejar. A disciplina que mais me fascina aqui é Defesa Contra as Artes das Trevas. Apesar de não estar inclusa no currículo escolar da Itália, acredito que estou me saindo muito bem. Gostei muito do professor. Atencioso, exigente e dedicado, ofereceu-me algumas aulas particulares, para que eu pudesse atingir o nível esperado dos alunos do sexto ano o mais rápido possível. Sir Shaft Zambene, além de exímio mestre, tem se mostrado também uma excelente companhia. Antes que alguém pense besteira, não estou apaixonada pelo professor não. Apenas admiro-o. Aqui na França não é proibido admirar um professor, é?


Forse anche questo resterà
uno di quei sogni che uno fa
anche questo che
sto mettendo dentro a una canzone
ma già che c'è
intanto che c'è
continuerò
a sognare ancora un po'


Sinto muita falta de Lavínia e Michaella, é a primeira vez em treze anos que passamos mais de quarenta e oito horas separadas. E ainda vai demorar pra acabar o semestre eu poder voltar pra casa. Recebo e envio corujas diariamente, e é assim que eu continuo informada a respeito dos acontecimentos na Sicília e na Sardenha. No entanto, conheci pessoas muito simpáticas aqui, e acho que nos tornaremos amigas. Duas irmãs, Isabel e Anabel, que no dia em que cheguei à escola me confundiram uma amiga delas que morreu no ano passado, são ótimas! Apesar de serem o oposto uma da outra, gostei bastante das duas, de verdade.

Sarà sarà l'aurora
per me sarà così
come uscire fuori
come respirare un'aria nuova
sempre di più
e tu e tu amore
vedrai che presto tornerai
dove adesso non ci sei.


Fui muito bem recebida na minha casa, a Lux Angeli. É, aqui os alunos são divididos em quatro casas. Não é como na Academia de Magia Siciliana, onde os garotos ficam separados das garotas. As casas são mistas, o que faz com que as aulas também assim sejam. Divido o dormitório com uma garota indiana de 16 anos, chamada Rany Odara Lákshimy. É uma garota tímida, organizada e bastante estudiosa, a melhor aluna do nosso ano.

Rany tem me ajudado bastante, principalmente nos deveres de botânica. Merlin, ô mulherzinha mal-humorada essa que arranjaram pra dar aulas aqui... A criatura vive carrancuda, e seu esporte favorito é aplicar detenções. Levei uma no primeiro dia de aula, por levantar a mão e perguntar o que eu deveria fazer com os caules da Lavandula officinalis, da qual extraíamos o óleo das flores. Por duas noites, fiquei trancada em uma espécie de estufa, alimentando plantas carnívoras com lesmas e outros animais pegajosos. As plantinhas pareciam deliciadas com o, digamos... banquete. Lembrei de uma frase dita em um filme trouxa que assisti quando criança, na companhia de meus primos da Polônia. Viscoso, mas gostoso. É, tem gosto pra tudo mesmo...

Forse un giorno tutto cambierà
più sereno intorno si vedrà
voglio dire che
forse andranno a posto tante cose
ecco perchè
ecco perchè
continuerò
a sognare ancora un po'
uno dei sogni miei...


O campeonato de quadribol aqui em Beauxbatons também é diferente. Não existem times masculinos e femininos, mas sim uma equipe de cada casa. Participei de uma série de testes e fui aceita no time. Estou treinando como reserva, uma vez que normalmente os exames para novos jogadores acontecem em setembro, e então a equipe já estava completa. Pelo menos não vou precisar aposentar meu bastão até o início do próximo ano, e as aranhas terão que encontrar outro lugar para construir suas teias, bem longe do cabo da minha vassoura. Um dos batedores deve deixar a escola em junho, e então, se tudo der certo, eu passarei a jogar no time principal. Sou a única garota da equipe, o que me faz treinar dobrado, já que os garotos são bem maiores e mais fortes que eu. Por outro lado, sinto que, se por acaso algum dia me meter em confusão, terei sete colegas dispostos a me defender. Isso não é nada ruim...

Quello che c'è in fondo al
cuore non muore mai
se ci hai creduto una volta lo rifarai
se ci hai creduto davvero
come ci ho creduto io...


Ah sim, antes que eu esqueça: as paisagens francesas são lindas, a temperatura é agradável, e o rio Sena, que eu vejo todas as manhãs pela janela do meu dormitório, é apaixonante. Claro que não se compara às gôndolas de Veneza, mas é bom viver aqui. Os rapazes franceses são bonitos, sim, embora um tanto cheios de si. Ainda tenho muitas coisas a descobrir e muitas pessoas a conhecer, estou aqui há apenas uma semana. Não descobri nenhum inimigo imediato, e espero não ter tido uma impressão errada de nenhum daqueles que considerei amigos. Por via das dúvidas, é melhor manter os olhos bem abertos...

Sarà sarà l'aurora
per me sarà cosi
sarà sarà di più ancora
tutto il chiaro che farà...


Preciso ir, Rany está à minha espera, a aula de Legilimência está prestes a começar. E, segundo a minha amiga, o professor não é daqueles que costuma aceitar atrasos.

Sarà sarà l'aurora
per me sarà cosi
sarà sarà di più ancora
tutto il chiaro che farà...


Arrivederci!!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
N.A. A música citada chama-se L'Aurora, de Eros Ramazzotti.

Thursday, January 26, 2006

Conversando a gente se entende

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Ian, abra essa porta!
- Não enche o saco!

Um clarão iluminou meu quarto e a porta se abriu, fazendo o sofá voar pelos ares. Meu pai estava com a varinha em punho e com uma expressão furiosa na cara. Talvez só não estivesse pior que a minha, que fuzilava ele com os olhos enquanto atirava minhas roupas de qualquer jeito no malão aberto ao pé da cômoda. Meu tio entrou depois dele mandando que Michel saísse do quarto e nos deixasse a sós. Meu primo enfrentou certa resistência, mas meu tio saiu rebocando ele a força, batendo a porta ao passarem.

- Eu exijo respeito Ian! Independente do que aconteceu, ainda sou seu pai!
- Pra exigir respeito, tem que respeitar antes!
- Já chega, não vou permitir que fale assim comigo! Você já passou dos limites!
- Já disse que nada que você fale ou faça me fará mudar de idéia, estou indo embora amanha cedo e não me espere mais aqui assim que completar meus 17 anos!
- Já conversamos sobre isso, você não sairá dessa casa, não vou permitir que deixe sua mãe me atormentando por sua causa!
- Bom senhor Lafayette, sinto lhe informar que vou seguir com meu plano, mamãe goste ou não...
- Vai me deixar ao menos explicar o que aconteceu aqui?
- Acho que já ouvi o bastante na reunião.
- Você não entendeu o real motivo, talvez se não tivesse espionando pudesse compreender. Sente-se, por favor, precisamos conversar.

Olhei para meu pai por um tempo, mas acabei cedendo ao seu pedido e me sentei na cama. Ele começou então a me explicar tudo que estava acontecendo fora da escola nos últimos meses, me contou tudo que ele e os outros aurores têm feito, falou sobre as mortes que estavam acontecendo, dos planos da Ordem da Fênix, abriu o jogo comigo. Pela primeira vez meu pai não me tratou como o garotinho de 6 anos que costumava correr pros seus braços em busca de proteção ao menor sinal de perigo. Pela 1ª vez ele me tratou como seu filho de 16 anos, que deixou de ser criança há muito tempo e que ele finalmente parecia perceber e aceitar isso.

Ele parou de falar e me deixou perguntar o que quis, respondendo a tudo. Questionei sobre voltar à escola, sobre meu desejo de me formar, estudar para me tornar um medibruxo e sair de casa, mesmo contra a vontade de minha mãe. Ele me ouviu assim como o ouvi, mas ainda estava irredutível quando a me deixar voltar para Beauxbatons. Foi então que chegamos a um acordo, que beneficiaria ambos as lados...

- Está certo filho, entendo que para você significa mais que tudo retornar à escola, para seus amigos e sua vida. Mas você tem que entender que para mim o mais importante é a sua segurança e que não julgo lá o local que me deixaria tranqüilo quando a ela.
- Eu entendo pai, mas o senhor não pode me manter trancado aqui!
- Sim, então vamos fazer um trato... Eu deixo você voltar para Beauxbatons, com a seguinte condição: terá que aceitar o estágio no Ministério da Magia durante o verão, terá que trabalhar no departamento dos mistérios ao menos até se formar. Depois, prometo não interferir em qualquer que seja sua decisão.
- Mas pai, não quero ser um inominável! Quero ser como o vovô!
- Eu já entendi isso Ian, mas pense comigo: para sair de casa, você vai precisar de dinheiro. Como pretende consegui-lo sem trabalhar? Porque você já deixou claro inúmeras vezes que não irá aceitar nossa ajuda...

Sentei ereto na cama e parei para pensar. Meu pai tinha razão, precisaria de dinheiro para alugar um apartamento em Paris e esse estágio iria me ajudar... E também, imagina as coisas que posso descobrir lá? Esses inomináveis que trabalham no departamento dos mistérios sabem de todos os segredos do ministério! Meu pai estendeu a mão e como sinal de que aceitei sua proposta, estendi a minha também, apertando à dele.

- Agora termine de arrumar suas coisas, você voltará em dois dias. Não irá sair daqui amanha cedo, pois senão terei que agüentar sua mãe me culpando por qualquer coisa que aconteça a você.
- Ok... Nós dois conversaremos com ela amanha, certo? Mas e quanto ao fato de que vou me mudar assim que terminar meus estudos?
- Quanto a isso não se preocupe. Quando a hora chegar, eu me entendo com Patrice.

Papai abriu a porta e meus tios, Michel, vovô e mamãe estavam parados do lado de fora, todos aflitos. Vi minha mãe o seguir interrogando sobre o que conversamos e Michel e vovô entraram no quarto. Contei a eles sobre o trato e meu avô me apoiou, dizendo que o mais sábio a se fazer agora era obedecer meu pai e aceitar as condições dele sem criar confusão. Disse que o caos ia passar e que muito em breve eu seria dono do meu próprio nariz, podendo seguir o caminho que considerasse melhor, mas sempre, é claro, se lembrando de que ele estará sempre lá para me ajudar e aconselhar quando precisasse. Terminei de arrumar minhas coisas e fui dormir, pensando em como mamãe reagiria amanha ao saber que voltarei para a escola mesmo sabendo que ela está com medo...

Wednesday, January 25, 2006

Missão quase impossível

Da velha caderneta de Samuel Berbenott

Cai de joelhos em um macio tapete de pele de urso esticado defronte da lareira em um aposento escuro. Várias e várias estantes de livros com capas negras, castanhas e vinho, alguns objetos diferentes, arquivos, uma mesa e uma poltrona e alguns quadros. Levantei-me sacudindo as cinzas e me endireitei preparando pra sair da sala, sem notar um homem que saiu de um canto escuro do aposento e me encarava satisfeito! A julgar pela sua pose de autoridade, eu constatei que estava de frente com o meu novo diretor. Hagen Poliakov tinha cabelos aos ombros, lisos e castanhos, o rosto enrugado e uma expressão nada sorridente como costumava ser a de Madame Máxime. Seus olhos eram verdes escuros e ele trajava longas vestes totalmente negras, inclusive as peles de pantera sobre os ombros.

HP: Bem-vindo ao Instituto Durmstrang... Presumo que não conheça o castelo, e nem suas regras, então, se o senhor estiver a boa vontade de sentar-se pra conversarmos...

Ele apontou uma poltrona em frente a sua mesa e a contornou sentando-se em minha frente, empilhando alguns pergaminhos ao lado e começando a falar.

HP: As aulas ocorrem durante a parte da manhã e de tarde. Os alunos não devem estar nos jardins após as nove da noite. Não permitimos namoros dentro dos terrenos do castelo. As lareiras de Salões Comuns e outras salas só serão acesas se houver necessidade extrema em função de ensinamentos ou demais urgências. Não se pode criar animais dentro do castelo, por isso sua fênix já foi mandada ao poleiro nos terrenos de trás. A biblioteca fica aberta durante todo o dia até as nove da noite... Mantenha suas coisas organizadas no dormitório e uma boa relação com os demais estudantes e professores. São quatro casas: Draccon, Sammaine, Seathain, e Lughnash, mas pelo que me conta no seu histórico, você fica na Sammaine. Por enquanto é só! Alguma dúvida?
SB: Tenho uma dúvida sim... Será que eu tenho permissão para chorar de desespero?

Ele me olhou indiferente e como se eu não tivesse dito nada, chamou um homem curvado que passava no corredor, o nome era Ivan, e lhe pediu que me acompanhasse até os dormitórios. O castelo era bem menor que o de Beauxbatons, e apesar de se estar fazendo sol lá fora, eu tremia de frio. Fiquei imaginando aterrorizado o frio do inverno deles, quando me deparei com uma porta de carvalho escura. Ivan me apontou ela e se retirou. Entrei no dormitório, que estava vazio àquela hora. Havia um beliche em um canto, duas mesas de cabeceiras ao seu lado, e no outro canto, uma cama de colunas, onde reconheci meu malão e o restante das minhas coisas. Em cima da cama estavam esticados lenços, cachecóis, luvas e distintivos da casa, e duas peles de animais. Realmente eles não queriam me deixar desprevenido no inverno... Fiquei sentado com meus pensamentos encarando a janela. Fazia um ensolarado e frio sábado matutino, e nos jardins eu via muitos pontos vermelhos caminhando.

SB: Ok... Vamos pensar... Eu preciso arrumar um jeito de sair desse hospício! Lareiras e flú? Não, impossível! Nenhum professor me daria autorização para acender a lareira com a justificativa de uma fuga... Quem sabe então uma chave de portal? Se eu fosse fazer uma, provavelmente terminaria na Sibéria! Aparatar eu não sei, e me transformar em um leopardo não adiantaria de nada, por que não seria muito comum avistarem um andando por aí... Pense Samuel... Água! È isso! Vou fugir por esse rio... Ele provavelmente vai dar em um mar, uma cidade, e eu pego um trem de volta à Paris! Ta, vai fugir pelo rio... Como Samuel? Droga... Assuma, você está ferrado! Quem sabe uma jangada? Uma bóia de braço? Um bote? É isso! Um bote trouxa daqueles que a gente vê em filmes! Ian! Ian vai ter que me ajudar e me mandar um desses...

Armei um plano, e mandei uma carta apressada pra Ian. Ele precisava me ajudar a sair daquele manicômio, ou eu ficava doido rapidinho... Não, eu não estava ficando doido! Meu plano tinha 99% de chance de dar errado e eu ser descoberto, pego em flagrante, mas eu iria agarrar e investir tudo no 1% de chance de dar certo... Era só uma questão de esperar!

Uma luz no fim do túnel

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Por aqui, sei que tem uma passagem em algum lugar...
- Acho que isso não é uma boa idéia. Se nos pegam estaremos bem encrencados!
- Achei! Não podemos ser ouvidos, portanto me siga de boca fechada Michel!

Removi um velho quadro no porão da minha casa e um pequeno e sujo buraco se revelou. Era um antigo túnel que havia descoberto quando criança e que atravessava toda a casa pelo alto. Costumava brincar ali, me escondendo de minha mãe quando aprontava e não queria apanhar, mas há anos que não o usava, já tendo até esquecido sua localização. Entrei engatinhando e Michel veio atrás de mim. Nunca tinha reparado o quanto ele era apertado, talvez por não ter mais entrado nele depois que cresci.

Enquanto rastejava pelo túnel forçava a memória para me lembrar o caminho do escritório do meu pai, que recordava vagamente ficar na ala sul da casa. Ouvi meu primo reclamar algumas vezes de estar se sujando ou ter ouvido barulho me alertando para a possibilidade de ser um rato, mas o ignorava e continuava, dizendo que não tinha rato nenhum ali. Ouvimos som de conversa vindo de algum cômodo abaixo de nós e paramos. Era a voz do meu tio Edmund, pai de Michel. Ele tinha um tom sério e falava alto. Estávamos sobre o escritório de meu pai.

- Por Merlin Jacques! Não está vendo que a situação está beirando ao caos?
- Não gosto de seu tom de voz Edmund, não sou um de seus subordinados!
- Cavalheiros, por favor, vamos manter a calma. Não estamos aqui para piorarmos as coisas iniciando um novo conflito. – disse um bruxo baixinho e careca, se pondo de pé entre meu tio e o outro homem que parecia ofendido.
- Henri tem razão, esse não foi o motivo de nossa reunião aqui. – meu pai agora estava de pé também e caminhava de um lado para o outro.
- Pois então diga o seu grande plano Gérard, porque estamos sem idéias.

O bruxo chamado Jacques tinha um ar de tédio, como se estivesse ali à força. Meu pai começou a dissertar sobre manter todos longe do perigo que os comensais da morte representavam. Dizia que os ataques estavam cada vez mais freqüentes e que nem as escolas podiam ser consideradas um local seguro. Papai passou mais de meia hora explicando o que tinha em mente, mas eu não conseguia entender aonde aquilo ia dar. Quando ele parecia ter terminado, meu tio se levantou.

- É por isso que não queremos mais as crianças na escola. Marcel também concorda conosco que o ambiente mais seguro para eles é em casa, onde podemos estar sempre de olho.
- Exatamente! – disse o tal Marcel levantando também. – Foi por isso que consegui estágios no Ministério da Magia francês para nossos filhos. Lá poderemos observá-los de perto e mantê-los a salvo de você-sabe-quem e seus seguidores.
- O filho de Edmund não retornará a Hogwarts e eu já tirei o meu de Beauxbatons. Expliquei a diretora o que realmente aconteceu e ela entendeu, apesar de não concordar. Mas não é a vida do filho dela que estava em risco. Ian irá trabalhar no departamento dos mistérios, é o lugar mais perto que posso vigiá-lo sem que ele desconfie de algo, já que ele se recusa a seguir a carreira de auror.
- Michel ficará no departamento de esportes e o filho de Marcel no departamento de transportes mágicos. – meu tio falou
- Preciso saber se estão de acordo para que eu distribua os cargos. As crianças podem terminar seus estudos depois que conseguirmos conter os que nos ameaçam. – disse o tal Marcel

Olhei para Michel apavorado. Ele tinha a cara colada no buraco no chão e olhava para os bruxos sem piscar. Traidores! Então foi por isso que fui arrancado da escola? Porque papai está com medo e acha que corro perigo? Aquele mentiroso! Me fazendo pensar que foi por causa de minhas brincadeiras! Mas isso não vai ficar assim, não vou passar o resto da minha vida trancado naquele buraco do Ministério enquanto eles brincam de caçar bruxo das trevas! Michel levantou do chão e começou a engatinhar dizendo que queria sair dali antes que começasse a gritar. Ele passou por cima de mim e quando ia virar, pisou em uma madeira velha. Senti o chão sumir e meu corpo bater no de Michel enquanto despencávamos.
Caímos em cima da mesa de reuniões, espalhando os pergaminhos onde eles assinavam nossos nomes para a forca. Papai saltou da cadeira e correu até nós assustado, nos virando para ver se não havíamos quebrado nenhum osso. Sai da mesa revoltado, sem olhar na cara dele. Michel também levantou e lançava um olhar de desgosto para seu pai.

- Há quanto tempo vocês estão nos ouvindo? – meu tio perguntou alarmado.
- Tempo suficiente... Que vergonha... – Michel falava enquanto balançava a cabeça
- Estavam nos espionando? Não tinham autorização de participar dessa reunião, quando você vai crescer e obedecer minhas ordens Ian?
- Não me venha com sermão papai, o senhor não tem mais moral comigo, seu mentiroso!
- Precisamos conversar, mas aqui não é o lugar para isso!
- Não temos que conversar nada. Estou fazendo minhas malas, volto para Beauxbatons amanha cedo!

Sai da sala arrastando Michel comigo e ouvi meu pai declarando o fim da reunião antes de sair com meu tio atrás de nós dois. Entrei no quarto depressa e tranquei a porta, arrastando o sofá para bloqueá-la. Não queria ouvir suas argumentações e justificativas para as insanidades que ouvi, ia voltar para minha casa amanha e nada que ele fizesse iria me impedir disso!

Tuesday, January 24, 2006

Acerto de contas....

Em algum lugar nos subúrbios de Paris....

Estava terminando meu relatório sobre o ataque de comensais no acampamento de Beauxbatons no lago Moliets, quando um quadro na parede fez ham, ham...
Estranhei... Usávamos este quadro apenas em situações de emergência. Olhei para ele e ele disse pomposamente:
- Madame Kinoshita solicita uma audiência via lareira em caráter de urgência.
Levantei a varinha, tranquei a porta e disse:
- Estou à disposição.
Sentei-me em frente à lareira quando alguns estalos começaram e logo o rosto de Yulli apareceu.
- Yulli, querida há quanto tempo. Como vai você? – disse sorrindo.
- Estou péssima sua traidora.
Fiquei chocada.
- Como assim? O que aconteceu?
- Aconteceu que você contou para minha filha sobre o meu passado. Como você pôde fazer isto comigo? Eu confiava em você.
Após o susto inicial respirei aliviada.
-Ah, isto. Nossa pensei que tivesse acontecido alguma coisa séria.
-Isto é sério, Alexandra. Minha filha nunca soube deste... Passado negro e enterrado. Como vou ficar agora? Você acabou com minha reputação perante meu bebê...
Olhava para Yulli e juro que se ela estivesse na minha frente em carne e osso, teria lhe dado uns tapas para tirá-la da crise.
-Pára de histeria Yulli. Não falei nada de mais. Eles estavam curiosos em saber o porquê do Sergei demorar 15 minutos para aparecer atrás deles. E veja bem... Eu apenas disse que vocês tiveram um namorico no passado. Então sua filha disse que isso acontecer com você era impossível. Que você era uma santa, aí eu tive que rir né?
-Rir? Deveria ter concordado e falado que era uma coisa sem importância e que eu nem ligava pra isso.
-Yulli... ela é sua filha, você não deveria criar uma imagem falsa para ela, achando que com isso a protege. E o Sergei estava feliz demais quando chegou em casa, foi só somar dois e dois.
-Estava é? (olhos brilhando). - Quer dizer.... É meu dever proteger a minha filha, ela é muito jovem pra namorar, e quem ouve você falando, pensa que você foi muito santinha, mas eu perguntei para a Miyako se você tinha contado para eles que também caiu na rede do Sergei.
-Você o quê?
-Viu? Como é bom quando contam nossos segredos? - com um olhar vingativo.
-Yulli, eu não contei segredo nenhum, pois você nunca me disse que era segredo o que fizemos em Hogwarts. Se eu soubesse disso não teria falado nada....
Nesta hora uma coruja bate no vidro da janela, e pelo jeito é alguma coisa urgente. Corro até lá, abro e ela deixa um berrador em cima da mesa e sai voando, por onde entrou.
Mal dá tempo de abrir a mensagem:
"MÃE COMO VOCÊ PODE TER NAMORADO O MEU PADRINHO? ONDE O MUNDO VAI PARAR? APOSTO QUE MEU PAI NÃO SABE DE NADA. SINTO-ME TRAÍDO POR VOCÊ. NÃO SEI SE POSSO PERDOAR", após os gritos do meu filho ecoarem pela minha sala, o pergaminho se desfez.
- Tá satisfeita agora? – perguntei para uma Yulli de olhos arregalados.
- Satisfeitíssima. Agora estamos do mesmo lado amiga.
- Não estamos não, Yulli. Você ainda não respondeu porque criou esta falsa imagem para sua filha? Não vê que com isso a afasta de você? Ela tem que saber que pode contar com você pra tudo e que você não está num pedestal inatingível. Afinal se ela não puder contar com você, vai contar com quem?
Pareceu-me que Yulli tomou um balde de água fria, pois ficou sem uma resposta imediata, ai aproveitei para acrescentar:
-E para sua informação, o Sergei é um homem, bom, honesto e honrado. Não merece ser tratado como "algo sem importância do seu passado", e se você vai tratá-lo assim, diga logo isso para ele, para que possamos juntar os cacos depois.
- Oras, eu sempre deixei claro que não queria nada de sério com ninguém! Ele está criando falsas esperanças, não sou eu que vou dizer isso pra ele né?
-Ok, Yulli, você venceu. - disse cansada.
-Como assim venci?
-Você está conseguindo matar aquela menina linda, rebelde, amorosa, e amiga de todas as horas que estudou comigo. Acho que isso vai te fazer muito feliz não? Só espero que esta "nova" Yulli, não termine sozinha com os milhares de galeões que está acumulando na carreira. Posso garantir que o ouro, não é um bom amigo na hora da solidão. Ele não sabe jogar xadrez ou apreciar uma boa xícara de chá.
- E o que você quer que eu faça Alex? Alguma sugestão? Porque eu tenho uma carta de 30 folhas que parece um roteiro de novela mexicana da minha filha para responder, e ela me exige ótimos argumentos!
-Seus argumentos são você mostrar quem é. Nada de mentiras, falso moralismo ou hipocrisia. Não se muda o passado, apenas se aprende com ele, e você não tem nada que se envergonhar do seu. Se você aceitar isso em você mesma, talvez passe a aceitar que sua filha esta se tornando uma mulher e vai precisar de você inteira, sem máscaras. Ela está crescendo e isso passa muito rápido Yulli.
Ela ficou pensando por alguns momentos e finalmente disse:
- Ele está mais bonito hoje do que antes. - tinha um leve rubor nas faces e logo começamos a rir da situação.
Acho que finalmente Yulli está de volta, pois ficamos trocando confidências e só paramos, quando Kyle veio preocupado ao meu escritório ver, porque minha lareira estava interditada.
E quanto a você Tyrone John McGregor, vamos ter uma pequena conversa quando nos encontrarmos.

Saturday, January 21, 2006

Apenas uma carta para minha mãe...

Do diário de Miyako Kinoshita

Querida Mamãe... Como está? Ah, não se preocupe, eu estou bem, e isso aqui não é nem um tipo de notificação de que destruí o colégio, ou que estarei cumprindo um mês de detenção ok? Apenas quero trocar uma palavrinha com a senhora...
Hoje recebemos uma visita. Você a conhece muito bem... Tia Alex, mãe do Ty. Conversa vai, conversa vem, até que ela me revelou que a senhora, sim, você mesma, tinha tido um caso com o Sergei, padrinho do Ty...
Eu preciso te dizer qual foi a minha reação, se não um grande queixo caído, dois olhos bem arregalados e uma total incredulidade? Disse que simplesmente não podia ser você... Você que sempre se orgulhou de falar que era monitora, e que tinha que dar um ótimo exemplo. Nunca me contou absolutamente nada sobre nenhum homem que tenha passado na sua atordoada vida! Foi difícil acreditar que era de você mesmo que ela estava falando, mas como poderia se enganar se estudaram juntas sete anos?
Francamente mamãe... Eu nem sei o que te dizer! Acho que se a carapuça de uma grande culpa não te servir aí, eu me rendo com direito à bandeirinha branca. Todos os seus discursos de: Mi, você é tão nova pra esquentar a cabeça com garotos... Você ainda está na idade de colecionar figurinhas de sapos de chocolate e brincar com pequenas vassouras... Tão nova pra se apaixonar! Minha filha, ainda tem tanto tempo pela frente, porque essa conversa de se eu a deixo namorar?
Ah, meu longo discurso já acabou... Não tenho mais reclamações e nem drama o suficiente para terminar essa carta! Exijo da senhora uma boa explicação, porque preciso entender o motivo de você ter se passado por uma personalidade que de longe é sua... Acho que somos mais parecidas do você jamais imaginou! Mande beijos ao tio Yuri, e Yoshi... E claro, à tia Yhara, se essa aparecer por aí ainda este semestre!
Sinceramente, Mi.


Você deve estar se perguntando o porquê de tantas pedras na mão sendo jogadas na minha mãe. Oras, no dia que você ouvir o seu longo discurso de que nunca gostou de ver jovem bebendo, que a idade ideal para começarem a namorar é 18 anos, e que era quase uma Madre Teresa de Calcutá misturada com um Freud, você vai entender a minha indignação. Sabe quando você simplesmente tem que se esconder da sua mãe, porque crê que se disser que tomou uma cerveja amanteigada com os amigos em um frio dia do inverno, ela te condena eternamente? Eu! E ter que namorar escondido? Camuflar as cartas de namorados durante as férias e pedir que só mandem corujas durante a noite... EU!
Descobrir que minha mãe era uma adolescente com comportamentos normais da idade dela, e que se divertia muito foi um choque e ao mesmo tempo uma satisfação. Sim, fiquei feliz em saber que éramos parecidas... Que ela não era uma exceção para uma importante regra social: Os jovens devem se divertir! Quando Hilla voltou com a resposta de mamãe, me trouxe um caderno vermelho, com o nome dela gravado em prata na capa. Parecia mais um livro... Muito grosso e totalmente preenchido pela caligrafia dela.

Mi, eu não queria que você pensasse que tenho medo do meu passado... Como a Alex deve ter dito, aqueles foram uns bons tempos! Eu só preferi omitir, ou melhor, esquecer de lhe contar certas coisas, para que você não se baseasse no meu exemplo. Errei mesmo, mas agora, estou te mandando o meu diário dos sete anos que fiquei em Hogwarts, para que você saiba tudo que me aconteceu... Mas quanto a Alex, por um acaso ela contou ao Ty que também foi peixe da rede do padrinho dele? Alex dedo-duro, hunf, teremos uma conversinha, ela pode esperar!

Fiquei até com medo do que a tia Alex vai ter que escutar da mamãe, mas o Ty saberia disso? Vou contar pra ele só pra confirmar! Ah, e como eu sempre falo: Quem tem boca, vai a Roma. Agora que fiz um básico drama, tenho o velho diário da mamãe em mãos e não vou precisar mais das informações de ninguém sobre o seu obscuro e verdadeiro passado...

Mudando apenas de ares...

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

- Chegamos, desce!
- Tem certeza que é o dia todo?
- FORA!

Pulei do carro depressa batendo a porta e meu pai arrancou, deixando só a poeira do cano de descarga. Estava parado em frente a minha nova escola às 9hs da manha de um sábado para cumprir detenção. Mais uma novidade dos trouxas: eles não cumprem tarefas depois da aula, mas passam o sábado no colégio sem fazer nada! Respirei fundo e subi as escadas escola adentro. Os corredores estavam desertos e só de caminhar fazia eco. Mais quatro pessoas se juntaram a mim ainda no corredor e seguimos calados até a biblioteca, como fomos orientados a fazer na advertência que levamos para casa.

O diretor já estava lá, sorrindo idiotamente, e mandou que nos acomodássemos nas mesas dispostas ali. Em seguida, comunicou que era proibido falar, levantar ou qualquer outra coisa. Nossa única tarefa era ficar sentado lá por 8 horas e escrever uma redação sobre quem somos e porque estamos ali. Maravilha! Tudo que eu precisava era passar um sábado com um bando de panacas escrevendo...

Ele saiu da sala deixando a porta aberta e dizendo que estaria no escritório ao lado e ao menor sinal de barulho ia voltar. Dei uma boa olhada nos meus companheiros de detenção e como ninguém deu sinal de que ia levantar, fui ate a porta e quebrei a dobradiça da porta com um canivete, a fazendo fechar e impossibilitada de ficar aberta sem algo muito pesado escorando-a. Os outros quatro me olhara alarmados, com medo do diretor distribuir mais detenção, mas não me importei. Sentei sobre a mesa e comecei a perguntar os nomes. Eram os tipos mais esquisitos possíveis, o ultimo grupo na face da terra com quem queria ser visto andando: tinha um metido que era do time de atletismo da escola, Dante Chatenay. Patético, se achava o máximo com aquela jaqueta azul. Tinha uma menina meio cavernosa que murmurou o nome e entendi ser Shopia Henderson. O CDF da escola, que claramente apanhava todos os dias e ia levar uns cascudos aqui hoje dependendo de como transcorrer essa detenção, Patrick Lanquar. E a patricinha do colégio, fazia parte do grupo das poderosas, Stéphane Planche.

O grupo não era muito de bater papo, mas o nerd, talvez por não ter oportunidade de conversar com o predador com essa facilidade toda, tentava manter a animação. Aos poucos o resto foi se soltando, mas não tínhamos absolutamente nada em comum e os assuntos terminavam em discussão. O diretor entrava de tempos em tempos para checar se estávamos sentados e toda vez reclamava da porta, já tendo desistido de mantê-la aberta. Comecei então a instigá-los a falar, usando a provocação como arma. E funcionou. O atletinha se sentiu ofendido quando disse, e fui apoiado pelo CDF, que ele não corria tão bem assim e parecia mais uma gazela. A princesinha ficou indignada também quando insinuei que ela se fazia de poderosa, mas duvidava que ela tivesse tido um namorado na vida. A esquisita soltou uma gargalhada tão alta que deixou a outra mais irritada ainda e o Dante veio pra cima de mim, querendo confusão. Juro que se pudesse e papai não tivesse confiscado minha varinha, tinha transformado ele na tal gazeta que falei mais cedo!

Os ânimos se alteraram um pouco mais quando Patrick resolveu soltar o verbo e reclamar que os mais fracos são injustiçados nessa escola, fazendo a carapuça do atleta e a minha por tabela servirem. Sophia levantou inesperadamente da cadeira e se trancou em uma das salas da biblioteca, embasando o vidro da porta com uma quantidade absurda de fumaça. Pensando que ela tacara fogo nos livros, corremos ate lá arrombando a porta. Mas para alivio de uns e indignação de outros, ela estava apenas fumando. Sophia nos ofereceu, mas percebi que eles se entreolharam e recusaram receosos. Das duas uma: ou realmente não gostavam ou queriam manter a pose e não se entregar fácil assim. Sai empurrando os três e aceitei um, me sentando ao lado dela no chão. Engasguei na 1ª tragada, mas não desisti apesar de ter achado o gosto péssimo. Ouvindo os risos escandalosos na sala, os três recatados voltaram e acabaram cedendo e se juntando a nós dois.

Devo confessar que só meio alterados esse grupo se entende. Aproveitei a deixa e perguntei o porquê de estarem ali, mas ninguém me deu bola. Resolvei então dar o pontapé inicial e falar de mim. Contei que estava em detenção por ter disparado o alarme de incêndio dois dias antes, na esperança de todos correrem e as aulas acabarem horas mais cedo. Todos riram, mas ninguém falou nada. Instiguei mais um pouco e o nerd confessou ter disparado um sinalizador dentro de sala, pois queria intimidar um dos valentões da escola. Dante estava lá por ter grudado uma toalha cheia de cola na bunda de um magricelo, que por acaso era amigo do Patrick. Devo dizer que essa foi realmente boa, preciso me lembrar de fazer isso com alguém ou vou morrer! Stéphane disse ter matado aula para fazer compras, um motivo tão fútil quando ela. Já Sophia tinha brigado com uma das poderosas e fez um belo de um estrago no cabelo da garota, o permanente foi pro espaço!

A tarde passou depressa enquanto estávamos naquele canto conversando. Sabia muito bem que segunda-feira iríamos nos esbarrar pelo corredor e nos cumprimentarmos apenas com um “Oi” ou “Bom dia”, como se nunca tivéssemos nos visto na vida, mas não me importava. Não formávamos mesmo um grupo normal. Talvez com Sophia eu falasse depois dessa detenção, ela parecia ser a melhor dos quatro. Quem sabe até com o Patrick, pois conhecendo ele melhor, não era má pessoa. E não posso julgar ninguém por ser CDF, se eu mesmo sou um! Posso não ser um aqui, onde não faço a menor idéia do que esta sendo ensinado, mas era um belo de um nerd em Beauxbatons...

O diretor Lévy entrou na biblioteca outra vez às 17hs nos liberando, mas não sem antes recolher as redações. Bom, não escrevi exatamente uma redação... Espero que ele tenha espírito esportivo! Michel já estava parado do lado de fora me esperando quando saí e trazia nossos skates. Agradeci a Merlin por papai estar trabalhando naquele sábado, não agüentaria fazer a viagem de volta com ele no meu ouvido dizendo que sou irresponsável e imaturo. Pelo visto meu primo não tinha previsão de quando voltaria à Hogwarts e me avisou que papai não foi me buscar porque estava tendo uma reunião ultra misteriosa em minha casa, com vários aurores daqui e de outras partes do mundo. Aceleramos o passo, arquitetando um jeito de participar dessa reunião sem sermos vistos. Era agora que iríamos descobrir o que tanto escondem da gente...

((Continua))


Friday, January 20, 2006

Acertando as contas com o Sr. Ministro, vulgo, papai.

Da velha caderneta de Samuel Stardust


IS: Sente-se Samuel...
SB: Pai, o senhor tem que me ouvir. Eu tenho o direito de me explicar!
IS: Ah é? Pensei que eu era o Ministro da Magia que conhecia todos os direitos e deveres... Mas tudo bem, explique-se!

Droga... Porque as palavras não saem da minha boca quando eu mais preciso delas? Porque sempre que meu pai me encara com aquele olhar de dono da razão e da questão, todos os meus argumentos se evaporam? Fiquei parado encarando ele atônito. Queria realmente acreditar que estava tendo um péssimo pesadelo. Encarei as janelas altas atrás da poltrona onde meu pai me olhava com a mesma expressão vencedora, tentando buscar algo que pudesse me ajudar, me defender.

IS: O que foi? Estou esperando que apresente as suas explicações...
SB: Foi só uma brincadeira pai!
IS: Foi só uma brincadeira? Ah, mas você anda com brincadeiras tão irresponsáveis e inconseqüentes Samuel. Não sei aonde você e seus amigos iriam parar com tantas “brincadeiras”.
SB: Olha, a gente não fez nada por mal certo? Você não conhece a professora Milenna, porque se conhecesse iria querer, você mesmo, acender o fogo pra que se queimasse!
IS: Samuel, você fala isso como se não tivesse nenhuma noção da sua irresponsabilidade. Queimar uma professora? Além disso, colocar em risco a vida de dezenas de pessoas quando por um acidente e um duelo infantil botaram fogo em todo o acampamento?
SB: Pai...
IS: Não há argumentos não é mesmo? Você admite que errou então? Samuel, primeiro recebo um berrador com uma voz aguda que berrou em plena mesa de reuniões com muitos dos Ministros da Magia de todo o mundo, dizendo que o meu filho estava por trás de um incêndio no acampamento escolar, e depois uma notificação para comparecer até o castelo, porque meu filho resolveu brincar de índio e queimar uma professora viva? O que você acha que as pessoas estão pensando? Que eu não sei educar meu filho e que não sei colocar limites! E a brincadeira dos Comensais que me gerou muitos problemas... Ah, você nunca poderá entender não é mesmo?
SB: Desculpa... Eu não queria te prejudicar pai... Eram apenas brincadeiras! A gente não ia matar a professora ok? Era só um susto!
IS: Agora não me adiantam de nada as suas desculpas... Você estará partindo amanhã pra Durmstrang... Hagen Poliakov aceitou a sua matrícula e você terá o fim de semana inteiro para se acostumar com o lugar. A sua lista de materiais já foi providenciada e está no seu quarto e...
SB: Tem mais alguma coisa ainda? Você está me mandando para dentro de um cubo de gelo, sem pedir minhas opiniões, e o que mais que quer?
IS: Deixe a sua Firebolt, e todos os livros de quadribol, seu conjunto de quadribol e todas as outras coisas relacionadas ao esporte comigo antes de partir. Nada de quadribol na Durmstrang... Você terminará esse ano lá, e prestará os NOM’s. No sexto ano começará um estagio no Ministério e quando se formar, trabalhará lá definitivamente.
SB: Pai, eu não vou trabalhar no ministério e eu não vou deixar de jogar quadribol. Você pode até tentar me impedir, mas se você quer saber, eu quero ser jogador da seleção francesa, orgulhe-se você ou não, também não me importo agora. Se já terminou eu vou subir ok? Estou cansado, e como você mesmo disse, amanhã estou de partida. Mais uma pergunta: Samara veio passar o final de semana aqui com você ou está com mamãe?
IS: Não lhe perguntei nada Samuel. Deixe sua vassoura aqui! Samara está no quarto dela, e sim, você está liberado...

Acho que soltava fumaças pelas orelhas quando subi as escadas. Eu estava com ódio do meu pai, queria gritar, brigar, fazê-lo entender que não sou etiquetado e comportado como ele, que não quero e nem pretendo seguir carreira no Ministério da Magia. Subi até o quarto de Samara, e ela estava sentada na cama desenhando. Quando me viu, correu e me deu um longo abraço, pulando em meu pescoço.

Samara: Samuel! Porque você não veio nas férias? Estava com saudades de você!
SB: Eu também estava... Queria contrabandeá-la pra Beauxbatons comigo maninha! Aliás, Durmstrang...
Samara: Ah, eu ouvi papai dizendo que você seria transferido pra lá... Eu sinto muito! Papai estava fulo quando recebeu sua notificação...

O dia amanheceu e quando terminei de tomar o café da manhã, minhas malas e a Mariel, já estavam ao pé da lareira. Entreguei minha vassoura e todos os outros artigos de quadribol pra ele e contrariado peguei o pó de flú gritando claramente: INSTITUTO DURMSTRANG!


(continua...)

Tuesday, January 17, 2006

Sem argumentos, sem explicações...

Da velha caderneta de Samuel Stardust


IS: Ah, eu agradeço imensuravelmente Olímpia, mas a situação atingiu níveis irrecuperáveis, e às vezes, precisamos tomar decisões que por mais que pareçam dolorosas para nossos filhos inicialmente, são para pensar em seus futuros! Sinto que a estadia do Samuel chegou ao fim nessa agradável escola.

OM: Bom, uma vez tomada a sua decisão, não há mais nada em que eu possa fazer. Fique tranqüilo... Samuel não nos prejudicou em nada! Passaremos uma borracha em cima dos últimos acontecimentos, e será sempre bem-vindo a retornar se assim quiser. Pedirei ao Gérard, para que te acompanhe até o dormitório do jovem Stardust. Foi um prazer em vê-lo Sr. Ministro.

IS: Igualmente professora! Com licença...

**************************************

GT: Por aqui senhor... Seu filho está em aulas agora, mas se você assim prefere, pode esperá-lo aqui no dormitório. Direi que ele suba ao seu encontro assim que terminar o jantar.

IS: Não é preciso que lhe diga nada Gérard. Esperarei por aqui quanto tempo for preciso, não se preocupe... Obrigado!

A sineta tocou e um tumulto percorreu por todos os corredores do castelo. Os alunos agitados com o fim de mais uma semana de aulas e animados fazendo programas para o fim de semana, saíram em direção ao grande salão para jantar. Uma péssima e desconfortável sensação me percorria da garganta ao estômago, subindo e descendo continuamente. Desde que voltara do acampamento, uma grande goles havia se entalado na minha goela e não queria descer...

Sabia, é claro, que papai havia recebido o berrador, e que soubera que andei cumprindo detenções durante toda essa semana, mas o que estava me deixando tenso, era a falta de notícias dele. Não sabia o que ele poderia estar pensando em fazer, mas desde que o pai de Ian o saiu carregando lareira afora, eu não duvido de nada que ele possa estar pensando.

Sai para jantar com Patrick, e me sentei à mesa da Nox próximo de Dominique. Durante o jantar, porém, Gérard se encostou onde eu estava e me avisou que meu pai me esperava no dormitório. A minha vontade foi de sumir, pegar o pó de flú na mochila e sair para onde me desse na telha, mas sabia que uma fuga repentina só tardaria o que estava por vir. Como fiquei totalmente sem apetite, e a goles na minha goela começando a inflar, decidi ir logo ouvir o que ele tinha pra me dizer e tentar em vãs palavras encontrar argumentos justificativos. Pedi que Patrick se demorasse mais para subir ao dormitório e me despedi com desejos de boa sorte.

Quando entrei ao dormitório, papai estava sentado na cama encarando as janelas.


SS: Pai?

IS: Já terminou o jantar Samuel?

SS: Bom, na verdade estava sem apetite... O que o senhor faz aqui?

IS: “O que o senhor faz aqui?”... Interessante que me pergunte isso. Gostaria que você pudesse me responder por que tive que voltar aqui Samuel.

SS: Na verdade eu sei o que veio fazer aqui. Olha pai, antes que comece o seu longo sermão, eu gostaria de argumentar...

IS: Argumentar? Não há nada para argumentar... E descobri que sermões não adiantam com você! Já tomei uma decisão. Só vim até o dormitório para que você preparasse suas malas... Estamos de partida hoje mesmo!

SS: Partida? Pra onde?

IS: Você está matriculado na Durmstrang... Já conversei com Madame Máxime e sua mãe já foi avisada. Começará seus estudos lá depois de amanhã. Agora, ande depressa... Em casa conversaremos direito.


Com uma onda gélida me percorrendo, e um total desespero de perplexidade, encarei meu pai incrédulo. Queria que ele estivesse fazendo uma brincadeira sem graça, que aquilo fosse um pesadelo, mas ele parecia imóvel e decidido, e com um simples aceno de varinha, reuniu todas as minhas coisas, me apontando a saída. Encontrei Dominique e Patrick conversando no Salão Comunal. Não dava pra acreditar no que estava acontecendo. Relatei rapidamente para eles e me vi obrigado a entrar nas verdes chamas da lareira. A viagem pra casa nunca me foi tão desagradável, e agora, eu consigo entender realmente, cada uma das sensações que Ian me descreveu na sua carta.

O perigo não acabou.....

Do diário de Morgan O’Hara

Cenário: um casal abraçado, olhando pela janela o dia nascer em um chateaux às margens do Sena.

-Vou sonhar com nossos dias aqui....
-Sei... Vai é se distrair com os dragõezinhos que estão pra nascer...
-Amor... Promete que...
-Vou me cuidar, não vou fazer nenhuma besteira.E se descobrir que algum professor é comensal, prometo que vou correndo contar para Madame Máxime.
-Ok, fale a última frase com os dedos descruzados.
Risos.... Olhares cúmplices....
-Tô falando sério.... Ele ia...
-Ssshhhii, já acabou. Estou bem.
-Odeio deixar você sozinha de novo... Droga... Está perigoso demais... Venha....
Palavras interrompidas subitamente....
-Não posso. Vamos seguir em frente apenas com mais cautela ok?

Passamos a noite conversando sobre tudo o que tem acontecido, pude saber um pouco mais sobre os acontecimentos em Londres; Dumbledore incumbiu a todos de missões secretas em várias partes do país, está procurando alguma coisa importante e parece urgente. A Ordem perdeu um membro e o Ministério havia perdido Amélia Bonnes.
Prometi tudo que podia para que Carlinhos voltasse ás missões menos preocupado, e assim menos suscetível de cometer erros. Ele já se culpava por não haver impedido o comensal no acampamento. Acho que consegui convencê-lo que o mais importante foi ele e o Schakelbolt terem chegado a tempo. Sua expressão estava menos ansiosa quando me deixou no escritório de Madame Máxime e ela garantiu que ficaria de olho em mim.

Estava em meu dormitório conversando com Marienne, e separando meus livros para as aulas, quando um elfo veio me avisar que deveria ir ao escritório de Madame Máxime, com urgência.
Logo me apresentei e ela não estava sozinha. Havia um casal junto com ela, que logo me foi apresentado:
OM-Senhorita O’Hara, estes são o senhor Kyle McGregor, Auror que está investigando o fato ocorrido no acampamento, e a senhora Alexandra McGregor, que trabalha no depto de mistérios.
Até achei que fossem irmãos por causa do sobrenome igual, mas as grossas alianças iguais, em suas mãos esquerdas, informou que eram casados.
O homem era bem alto, forte, feições severas, atitude bem profissional, mas as pequenas rugas ao redor dos olhos mostravam que gostava de rir. A mulher era jovem ainda, da mesma altura que eu, com fartos cabelos negros, e uma voz que me transmitiu tranqüilidade enquanto apertávamos as mãos.
Eu me sentia presa ao olhar dela. Ela deve ser legilimente, pois senti uma certa vertigem, depois que nossos olhares se desprenderam.
KM-Sentímos muito em conhecê-la em situação tão desagradável senhorita, mas gostaríamos que nos contasse tudo o puder se lembrar, para que possa nos ajudar a descobrir quem é o comensal que a atacou.
A mulher deve ter percebido um certo receio de minha parte e disse:
AM- Madame Máxime, estará presente, e você poderá parar o seu relato quando quiser, ok? Não tenha medo.
Assenti com a cabeça e comecei a contar tudo o que havia acontecido, e vez ou outra o homem tomava notas em um pequeno bloco. A mulher apenas escutava com atenção e parecia até mesmo distraída algumas vezes. Passado algum tempo, enquanto dava uma pausa em meu relato e Madame Máxime, um pouco afastada, conversava com o homem sobre a possibilidade de haver alguns aurores na escola, a mulher vira para mim e diz:
-Está melhor? - e eu soube que ela havia entrado em minha mente.
-A senhora não deveria ter avisado antes? - disse um pouco irritada.
-Eu precisava saber você não estava sob a maldição Império. E se estivesse com alguma lembrança modificada, eu acessaria a memória real. Desculpe.
Olhei um pouco chateada para a mulher, mas ela me olhou do jeito que minha mãe me olhava e disse sincera:
-Nestes tempos, infelizmente somos obrigados a dispor de recursos extremos para manter a segurança. Se tivéssemos tido alguma informação antecipada sobre este ataque teríamos agido antes. Tenha certeza que tenho interesse pessoal em evitar que os membros desta escola corram perigo. Sem ressentimentos? – disse estendendo-me a mão.
-Sem ressentimentos. - apesar de tudo gostei dela.
Logo Madame Maxime e o senhor McGregor voltaram a falar conosco e a mulher pediu a palavra:
-Kyle, se você não precisar mais de mim, gostaria de dar uma olhada no Ty. - e olhou para Madame Máxime que balançou a cabeça afirmativamente.
-Claro, pode ir, depois eu falarei com ele. - e vi o olhar carinhoso que trocaram.
Ela sorriu em despedida e retirou-se. A partir daí respondi mais algumas perguntas e depois dispensada. Pela hora do almoço, saindo do salão esbarrei em alguém e acabei derrubando meu material.
-Opa, desculpe. - e o garoto se baixou para pegar o que havia caído.
-Tudo bem foi um acidente. -Respondi, olhando para o garoto; e ele tinha feições familiares para mim enquanto sorria meio encabulado, devolvendo meu livro, pois os amigos estavam zombando de sua distração.
-Ty, parece que está dormindo...- perguntou uma bonita oriental.
-Está no mundo da lua é?
- Ah, o mundo da Lua é seu Gabriel.
Respondeu para um garoto ruivo de óculos, enquanto se afastavam brincando uns com os outros e subitamente eu soube de onde eu conhecia aqueles olhos e sorrisos: este era o Ty.
Agora entendo porque o casal McGregor assumiu estas investigações. O filho deles poderia ter sido uma das vítimas...

Sunday, January 15, 2006

Aprendendo a sobreviver no Egito antigo

Das lembranças de Gabriel Graham Storm

- Anúbis... O Deus-chacal, o patrono dos embalsamadores, dos curadores e dos cirurgiões! Tanto em cerimônias de cura quanto em mumificasses, Anubis era a deidade patrona que preparava o morto e curava o vivo. Anubis é considerado o grande Deus-necropolitano e...

O sinal tocou indicando o fim da aula e fechei meu livro. Ainda vestia os trajes da aula, uma roupa que os egípcios usavam há muitos anos atrás. O professor parecia fazer questão de que seus alunos trajassem essas vestes incomuns, segundo ele dava um clima melhor à aula. Miyako ainda estava parada encarando o professor, absorvendo o que ele havia dito, e Ty arrancava impaciente o monte de pano, se embolando neles mais ainda sempre que tentava tirar de uma vez.

MS: Muito interessante essa aula de hoje, não é meninos?
TM: Demais... O que é deidade afinal de contas? – Ty perguntou confuso.
GS: É a divindade mitológica, a deusa. Faz sentido agora?
TM: Aaaah, agora sim. Por isso que é bom ter um amigo nerd!
MS: O garoto-enciclopédia!

Ty deu três tapinhas nas minhas costas e riu. É crime agora ler dicionário? Não vejo mal algum em consultar ele quando não entendo as palavras citadas nos livros...
Seguimos até o grande salão para jantarmos e Ty tinha um ar suspeito estampado na cara. Ele veio mudo e caminho todo e assim permaneceu durante o jantar. Tudo bem que ele não é de falar muito no meio das refeições, pois atrapalha a mastigação, mas não estava gostando do sorrisinho besta dele. Tentando não transparecer minha curiosidade, fitei meu prato e parei de olhar para ele. Miyako terminou de comer e se espremeu ao meu lado, soltando a pergunta que temia.

MS: O que está tramando Ty?
TM: Estive pensando...
GS: Ah ótimo, é assim que começam as piores idéias sabiam?
MS: Calado Gabriel, deixa-o falar!
TM: Tem gente demais aqui, me encontrem naquela sala vazia do 5º andar às 18hs e eu explico.

Ty se levantou e desapareceu pelos corredores. Fiquei olhando intrigado para Miyako e apesar de dizer que não iria aparecer na tal sala às 18hs coisa alguma, ela sabia que cinco minutos antes eu já estaria lá, me roendo de curiosidade. E não deu outra. Faltavam cinco minutos para as 18hs quando esbarrei com Mi na porta da sala, enrolada em vários casacos para se proteger do frio e procurando Ty, mas não havia sinal dele. A porta da sala abriu logo depois, revelando o cabeção dele na fresta.

TM: Não vão entrar?
GS: O que você esta aprontando? E que cheiro é esse?
MS: Ty seu porco, nos chamou aqui pra isso?
GS: O que é... Onde você conseguiu isso???

Em cima da mesa estava espalhado todo o material citado pelo professor François para o processo de mumificação. Os quatro vasos, chamados de vasos canopos, estavam enfileirados ao lado de ataduras e para meu total horror, facas. Ty foi ate o fundo da sala e voltou com um gato nos braços. O gatinho não se mexia, parecia morto. Ele o depositou sobre a mesa e Miyako o cutucou com a varinha para se certificar de que ele não acordaria. Após constatar que ele estava totalmente apagado, ela nos encarou.
MS: Então...
TM: Exatamente! Podemos por em pratica o que aprendemos hoje!
GS: Vocês enlouqueceram? Ty, de quem é esse gato? O como você conseguiu esses vasos?
TM: Relaxa lobão, respira. Os vasos são do professor François, eu peguei emprestado. O gato, bom...
GS: Por favor, diz que esse gato ta morto e que você não é o responsável pela morte dele!
TY: Não o matei não, achei no jardim. Acho que ele morreu de velhice ou sei lá o que, mas o fato é que salvei a vida dele. Graças a nós, ele terá uma vida após a morte digna!
MS: Eu topo. Pobre bichano...
GS: Não contem comigo, nem pensar. Não vou abrir o gato!
MS: Abrir o gato? Como assim? – Mi arregalou os olhos e olhava de mim para Ty assustada.
GS: Abri-lo sim, não prestou atenção na aula? Eles tiram as vísceras dos que estão sendo mumificados e depositam nesses jarros aí.

Miyako fez menção de vomitar, mas Ty a acalmou dizendo que ela não precisaria fazer essa parte, bastava enrolar o gato vazio nas ataduras. Em compensação, eu teria que ajudar nisso, pois segundo Ty eu era o garoto-natureza que adorava qualquer tipo de bicho e não tinha nojo de nada. Ainda relutei por um tempo, mas sempre caia na deles, eles me venciam no cansaço.

Não estava acreditando que estava participando desse ato horroroso, mas pensando por outro lado, era uma pratica comum no Egito antigo. Mi estava olhando de longe e tampando o nariz e a boca com a capa enquanto abríamos o gato. O fedor era horrível, impregnou nas nossas roupas e se espalhou pela sala, mas já tínhamos começado, não dava pra costurar o gato de novo.

GS: Traz o Imset até aqui, Mi.
MS: Quem?
GS: O vaso com a cabeça humana...
MS: Fala nossa língua, facilita pra todo mundo...
GS: Abre o livro na pagina que explicam eles, assim você não fica perdida. Nesse vaso aí é onde se deposita o fígado.
MS: Blergh! Vou voltar lá pra trás, ok?
TY: Gostei nos nomes científicos! Deixa experimentar... – Ty abriu o livro dele com o queixo e leu rapidamente os nomes – Hum, me traz o... ahn, como é que se fala isso? Duamutef! É isso Gabriel?
GS: Sim, nesse fica o estomago, e não são nomes científicos, são os nomes deles mesmo.
MS: Sim, já achei, é o que tem a cabeça de um chacal!

Mi largou os dois vasos na mesa e correu de volta para o fundo da sala, enterrando a cabeça no livro. Ty começou a cutucar o gato furiosamente e a puxar com força algum órgão dele. Imediatamente pus as mãos na frente impedindo, antes que ele dilacerasse o gato. Ele estava com dificuldades de tirar o pulmão dele e resolveu partir pra agressão. Conseguimos retirar os demais órgãos e deixamos o gato estirado na mesa, como se tivesse saído de uma autopsia. Mi veio caminhando com os dois últimos vasos na mão e lia em voz alta o livro.

MS: No Hapi, vaso sagrado com a cabeça de um babuíno, deve ser depositado os pulmões da múmia. Já no Kebehsenuef... Ai que nominho hein? Ta certo isso Gabriel?
GS: Ta sim, continua. – falei rindo.
MS: Ok. No Kebehsenuef, 4º e ultimo vaso sagrado, aquele com a cabeça de um falcão, devem ser depositados os intestinos da múmia.
TM: Vamos finalizar isso então? Mi faz as honras!
MS: Merlin, o gatinho ta murcho...
GS: O que você queria? Tiramos quase tudo!

Ty entregou as ataduras para Mi e ela começou a enrolá-lo. O gato vazio parecia um pano na mão dela, quase dobrando quando ela o levantava. Depois de conseguiu enrolar todo o gato, sem falhas, ela o deitou na mesa. Ficamos os três olhando do gato pros vasos, ate que resolvi falar.

GS: E agora? O que fazemos?
TM: A enciclopédia é você, o que se faz depois de mumificar o morto?
GS: Bom, tem uma cerimônia para colocar ele no sarcófago, mas acho que não dá pra fazer isso aqui.
MS: Vamos enterrá-lo nos jardins então?
TM: Parece razoável... Vamos!

Limpamos a sujeira na sala e seguimos para os jardins carregando o gato e os vasos dentro dos casacos. Muitos alunos ainda transitavam por lá, então não estaríamos encrencados por andar pelos corredores. Chegamos a um local que parecia apropriado, afastado do lago e Ty começou a cavar. Informei-os de que era preciso lacrar o sarcófago improvisado e Ty fez um carimbo de lama, batendo ele na fechadura do baú que serviu de tumulo.

GS: Os egípcios não viam a morte como um fim, mas como um início de uma nova existência. Para a viagem ao além, cercavam-se de tudo o que tinham usado em vida. Móveis, alimentos e jóias eram colocados nos túmulos junto ao corpo mumificado... – falei distraído, recordando um trecho do livro.
TM: Ah? Como é o negocio aí lobão?
MS: Temos que fazer oferendas ao gato?
GS: Não oferendas, ele não é um orixá. Mas normalmente eles levam coisas que usavam em vida para o outro lado.
TM: Ah entendi! Alguém tem um novelo de lã ai?
GS: Acho que essa bolinha serve... – falei tirando uma bola de tênis do bolso e colocando no buraco.
MS: Bom, eu tenho um biscoito aqui. Não é de gato, mas acho que ele comeria assim mesmo, é gostoso!

Jogamos as coisas na cova e Ty enterrou definitivamente o gato, junto com os vasos. Não sei o que diremos ao professor François quando ele der por falta dos vasos sagrados dele. Acho que eram replicas, os originais devem estar no Louvre ou outro museu importante, mas ainda acho que ele iria querer guardá-los. Talvez não fosse uma boa idéia contar a ele onde os vasos estão... Deixamos os jardins bem satisfeitos, como se tivéssemos feito diferença em alguma coisa. Duvido muito que isso caia nos exames práticos de mitologia, mas até que foi divertido ser egípcio por uma noite.

Friday, January 13, 2006

Incensos, cristais... e muita meditação

do subconsciente de Amaralina Bourbon du Montserrat

"...e uma vez tenhas experimentado voar, andarás sobre a terra com os teus olhos postos no céu, porque lá estiveste e aí almejas retornar." (Leonardo Da Vinci)

Pela primeira vez na vida, respirei aliviada ao me despedir de meu pai e meus irmãos em Paris e voltar a Beauxbatons. Nunca pensei que me sentiria mais tranqüila aqui, trancafiada no dormitório que divido com a Isa, do que em casa.

Coração sincero
Aura cristalina
Alma de menina
Aprendendo
O que é amar


Procurei passar mais tempo com Ellyat, e meu irmão me ensinou a obter energia através dos cristais. É incrível a capacidade que Ellyat tem de perceber a melancolia no astral das pessoas. Eu não lhe disse uma única palavra e, embora ele não fizesse pergunta alguma, era como se lesse minha mente e soubesse das coisas absurdas que aconteciam dentro de mim. Ele sabe o poder que uma palavra tem de transmitir uma luz especial. Com a proteção de Santa Sara, a ajuda da força das Almas Ciganas e a benção de Abraim, tudo haveria de acabar bem.

Teus sonhos espalham
Flores pelo mundo
Nem por um segundo
Pare de sonhar


Compramos dezenas deles em uma loja mística de Paris, e eu realmente senti as energias ao redor do meu plano astral melhorando. Além dos cristais de quartzo branco, havia também cristais coloridos, tais como ametista, citrino, quartzo rosa e quartzo fumado. Além deles, aprendi a utilizar muitas das chamadas pedras de poder, como a turmalina, lápis-lazúli, esmeralda, rubi, diamante, turquesa, âmbar, pedra-da-lua, obsidiana preta, malaquita e hematita.

Siga o sentimento
Sua intuição
Ouve a voz que canta
No seu coração


Descobri que cada um apresenta características próprias relacionados com o comprimento da luz que emitem, e as funções variam de acordo com o tamanho e a intensidade da coloração da pedra. Segundo Ellyat, esses raios absorvidos pelo corpo, desbloqueiam e alinham os chakras, que são sete centros de energia, no corpo astral, que todos nós possuímos. As técnicas de meditação do meu "curso intensivo" envolvem concentração nestes centros de energia.

Os chakras estão localizados ao longo de um conduto de energia, que não é físico, chamado sushumna. No corpo astral, ele corresponde à coluna vertebral do corpo físico, começando na base da espinha e terminando no terceiro olho, que fica um pouco acima e entre as sobrancelhas. Sete chakras primários se encontram em diferentes pontos ao longo do sushumna. A Kundalini, também chamada energia bruta, está localizada na base da coluna, no primeiro chacra. Descobri o centro da força fisica e da vontade, do equilíbrio e da felicidade. Durante a meditação, a energia Kundalini é puxada do primeiro chakra pelo shushumna até o terceiro olho, que é o centro da sabedoria e da visão psíquica.

Que qualquer pergunta
Vai ter a resposta
Que você vai ver
Tudo que antes
Ninguém via


Aprendi a energizá-los, utilizando o poder das mãos (a mão direita envia energia para os cristais, e a mão esquerda recebe-as). Assim, por um ritual bastante simples, posso transmitir para eles as cargas negativas que rondam minha aura, e fazê-los absorver a energia do sol, da lua, da terra, da água e do fogo, e conduzir a propagação no ambiente, para que meu corpo físico as absorva.

Fiquei maravilhada com o poder dos cristais. Enfim, não era impossível controlar o coração e atingir o equilíbrio. Pouco a pouco, meu corpo astral foi se restabelecendo. Por mais que eu me esforçasse, porém, é difícil aprender a conviver com Johann sentindo o coração com vontade de sair pela boca e sem ficar com as bochechas vermelhas. Ele me fez prometer que voltaria da escola mais tranqüila e que iríamos dançar de novo. Tive vontade de pular no pescoço dele e abraçá-lo com todas as minhas forças, e foi por um triz que não pus tudo a perder, me condenado para sempre, caso não teria conseguido controlar estes instintos. Acabei concordando com ele.

Meus exercícios de meditação melhoraram muito depois que aprendi a usar os cristais, e foi por isso que eu os trouxe comigo para a escola, além de algumas caixinhas de incenso, e uma imagem de Santa Sara, a santa cigana, que ganhei de Kalinka minutos antes de deixar o acampamento.

Que qualquer pergunta
Vai ter a resposta
Que você vai ver
Tudo que antes
Ninguém via


Quando paramos às margens do rio Sena, em frente ao castelo, deixei o barco e corri para o dormitório. Encontrei Isa abraçada aos cabides do nosso armário. Nunca imaginei que uma mala pudesse fazer tanta falta. Comecei a espalhar meus cristais pelo quarto, conforme Ellyat havia indicado. Quando olhei pra minha amiga, ela me encarava, enigmática.

AM: Ahn... Isa, você se importa?
IM: Claro que não! Você não se incomoda quando eu encho o dormitório de sacolas...
AM: Isa, eu adoro as suas sacolas!
IM: Pra que essas pedras servem? Decoração?
AM: Não!! Ellyat me ensinou a utilizar a energia delas durante as férias. É maravilhoso!
IM: Hum, entendi... Nosso dormitório vai ser quase um santuário... quando a pessoa entra aqui, sente seus pensamentos vagando e o corpo leve com vontade de dançar...
AM: É, em uma linguagem simples, é por aí.
IM: Lina...
AM: Que foi?
IM: Visualiza a cara da Bel num dormitório assim, cheio de cristais espalhados.
AM: Ela se benze, dá meia volta e vai dormir com os cavalos alados....
IM: Ou vai até o escritório de Madame Maxime contar que transformamos o dormitório em terreiro de macumba com bonequinhos de vudu feitos de cristal...
AM: Isa, você não imagina como senti falta do seu senso de humor durante as férias...
IM: É, eu recebi a sua coruja. O que aconteceu, afinal?

Contei a ela a minha fabulosa descoberta da noite de Natal. Acho que finalmente a minha amiga vai começar a acreditar nas previsões ciganas... O tarot cigano jamais se engana. Pus as cartas pra ela depois do jantar. Sempre é bom saber o que o destino nos reserva... Então, fui olhar o céu. Procurei sinais do meu protetor, ´que a mim se manifesta no cruzamento oblíquo de Vênus e Saturno, e não foi difícil encontrá-lo. Meu anjo estava lá. É o grande sábio, curandeiro, sensível e de extrema sensualidade.

Luz e esperança
Brilhando de dia
Tão iluminada
Como a estrela - guia


É, nem tudo está perdido. Poderia ser pior, meu anjo poderia esconder-se de mim. Aí sim eu estaria em maus lençóis. Não consigo esquecer o sorriso de Johann antes de dormir. Quem sabe, se Abraim me ajudar, até junho eu consiga encontrar um outro amor. E tirar essas maluquices da minha cabeça.


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N.A.: Música Cristal, de Itamara Koorax

Como sobreviver aos trouxas – Lição I

Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette

Cai rolando no tapete embolado com a minha mochila e levantei de um salto ao me deparar com um par de pés parado na minha frente. Minha mãe estava em pé no meio da sala a minha espera, com um olhar severo e as mãos na cintura. Meu avô se encontrava sentado em sua poltrona e mantinha os dedos entrelaçados, sem produzir qualquer tipo de som. Meu pai saiu logo em seguida da lareira e parou em pé ao meu lado, largando minha outra mochila. Ele ordenou que eu fosse direto para meu quarto e não questionei, apenas apanhei minhas coisas e subi as escadas calado.

Abri a porta do quarto com um chute, revoltado por ter sido tirado a força do colégio. Não era pra eu ver aquele quarto azul antes de Junho, olhar pra ele tão cedo me irritava. Tranquei a porta e me larguei na cama, atirando as bolsas no sofá. Nem bem fechei os olhos para tentar dormir e alguém bateu na minha janela. Levantei para abri-la, deixando Michel entrar. Ele era meu primo, filho da irmã da minha mãe e tinha minha idade. A diferença entre nós dois era que ele freqüentava Hogwarts ao invés de Beauxbatons, já que meus tios moravam na Inglaterra. Mas o que aquela criatura estava fazendo no meu quarto em período de aula, só Merlin sabe. Ele entrou afastando as cortinas e se largou na minha cama.

IL: O que aconteceu? Perdeu o trem pra escola?
MR: Não, papai mandou uma carta ao diretor avisando que eu retornaria uma semana depois.
IL: E porque não voltou junto com os outros? Aconteceu alguma coisa que não tenham me contado?
MR: Também queria saber primo, ninguém diz nada nessa casa... Mas me explica o que houve com você! O vovô só resmungou algo como o tio Gérard estar indo te buscar.
IL: Ah, papai é exagerado! Ele reagiu mal a uma brincadeira inocente entre eu e mais dois colegas...
MR: Reagiu mal? Do mesmo jeito que ele reagiu mal quando quebramos a louça rara da vovó ou como quando deixamos o trabalho de semanas dele e do meu pai voar pela janela, direto no lago?
IL: Como quando jogamos os trabalhos fora...
MR: É primo, você ta ferrado! O que vai fazer agora?
IL: Não faço idéia. Ele disse que vai me inscrever em uma escola trouxa daqui.
MR: Se formar como trouxa??? Mas que pesadelo!
IL: Obrigado Michel, você realmente sabe como levantar o astral de alguém!

Meu primo puxou um colchão do armário e se instalou no chão do meu quarto. Comecei a contar a ele tudo que aconteceu desde que havia voltado para a escola e ele ia rindo, apesar de tudo ter terminado desse jeito. Ele então começou a narrar sua nada pacata vida em Hogwarts e suas inúmeras detenções. Ele dizia que sua casa perdia pontos diariamente graças a ele e que estava prestes a ser assassinado por seus companheiros corvinais durante o sono. Meu primo e eu éramos iguais, quase gêmeos. Fomos criados juntos e era para ele ter ido para Beauxbatons se o tio Edmund não tivesse sido transferido para a Inglaterra quando tínhamos 10 anos. Ele, assim como eu, obedecia apenas ao vovô sem precisar ser mandado duas vezes. E junto comigo apanhou inúmeras vezes do mesmo sempre que aprontávamos alguma travessura.

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Acordei com o sol batendo na minha cara. Minha mãe entrara no quarto para nos chamar, dizendo que o café estava na mesa e que sairíamos em meia hora. Não perguntei o destino da saída, mas algo me dizia que era em meu “beneficio”.
Meus pais já estavam sentados à mesa, assim como meu avô e meus tios, que estavam hospedados na nossa casa durante a passagem misteriosa pela França. O café da manha foi tenso. Papai não falava nada e apenas dirigia a palavra a meu tio num tom inaudível. Mamãe e tia Eva conversavam sobre algo impossível de se decifrar, pois elas não citavam nomes. Alguma coisa muito esquisita esta acontecendo nessa casa e já que estou preso a ela, vou descobrir o que é.

Papai levantou assim que terminou seu café e mandou que eu me apressasse, pois estávamos de saída. Michel levantou também, dizendo que iria comigo, e o seguimos até o carro. Dirigimos pelas ruas de Marseille até alcançarmos o centro da cidade, parando ao lado de uma escola. Estava tudo quieto, nem sinal de vida lá dentro. Provavelmente as aulas já haviam começado, por isso o silencio mórbido. Meu pai já havia estado aqui, pois traçou uma reta até a sala do diretor sem errar o caminho. Um homem de aparência rude e um topete ridículo impregnado na cabeça estava sentado em uma enorme poltrona, girando-a para nos encarar quando entramos.

Seu nome era Jacques Lévy, diretor da Escola Pública Jules Ferry. Sentei ao lado do meu pai e Michel olhava tudo com fascinação, enquanto o diretor explicava as regras do colégio e me passava meu novo horário. Saímos da sala dele quase meia hora depois e meu pai e meu primo foram embora, me deixando por lá. O próprio diretor me guiou até minha sala e me apresentou a turma. Olhava cada um daqueles rostos, todos com expressões idiotas estampadas na cara, e me sentei no fundo. Todos cochichavam enquanto eu me encaminhava ate a cadeira e minha vontade era de azarar um por um, mas tudo que eu não precisava naquele momento era desencadear o pânico no meio desse bando de trouxas.

Resisti bravamente a mais de 4 horas de aula. Estudei coisas que nunca tinha ouvido falar, como matemática, química e biologia naquela tarde que parecia interminável, quando um sino barulhento ecoou e todos levantaram guardando os materiais. Percebendo que aquele barulho indicava o fim das aulas, saltei da cadeira e sai o mais rápido que pude dali. Michel estava a minha espera do lado de fora da escola quando sai no meio daquela massa de trouxas empurrando os mais lentos. Ele ria sem disfarçar da minha situação caótica e me entregou minha bicicleta para que pudéssemos voltar pra casa. No caminho, entre risos e idéias para esses dias em que ele está aqui, Michel me lembrou de um fato importante: eu agora não tinha mais motivo para não fazer mágica fora da escola antes de completar a maioridade, pois não tinha mais de onde ser expulso! Isso é bom, muito bom. Finalmente algum proveito vou poder tirar dessa situação toda...

Thursday, January 12, 2006

Segredos? Foram feitos para ser revelados...

Anotações de Ty McGregor

Voltamos do Japão e logo nos pusemos em atividades rotineiras, que são: jogar quadribol, estudar e assaltar a cozinha, Gabriel com a cara enfiada nos livros e treinos também, afinal somos da mesma equipe, Miyako quando pode treinando junto com a gente para matar o tempo, ela não é uma menina comum, ela é mais legal, não fica dando gritinhos histéricos quando vê um jogador de quadribol, senão ia gritar por ela mesma dããã. Eu estava doido para treinar com minha Firebolt, e combinava com Gabriel algumas jogadas, quando escuto uma voz querida:
-Ty, você precisa aparar um pouco mais sua vassoura para ganhar agilidade. Ninguém quer um batedor que seja só músculos. Agilidade também conta...
Olhei para baixo e ela estava lá. Desci que nem doido, e meus amigos atrás:
- Mãe... - gritei e mal cheguei ao chão pulei da vassoura e fui levantando-a do chão, enquanto ela ria.
Logo Gabriel e Miyako se juntaram num abraço coletivo. Aí eu me toquei:
TM- Mãe, o que você ta fazendo aqui?
AM- Não estou só, seu pai está com Madame Máxime.
TM- Juro que não fiz nada, e se disserem que fiz estão mentindo.- disse rápido e minha mãe riu mais ainda.
AM- Você acha que se você tivesse feito alguma coisa ruim, nós estaríamos conversando numa boa?
Ri meio sem graça. Meu pai é o mais rígido dos dois, mas se tem uma coisa que aprendi cedo é que a mamãe sabe ser brava quando precisa.
AM-Gabriel, como você cresceu... Tá lindo rapaz, Lou deve estar orgulhosa. Aposto que Scott insiste em dizer que você puxou a genialidade dele. - disse dando um beijo no Gabriel, deixando-o meio embaraçado.
GS-Sim, mas a mamãe diz que isso faz parte dos genes, não se pega pela purpurina. - e demos risada.
AM- Mi você está linda. E é uma ótima jogadora, quando sua mãe vir vai ficar orgulhosa.
Logo tornei a insistir, pois não é normal você receber a visita da sua mãe e do seu pai na escola, sem ter feito nada de errado né?
TM- Mãe, o que você e meu pai vieram fazer aqui?- e eu não era o único curioso, pois Gabriel até ajeitou os óculos e Miyako ficou séria.
AM- Seu pai e eu viemos conversar com a aluna que foi atacada por comensais no acampamento. Ficamos ali conversando sobre o que havia acontecido, quando me lembrei de uma coisa:
TM- Mãe... o meu padrinho te falou porque ele demorou na casa da tia Yulli quando nos buscou pra voltar pra escola? - e minha mãe fez cara de marota.
AM- Aham...
GS- Porque ele demorou tia Alex?
AM- Porque ele e Yulli tiveram uma recaída do passado.
MS- O QUÊ???- chocada.
AM- Oras, você não sabia não? Yulli e Sergei tiveram um namorico no passado.
TM- Ai, mãe namorico é coisa de velho.
AM- Ah é? E vocês dizem o que hoje em dia?
TM- Ficar, oras. Tão simples.
AM- Então tá: Sergei e Yulli ficaram, quando estudamos em Hogwarts.
MS- A senhora ta confundindo tia Alex, minha mãe nunca faria uma coisa destas....ela é tão... tão... santa.
Ai minha mãe caiu na gargalhada, nos deixando preocupados:
AM- Yulli santa? Onde? Ela era uma garota normal, com necessidades normais oras... E estávamos nos anos 70, rompíamos barreiras, e o amor era a palavra de ordem.
TM- Mãe, isso é meio esquisito...
AM- Esquisito porque? Você acha que em Hogwarts a nossa época era muito diferente do que vocês fazem hoje em dia?
GS- Olha, nem vou querer saber o que minha mãe ou meu padrinho faziam.... Sinto medo só de imaginar.
AM- Olha se vasculharem a sala do zelador, vão achar muitas anotações da nossa gangue lá. Foram tempos muito felizes... Devíamos fazer uma festa e reunir a turma, seria ótimo.
Miyako olhava para minha mãe, como se ela tivesse entornado um barril de quentão. Confesso que eu também estava meio chocado com as revelações de mamãe. Ela nunca escondeu que foi uma adolescente normal, mas não achei que minha mãe tivesse sido "tão normal" assim.
Logo avistei meu pai vindo em nossa direção, e pude notar que ele fazia força para esconder a preocupação. Nos cumprimentou e quando mamãe falou que estava nos contando sobre a época dela em Hogwarts, ele começou a rir. Miyako e Gabriel resolveram nos deixar a sós, e comecei a perguntar algumas coisas:
TM- Vão por aurores na escola pai?
KM- Talvez. Madame Máxime tem receio que algum outro estudante seja atacado.
TM- Mas atacaram esta moça assim do nada?
KM- Eu me perguntava isto, até descobrir que o tal assassino é o mesmo que matou os pais dela. Ela acha que foi coincidência, pois o comensal disse que tinha ordens de matar algum estudante de Madame Máxime. E por acaso ela estava no caminho dele.
TM- Mas... Se é assim ela corre perigo aqui também.
KM- Concordo. Mas eu tenho que esperar as ordens de meus superiores após meu relatório. Sua mãe já tem os dados que queria, mas o principal que eu quero que você faça: tome cuidado e não se meta em confusão, se notar alguma coisa suspeita, peça ajuda.
TM- Ora, pai eu nunca me meto em confusão....
KM- Ah, sim esqueci que ela é que te procura não?- disse rindo.
AM- Acho que está na hora de nós irmos Kyle, nosso filho já vai ter muita coisa em que pensar.- disse e me abraçou. Abracei meu pai, e vi quando eles se dirigiram para a entrada do castelo para aparatar. Não vejo a hora de poder fazer isto também, deve ser bem legal. Voltei ao castelo e Gabriel me informa que Miyako está escrevendo dois metros de pergaminho para a tia Yulli. Ai céus... Acho que mamãe sem querer causou uma confusão.
Tô dizendo... Não procuro confusão. Elas é que vêm até mim.

De malas prontas... pra onde mesmo?


Quando pus os pés no castelo, de volta do acampamento, percebi que os berradores da professora Milenna, além de barulhentos, são extremamente rápidos. Encontrei Quim plantado ao lado da porta que dá acesso ao Grande Salão. Aquele tamanho todo, com a cara que olhava pra mim... se fosse um estranho, eu tinha petrificado! Acho que ele andou treinando caretas e olhares mortíferos durante o ultimo mês, no tal "serviço" da Ordem, porque essas eram novidade pra mim. E olha que eu já sou quase PHD quando o assunto é caras feias de Quim Shacklebolt.

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meus Deus, quanto tempo
Eu passei sem saber?


Quando me viu, ele saiu marchando, igual àqueles generais nazistas dos filmes trouxas sobre a segunda guerra mundial. Me pegou pelo braço e, sem dizer "Oi" nem nada, saiu arrastando, como se eu fosse um saco de milho, escada acima. Me senti a própria Olga Benário sendo carregada para a câmara de gás. Só que o meu carrasco tinha o dobro do meu tamanho e o triplo da minha força. Desisti de tentar me rebelar e deixei ele me arrastar. Já que o sermão era inevitável, pelo menos ia poupar minhas energias.

Parou em frente a um armário de vassouras, destrancou-o e me enfiou lá dentro.

AB: Ah não, Quim. Armário de vassouras de novo não.
QS: Quieta! Entra aí.
AB: É apertado demais aí dentro... por que não conversamos em uma sala de aul...
QS: E – N – T – R – A!
AB: Ok, ok... não precisa ficar nervoso. Olha o infarto...


Quim começou o monólogo de sempre. Você não é mais criança, blábláblá, onde anda sua cabeça, blábláblá, incendiar o acampamento, blábláblá, alguém podia ter se machucado, blábláblá...

Foi quando meu "pai" me disse:
Filha,
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir!


Não vai crescer nunca, blábláblá, aprender a controlar esse gênio, blábláblá, um berrador na frente do Primeiro Ministro trouxa, blábláblá, a reputação que eu tanto zelo indo por água abaixo, blábláblá.

Então ele parou por um momento, acho que pra tomar fôlego, ou pra lembrar alguma acusação que estava esquecendo. Aproveitei.

AB: Você esqueceu de citar um pequeno incidente aí no seu sermão, monsenhor Shacklebolt: Milenna assada regada à suco de abóbora e canções indígenas.
QS: Dessa vez, extrapolou todos os limites. Assar uma professora, Adhara? Você tem o que no lugar do miolos?
AB: Acabou? Fala sério, até que foi divertido!! Agora, é minha vez: foi VOCÊ quem me deixou enterrada nesse fim de mundo durante as férias, foi VOCÊ quem preferiu brincar de caçadores de aventuras e ir atrás de comensais da morte no Natal. VOCÊ também tem culpa nessa história, grandalhão. E não adianta dizer que é o seu serviço. Porque se fosse, poderia ter me levado junto. E tem mais, tô cansada de levar sermão por "agir como criança", e na hora de mostrar serviço, ser tratada como se tivesse 5 anos de idade. Temos que decidir isso: Ou você se convence que eu tenho dezoito anos – e não cinco, nem quarenta – ou então vira o disco e desiste, porque assim não vai dar certo.

Baby, baby, não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar


QS: Ok. Você venceu.
AB: E isso significa...?
QS: Você vem comigo.
AB: Como assim, vem? Pra onde, criatura? Tenho um exame de poções pra fazer na metade do ano, esqueceu?
QS: Não. Mas você pode fazê-lo depois de amanhã, em Paris. O ministro francês é meu amigo e... bem, digamos que ele concordou em abrir uma exceção para esse caso.
AB: Quer dizer que eu não preciso mais ficar enfurnada aqui?
QS: Não. Agora, faça-me um grande favor. Não dê motivos para o examinador transformar sua prova em picadinho.
AB: Fica frio, vou ser um doce anjinho. Com auréola e tudo. E depois, pra onde eu vou?
QS: Vai ficar comigo, oras. Estudar, academia de aurores. Pensei que a super gênio já tivesse entendido isso. Com o Lorde das Trevas agindo tão às claras, quero estar de olho em você.
AB: Sei... entendi a intensidade desse de olho em você. Antigamente você era mais criativo em suas desculpas esfarrapadas. E pra onde nós vamos?
QS: Londres. Alguém aqui tem que trabalhar, não é?

Baby, baby
Não vale a pena esperar
Tire isso da cabeça
E ponha o resto no lugar


Juntei minhas tralhas, me despedi da Bel. Apesar de tudo, acho que vou sentir falta disso um dia.

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N.A.: Música: Ovelha Negra, de Rita Lee.

Monday, January 09, 2006

Quem é vivo sempre aparece!

Do diário de Isa McCallister

Finalmente havia chegado a Beauxbatons. O clima do castelo anunciava fim de férias! Os alunos que haviam ido passar com as famílias, agora desembarcavam do navio ou apareciam nas lareiras... Por causa do pequeno incidente do acampamento, voltamos dois dias antes do planejado.

Assim que o ônibus parou e começamos a descer, me senti aliviada e animada de ter voltado ao castelo e sobrevivido no meu limite durante tanto tempo. Comecei a percorrer os corredores ansiosa para chegar logo ao dormitório e me recompor, mas quando estava no meio do caminho esbarrei em algo sólido. Quase caí pra trás com o choque da batida e me apoiei no braço da pessoa.

IM: Hei, porque você não presta mais atenção por onde anda hein? – Disse arrumando os cabelos e levantando os olhos pra garota disposta na minha frente, quase caindo pra trás de novo, pelo susto que levei... – Gi! Giii... Você... Você... Ah Gi, que saudades!

Pulei no pescoço da menina loirinha, de cabelos cheios e ondulados e olhos azuis. Ela permaneceu imóvel parecendo tão assustada quanto eu...

GB: Ahn... A gente se conhece de algum lugar?
IM: Como assim a gente se conhece de algum lugar? Andou bebendo Gi? Oras! Esqueceu-se de mim é? Está desmemoriada também???
GB: Desmemoriada? Eu? Olha só, acho que você passou da conta no whisky de fogo nessas férias... Nunca vi você na minha vida! E outra: Como você sabe o meu nome? Eu acabei de chegar nessa escola e não me apresentei para ninguém...
IM: Olha só você: Eu nunca bebi whisky de fogo e não estou imaginando coisas... Como você nunca me viu na vida? Está renegando o passado e os velhos amigos é? Eu sei que estou em estado deplorável porque acabei de chegar de um mato e sem mala, mas não estou a ponto de te envergonhar estou? Como eu sei seu nome? Raios... Quero saber como chegou agora a esta escola se você estava... Bom... Veio de onde então?
GB: Ora, vim de onde? Você pulou de um disco voador é? Eu vim da Itália, minha família vive lá. Achou o que, que eu sai de dentro da terra? Fui transferida pra Beauxbatons durante as férias e cheguei aqui de barco. Queria que eu viesse como? Não podemos aparatar na escola.
IM: Não, não é isso... Debaixo da terra, sete palmos! Credo... Calma Isa, respira, relaxa, fecha os olhos e se concentra! Agora conta até três e reabre os olhos... Quando os abrir vai ver que ela não está aqui, que na verdade é o calor e não passou de um fruto duvidoso da sua imaginação! Três... Dois... Um... AI! Você continua aqui! Merlin... Itália... Giovanna vivia lá, quer dizer, vive né, ai, não sei mais de nada! Você tem certeza que não me conhece?
GB: Giovanna? Olha, não quero ser mal educada e acabar com a sua felicidade, mas você está me confundindo com outra pessoa. Meu nome é Giordanna, ouviu? G-I-O-R-D-A-N-N-A! E eu nunca estive a sete palmos abaixo da terra... Aff! Estou vendo que só tem doido nessa escola! Vem cá, vai me dizer seu nome ou vou ter que invadir sua sala para ouvi-lo na chamada?
IM: Giordanna... Nossa, isso está me deixando maluca! Olha, me desculpa tantas perguntas, mas você por um acaso não tinha uma irmã gêmea ou coisa assim? Meu nome... Ah, sim, desculpa, Isabel McCallister!
GB: Gêmea? Não querida... Até onde eu sei, sou filha única!
IM: Ok... Entendo! Bom, esse negócio de nacionalidade deve contar alguma coisa na aparência dos nativos... De qualquer maneira, olha, desculpa! Eu sei que eu fui um pouco afobada e acabei te assustando, mas é que você parece tanto com uma amiga minha e bom... Deixa pra lá! Me desculpa? Prazer em te conhecer... Bem vinda à Beauxbatons!
GB: Ok, ta desculpada... Bem, eu nunca encontrei alguém com a mesma cara que eu na Itália não. Isso deve ser bastante estranho né? Obrigada pelas suas boas-vindas! Você já tomou café? O que aconteceu com a sua amiga?
IM: Bem... Ocorreu um acidente com Comensais e ela faleceu! Na verdade, eu ainda não tomei café, acabamos de chegar do acampamento e estava indo ao dormitório, mas vamos... Eu estou com fome também!

Voltamos pela porta de entrada em direção ao grande salão. Quando cruzávamos a porta, Bel passou por nós e arregalou o mesmo olho para a menina, que também olhou assustada pra ela.

GB: Pelo visto não sou eu que tem um clone ambulante né?
IM: Sim... Essa é a minha irmã gêmea, Anabel! Bel, essa é a Giordanna, acabou de chegar da Itália para estudar aqui.

Bel que também não sabia o que dizer e parecia tão chocada e confusa quanto eu estive, apenas acenou com a cabeça e saiu calada.

IM: Não se importe com ela... Não é muito sociável e somos muito diferentes sabe... Na verdade, só descobrimos ser irmãs gêmeas quando chegamos à Hogwarts! Só que depois que a Gi morreu, não tínhamos mais vontade de continuar lá, e nós junto com duas amigas, a Morgan e Adhara, viemos para Beauxbatons... Foi coincidência mesmo, coisas do destino! Você se importa se te chamar de Gi também? É mais fácil, entende? Pode me chamar de Isa sem problemas...
GB: Nossa, que história complicada a de vocês, hein? E eu achava que minha vida era atribulada! Bom, pode me chamar de Gi sim... Os meus amigos na Sicília me chamavam assim também...

É querido diário... Foi bem engraçado esbarrar com um clone de alguém que nem aqui está mais, e descobrir que é uma pessoa bem parecida com ela, mas elas nem se conheciam! Ficamos conversando o resto da manhã inteira, e até a levei para conhecer o resto do castelo. Ela foi selecionada para a Lux! É uma ótima pessoa... Mas acho que vou perguntar para a Lina depois um pouco sobre reencarnação!