Das memórias de Ian Lucas Renoir Lafayette
- Chegamos, desce!
- Tem certeza que é o dia todo?
- FORA!
Pulei do carro depressa batendo a porta e meu pai arrancou, deixando só a poeira do cano de descarga. Estava parado em frente a minha nova escola às 9hs da manha de um sábado para cumprir detenção. Mais uma novidade dos trouxas: eles não cumprem tarefas depois da aula, mas passam o sábado no colégio sem fazer nada! Respirei fundo e subi as escadas escola adentro. Os corredores estavam desertos e só de caminhar fazia eco. Mais quatro pessoas se juntaram a mim ainda no corredor e seguimos calados até a biblioteca, como fomos orientados a fazer na advertência que levamos para casa.
O diretor já estava lá, sorrindo idiotamente, e mandou que nos acomodássemos nas mesas dispostas ali. Em seguida, comunicou que era proibido falar, levantar ou qualquer outra coisa. Nossa única tarefa era ficar sentado lá por 8 horas e escrever uma redação sobre quem somos e porque estamos ali. Maravilha! Tudo que eu precisava era passar um sábado com um bando de panacas escrevendo...
Ele saiu da sala deixando a porta aberta e dizendo que estaria no escritório ao lado e ao menor sinal de barulho ia voltar. Dei uma boa olhada nos meus companheiros de detenção e como ninguém deu sinal de que ia levantar, fui ate a porta e quebrei a dobradiça da porta com um canivete, a fazendo fechar e impossibilitada de ficar aberta sem algo muito pesado escorando-a. Os outros quatro me olhara alarmados, com medo do diretor distribuir mais detenção, mas não me importei. Sentei sobre a mesa e comecei a perguntar os nomes. Eram os tipos mais esquisitos possíveis, o ultimo grupo na face da terra com quem queria ser visto andando: tinha um metido que era do time de atletismo da escola, Dante Chatenay. Patético, se achava o máximo com aquela jaqueta azul. Tinha uma menina meio cavernosa que murmurou o nome e entendi ser Shopia Henderson. O CDF da escola, que claramente apanhava todos os dias e ia levar uns cascudos aqui hoje dependendo de como transcorrer essa detenção, Patrick Lanquar. E a patricinha do colégio, fazia parte do grupo das poderosas, Stéphane Planche.
O grupo não era muito de bater papo, mas o nerd, talvez por não ter oportunidade de conversar com o predador com essa facilidade toda, tentava manter a animação. Aos poucos o resto foi se soltando, mas não tínhamos absolutamente nada em comum e os assuntos terminavam em discussão. O diretor entrava de tempos em tempos para checar se estávamos sentados e toda vez reclamava da porta, já tendo desistido de mantê-la aberta. Comecei então a instigá-los a falar, usando a provocação como arma. E funcionou. O atletinha se sentiu ofendido quando disse, e fui apoiado pelo CDF, que ele não corria tão bem assim e parecia mais uma gazela. A princesinha ficou indignada também quando insinuei que ela se fazia de poderosa, mas duvidava que ela tivesse tido um namorado na vida. A esquisita soltou uma gargalhada tão alta que deixou a outra mais irritada ainda e o Dante veio pra cima de mim, querendo confusão. Juro que se pudesse e papai não tivesse confiscado minha varinha, tinha transformado ele na tal gazeta que falei mais cedo!
Os ânimos se alteraram um pouco mais quando Patrick resolveu soltar o verbo e reclamar que os mais fracos são injustiçados nessa escola, fazendo a carapuça do atleta e a minha por tabela servirem. Sophia levantou inesperadamente da cadeira e se trancou em uma das salas da biblioteca, embasando o vidro da porta com uma quantidade absurda de fumaça. Pensando que ela tacara fogo nos livros, corremos ate lá arrombando a porta. Mas para alivio de uns e indignação de outros, ela estava apenas fumando. Sophia nos ofereceu, mas percebi que eles se entreolharam e recusaram receosos. Das duas uma: ou realmente não gostavam ou queriam manter a pose e não se entregar fácil assim. Sai empurrando os três e aceitei um, me sentando ao lado dela no chão. Engasguei na 1ª tragada, mas não desisti apesar de ter achado o gosto péssimo. Ouvindo os risos escandalosos na sala, os três recatados voltaram e acabaram cedendo e se juntando a nós dois.
Devo confessar que só meio alterados esse grupo se entende. Aproveitei a deixa e perguntei o porquê de estarem ali, mas ninguém me deu bola. Resolvei então dar o pontapé inicial e falar de mim. Contei que estava em detenção por ter disparado o alarme de incêndio dois dias antes, na esperança de todos correrem e as aulas acabarem horas mais cedo. Todos riram, mas ninguém falou nada. Instiguei mais um pouco e o nerd confessou ter disparado um sinalizador dentro de sala, pois queria intimidar um dos valentões da escola. Dante estava lá por ter grudado uma toalha cheia de cola na bunda de um magricelo, que por acaso era amigo do Patrick. Devo dizer que essa foi realmente boa, preciso me lembrar de fazer isso com alguém ou vou morrer! Stéphane disse ter matado aula para fazer compras, um motivo tão fútil quando ela. Já Sophia tinha brigado com uma das poderosas e fez um belo de um estrago no cabelo da garota, o permanente foi pro espaço!
A tarde passou depressa enquanto estávamos naquele canto conversando. Sabia muito bem que segunda-feira iríamos nos esbarrar pelo corredor e nos cumprimentarmos apenas com um “Oi” ou “Bom dia”, como se nunca tivéssemos nos visto na vida, mas não me importava. Não formávamos mesmo um grupo normal. Talvez com Sophia eu falasse depois dessa detenção, ela parecia ser a melhor dos quatro. Quem sabe até com o Patrick, pois conhecendo ele melhor, não era má pessoa. E não posso julgar ninguém por ser CDF, se eu mesmo sou um! Posso não ser um aqui, onde não faço a menor idéia do que esta sendo ensinado, mas era um belo de um nerd em Beauxbatons...
O diretor Lévy entrou na biblioteca outra vez às 17hs nos liberando, mas não sem antes recolher as redações. Bom, não escrevi exatamente uma redação... Espero que ele tenha espírito esportivo! Michel já estava parado do lado de fora me esperando quando saí e trazia nossos skates. Agradeci a Merlin por papai estar trabalhando naquele sábado, não agüentaria fazer a viagem de volta com ele no meu ouvido dizendo que sou irresponsável e imaturo. Pelo visto meu primo não tinha previsão de quando voltaria à Hogwarts e me avisou que papai não foi me buscar porque estava tendo uma reunião ultra misteriosa em minha casa, com vários aurores daqui e de outras partes do mundo. Aceleramos o passo, arquitetando um jeito de participar dessa reunião sem sermos vistos. Era agora que iríamos descobrir o que tanto escondem da gente...
((Continua))
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