Saturday, December 03, 2005

Paris: cidade da fama, das lojas, das luzes... bleeergh!!

Ok, eu sou uma garota centrada e obediente quando acho que é necessário. Quim não recebeu nenhuma reclamação de mim nesta semana, me comportei feito um anjinho, quase uma Anabel. Só faltaram as asas e a auréola. Mas aí já é exigir demais da minha humilde e terna pessoa. Ah sim, antes que eu esqueça... Quim não recebeu nenhuma coruja com reclamações porque euzinha aqui descobriu quem vem a ser o traste que tanto me ama nesta escola e que resolveu me delatar. Você já ouviu falar em um tal Hor-em-Akhet Simaika? Com um nome desses, ele tem todo o direito de ser revoltado, coitado... Trata-se se um pirralho do sexto ano da Lux, de origem egípcia, nasceu trouxa, com ambições de ser arqueólogo e que vai ser trancafiado em um sarcófago junto com suas amigas múmias por toda a eternidade se não parar de se meter na minha vida.

Tá certo, durante esta semana, eu e o professor de DCAT metido a sabe-tudo declaramos guerra, dessa vez de verdade. Ele consegue ser insuportável!! Uma Hermione Granger de calças e com diploma nas mãos. Aaaargh!! Mas vou deixar pra me preocupar com ele mais tarde. Não quero passar o fim de semana trancafiada na sala dos lustres limpando lâmpadas.

Quim enviou mais uma coruja, um tanto... romântica pro meu gosto. Cheio de declarações, parecia que não me via há três milênios... Odeio quando ele fala, fala, mas não faz. Sei que estamos longe, mas ou dá um jeito de fazer o que diz nas cartas ou então não diga. Isso é tortura psicológica.

Era a primeira visita a Paris. Eu já conhecia a cidade, obviamente, e pra falar a verdade nunca achei graça nenhuma naquelas lojas voluptuosas e cheias de frufrus que eram o sonho de consumo das minhas fúteis coleguinhas. Bel, assim que desembarcou do navio, correu à Biblioteca Nacional. Mais tarde ela iria ao Louvre, onde provavelmente passaria o dia namorando aqueles quadros mais antigos que o meu tatatatataravô e que nem a capacidade de se mexer têm. Mas, gosto é gosto.

Visitei meia dúzia de lojas de artefatos mágicos, e enchi meus bolsos em duas lojas de logros no fim da avenida. Havia pouquíssimas pessoas lá, acho quer a maioria dos alunos metidos a espertinhos ainda não sabe onde se encontram artigos realmente valiosos. Não, eu não comprei nenhum baú repleto de magia negra, nem um punhal de artes das trevas. Ainda não estou doida, continuo servindo à Ordem.

Ah sim, passei no Ministério da Magia francês para saber da minha situação e descobri que fui remanejada para o setor esportivo. Acho que meus dons de poliglota estão fazendo efeito. Então, eu não preciso mais cumprir horário em uma sala repleta de aviõezinhos de papel e uma secretária fajuta que canta meu namorado, mas vou acompanhar a maioria dos jogos do campeonato europeu de quadribol durante o próximo ano. Obrigada Merlin, era tudo que eu precisava... Prometo ao Papai Noel que serei uma boa menina ano que vem (na medida do possível, claro). Quem sabe eu não viro Ministra da Magia...

Encontrei Quim próximo a torre Eiffel. Arregalei os olhos quando o vi. Parecia quase duas vezes maior do que da última vez que nos encontramos. Sorrindo de orelha a orelha, fui até ele, e ele me fez rodopiar no alto. Meus lábios se colaram aos seus por um longo tempo. Ainda sentia calafrios toda vez que aquelas mãos enormes percorriam as minhas costas. Quando me colocou no chão, ele sorria. Um sorriso doce, como uma criança que acabava de ganhar um sorvete triplo de chocolate. Fez um comentário a respeito do meu novo visual (acho que ele gostou dos tererês coloridos aplicados na base de um feitiço fixador nos meus cabelos), e então disse que queria me mostrar um lugar. Com um ponto de interrogação desenhado na testa, mas bastante curiosa, eu o acompanhei.

Caminhamos um bom tempo de mãos dadas, conversando trivialidades. Algumas garotas de Beauxbatons passavam por nós e eu percebi que o queixo delas ia ao chão, quando viam o gigante ao meu lado. Sorri, satisfeita, e segurei o braço de Quim, que me encarou por alguns instantes e depois me abraçou.

Paramos em frente a uma magnífica construção medieval, de estilo gótico. Era a Catedral de Notre-Dame. Imponente, única. Simplesmente indescritível. Quim começou a discursar a respeito da construção daquela Igreja, dedicada à Virgem Maria, mas era muita informação e meus olhos estavam mais interessados na beleza que estava a minha frente do que propriamente na história medieval da França. Lembro ter ouvido que ela foi restaurada depois da Revolução Francesa, mas nunca fui um exemplo nas aulas de História da Magia, quem dirá em História trouxa.

Havia um restaurante próximo, e como eu estava mais interessada em aproveitar bastante a companhia do grandalhão do que em comprar vestidos e sapatos, passamos o dia todo ali, juntos. Assim, Quim sabia que eu não estava aprontando nada (quem vê pensa que eu sou um péssimo exemplo de conduta e boas maneiras, tsc, tsc...) e eu, além de tirar proveito do meu chocolate tamanho família, ainda estava livre do projeto de múmia, que não ousou se aproximar de mim com Shacklebolt aos calcanhares.

No fim da tarde, hora de voltar para o castelo, Quim me levou até o Rio Sena, onde nos despedimos. Vi Isabel e aquela amiga estranha dela chegando tortas, com pelo menos 15 sacolas em cada mão. Sinceramente, eu não consigo entender o que leva uma pessoa a desperdiçar um dia inteirinho comprando saias. Falta de opção, só pode. Entrei no barco e sentei no bico da proa, sobre a rede. A água estava transparente, e eu podia enxergar os peixes nadando no fundo. Quim havia ficado em terra, e acenava para mim.

Quando o barco tomou velocidade e sua imagem tornou-se quase indistinguível na margem, deitei sobre a rede e fiquei admirando o céu. O sol se punha no horizonte e as primeiras constelações começavam a fulgurar. Lá estava ela, a maior e mais bela constelação de todo o Hemisfério Norte. Cão Maior. Lá estava toda a família Black. Lá estava a mais brilhante de todas as estrelas. Sirius. Uma onda de melancolia tomou conta de mim. Meu amado irmão, não imagina como faz falta. A estrela de Almofadinhas brilhava cada vez com mais intensidade, como se estivesse a me observar.

Talvez seja efeito do balanço do barco, ou talvez eu esteja mesmo tendo alucinações. Mas tenho certeza absoluta que enxerguei seu rosto alegre no céu, entre as estrelas, sorrindo para mim. Meu irmão. Queria você aqui, agora. Comigo, Sirius...

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