Da velha caderneta de Samuel Berbenott
IL: Ah sim... Senta aí!
SS: Esse búlgaro é patético! Acho que se apaixonou pelo pato, ou pelo Bubo, como ele mesmo batizou...
IL: Não mais patético do que esse castelo durante essa época não é? Chega a ser deprimente! Sozinho no baile?
SS: Alguma sugestão para o contrário?
IL: No baile...
SS: Como? Só se eu beber muito!
IL: Um pacto?
SS: Pacto?
IL: Vamos fazer um pacto de honra! O baile é a chance de ouro! Eu tenho que beijar a Marie no baile, e você beija a Amaralina! Não importa o método escolhido para conseguir tal proeza... Topa?
SS: Topo! Com a pressão de um pacto eu não vou poder me conter e ir falar logo com ela...
Uma vez que se faz um pacto de honra, ele se torna inquebrável, irrecuperável e irremediável... Ou você faz, ou você faz! Os dias passaram correndo, quando o dia 14 de fevereiro alvoreceu. Fadinhas voavam pelo castelo jogando bilhetinhos apaixonados, elfos entregavam cartas de amor e faziam serenatas, admiradores secretos se revelavam para suas amadas e namorados se presenteavam e passavam colados pelos corredores a cada momento. E eu? Desesperado com a idéia de me declarar para alguém, quase morrendo de diabetes e claro, preparando uma pequena surpresinha para uma querida professora...
Cenário: Café da Manhã, Grande Salão. Eu e Ian sentados na mesa da Sapientai cochichando os últimos detalhes quase aos sussurros... Chamamos os serviços de um grupo de elfos, e indicamos para quem iria a nossa apaixonada homenagem, sentada ao lado de Madame Máxime na mesa dos professores...
Eles se encaminharam prontamente lá, e quando chegaram ao pé da professora Milenna, pararam em fila indiana limpando as gargantas e começando em um som totalmente desafinado a cantar: Meu coraçããão, não sei porqueeee, bate feliiiiz, quando te vêêêê, e os meus olhos ficam sorrindooo e pelas ruas vão te seguindooo, mas mesmo assiiim foges de miiiim...
Por um momento pensei ter visto um sorriso no rosto severo da professora, mas essa impressão logo passou quando ela se virou furiosa para nós dois gritando maldições... Começamos a desenhar corações com as mãos, mandar beijos, o que só aumentou a fúria dela e os risos de todos do salão. Madame Máxime nos olhava encantada como se tivesse achando a coisa mais meiga do mundo dois alunos homenageando uma professora.
O tempo passou e meu estômago estava embrulhando. Sabia o que tinha que fazer, sabia perfeitamente, só me faltava a cara de pau para tanto... Mandei um bilhete sem remetente para Amaralina, pedindo que me encontrasse no corredor do primeiro andar, no começo do baile.
Desejei boa sorte pro Ian e subi. Ela ainda não estava lá e me escondi dentro do armário de vassouras deixando apenas uma fresta para espiar o exterior. Não estava fugindo, apenas ia pegá-la de surpresa... Ela chegou correndo, os cabelos soltos, a saia longa balançando, seus olhos percorrendo todo o corredor ansiosamente. Era agora ou nunca! Aproveitei que ela estava virada de costas e sai o mais silenciosamente que pude do armário. Cheguei por trás dela e nem ousava respirar aquele momento. Quando ela viu, já era tarde demais... Se encontrava encostada contra a parede, meus braços segurando forte a sua cintura, enquanto nos beijávamos...
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