Sunday, February 19, 2006

Corram que o bicho vai pegar!

Anotações de Ty McGregor

Andei um pouco quieto depois que conheci o namorado da Morgan e devo admitir: meus amigos tinham razão. Nunca daria certo.
Resolvido este pequeno conflito, falei com Gabriel sobre o passeio a Paris:
TM- E ai? O que vai fazer em Paris?
GS- Quero ir ao Louvre e....
TM- De novo? Aquilo é muito chato. Não dá pra fazer nada....
GS- Chato nada, você é que não tem sossego em lugares calmos.
TM- Até gosto de lugares calmos, mas ver sempre as mesmas obras, cansa. Acho que vou até a loja de vassouras....
GS- De novo? Fomos lá o mês passado. – foi a vez dele pegar no meu pé e demos risada.
TM- É.. tenho que comprar um presente para a Miyako e tô meio sem idéias....
GS- Porquê?
TM- Como porquê? O aniversário dela coincidiu com passeio a Paris, oras.
Meu amigo bateu a mão na testa dizendo: Putz....
TM- Podemos combinar de encontrar com ela em algum café, para comemorar e entregar os presentes.
GS- É... vai ser legal.
Tomamos o barco que nos levaria a Paris e sentei com meus amigos perto da proa. Abraçamos Miyako falamos que os presentes seriam dados num café da Champs Éllises, e seria surpresa. Ela que já havia combinado de sair com o pato búlgaro acatou nossa sugestão rapidinho. Ao chegarmos nos separamos, e fui com Gabriel procurar o presente dela. Gabriel já tinha noção do que comprar, eu estava em dúvidas entre um pomo de ouro e um par de luvas de couro de dragão.
Gabriel já estava ficando impaciente com minha demora resolveu ir até o museu e depois nos encontraria no café. Fiquei olhando aquelas coisas legais, mas sabe quando você não fica satisfeito com nada? Resolvi procurar mais um pouco e entrei numa ruazinha enfeitada com de lanternas chinesas. Bem no começo via-se uma placa escrita: Rue Le Soleil Naissant, e resolvi conhecer. Talvez encontrasse coisas orientais, que eu sabia faziam o gosto da minha amiga.
Entrei numa loja cheia de pedras naturais e a vendedora uma chinesa de cabelos grisalhos sorriu e me deixou á vontade. Olhei tudo, pois a loja era bem bonita e estava quase desistindo quando reparei numa pequena escultura, num cantinho empoeirado. Era um dragão chinês todo feito de jade e nos olhos havia dois rubis bem miudinhos.
A vendedora aprovou minha escolha, dizendo que aquele dragão era um amuleto de sorte e proteção. Paguei e pedi que fizesse um embrulho bem caprichado, pois era presente para uma amiga. Coloquei no bolso e como ainda tinha tempo fui para a loja de vassouras. Estava distraído olhando as vassouras, quando escutei gritos e som de feitiços sendo disparados, olhei e havia comensais correndo e espalhando terror pela rua. Minha primeira reação foi encontrar um lugar para me abrigar, mas minha atenção foi atraída para três garotos paralisados de terror, e algum feitiço fatalmente iria atingi-los.
Corri até eles e gritei, enquanto olhava para onde podíamos correr:
TM- Venham comigo agora.
Sai empurrando-os na minha frente, e achei uma loja velha e abandonada. Joguei meu peso contra a porta e ela cedeu, os garotos entraram atrás e começaram a falar ao mesmo tempo apavorados, enquanto eu fechava a porta:
TM- Calem a boca, ou os comensais nos pegam. Vamos ficar quietos e escondidos, nossas chances de sobrevivência serão maiores assim. - dizia enquanto sacava a varinha e ficava de frente à porta. A menina que parecia ser um pouco mais velha concordou comigo e sacou a varinha, dando ordens aos amigos:
-Vamos fazer o que ele diz, ele sabe o que faz.
Pobre garota.... Se soubesse que eu estava tão apavorado quanto eles não teria dito isso.
Mas repetia a mim mesmo, as instruções do meu pai: Numa situação de extremo perigo, não perca a cabeça, mantenha-se calmo, por mais difícil que seja. A ajuda sempre chega.
A confusão lá fora era muito grande, e logo outros gritos se misturaram aos comensais e passavam muito perto do nosso esconderijo. Eu me perguntava se Miyako e Gabriel estavam bem, e o que eu faria se algum comensal entrasse ali. Comecei a olhar para as crianças e uma menina estava encostada no ombro do menino chorando apavorada. A mais velha ordenava baixinho com voz trêmula que eles ficassem quietos, e logo olhou para mim. Pude ver que embora apavorada, ela procurava manter-se calma e não me perdia de vista.
TM- Quero que fiquem juntos. Se algum comensal entrar aqui, eu vou atrasá-lo enquanto vocês fogem ok? Corram o mais rápido que puderem até os barcos da escola.
-Nós não vamos deixar você aqui. Você vem com a gente. - disse a menina.
TM- Deixa de ser tapada. Corra com seus amigos que eu me viro.
- Vamos todos juntos ou não vai ninguém. - disse resoluta e eu tive ganas de socar ela. Porque as garotas têm que ser teimosas assim? Nunca vou entendê-las.
TM- Sou o mais velho aqui e vão fazer o que mando.
Ela ia abrir a boca para responder, quando um jato de luz escancarou a porta nos cegando por instantes. As meninas gritaram e eu gritei: Impedimenta, mas um escudo de luz, absorveu meu feitiço. E um vulto alto se aproximou e me levantou do chão como se eu fosse um trapo, enquanto dizia alto:
- Eu os achei.
-Pelos deuses, você está vivo...... - e logo mais gente vinha correndo até nós.
O vulto era o meu pai me abraçando forte.
Abracei-o por instantes e como estava muito apertado disse:
TM- Pai, tá me sufocando.
Meu pai riu, me soltou e logo fui abraçado pelo meu padrinho, que estava todo preocupado e disse:
SM- Vou continuar a procurar. - e saiu porta afora.
KM- Vamos para o barco rápido. - e foi nos empurrando para o barco. Enquanto andávamos rápido, perguntei ao meu pai:
TM- Como me achou? Vocês vieram rápido.
KM- Tivemos um alarme de perigo no Ministério e aparatamos para cá o mais depressa possível. Dei uma olhada rápida na rua, e quando vi a loja vazia com a tranca arrebentada, pensei que algum comensal poda ter se escondido aqui e vim ver. Por sorte eram vocês. Sua mãe já estava dizendo que se eu não te encontrasse, não precisava voltar para casa.
TM-Pai.... Miyako e Gabriel estão em segurança? - e vi meu pai hesitar.
KM- Ainda não sabemos, filho. Sua mãe está ajudando nas buscas. Vamos ter fé.
Entramos no barco e logo partíamos, vi quando meu pai correu de volta para onde ainda podia haver confusão e desejei com todas as minhas forças, que ele achasse meus amigos e que todos voltassem a salvo para o castelo.

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