Fragmentos das anotações de Ty McGregor
Embora Gabriel não tocasse mais no assunto da visita do pai dele, eu sabia que ele ficava pensando nisso, pois passou a devorar o diário da mãe, e o livro que o pai havia dado a ele. Bem, ele ficou um pouco brabo comigo por eu ter contado pra Morgan sobre ele, mas ela já tava tendo idéias erradas sobre o meu interesse naquele homem.
Imagina ela dizer que não sabia que eu gostava de homens mais velhos. Oow! Nada contra, mas não é minha praia.
E como ela prometeu que não iria falar a ninguém sobre isto, ele perdoou meu deslize.
Eu estava gostando das aulas de esgrima, aumentavam mesmo os reflexos, havia notado a melhora até no Quadribol. Não fiz mais dupla com aquela garota, de vez em quando eu a via e acenava com a cabeça em cumprimento, e ela me respondia da mesma forma. Na aula de hoje eu duelei com um garoto da Fidei, e ele era muito bom, o professor acabou dando empate, pq nenhum dos dois desistia. Parei para observar a garota duelando com um garoto da casa dela, e ela estava se esforçando bastante. Via-se que a técnica dela, era superior, porém faltava a força física. Em dado momento o garoto começou a falar gracinhas para irritá-la, mas ela ignorou e conseguiu vencê-lo no instante final. Ela levantou a cabeça sorrindo na minha direção e eu sorri de volta. Ficamos nos encarando e sorrindo alguns segundos, até as colegas da casa dela, começarem com risadinhas idiotas. Aí ela ficou séria e saiu com as colegas para comemorar a vitória, pois a aula havia acabado. Sai com meus amigos e fomos para as próximas aulas, mas algumas vezes eu me distraia e o Gabriel me cutucava:
GS- Ty... Presta atenção na aula.
TM- hum? Ah. ok...
GS- O que você tem? Anda distraído... Das duas uma: ou quer aprontar alguma coisa ou tem uma garota na jogada.
TM- Não estou aprontando nada, embora nossa vida aqui esteja um tédio, e não tem garota nenhuma. Depois da Morgan estou vacinado.
Ele ia dizer alguma coisa, mas a professora de etiqueta passou e nos olhou feio, nos fazendo ficar calados.
Após o jantar, estávamos fazendo nossos deveres quando ouvimos um barulho:
MS- Eu não acredito que foi o seu estômago que roncou, Ty. Acabamos de jantar.
GS- Mas o Ty é anormal Mi, já te disse isso. Ele tem uns três estômagos dentro dele.
Dei-lhe um soco de leve no ombro, enquanto ríamos e disse:
TM- Não sou anormal, apenas gasto calorias rápido. Vou pegar comida na cozinha, alguém quer? - e eles disseram não. Fui até a cozinha e depois de comer uns bons pedaços de bolo quentinho, comecei a fazer o caminho de volta, quando ouvi vozes alteradas e apressei o passo:
- Você deve ter jogado algum feitiço em mim...
- Eu não fiz nada, você está me machucando.
- Você trapaceou, eu nunca perderia um duelo pra você.
TM- O que está acontecendo aqui?- perguntei olhando para o garoto que segurava o braço da garota. Era Montpellier e o oponente dela da esgrima. O nome dele era Renald e jogava como batedor pela Nox. Sempre nos estranhávamos em campo, pois ele acertava balaços nos outros à toa, só para machucar, fez isso uma vez com o Gabriel, num treino.
-Isto não diz respeito a você.
TM- Porque você tá agredindo ela? Isto é errado. - disse irritado.
- Ela trapaceou no duelo de esgrima, só assim ela me venceria.
TM- Tira as mãos de cima dela, eu estava lá e vi que ela ganhou honestamente. - disse já próximo dos dois, e com os punhos fechados.
Eu devia estar com a cara bem feia, pois o garoto soltou o braço dela e disse:
- Porque você está defendendo a garota McGregor? Ela não é como nós...
TM- Ela é uma garota, pra mim já basta.
- Ela nada mais é que uma sangue ruim miserável e trapaceira....
Não deixei ele terminar de falar. Dei-lhe uma cabeçada e ele caiu ao chão, logo nos embolávamos, trocando socos. Ele não devia estar acostumado com isso, pois logo perdeu as forças. Levantei e olhei para a garota, pensando ver um olhar de agradecimento e tudo o que vi foi um olhar gelado, enquanto ela me dava às costas e saia andando pelo corredor. Fui atrás dela e a puxei pelo braço.
TM - Ei, um obrigado não vai te matar.
RM - Pelo quê? Por você bancar o gorila defendendo o território? Eu não pedi sua ajuda... - disse olhando friamente para onde meus dedos a tocavam e instintivamente a soltei.
TM - Quando eu cheguei você não estava despejando este veneno em cima dele. Pensei que estava ajudando...
RM - Você é tão presunçoso, por achar que eu não saberia me defender daquele incompetente. No fundo vocês puro-sangue são todos iguais.
TM - Não ouse me comparar com aquele babaca. Não aceito esta história de puro sangue ser melhor que os outros.
RM - Não? Você veio "me defender", mas nunca perguntou o meu nome, nem mesmo quando me levou para a enfermaria. Agiu como se eu fosse apenas um peso, que você tinha que se livrar logo e ainda posar de bom samaritano. Típico de um esnobe.
TM - Olha aqui: Não quis me livrar de você aquele dia. Você mesma disse que acidentes acontecem, e eu havia me desculpado. Se me conhecesse um pouco, saberia que eu acho esta história de sangue puro uma grande besteira. Todo aquele que tem um pouco de bom censo sabe que nosso mundo só sobreviveu, por termos nos casado com os trouxas. Eu não tenho culpa, por algum idiota ter feito você acreditar nestas bobagens sobre uns serem melhores que os outros, e com isto fazer você se sentir por baixo, achando que pode julgar a todos que não se encaixam ao seu padrão. Deste jeito você age igual ao Renald, fica difícil ver a diferença entre vocês dois. - disse asperamente.
Ela apenas me olhava de queixo erguido, respirei fundo, pois já havia falado demais, e comecei a andar de volta para o meu salão comunal. Estava começando a ficar com dor de cabeça.
De repente me virei e disse para ela:
TM - Seu nome é Rory Montpellier. Eu sou Tyrone John McGregor e me orgulho muito de ser o que sou: um bruxo.
Seus olhos brilharam e antes que ela dissesse alguma coisa para brigar comigo de novo, fui embora, procurar alguma coisa para a dor de cabeça que estava de matar.
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