Tuesday, April 18, 2006

Caçadores de confusão

Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette

Ultimo dia de recesso... A casa dos meus pais estava uma verdadeira zona! Sophia havia se instalado aqui e na condição de mais velha da casa, tentara botar ordem, desistindo logo em seguida. Ela e Marie agora estavam intimas e se recusavam a fazer qualquer tipo de favor para qualquer um de nós, diziam que éramos muito bagunceiros.

Estava deitado em minha cama brincando com uma goles junto com Michel, quando a porta se abriu com um estrondo e Dominique e Samuel entraram com espingardas nas mãos. Michel gritou e Bernard se atirou embaixo da cama na mesma hora.

IL: Onde acharam isso??
SS: Luke, de quem são?
DC: Achamos numa cabana no seu quintal...
BL: Estão carregadas?
IL: Não, podem sair do chão. Elas são do vovô... Nossa, faz muito tempo que não as vejo!

Peguei a espingarda da mão de Dominique, olhando com atenção. Elas pertencem ao meu avô, ele as coleciona e seu hobby era caçar cervos na temporada. Desde criança ele me leva nessas caçadas e começou a me ensinar a usá-las de fato, quando eu tinha 11 anos. Mas há uns 2 anos que não acompanho ele e nunca mais as vi, nem me lembrava que ele tinha espingardas na cabana.

Samuel começou a brincar com ela no quarto, apontando para o ar e fingindo que atirava, e aquilo acabou me dando uma idéia. Ainda teríamos uma noite em casa, o auror que nos trouxe para cá só viria nos buscar às 10hs do dia seguinte, então sugeri que acampássemos nas montanhas que tinham perto de casa, para caçar. Imediatamente todos toparam e começamos a arrumar as mochilas. É obvio que Marie e Sophia se recusaram a dormir no mato na expectativa de matar qualquer tipo de animal, então foram apenas os garotos.

Às 16hs em ponto deixamos a casa, munidos apenas de mochilas, algumas panelas penduradas nelas e espingardas, rumo à mata. Andamos por aproximadamente 1 hora até encontrarmos uma clareira segura e montamos acampamento ali. Com a nossa vasta experiência depois das férias de natal, não foi nada difícil erguer a barraca, já que não estávamos autorizados a usar magia fora da escola sem antes termos prestados os NOMs.

A noite logo caiu e junto com ela veio nossa empolgação por passá-la escondidos em algum arbusto, na espreita de que algum bicho passasse e pudéssemos caçar nosso jantar. Gastei algum tempo ensinando meus amigos a usar as armas, mas todos pareciam ter entendido e nos espalhamos, tomando o cuidado de não ficar na reta de ninguém caso algo saísse errado. Estava escondido junto com Dominique quando ouvimos um barulho de galho seco partindo.

DC: Ouviu isso??? – disse claramente alarmado.
IL: Sim... Fica calado, deve ser um cervo, essa região é cercada deles.
BL: Luke! Tem certeza que não é ilegal acertar um deles?
MD: Estamos na temporada de caça, pra onde acha que vovô foi nesse feriado?
SS: Alguma coisa se mexeu aqui atrás! – Samuel disse baixo, pedindo que nos calássemos.

Havia algo na mata se movendo e fazia isso muito rápido. Não podia ser um cervo, eles não corriam assim, já estava acostumado a vê-los embrenhados no mato fugindo dos caçadores. Era outra coisa... E talvez não tivesse sido boa idéia comunicar meus companheiros sobre isso, pois todos logo se assustaram e tinham as espingardas em punho, embora suas mãos tremessem levemente.

MD: Eu senti um vento nas minhas costas!
IL: Cala a boca, Michel! Vai atrair a atenção deles.
DC: Dele quem???
SS: Quem é eu não sei, mas sei que não quero descobrir!
BL: Shiiii! Ouvi alguma coisa...
DC: Eu vi se mexer, atrás do arbusto!

Tudo aconteceu numa fração de segundos! Dominique berrou, um tiro ecoou pela mata, alguns pássaros que descansavam nas árvores ao redor voaram assustados, Samuel estava caído no chão com a espingarda por cima dele, Bernard e Michel ajoelhados e tapando os ouvidos e um pequeno vulto passou disparado por nós, saindo do arbusto. Com o susto da coisa se movendo, Samuel acabou atirando na direção onde Dominique apontou, mas não tinha um bicho asqueroso e grande atrás dela, e sim um coelho! O vulto assustado que saiu da mata era um coelho cinza, que claramente perdeu seu rabo para a bala da espingarda de Samuel, pois um fino rastro de sangue ficou pelo caminho quando ele saiu em disparada.

Começamos a rir da situação, aliviados por termos nos assustado com um simples coelho e nada perigoso. Claro que Samuel seria motivo de piada por muito tempo, pois entrou em pânico e atirou em um frágil e indefeso coelhinho... Voltamos para as barracas dispostos a comer alguns biscoitos antes de tentar outra vez quando um segundo vulto, dessa vez maior, passou por dentro da mata. Imediatamente erguemos a espingarda em alerta, mas infelizmente Michel não imitou nosso gesto. Meu primo começou a rir dizendo que devia ser guaxinim dessa vez, seguindo o barulho dos galhos sendo amassados.

IL: Volta aqui!
SS: Michel, você não sabe se é um guaxinim!
BL: Pode ser qualquer coisa, volta!
DC: Ele não vai vir, vamos atrás dele!

Entramos na mata com as armas em punho atrás dele, mas Michel corria cada vez mais. A cada passo, percebia que estava em terrenos desconhecidos, jamais pisei com vovô nesses cantos da floresta. Olhava para os lados em alerta, atento a qualquer barulho ou movimento suspeito, e passava instruções para os outros cobrirem diferentes direções. Já estávamos no coração da mata quando o vulto novamente passou correndo e dessa vez pude ver que era um bicho enorme, vindo na direção onde estávamos.

IL: Michel, NÃO!

Mas foi tarde demais. Um enorme lobisomem saltou do meio dos arbustos, voando pra cima do meu primo. No mesmo instante nós quatro largamos o dedo nas espingardas, atirando contra ele. O lobisomem se levantou irritado, rosnando na nossa direção antes de entrar na mata novamente e desaparecer, deixando rastro de sangue por conta das balas que havíamos acertado nele. Corremos para onde Michel estava caído, uma enorme poça vermelha o cercava. Consegui ver que ele ainda tinha pulso, logo estava vivo, e o arrastamos de volta até a barraca, esquecendo a regra que nos impede de usar magia e soltando um sinal de alerta para que as meninas chamassem por socorro e nos tirasse de lá, antes que fosse tarde demais para Michel...

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