Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette
- O que aconteceu?
- O que foi que mordeu o Michel??
- Parem de falar e ajudem a carregá-lo!
Bernard gritou irritado com as meninas, que haviam nos encontrado na orla da floresta. Carregamos um Michel inconsciente até o hospital bruxo de Marseille sem dizer o que tinha acontecido. Estávamos tão assustados que não conseguíamos falar nada, embora elas nos questionassem.
Uma enfermeira que estava na recepção do hospital berrou assustada ao ver a quantidade de sangue nas roupas dele e correu para buscar ajuda, trazendo em seguida uma equipe de medibruxos que tomou ele de nossos braços e sumiram por detrás das portas da emergência. Sentamos inquietos na sala de espera, parando todas as pessoas que saiam de lá de dentro, mas ninguém dizia nada. Já estava entrando em desespero quando um medibruxo de cabelos negros parou na nossa frente, pedindo que apenas eu e Sophia entrássemos.
IL: Como ele está???
SL: Foi muito grave??
- Preciso saber o que atacou o menino...
SL: Luke, o que aconteceu naquela floresta? - Sophia me perguntou, mas não respondi.
- É importante que você diga o que o atacou, para que possamos ajuda-lo.
IL: Vocês não podem fazer nada por ele.
SL: O que diabos machucou o Michel?? - e agarrou minha camisa em pânico.
IL: Foi um lobisomem...
- Tem certeza disso?
IL: Bastante! Ou então foi um lobo de aço, pois o acertamos com pelo menos 10 balas e ele continua vivo!
Sophia tapou a boca com a mão e o medico fez aquela cara de compreensão, voltando para o quarto onde Michel estava. Ele nos deixou segui-lo e vimos meu primo estirado na cama desacordado, uma enfermeira atarefada fazendo curativos nele. O homem comunicou aos outros bruxos sobre o ataque do lobisomem e alguns saíram apressados. Pelo que entendi, iriam comunicar ao ministério francês e localizar os lobisomens registrados à procura de um baleado. Ele nos explicou o que estavam fazendo, sobre como ele se feriu, mas na hora de dizer como seria a vida dele a partir de agora, parou.
- Preciso conversar com os pais do menino
IL: Ahn... Meus tios estão de férias no Caribe, não creio que vá conseguir acha-los antes do tempo previsto pra volta...
- Sinto muito, mas seu primo será liberado somente na presença dos responsáveis.
SL: Eu já tenho 23 anos, isso não conta??
Mas pela cara do homem, a idade de Sophia não fazia a menor diferença. Entrávamos agora em um novo conflito: como dizer ao tio Edmond e a tia Eva que o filho deles agora é um lobisomem? E o que eu acho que será pior: que estávamos fora da escola no feriado, apesar deles terem dito que deveríamos ficar por lá??? Começamos a andar de um lado para o outro coçando a cabeça e nos juntamos aos outros na sala de espera, dizendo a encrenca em que havíamos nos metido. Samuel só faltou enfartar quando se deu conta de que o pai já devia estar ciente de sua localização, visto que dois medibruxos partiram em direção ao ministério comunicar sobre o ataque e fichar o mais novo lobo da parada. Marie tentava manter a calma, mas as exclamações preocupadas de Bernard e Dominique estavam deixando-a mais histérica do que antes. Sophia se afastou nervosa e fui atrás dela. Ela saiu para a rua e parou ao lado de um telefone público, me encarando séria e puxando um pedaço de papel amassado do bolso.
SL: Acabou a brincadeira Luke... Vamos ter que contar a eles!
IL: Eu sei... Por onde começo? Oi tio Edmond, como vão as férias? A propósito, Michel foi mordido por um lobisomem!
SL: Talvez não seja bom ir direto ao ponto, ele pode desmaiar de susto
IL: E se eu já falar chorando? Ele pode se comover...
Ela riu de nervoso e tirou o telefone do gancho, discando o número que mamãe tinha deixado com ela para emergências. Eu tentava pensar no que dizer quando eles atendessem ao telefone no hotel, mas não conseguia pensar numa maneira mais amena de falar sobre isso. Sophia saltou do chão e me passou o telefone, apavorada.
IL: Alô? - falei confuso quando ela o empurrou na minha orelha
- Ian? Por que está nos ligando? Onde você está?
IL: Ahn oi pai...
- Onde você está Ian?
IL: Em casa... Tem uma coisa que eu preciso te contar...
Olhei pra Sophia e ela mordia os lábios de nervoso, me encarando enquanto eu tentava explicar ao papai o que tinha acontecido, antes dele começar a gritar no telefone...
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