Tuesday, November 06, 2007

Por Gabriel Storm Lupin, direto de Beauxbatons

Domingo, 4 de Novembro de 1998

Ah, lar doce lar. As delegações haviam desembarcado em Beauxbatons depois de uma semana em Durmstrang na manhã de domingo e estava muito feliz por estar de volta a minha verdadeira casa. Não vou dizer que não gosto da Califórnia, pois estaria mentindo. Mas só aqui me sinto à vontade de verdade. Fomos todos alojados na Fidei mesmo Ty e eu sendo da Sapientai e Miyako deu um jeito de escapar da Nox para ficarmos todos juntos. E como Beauxbatons estava na frente no quadro de medalhas, os alunos que ficaram na escola fizeram questão de lembrar esse fato aos visitantes espalhando cartazes e faixas por todos os corredores. Acho que os meus ex-colegas de escola vão ganhar também em animação...

ººº

Segunda, 5 de Novembro de 1998

- Que sono todo é esse, lobão? – Ty me sacudiu e bocejei
- Ainda estou no fuso horário da Califórnia. E mal tive tempo de me adaptar ao de Durmstrang e já viajamos outra vez. Essa hora eu estaria dormindo...
- Pois é bom acordar logo, ou não vai passar da semifinal da Esgrima – Miyako acertou seu sabre no que estava na minha mão derrubando-o – Não tem graça ganhar de você assim, lute direito!

Sacudi a cabeça para espantar o sono e peguei o sabre do chão, voltando a duelar com Miyako. Teria uma luta em algumas horas e estava valendo a vaga na final. Micah já havia vencido a semifinal da parte da manhã e se conseguisse passar, nos enfrentaríamos amanhã no duelo com sabre. Ty autorizou o inicio da luta e recomeçou a contar tempo e pontuação. Tinha que vencer e garantir minha primeira medalha amanhã, mesmo que fosse de prata.

ººº

Terça, 6 de Novembro de 1998

A semifinal de Esgrima de ontem não poderia ter sido melhor. Além de ter sido contra um argentino, Ramón Díaz, ainda venci. Foi preciso prorrogação, pois o Hermano era teimoso, mas consegui uma maior pontuação e me classifiquei para a final. Mais uma vez a delegação brasileira lotou a arena para mandar energias negativas ao eterno adversário, o que acabou me favorecendo. Mas não sei quem fez mais barulho nos intervalos entre os meus pontos marcados e a retomada de posições: os brasileiros ou Manuela e Miyako, que pareciam comandar a bagunça. Todos na arena sabiam meu nome e nem teria sido necessário Viera anunciar no microfone antes do início da luta.

Para a luta dessa tarde estava particularmente ansioso. Não só já tinha garantido uma medalha, como seria contra um amigo. Estava ansioso pelo início dela, mas tranqüilo. Independente do resultado ficaria feliz. Micah e eu já aquecíamos na lateral da arena enquanto um chileno e um português decidiam o terceiro lugar e quando o português espantou o outro para fora da arena, Viera ergueu seu braço e o declarou vencedor. Agora era nossa vez na disputa pelo ouro.

- Boa sorte, Gabriel – Micah estendeu a mão sorrindo antes de colocar o capacete com a tela de proteção
- Boa sorte você também – Respondi abaixando a máscara. Tomamos nossas posições e nos cumprimentamos formalmente como em toda luta
- En guarde – Viera se postou entre nós dois e ergueu a mão – combattent!

Viera abaixou o braço e Micah já avançou para cima de mim, atingindo minha mão. Por sorte ela não contava ponto e já havia me recuperado do golpe, partindo para cima dele. Micah recuou alguns passos e por pouco não pisou fora da arena. Viera fez sinal para retomarmos nossas posições e o combate recomeçou. Dessa vez comecei atacando, mas foi Micah que marcou o primeiro ponto desviando do meu golpe e me atingindo no braço. Nossos amigos da Califórnia não sabiam para quem torcer então quando marquei meu primeiro ponto e empatei a luta, eles aplaudiram do mesmo jeito que aplaudiram Micah.

A luta seguiu equilibrada até o último segundo. O placar estava 14 a 14 e os nove minutos de tolerância estavam prestes a estourar quando Micah se descuidou ao não se proteger depois de um ataque e avancei com o sabre sobre a cabeça, atingindo seu capacete de leve. Vi meus pais sorrindo felizes e aplaudindo enquanto meus amigos de Beauxbatons começaram a pular e gritar na arquibancada. Viera agarrou meu braço o erguendo sorridente, já deixando a imparcialidade de lado e me abraçando em seguida. Tirei o capacete e o atirei para o alto sem conseguir parar de sorrir e estendi a mão para Micah, que apesar de ter perdido, também sorria.

- Parabéns! – ele falou animado com o capacete debaixo do braço – Um adversário e tanto
- Você também deu trabalho, mas claro, o melhor sempre vence – Falei rindo e ele afundou o capacete dele na minha cabeça, batendo com a mão
- Ta bom, pode se gabar, eu deixo. Vamos nos enfrentar outras vezes, e vai ser a minha vez de tirar onda com a sua cara

Ouvi um grito estridente e quando olhei para o lado, Miyako saia atropelando as pessoas na arquibancada da arena e veio se atirando em cima de mim. Atrás dela Maddie vinha correndo me abraçar e todos os meus amigos daqui também desceram, transformando a arena em um mar azul que se misturava aos alunos da delegação americana. Para conseguirem montar o pódio para a entrega de medalhas foi um sacrifício, pois Ian e Samuel brincavam com os sabres e pediam para Viera contar pontos e declarar um vencedor, mas nada que Maxime não conseguisse resolver com uns olhares atravessados. Recebi minha primeira medalha das mãos da diretora, e logo de ouro, e a arena ficou em silencio para ouvir o hino dos Estados Unidos. Uma pena não poder ouvir o hino da França nessa hora. Acho que sinto falta daqui...

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