A delegação de Durmstrang havia acabado de partir e nos despedimos de Ty, que saiu aborrecido com a tia Alex depois de ouvi-la contar a mamãe e tia Yulli que ainda gostava do tio Logan. Ainda tentamos falar com ele, mas Ty estava irredutível e sumiu entre os alunos com os uniformes vermelhos.
Separei-me de Miyako, Griff, Seth e Maddie quando a delegação de Beauxbatons e os voluntários franceses começavam a se reunir para partir e fui até a enfermaria procurar minha mãe. Parei na porta e vi Ian e ela de frente um pro outro. Fiquei encostado na porta ouvindo, eles não tinham me notado ainda.
- Sem ressentimentos, chefinha? – Ian estendeu a mão sério, mas depois acabou rindo
- Não sou mais sua chefe, pode me chamar de Louise, Ian – mamãe riu e apertou a mão dele – E sem ressentimentos. Contanto que não tenha mais que trabalhar com você, está tudo ótimo!
Ian jogou a mochila nas costas rindo e se encaminhou para a saída. Parou quando me viu e estendeu a mão outra vez.
- Vou tentar trocar algum plantão para conseguir assistir a um dos seus jogos com a Maddie. Foi bom rever você aqui, Harry Potter
- Também foi bom rever você, Chapolin – apertei a mão dele rindo – Nos vemos em breve
Ele acenou mais uma vez para minha mãe e sumiu pelo corredor da escola, indo se juntar aos demais voluntários da França que já se reuniam no jardim para pegar a chave de portal. Entrei na enfermaria e minha mãe sorriu, terminando de arrumar as coisas. Ela era a última ali, tia Sam já tinha ido embora com o tio Josh.
- Ian importunou muito nessas três semanas? – perguntei rindo e sentando em uma das camas
- Um bocado – ela fechou a mochila e ficou de frente para mim – Ele é muito piadista, mas também é muito atencioso com o que está fazendo, e muito certinho também, não gosta de cometer nenhuma falha. Lembra um pouco de mim quando comecei a estagiar no St. Mungus
- Não consigo imaginar o Ian trabalhando sério em nada, sempre o vejo brincando e fazendo piada com a cara dos outros
- Pois na hora de atender um paciente, ele é outra pessoa. É sério, concentrado e muito prático. Vai se tornar um excelente curandeiro, mas ainda precisa crescer em algumas coisas. Quem sabe se ele se sentir responsável por algo mais sério na vida pessoal o ajude. Mas ele tem futuro, pode apostar
Sorri e mamãe foi terminar de fechar a última bolsa de coisas. Quando terminou percebeu que a encarava sério e ela parou ao meu lado, me olhando desconfiada.
- O que foi Gabriel? – disse sentando ao meu lado
- Nada, por quê?
- Conheço você, e quando fica quieto me olhando é porque quer falar alguma coisa. A delegação da sua escola não saiu ainda?
- Não, ainda tenho meia hora, Beauxbatons está saindo agora – respondi vago e olhei para ela – Você odiou a Maddie, não é?
- Quem? – perguntou confusa
- Minha namorada, Madeline – respondi ainda olhando para ela e mamãe pareceu entender – Você olhou torto para ela durante toda a Olimpíada
- Eu não odeio a menina – respondeu na defensiva – E não olhei torto para ela!
- Olhou sim, mãe. A senhora julgou ela sem nem ao menos conhecê-la! Não esperava que fosse cair de amores, mas esperava ao menos que fosse mais simpática – voltei a encarar o chão antes de continuar – Ela é importante pra mim. É minha primeira namorada, e gosto muito dela
- Desculpe, não era minha intenção chatear você. Mas tente ser compreensivo, ainda não me acostumei a isso – mamãe disse séria e voltei a olhar para ela – Ela esteve aqui algumas vezes, com a namorada do Ian. E em uma das vezes a ouvi dizer a eles que achava que não tinha me agradado muito e estava preocupada, porque gostava de você
- Quando pretendia me contar isso? – falei erguendo a sobrancelha
- Não pretendia, ainda estava processando a idéia – falou sincera e ri – Ciúmes, admito. Ciúme de mãe por saber que perdeu o filho para outra mulher. Sei que você não é mais criança e preciso me adaptar a isso ainda. Me desculpe, ok?
- Vai ser mais compreensiva?
- Sim. E se ela é tão importante assim para você, por que não a convida para passar o Natal conosco? Me dê a chance de conhecê-la direito e formar uma opinião.
- Tem certeza? – perguntei surpreso e ela confirmou sorrindo. Sorri mais animado – Obrigado. E mãe, você não me perdeu para outra. Você vai ser a mulher da minha vida.
Mamãe sorriu e apertou meu pescoço, me cobrindo de beijos. Quando me soltou pude notar que estava muito feliz, e não parava de sorrir. Aproveitei a deixa para brincar com ela.
- Mas então, quando vai seguir o exemplo da tia Yulli e me dar um irmãozinho ou uma irmãzinha? – perguntei sonso e o sorriso evaporou do rosto dela. Prendi o riso
- Se quiser outro cachorro eu compro pra você. Podemos abrir até um canil, mas tira essa idéia de que vou engravidar outra vez da cabeça!
- Mas mãe, não seja tão ruim com o meu pai! Dê a ele a chance de criar um filho dessa vez! Poxa, ele perdeu toda a diversão!
- Quer me ver irritada depois de me agradar, Gabriel? Pois está conseguindo! – falou revoltada e comecei a rir, então ela relaxou e riu também
Esperei até que ela terminasse de recolher as coisas e saímos juntos da enfermaria. Quando o diretor da escola do Arizona ordenou que nos reuníssemos no lago para partir me despedi dela e do meu pai e me juntei aos meus amigos, já com saudades dessas três semanas, e contando os dias para o Natal.
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