Tuesday, November 13, 2007

O atleta mais completo

Por Gabriel Storm Lupin, direto de Hogwarts

Domingo, 11 de Novembro de 1998

O Expesso de Hogwarts foi perdendo velocidade na medida que se aproximava da estação de Hogsmeade e abri a janela da cabine. Dava para ver o vilarejo que não visitava desde os 12 anos e quando o trem parou, pude ver o castelo. Embora gostasse mais de Beauxbatons, sentia saudades de Hogwarts. Estava louco para pisar outra vez no Três Vassouras, na Dedosdemel e na Zonkos, e mostrá-las aos meus amigos. Stuart estava parado ao meu lado na janela e parecia compartilhar esses pensamentos. Quando os alunos começaram a desembarcar empolgados, pegamos nossas bagagens e acompanhamos o fluxo. Ia começar a última semana de competições.

ººº

Segunda-feira, 12 de Novembro de 1998

- Está com todo o equipamento? Onde está o capacete? – falei olhando para Chris – Chris, está me ouvindo?
- Foi aqui, não foi? – ele falou com o olhar vago e a voz baixa, e entendi o que quis dizer
- Sim, foi. – meu estômago revirou lembrando do relato da minha mãe sobre a batalha que aconteceu aqui, da qual tia Megan acabou não sobrevivendo – O castelo ainda conserva as marcas

E conservava mesmo. Algumas paredes ainda tinham buracos e nem todos os quadros dos corredores estavam lá. Uma das estufas da professora Sprout não existia mais e até a cabana do Hagrid ainda precisava de reforma. Era bom retornar, mas ruim ao mesmo tempo. Era impossível estar aqui sem pensar em tudo que aconteceu.

- Espero que não estejam remoendo lembranças ruins – ouvi uma voz conhecido e viramos ao mesmo tempo para trás, sorrido. Era o tio Scott – Viemos nos divertir, não ficar tristes
- Tio Scott! – corremos até ele e o abraçamos – Pensávamos que não viria mais!
- Não ia perder as últimas provas de vocês – disse sorrindo e olhando ao redor de onde estávamos - Já está na hora de seguirmos em frente, e voltar aqui foi a melhor coisa que decidi fazer. Encarar para superar, certo?
- Isso mesmo. – Chris falou deixando um último suspiro escapar – Cadê meu capacete? A prova já vai começar
- Está aqui – Chloe veio correndo pelo gramado e entregou a ele, dando um beijo na sua bochecha – Boa sorte, Chris.

Tio Scott abraçou Chloe e Chris ajeitou o capacete na cabeça, montando no cavalo. A primeira etapa da maratona de provas do Pentatlo ia começar, e meu primo estava decidido a vencê-lo.

ººº

Terça-Feira, 13 de Novembro de 1998

Hoje foi o dia da 2ª etapa do Pentatlo, com as provas de Esgrima e Natação. Chris havia feito a melhor pontuação no Hipismo ontem, passando por todos os obstáculos sem deixar o cavalo recuar e derrubar nenhuma barra. Para não assustar os cavalos não era permitido gritar ou fazer qualquer tipo de barulho, e foi engraçado ver meus tios mordendo a mão para evitar soltar um berro, ou fazendo mímicas como se estivessem empurrando Chris com as mãos.

Na Esgrima ele perdeu para o atleta da Romênia, mas venceu o Suiço e conseguiu manter a 1ª colocação. Mas na Natação ele perdeu a posição para o nadador da Austrália, que parecia um torpedo na água. Era impossível alcançá-lo e Chris terminou a prova em 3º lugar. Nessa era permitido gritar a vontade, e tio Ben e tio Kegan levaram bóias para a arquibancada, e brincavam com elas na cintura enquanto gritavam feito dois malucos. Com certeza Chris pode ouvir a bagunça mesmo com a cabeça dentro do lago. Nossa torcida estava ficando conhecida como a mais animada. Pagar mico era o nosso forte...

ººº

Quarta-feira, 14 de Novembro de 1998

Hoje era o dia decisivo, as duas últimas provas que iam definir quem era o atleta mais completo da competição. Chris estava particularmente nervoso. A 3ª colocação o preocupava, teria que fazer a melhor pontuação no Tiro Esportivo e a melhor marca na corrida se quisesse vencer.

- Como está se sentindo? – perguntei tão ansioso quanto ele
- Nervoso – ele se sacudia no gramado e não parava de conferir a pistola – Minha pontaria não é muito boa
- Você chegou até aqui, então é bom. Relaxa, vai se sair bem. Vou para a arquibancada, boa sorte.

Chris balançou a cabeça tentando sorrir e sai da área demarcada para os competidores. Eles teriam que disparar 20 tiros e no fim o somátorio deles definiria a posição de largada da corrida 3000 metros cross-country. O vencedor dela seria o vencedor do Pentatlo, independente das demais pontuações. Então tudo dependia de como Chris se sairia no Tiro, para largar em uma boa posição na corrida.

Shannon hoje acompanharia as provas no meio da nossa família e já estava conversando com tio Scott quando me sentei ao seu lado. Ela parecia nervosa também, como se quisesse falar alguma coisa, e assim que sentei ela me encarou séria e começou a falar mantendo o tom de voz baixo.

- Descobri uma coisa ruim – falou aflita – Quer dizer, não sei se é ruim, mas não é certo
- Do que está falando? – perguntei confuso – Que coisa ruim? Quem fez?
- Não, esqueca o ruim, mas é errado. É o Micah – ela tapou o rosto com as mãos nervosa e voltou a me encarar – Acho que sei porque ele pediu transferência, e justo para Durmstrang
- Se não tem certeza de nada, não me conte! – falei depressa – Já chega de boataria, não é?
- Não vou falar sem antes conversar com ele, mas tenho certeza que estou com a razão! Ele quer magoar uma única pessoa, mas vai terminar magoando a si mesmo!
- Conversa com ele então, tente fazê-lo desistir do que quer que seja. Vocês são como irmãos, tenho certeza que ele vai ouví-la e pensar
- Espero que me escute mesmo – ela sentou reta e respirou fundo – Tem uma garota acenando pra você, Gabriel. Acho que é a sua namorada – falou rindo
- É ela sim, está como voluntária no Pentatlo hoje – acenei de volta sorrindo – E você? Já deu tchau pro seu namorado? - Provoquei
- Pare com isso, já disse que não somos namorados! Chris e eu estamos só nos conhecendo, e em todo caso, dentro de quatro dias vamos cada um para um lado.
- Quem é namorada do meu afilhado aí? – tio Ben ouviu a conversa e deslizou no banco, estendendo a mão para Shannon. Ela atingiu todas as cores do arco-íris – Prazer, Ben, padrinho do rapaz
- Shannon Austen, e eu não sou namorada dele – falou sem graça me beliscando
- Ah, eu conheco essa frase! – tio Scott falou rindo atrás de mim – Não era a que Karen repetia insistentemente quando Kegan conseguiu levá-la para jantar?
- Olha só quem voltou a ser um comediante! – tia Karen falou ranzinza quando todo mundo riu
- Não fique irritada, meu amor – tio Kegan abraçou ela rindo – Mas seu irmão tem razão. Aliás, se bem me recordo, foi aqui que você estava dando aquela aula sobre duelos medievais quando a vi pela primeira vez. Foi instantâneo!
- Eu me lembro dessa aula, você apareceu querendo se amostrar pra Karen e desafiou Scott no duelo – tio Ben falava saudoso – E perdeu!
- Bem lembrado, Ben – tio Scott virou para tio Kegan sorridente – Ele perdeu! Pra um garoto de 16 anos! Até hoje tenho a curiosidade, como é o gosto do feno, Kegan?
- Silêncio crianças, vai começar a prova – tio Wayne falou sacudindo os braços e ficamos quietos – VAI CHRISTOPHER! ACABA COM ELES! – berrou empolgado sem conseguir se conter e começamos a rir quando o juiz pediu silêncio.

A empolgação do tio Wayne acabou relaxando Chris, pois ele riu acenando para onde estávamos e quando tomou a posição para começar os disparos, estava totalmente concentrado. Dos seus 20 tiros, apenas 5 ficaram mais afastados do alvo central. Mas o atirador da Hungria teve uma pontuação perfeita e terminou em primeiro lugar. Com 50 pontos de diferença para o Húngaro, Chris largaria na corrida em 2º lugar, saindo 12 segundos depois dele. Ele tinha chances de vencer, e sabia disso, pois quando anunciaram a ordem de largada comemorou como se fosse o 1º lugar.

A corrida de 3000 metros cross-country seria por boa parte dos terrenos de Hogwarts. Muitos voluntários foram escalados para ela, pois a cada 15 metros era preciso ter um observando. Meus tios estavam tão empolgados com as boas chances de Chris vencer que decidiram acompanhar a prova de vários pontos. Então quando Chris largou 12 segundos depois do Húngaro, corremos junto. Cortando caminho pelo lado de fora da marcação da pista, estavamos sempre alguns passos à frente dele. Para completar os 1000 pontos máximos o perurso deveria ser feito em 10 minutos e nossos gritos e incentivos davam mais gás a Chris. Ele corria sem afobação, guardando energia para o final, quando precisaria ultrapassar o 1º colocado.

E foi isso que ele fez. Nos 500 metros finais, o alteta da Hungria começava a demostrar cansaso e Chris, ainda com energia para mais 1000 metros, deixou o Húngaro para trás e ele assumiu a liderança da prova. Meus tios pulavam desesperados enquanto acompanhávamos ele, o mantendo informado da distância dos outros atletas. Chris nem olhava para trás, mantinha o olhar fixo do que estava logo à sua frente: a linha de chegada. O Húngaro nem tinha mais chance. Chris conseguiu cruzar a faixa amarela com 15 segundos de diferença para ele e se atirou no gramado quando viu que havia vencido a prova. Corremos até ele comemorando e tio Ben e tio Scott o ergueram nos ombros. Fazia muito tempo que não via todos eles tão felizes assim. Era muito bom voltar ao que era antes.

No comments: