Thursday, July 27, 2006

Lá e de volta para Londres...

Anotações de Ty McGregor

O ruim de você ter parentes espalhados pelo mundo, é que quando as férias começam a ficar legais, eles aparecem e levam os filhos embora. John, Mary, Sophia, Amber, Chloe, Declan, Brian, Brianna, voltaram com os pais para suas casas e só ficamos eu e Riven na casa da vovó.
Até que por uns dois dias, nós nos tratamos civilizadamente, e depois disso ele se enfiou no quarto dele e eu ficava vagando pela propriedade sem ninguém pra me controlar. Tia Patrícia e tio Dylan ultimamente só faziam brigar e nestas horas o Riven sumia pela propriedade, só aparecendo quando tudo estava quieto. Quer dizer, eu ficava de olho nele, não tinha nada para fazer mesmo. Algumas vezes eu o encontrava no meio do caminho e dizia como quem não queria nada:
- Estou faminto, vou assaltar a geladeira. Você vem?- e lá íamos nós bagunçar a cozinha.
- Ty, acorda.
- Agora não, mãe... MÃE?
Ela riu e me abraçou, dando beijos estalados. Porque mãe tem esta mania? Pelo menos não foi em público.
- Acorda, filho vim te buscar. Vamos passar o final de suas férias em Londres. - e começamos a conversar enquanto eu me arrumava, e ela ia contando as ultimas coisas que haviam acontecido por lá, quando ouvimos alguns gritos. Ela abriu a porta de varinha em punho e era tia Patrícia e tio Dylan brigando àquela hora da manhã.
- Começaram com as galinhas hoje... - comentei.
- Arrume suas coisas. Já venho. - e minha mãe saiu em direção ao quarto deles. Louca? Sim, mamãe era meio doidinha. Logo eram três pessoas gritando e vi alguém bater a porta e sair bufando. Tio Dylan havia saído. Achei que tia Patrícia e mamãe fossem começar a brigar até porque elas sempre se detestaram, mas os barulhos pararam. Riven que estava com a cabeça no corredor esperando com ar preocupado, olhou para o meu lado.
- Tia Alex não mataria a minha mãe não é?
- De repente... Quer dizer... Não... Imagina... Devem estar falando mal do seu pai; sabe como é mulher quando se junta.
Ok, isso não ajudou, mas ia dizer o quê? Passado algum tempo, minha mãe saiu do quarto e disse ao Riven.
- Querido, vá ao quarto da sua mãe, se despedir dela. Você vai passar uns dias em Londres conosco. Tudo vai ficar bem. - e o abraçou.
Riven olhava para minha mãe, espantado, e fez o que era mandado. Ela voltou ao meu quarto e disse:
- Desculpe filho, mas seu primo precisa se afastar um pouco daqui ok? Vou dar um jeito da irmã dele, a Ariel aparecer por lá também.
Que legal, alguns dias em Londres com meu primo Riven na minha cola. Acho que eu joguei pedra em alguém na outra vida.
........

Estávamos em Londres há uns dois dias e tudo parecia normal. Meus pais saíam para trabalhar, cedo e voltavam de noite, Gabriel estava viajando com tia Louise, e Miyako estava no Japão, sendo assim demoraria alguns dias antes de nos encontrarmos. Mesmo com Londres debaixo de muita neblina e muito medo, consegui convencer meus pais que ir a alguns lugares cheios de bruxos, seria seguro. Claro que eu teria que levar o Riven junto, mas até que não seria tão ruim. Apesar da ordem ser de voltar antes de anoitecer.
Estávamos vendo um estojo de vassouras na loja de artigos para Quadribol quando escutei me chamar:
- Olá Ty, o que faz aqui cara? – era Jean Savoy e sua irmã, Desireé. Eles eram filhos de aurores como eu e nos conhecíamos desde que entrei em Beauxbatons. Eram filhos de mãe indiana e pai francês. Por isso, Desireé era uma das garotas mais bonitas que eu conhecia, com sua pele morena, olhos negros expressivos, e um cabelo negro liso que chegava á cintura. Confesso que fui um dos seus fãs, mas com o tempo, esta admiração virou amizade. Apresentei Riven a eles e começamos a conversar.
- Vim passar uns dias com meus pais aqui e vocês?
- Viemos para o casamento de uma prima. Meus pais estão de férias no Ministério. Agora estávamos indo jogar hóquei aquático. - disse Jean.
- Hóquei aquático? Deve ser legal. – comentei interessado.
- Você e seu primo poderiam vir conosco, Ty. – disse Desireé olhando Riven e meu primo estava sério.
- Vamos?- perguntei e ele deu de ombros concordando.
O jogo era o seguinte: um disco de hóquei ficava no fundo de uma piscina aquecida, e os jogadores das duas equipes usando snorkel, usavam luvas emborrachadas no lugar dos bastões. Quem pegava o disco tinha que ser rápido para fazer a jogada antes que todos os outros jogadores o bloqueassem. Claro, ele também tinha que ser rápido antes que ficasse sem ar. Gostei da novidade e me inscrevi na academia e arrastei Riven junto.
Passamos a encontrar Jean e Desireé sempre, e meu primo sempre ficava calado e de cara feia quando Desireé, começava a falar comigo. Um dia voltando para casa, depois da academia, resolvi perguntar qual era a dele:
- Riven, você não gosto dos irmãos Savoy? Se eles te incomodam, pode ficar em casa da próxima vez.
- Eu gosto deles sim. Bastante.
- Não parece... Parece que você engole limão quando ta com a gente e... Peraí, seu problema é com o fato do Jean jogar quadribol?- ¬¬ - lembrando da raiva que Riven tem dos jogadores de quadribol em geral.
- Não.
Olhei bem para ele e disse solene:
- Sou ótimo em legilimência, vou ler sua mente e descobrir tudo que você esconde. - ameacei. – (Se o lobão escuta esta besteira morre de rir).
- Não precisa... Eu falo... É, que... Ty como você faz para ficar com uma menina que você gosta?
- Ora, como... Da maneira que você tá acostumado oras... - comecei a dizer, mas parei olhando para ele.
- Você nunca ficou com ninguém?- perguntei meio alto e algumas pessoas na rua nos olharam curiosas.
- Vai, fala mais alto que a Nessie não escutou. Claro que fiquei! Muitas vezes, para sua informação. Na realidade foram milhares.
- Diz dois nomes rápido. – intimei.
- Mary e Amber. - ele respondeu.
- São nossas primas, não contam. Em Durmstrang não tem garotas legais não? Que lugar é aquele? Um monastério? - comecei a rir.
- Ah quer saber? Esquece o que eu perguntei. - disse invocado apressando o passo.
- Desculpa. Parei de rir. Juro! - como eu ainda olhasse para ele abismado, ele resolveu explicar.
- Em Durmstrang, não podemos nos relacionar afetivamente. Nosso diretor dizia que isto atrapalha quando você quer executar feitiços "mais complexos". Então não há esta integração entre os alunos. Até os ambientes são preparados para desestimular isso. Nada de lareiras aconchegantes, ou bate papo entre meninos e meninas nos salões comunais, em sofás macios, como você diz que é em Beauxbatons ou em Hogwarts.
- Cara, eu me jogava de um iceberg se estudasse nesta escola. Seu diretor é um frustrado isso sim.
- Como você faria para chegar numa garota como a... Como a Desireé. - e ele estava vermelho.
- Você também não quer muito né? Só uma das garotas mais bonitas que eu já vi. Ah, sei lá, não sou nenhum expert no assunto. Já fiquei algumas vezes, mas o interesse era mútuo entende? Porém o mais importante é ser você mesmo.
Ficamos conversando um tempão e pude conhecer meu primo um pouco mais, e descobrir que ele não é tão chato quanto parece. É apenas um garoto como outro qualquer tentando achar seu lugar no mundo.

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