Das memórias de Gabriel Graham Storm
- Andiamo bambini! Presto!
- Eu não falo italiano tio, traduz, por favor?
- ANDEM CRIANÇAS, DEPRESSA!!
Miyako levou um susto com o grito que tio Scott deu que derrubou a frasqueira que carregava. Eu estava a meio caminho da escada carregando com dificuldade minha bolsa quando ela passou correndo por mim, indo buscar o resto das suas coisas. Estávamos na minha casa em Londres e parecia que um furacão tinha passado pela sala, onde várias bagagens estavam espalhadas pelos cantos enquanto tio Scott passava por elas conferindo e anotando em uma prancheta quando encontrava o que queria. Estávamos de partida para a Itália, tio Scott, Miyako e eu, para passarmos dez dias lá. Mamãe ia ficar em Londres trabalhando e tia Yulli estava pronta para voltar ao Japão, só esperava o avião decolar. Pra ser bem sincero, essa viagem tinha sido planejada como pretexto para deixar meus pais a sós uns dias, agora que eles estavam juntos outra vez. Embora tio Scott afirmasse que já tinha em mente me levar para conhecer a Itália, eu não estava convencido, a viagem foi planejada de uma hora para outra! Mas tudo bem, eu não me importo. Enquanto eles aproveitam nossa casa vazia, eu conheço outro país!
- Gabriel, Miyako, Ancore!
- Essa eu entendi, ele disse ‘agora’! – falei animado
- To indo, calma, a mala é pesada! Me ajuda aqui Gabriel!
- Andem meninos, Scott já está impaciente, o avião de vocês sai em 2 horas e o aeroporto de Heathrow é longe! – mamãe falou abrindo a porta e começando a botar as malas no carro.
Tio Scott agitava os braços, olhando para o relógio angustiado e passamos apressados por ele, entrando no carro. Mamãe e tia Yulli entraram logo depois e ele pisou no acelerador, fazendo com que rapidamente apertássemos os cintos. Dirigindo como uma pessoa normal, leva em torno de 40 minutos para chegar a Heathrow. Tio Scott chegou lá em 20 minutos! Mamãe saiu resmungando que não deixaria ele encostar no carro dela outra vez e descarregamos as malas.
Pouco mais de uma hora depois, passado o stress do check-in e despedidas, estávamos acomodados dentro do avião. Miyako que nunca tinha andado em um olhava tudo fascinada, apertando a todo instante os botões na sua poltrona. Quando a terceira aeromoça parou ao nosso lado perguntando se precisávamos de alguma coisa, tio Scott pediu que ela se afastasse deles. Quando o piloto nos comunicou que levantaríamos vôo, vi que minha amiga ficou dura na poltrona, olhando fixamente para a janela.
- Está tudo bem? – tio Scott perguntou
- Isso é seguro, não?
- Claro! De vez em quando acontecem uns acidentes, alguns explodem, mas é raro!- falei sem maldade
- Gabriel! Relaxa Miyako, não vai acontecer nada. Vassoura sim não é seguro...
- Então porque me sinto melhor montada em uma?
- Isso é normal, é sua primeira viagem. Você já esteve no Havaí?
- Não... Por quê?
- Então se imagine lá, dançando a hula cercada de havaianos bronzeados. Imaginou?
- Sim... Eles são musculosos!
- Exatamente! Mantenha essa imagem na cabeça ate ouvir ‘Bem vindos a Roma’, ok?
- Sem problemas...
Miyako encostou a cabeça na poltrona com os olhos fechados e um sorrisinho estampado na cara que denunciava o que ela estava visualizando. Voltei minha atenção para a janela rindo e depois de um tempo acabei adormecendo. Acordei com alguém me sacudindo.
- Benvenuto a Roma!
- Já chegamos? – Mi abriu os olhos, espantada.
- Sim, vamos! Ainda podemos aproveitar o resto do dia se chegarmos ao hotel rápido.
Tio Scott ia nos puxando pelo corredor ate a esteira com as bagagens apressado, falando rápido e alto em italiano com algumas pessoas que pareciam trabalhar lá. Quando as nossas malas saíram, ele já sabia onde pegar o táxi e até como chegava ao hotel. Primeira lição: ao entrar em um táxi em Roma, procura imediatamente pelo cinto de segurança! O taxista saiu acelerado, mais rápido ate que tio Scott em Londres, cortando pelo meio daquelas ruas confusas da cidade e em minutos estávamos em frente ao Hotel Sole al Pantheon, na Piazza della Rotonda. A localização do hotel escolhido pelo meu padrinho não poderia ser melhor: no pátio em frente a ele estava o Panteão!
Em um tempo recorde largamos as malas no quarto, que por sinal era imenso, trocamos de roupa e já estávamos de volta à rua, equipados com maquinas fotográficas. Meu padrinho, a principio, queria sair andando pelas ruas, mas mudou de idéia assim que pusemos os pés no piazza. Um mar de gente transitava por ali, batendo fotos, conversando, pedindo informações ou acomodados nos cafés ao redor dela. Conseguimos uma mesa vazia e sentamos para comermos algo, pois o que serviram no avião parecia borracha. Tio Scott conversava com o garçom fazendo os pedidos e ia traduzindo o que ele dizia. Eu não falava bulhufas daquela língua e pela cara de Miyako, nem ela. Sorte que o tio Stuart obrigou seus filhos a aprender todos os idiomas que o cérebro deles podia suportar na época em que eram pequenos... Enquanto ele fazia os pedidos eu observava a movimentação ao redor da piazza. Ty ia enlouquecer aqui, pois as italianas eram muito bonitas! Tinha um grupo sentado nas escadas da fonte e depois de um tempo olhando para nossa mesa, vieram andando na nossa direção.
- Che bello ragazzo... – uma menina loirinha falou para amiga e as duas riram
- Non... Che bella ragazza!! – um garoto que estava com elas falou alto, olhando para Miyako.
Tio Scott, que já havia terminado com o cardápio, olhou rindo para nós dois e depois para o grupo que passava cada vez mais devagar pela nossa mesa.
- Buonasera cara mia. Vicenzo, molto piacere!
- Mi scusi, lei non parlam italiano. Ma io voglio insegnare domani! – tio Scott falou ao menino que estendia a mão para Miyako e ele recuou sorridente.
O grupo saiu rindo e atravessou a piazza, ainda olhando para trás. Meu padrinho acenava para eles e ria, Miyako e eu sem entender nada. Quando ele retomou o fôlego nos encarou, quase as lagrimas.
- É bambini, algo me diz que vocês vão conhecer Roma muito além do que imaginam!
No comments:
Post a Comment