Das memórias de Gabriel Graham Storm
- Esse troço é seguro, esse troço é seguro, esse troço é seguro...
- O que foi Gabriel?
- To tentando me convencer que isso não vai soltar...
Estávamos no Bush Gardens, o parque mais afastado de todos, que ficava em Tampa. Meus tios, Bridget e Allison estavam em terra firme, seguros, e eu estava com Chloe, Shane e Chris sentado no carrinho da Montu, a montanha-russa mais maluca daqui. Tinha acabado de me dar conta que o trilho ficava sobre nossas cabeças e que os pés ficavam pendurados, então comecei a repetir alto que aquilo era seguro. Mas quando o carrinho saiu do lugar, tudo que consegui gritar foi ‘eu vou morreeeeer’.
- Gostaram do passeio? – tio Scott perguntou rindo
- Não! Péssimo, não ando mais nesse troço... – Shane respondeu desanimado
- Então sugiro um passeio mais light. Vamos ao Congo River Rapids
- E o que é isso, tia? - perguntei
- Ah, uma corredeira calma...
Concordamos com ela e fomos até a tal corredeira. Uma fila quilométrica nos aguardava, mas isso era normal por aqui. Paramos no fim dela e reparei que muitas pessoas compravam toalhas e capas de chuva, sendo que fazia um sol de 40°. Chris e eu começamos a rir, dizendo que as pessoas eram malucas, e podia ouvir tio Scott dizendo alguma coisa com os irmãos e rindo também, mas não demos importância. Ate que a fila andou depressa e logo estávamos acomodados no bote que cabia 9 pessoas. E então eu entendi o porquê das toalhas e capas de chuva... Esse brinquedo é um dos poucos lugares do planeta onde aquela frase da sua mãe ‘não esquece de levar o casaquinho’ ta valendo. Durante o percurso, o encharcamento é geral, mas Chris fez tanta presepada pra fugir da água que conseguiu não se molhar muito. Acho que foi pensando nesses retardados que eles colocaram uma cachoeira, quase no fim, pro bote passar por baixo... De nada adiantou o esforço dele, pois no fim das contas saímos todos com a impressão de que tínhamos dado um mergulho no rio. O resto do dia ficou por conta de safáris e corridas com jipes, onde Shane quase atropelou Bridget com o dele e passou o resto da tarde sendo vigiado pelo pai.
Na manha seguinte eles nos acordaram às 7hs para irmos ao Universal Studios. Esse era o parque onde tinha os brinquedos ligados aos filmes, todos ótimos. Tio Wayne, que é vidrado nos filmes do Alfred Hitchcock, nos arrastou até um galpão onde funcionava o simulador do filme mais maluco dele, Pássaros. Fomos atacados por milhares de passarinhos em 3-D, mas graças a Merlin nenhum fez coco na nossa cabeça. Depois o cinema se transformou em auditório e um cara de short no joelho e cara de idiota começou a tagarelar sobre os filmes.
- Pai, quem é esse cara? – Shane falou
- Que ‘esse cara’! Mais respeito. O nome é Alfred Hitchcock.
- Alfred? O mordomo do Batman? – Chris perguntou de deboche
- Claro que não! Hitchcock fez os maiores filmes de suspense do cinema mundial!
- Ah, já sei. Foi ele que fez aquele ‘Neurose’, né? – falei tentando não rir. Adorávamos irritar o tio Wayne
- Que ‘Neurose’, seus ignorantes! O nome é ‘Psicose’! PSICOSE, PSICOSE!
- Ta, já entendemos... Desse jeito o senhor bem que podia estrelar o ‘Neurose’... – Shane falou e saltou pro banco de trás fugindo do cascudo.
Enquanto perturbávamos tio Wayne, o idiota de bermuda estava procurando na platéia alguém para participar da encenação da famosa ‘cena do chuveiro’ e pagar aquele King Kong maior que o gorila do simulador que fomos assim que chegamos. A graça nessas horas é fazer alguém do seu grupo passar a vergonha e nós imediatamente agarramos o braço do tio Wayne, que foi pego de surpresa. Ele acabou sendo chamado pelo cara do palco e não teve coragem de dizer não na frente daquela platéia lotada. Claro que tio Scott filmou tudo e disse que vai passar esse vídeo no Ministério da Magia.
- Já chega de Universal, não é? – ele falou com a cara vermelha assim que desceu do palco.
- É, acho que já vimos tudo por aqui, não falta nada. Podemos ir pro MGM – tio Scott falou tirando a câmera do alcance dele.
- SIM!! – gritamos ao mesmo tempo
- Bom, então vamos embora! Ainda da pra pegar o Epcot Center depois dele.
O MGM Studios era outro parque com todos os brinquedos ligados a filmes, mas esses da Disney. Assistimos ao show super engraçado dos Muppet Babies, Star Wars, vimos o show do Indiana Jones onde tio Wayne tomou o cuidado de sentar longe da gente, despencamos ate ficar tontos na Torre do Terror e fizemos um passeio mega chato, o ‘Studios Backlot Tour’. É um passeio pelos bastidores dos estúdios da MGM em um trenzinho que vai a 8km por hora. Pra quem já andou em montanha-russa, elevador descontrolado e ate disco voador, dá vontade de sair correndo dali...
Faltavam umas 3 horas para escurecer, então saímos apressados do MGM e fomos ao Epcot Center. Tio Scott disse o tempo todo que esse parque era aquele que poderia ser opcional nos pacotes de agencias e entendemos porque quando chegamos. Só brinquedo CHATO. Os únicos legais eram o Test Track, onde você se sente um boneco de testes mesmo, correndo alucinado na pista enquanto o carro derrapa, freia em cima da parede, acelera, faz curva fechada e ninguém morre e o ‘Querida, encolhi a platéia’. É um simulador também, que faz você ter a sensação de ter encolhido, enquanto os atores gigantescos aparecem no palco, um cachorro enorme espirra em você e ratos passam na sua perna. É esquisito, mas muito engraçado.
Depois desses dois, dormimos em alguns dos outros brinquedos sem graça e quando escureceu teve inicio à queima de fogos no lago do parque, que ficava no pavilhão dos paises. Você encontra quase todos eles lá, com lojinhas vendendo artigos e comidas típicas de cada um e uns brinquedos contando a historia deles, mas nada que valesse perder horas na fila para andar. Quando a queima de fogos terminou, chegou a hora de ir embora do parque. Mas ainda tivemos direito a mais uma forte emoção com direito a gritaria e tudo: tio Wayne, tia Megan e tio Scott discutindo entre si, pois nenhum dos três lembrava onde haviam largado o carro naquele estacionamento gigantesco...
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