Tuesday, July 11, 2006

Sob o sol de Roma...

Das memórias de Gabriel Graham Storm

- Andiamo, andiamo!
- Espera, não estou acostumado a fazer escalada!
- Porque não usamos a entrada principal, como todo mundo?

Vincenzo e Vittoria estavam parados no alto de umas ruínas, gritando para que Miyako e eu nos apressássemos na escalada. Estávamos no Coliseu e aparentemente os italianos não sabem o que significa ‘comprar ingresso e entrar na fila’, pois circulamos a imensidão de gente que esperava sua vez de entrar, subindo por cima de um monte de pedra. Alcançamos os dois no topo com um palmo de língua pra fora, mas a vista que tivemos lá do alto fez o cansaço evaporar.

- O Coliseu!

Do alto daquelas ruínas tínhamos a visão de todo o Coliseu por dentro. Era infinitamente grande! Turistas de todas as partes do mundo circulavam lá embaixo batendo fotos e começamos a descer para nos misturarmos a eles. Estava com receio de algum segurança nos pegar invadindo daquele jeito o lugar, mas Vittoria e Vincenzo estavam tão tranqüilos que algo me dizia que não era a primeira vez que eles faziam isso. Passamos algum tempo lá dentro, tiramos fotos, saímos de penetra na foto dos outros, simulamos um duelo como os antigos romanos no anfiteatro de lá e fomos embora pela entrada principal como se tivéssemos pagado o ingresso.

- Onde querem ir agora?
- Ah não sei, vocês que conhecem o lugar...
- Huum, já está quase anoitecendo... Já sei! Vem me seguindo, Vincenzo!

Subimos outra vez nas lambretas e Vittoria saiu a toda velocidade novamente, com Vincenzo e Miyako na nossa cola. Definitivamente aqui não existe multa por excesso de velocidade! Roma é toda feita de ruas estreitas, pois a cada instante eles dobravam em uma mais apertada que a outra. Pareciam que eram capazes de pilotar aquelas coisas de olhos fechados e não errariam o caminho. Íamos tão depressa que se alguém atravessasse o caminho, não daria tempo de usar o freio. Se é que eles sabem o que é isso. Uma senhora de idade que estava prestes a cruzar a pista deve ter sentido o vento bater ate dentro do útero...

- A velhinha está bem??? – falei apavorado, olhando para trás.
- Está sim, ela levantou logo depois, não se preocupe!
- Isso acontece Gabriel, foi só um susto! – Vincenzo falou emparelhando conosco e Miyako tinha uma expressão assustada também.

Dei mais uma olhada para trás e vi que a senhora estava de pé, recolhendo as sacolas que voaram para todos os lados quando as duas lambretas passaram como foguetes por ela. Passamos perto de uma cantina e tenho quase certeza que era o meu padrinho do lado de fora dela acompanhado de um cara, pois ele se acenou animado, gritando qualquer coisa inaudível. Provavelmente nossas mães ainda não sabiam o que estava acontecendo, pois ele parecia tranqüilo e não alguém que ouviu duas horas de sermão no telefone.

Vittoria e Vincenzo acenaram de volta, cortando para uma via movimentada, com carros passando quase tão depressa quanto eles. A via nos levaria a Piazza di Spagna, reconheci na mesma hora quando eles entraram nela e avistei a Fontana della Barcaccia. Paramos as motos no que me pareceu ser um estacionamento delas e nos sentamos na fonte. Eles dois saíram um instante para falar com alguns conhecidos e virei para Miyako.

- Mi... Posso fazer uma pergunta?
- Claro Biel! O que é?
- Bom, é que... er, ahn... Como eu chego em uma menina sem parecer idiota? – falei enfim

Miyako parecia lutar com todas as suas forças para não rir e fiquei grato. Em vez disso ela começou a pensar, ate responder.

- Bom, tem varias situações! Mas no caso da Vittoria, que é o porque de você estar me fazendo essa pergunta esquisita, você só não pode não fazer nada!
- Como assim?
- Ora Biel, ela esta te dando mole e sei que você percebeu! Tudo que tem que fazer é beija-la de uma vez.
- Assim, sem mais nem menos??
- Claro! É ate melhor, pois você não vai passar pela torturante hora de pensar no que dizer antes de agir. Roube um beijo dela e depois você vai saber o que fazer.
- Isso se ela não me acertar um tapa, não?
- Garanto a você que só o que ela não vai fazer é lhe dar um tapa... – falou rindo
- Venha comigo Miyako, quero lhe mostrar uma coisa!


Vincenzo voltou, estendendo a mão para Mi e ela foi com ele. Vittoria sentou ao meu lado, sorrindo. Ela era muito bonita, sentia meu rosto queimar, estava morrendo de vergonha. Pensei no que Miyako tinha dito e fiz menção de beija-la, mas recuei a meio caminho, encarando o chão.

- Dio mio!! – Vittoria exclamou, levantando os braços.

Ok, essa eu tinha entendido... Ela disse ‘Meu Deus’, mas obviamente significava ‘Que garoto lerdo’. Olhei para ela de novo e ela parecia desapontada, acho que ate descrente... Tomei coragem sabe Merlin de onde e quando ela fez menção de levantar, a segurei pela mão e lhe roubei um beijo. Ficamos colados por um bom tempo, ate que nos soltamos e Vittoria, sem largar minha mão, saiu andando pela piazza até onde Vincenzo e Miyako já se entendiam há tempos. O resto da tarde ficou reservado para namorarmos em um café lá mesmo, até que deu a hora determinada por meu padrinho de voltar e eles nos levaram de volta para o hotel, com a programação do dia seguinte já marcada: iríamos visitar algumas cidades do interior, com tio Scott conosco, e depois jantar em uma típica cantina italiana. Acho que quero me transferir para a escola de magia da Itália...

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