lembranças de Ty McGregor
Já havíamos esgotado nosso estoque de idéias, com tantas brincadeiras. Por incrível que pareça até o Riven, estava mais legal. Claro, que eu estava com o pé atrás, em alguma hora aquele garoto chato iria emergir das sombras. O jantar havia acabado e vovó se recolheu aos seus aposentos, nos deixando na sala. Brian e Brianna dormiram no sofá e ajudei Mary a colocá-los na cama.
Quando voltei pra a sala, Declan e John liam um panfleto verde ácido.
- O que é isto? - Mary perguntou.
- Nada. - disseram os dois juntos, escondendo o papel.
- É a propaganda de uma festa numa boate do vilarejo. - disse Riven e recebeu olhares indignados dos dois, enquanto balançava um papel de mesma cor.
- Festa? Podemos ir? – perguntou Amber.
- Claro que não. Vovó não vai deixar. - disse Sophia com medo.
- Eu vou. – disse Riven se fazendo de importante.
- Mas e os mais novos? Não vão conseguir entrar num lugar destes. – disse
- Ah... Mas eu tenho medo de sair de noite. - disse Chloe e Sophia concordava com ela.
- Podemos ir lá e ver como é. Ninguém precisa saber. O que você acha Ty? - perguntou Mary.
Olhei para meus primos, e via a ansiedade deles em sair um pouco. Conhecíamos o vilarejo, sabíamos nos cuidar... Que mal poderia haver?
- Podemos ir, mas temos que ficar juntos. - respondi.
- Ah não, se conhecermos alguém, os outros vão ficar segurando vela? Qual é?- disse Riven.
- Não segurando vela, mas temos que ter um ponto de encontro pra voltar pra casa, todos juntos. - expliquei.
Com todos de acordo, fomos nos trocar. Na hora marcada, saímos pela porta da cozinha, que estava vazia e fomos para o vilarejo.
Chegamos ao local e tinha uma fila enorme, dava pra ver que a maioria era turista e um gordão careca de óculos escuros ia apontando para as pessoas que ele achava que deviam entrar. Minhas primas estavam bem arrumadas e não pareciam ter menos de 17 anos, estávamos todos calmos, acho que por isso o gordão da segurança apontou para nós e nos colocou lá dentro.
What an amazing time
What a family
How did the years go by
Now it's only me
Tick-tack, tick-tack
Tick-tack, tick-tack
La, la, la, la, la, la, la
Fiquei pasmo. Nunca tinha vindo num lugar assim, tão cheio de gente dançando, bem escuro, bandejas de drinks indo de um lado a outro. Havia umas gaiolas no alto com rapazes e garotas dentro dançando com pouca roupa. Riven engoliu seco e disse: Uau.
Minhas primas logo conheceram uns rapazes e foram pra pista dançar, Riven encostou-se ao bar, John e Declan começaram a conversar com umas meninas numa mesa e eu fiquei olhando o lugar.
Like a cat in heat, stuck in a moving car
A scary conversation, shut my eyes, can't find the brake
What if they say that you're a clonner
Naturally, I'm worried if I do it alone
Who really cares, cause it's your life
You never know, it could be great
Take a chance cause you might grow
Oh, ah, oh
A música era muito alta, parecia que entrava na sua cabeça, fui pegar uma cerveja, mas o barman após olhar para minha cara me deu um refrigerante, comecei a andar por ali. Levei um esbarrão, e quase derramei a bebida.
-Desculpe. - gritou alguém
Virei-me pra ver quem falava comigo e era uma garota quase da minha altura, com cabelos loiros e olhos azuis. Ela tinha covinhas enquanto sorria. Bonita.
-Tudo bem. - gritei de volta.
Ela seguiu para a pista e começou a dançar aquela música. Continuei a beber meu refrigerante, mas não conseguia tirar os olhos dela. A garota começou a me olhar de volta e fez um sinal para eu me aproximar.
What you waiting
What you waiting
What you waiting for
Comecei a dançar com ela aquela música, e sentia uma coisa estranha. Sabe quando você fica meio aéreo? Ela se aproximava quase encostando-se a mim, e depois se afastava, provocante. Resolvi entrar no seu jogo e começamos a rir.
- Qual seu nome?- perguntei.
- Nada de nomes. - ela respondeu no meu ouvido.
Continuamos a dançar e de repente lembrei do Riven. Ela viu para onde eu olhava e perguntou:
- Seu amigo?
- Primo.
- Tenho uma amiga que está sozinha... Vem comigo. - me puxou pela mão e encontramos a amiga dela. Ela cochichou alguma coisa e a garota foi até o bar e começou a falar com o Riven. Meu primo tinha um ar aparvalhado no rosto. Acho que nunca uma menina tão bonita falou com ele. Voltamos par a pista e continuamos a dançar.
- Você é daqui?
- Sou americana. Estou passando as férias da escola com minha família aqui. E você?
- Sou daqui; e também estou de férias da escola.
Nesta hora as musicas agitadas ficaram um pouco mais lentas e me aproximei. Ela riu e passou os braços pelo meu pescoço. Estávamos bem perto, parei de pensar e a beijei. O máximo que poderia acontecer era levar um tapa. Estava disposto a arriscar. Quando acabei de beijá-la, ela me olhou sorrindo e me beijou novamente. Ficamos ali na pista nos beijando e dançando.
- Estou com sede. Vamos. - ela disse.
Fomos até o bar e o barman passou uma cerveja para ela. Logo eu e ela dividíamos a bebida gelada e ela me perguntou:
- Quantos anos você tem?
Pronto! Estava legal demais pra ser verdade.
- Isso importa?- disse olhando bem nos olhos dela.
- Não. - ela me abraçou novamente.
What you waiting
What you waiting
What you waiting for
O que não faltava naquele lugar eram cantos escuros e logo estávamos em um. Não sei se era o efeito da bebida, mas comecei a sentir calor, não liguei quando ela abriu minha camisa e passou a mão pelo meu peito, continuei a beijá-la. O calor estava aumentando.
De repente ouvi gritos, e o som de coisas quebradas. Olhei procurando meus primos e vi John e Declan tentando segurar uns caras que batiam no Riven, larguei a garota e corri até lá.Tomei um soco no queixo que me fez ver estrelas, mas comecei a dar socos para todo lado, para chegar até ele. Logo os seguranças chegaram e nos puseram pra fora. Minhas primas nos encontraram na rua. Por sorte elas estavam bem, Riven tinha apanhado bastante e seu olho esquerdo já estava se fechando de tão inchado. John e Declan tinham sangue no nariz e na boca, e eu achava que tinha ficado meio surdo, após um tapa na orelha.
Começamos a voltar para casa, quando Mary disse:
- Ty você está com a camisa aberta e fora da calça, melhor se arrumar um pouco, a vovó pode desconfiar de alguma coisa mais... Séria? - e deu risada junto com Amber.
Declan, John e Riven me olharam de olhos arregalados enquanto eu me arrumava, um pouco sem graça. Parecia que pior não poderia ficar, mas eu estava enganado...
Chegamos em casa e estava tudo escuro. Começamos a andar bem devagar para subir aos nossos quartos, quando a luz se acende e vejo tio Dylan parado no alto da escada, e atrás dele minhas primas Sophia e Chloe, que deram gritinhos quando viram o estado em que nos encontrávamos.
Tio Dylan, estava com uma cara feia. Olhou-nos de cima a baixo e disse:
-Vamos para a cozinha. Meus remédios estão lá.
Tio Dylan cuidou dos nossos machucados à maneira trouxa e devo dizer que isto doeu muito, mas ficamos calados. Riven tinha os olhos baixos, e eu já me preparava para passar algum tempo na Sibéria.
- Agora que todos estão em casa, podem me dizer quem teve a idéia infeliz de sair para uma boate trouxa?
Como ninguém falava nada ele disse:
- Estão todos de castigo, proibidos de ir ao lago, ao pomar, ao vilarejo, não poderão sair de casa para nada, até segunda ordem. - olhou para nós, e deve ter ficado com pena, sacou a varinha, lançou feitiços curativos. Mandou-nos para a cama, e nunca obedecemos tão rápido.
Declan e John dormiram rapidamente, eu fiquei acordando por um tempo, pensando na garota que havia conhecido, e em sua esquisitice de não querer saber nomes. Foi melhor assim, se ela soubesse minha idade real, não teria sequer olhado para o meu lado. Apesar dos socos que levei, comecei a rir, valeu a pena.
N.AUTORA: música: What waiting for?- Gwen Stefani
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