Wednesday, August 01, 2007

Do diário de Rory Montpellier

Chegamos à escola de magia texana e estávamos: eu, meu pai e meus irmãos de queixo caído por tudo o que víamos ao nosso redor: o clima era muito agradável, não havia aquele ar pesado e enregelado de Londres e Paris, o dia estava quente como se o verão nunca fosse embora e isso me alegrou muito. A senhorita Annabeth Carter, nos esperava no aeroporto toda sorridente e foi nos explicando tudo que podia no caminho até a escola. Ela era muito simpática e falava um francês sem sotaque. Para deixá-la mais à vontade meu pai sugeriu que falássemos em inglês.
A escola ficava num prédio antigo, havia muitos quadros espalhados pelas paredes e as figuras se moviam, igual as pinturas de Beauxbatons. Parecia que a história do país estava naquelas paredes, em alguns lugares entre os quadros havia cabeças de ursos e touros com longos chifres empalhados. Era bonito de ver índios e pioneiros se enfrentando e rirem após o confronto e na paisagem ao lado uma jovem com roupas coloridas, fazendo tortilhas enquanto os homens tocavam alegremente seus violões com seus sombreros coloridos ao redor de uma fogueira. E em outra, fragatas inglesas desembarcavam soldados em uniformes vermelhos e carregando aqueles mosquetes antigos, iam atrás de rebeldes e depois voltavam aos barcos correndo. Mas a que me impressionou mais foi, a pintura de uma tourada, parecia que o animal saltaria da tela a qualquer momento.
Encontramos uma mulher com cabelos negros e olhos puxados, parecia de origem mexicana e elas trocaram palavras em espanhol.
- Senhorita Montpellier, esta é Consuela, nossa guarda-caças e curandeira assistente.
- Muito prazer senhora. – a cumprimentamos e a professora disse:
- Você verá que aqui tudo é diferente, somos mais liberais. Espero que seja mais um ponto a nosso favor.
A mulher usava uma roupa de couro, com franjas, e os cabelos presos em tranças amarradas com tiras também de couro. Parecia saída daqueles filmes de cowboys antigos, tinha profundos olhos negros, e após me encarar disse olhando-me nos olhos:
- Vocês são bem vindos. – e depois se virou para meus irmãos: - Todos vocês.
Agradecemos e continuamos a olhar as instalações escolares. Saímos para um enorme pátio e ao longe caminhamos até o alojamento dos estudantes e notei uma casa de dois andares, muito bonita e com alguns brinquedos na frente. Depois perguntaria a ela, o que local era aquele. Fomos até a biblioteca, ao restaurante da escola, ao teatro, em vários lugares. Lucien e Angelique estavam entusiasmados. Voltamos para a escola e nos encaminhamos até a sala da diretora, mãe da professora Annabeth e encontramos uma mulher completamente diferente de Olímpia Máxime. Era uma mulher de estatura mediana, cabelos castanhos claros e olhos negros. Estava animada fazendo uma arrumação. Cumprimentou-nos efusivamente e perguntou se tínhamos dúvidas a esclarecer. Não me fiz de rogada:
- Porque o convite professora? A escola de vocês é maravilhosa. - e ela respondeu:
- Vocês acompanharam as noticias do Profeta Diário sobre a guerra em nosso mundo?
- Sim, e devo dizer que às vezes me sentia perdido, e olha que sou um trouxa que vive com bruxos há muito tempo, e achava que nada ia me chocar. - respondeu papai e ela sorriu:
- Muitos de nós nos sentíamos assim, senhor. Pois começamos a perceber que o jornal que devia ter o compromisso com a verdade estava corrompido. Então meu irmão, Logan teve a idéia de comprar um jornal e manter o nosso mundo informado da verdade. – ela nos mostrou vários jornais onde pudemos ler vários artigos assinados pelo senhor Lovegood, dono do Pasquim, falando sobre a apoiar Harry Potter e outros artigos de igual teor, de escritores com idade bem avançada, pois alguns eu nem sabia que ainda viviam.
- Mas porque eu?- insisti.
- Não só você, mas seu irmão também, gosta do mundo jornalístico. Eu convidei também outros jovens de outras escolas, para conhecer nosso programa, pois queremos preparar jornalistas comprometidos com a verdade para continuar o trabalho de manter nosso mundo informado. E só poderemos fazer isso, se incentivarmos as próximas gerações.
Ficamos conversando ali por vários minutos e a cada vez, eu ia me interessando mais e mais pelo projeto delas. Ao me levantar para ir embora senti uma tontura forte e antes que voltasse a me sentar o mundo ficou escuro de repente.

-0-0-0-0-0-0

Abri os olhos lentamente e olhei ao redor, reconhecendo o cheiro de remédio no ar. Eu estava numa enfermaria, e elas eram iguais em todos os lugares do mundo. Brancas, espaçosas e limpas.
- Que bom que acordou, senhorita. – e Consuela me ajudou a me sentar.
- O que aconteceu?- perguntei
- Você teve um desmaio, possivelmente foi uma queda de pressão, devido ao nosso clima quente. - disse Consuela.
- A senhora também é enfermeira? – perguntei e ela sorriu dizendo:
- Nossa enfermeira está de férias, então ajudo no que posso. E estas quedas de pressão, são muito comuns em seu estado. Daqui alguns meses se resolvem.
- Desculpe, mas eu não entendi... A qual estado a senhora se refere? Eu estou doente?- ela após me olhar por alguns instantes disse devagar:
- Você está grávida de quase dois meses.
- Não pode ser. Meu ciclo foi normal no mês passado... - disse chocada.
- E este mês? Algum sangramento?- e começou a me examinar novamente e disse;
- Provavelmente o sangramento foi o embrião se fixando no útero, nada mais sério. – disse após o exame.
- Este mês não tive ciclo, mas achei que fosse normal, devido aos problemas porque passamos. Eu não posso estar grávida, não agora.
- Você tem um namorado a quem eu possa chamar?
- Não. Nós terminamos. Ele... me odeia. O que eu vou dizer ao meu pai? E a escola? - comecei a chorar e ela me abraçou, dizendo:
-Calma minha filha, você não é a única jovem a passar por isso. E se você vier estudar aqui, poderá criar seu bebê, se decidir tê-lo. Acaso não viu uma enorme casa com brinquedos de criança na ala leste? (assenti). Lá vivem as alunas que tiveram filhos e ainda estão terminando os estudos. A diretora Carter supervisiona o local pessoalmente, para que os pequenos sejam bem atendidos enquanto as mães estudam, possam ter uma boa formação escolar, portanto minha jovem, se optar por ter seu filho e continuar estudando, nós ajudaremos. E pelo pouco que pude ver do seu pai, ele é um bom homem, vai apóia-la no que for preciso, mesmo que decida não ter a criança.- e na hora em que ela disse isso, balancei a cabeça de um lado a outro negando.
Pedi que ela chamasse meu pai e meus irmãos e contei a eles. Ao final eu estava chorando novamente. Meu pai, após o momento de susto me abraçou e perguntou o nome do pai do meu filho. Olhei para meus irmãos, e eles continuaram calados, esperando por minha decisão:
- Eu vou contar a ele primeiro papai, pois antes de terminar comigo eu havia dito que não estava grávida. Talvez ele nem acredite que o filho seja dele.
- Ah ele que se atreva a ofendê-la. - e como fiquei apreensiva, meu pai se acalmou. - Você o ama?
- Sim, eu ainda o amo. E por isso acho que devemos sentar e conversar, não acho que voltemos a ficar juntos, mas se eu for ter este bebê, é minha obrigação contar a ele.
- Muito bem, vou respeitar sua decisão, e torcer para que tudo corra bem. Mas desde já saiba que vou estar ao seu lado filha, em qualquer situaçõ.
Ao final do dia, a professora Carter nos levou ao aeroporto, e como eu informei que havia mais um assunto sério que precisava resolver, antes de minha decisão final, ela me deixou o número do telefone da casa dela para ligar assim que tivesse uma resposta.
Voltamos para casa e mandei uma carta, pedindo ao Ty que me encontrasse em Paris, no mesmo café que visitamos, nos passeios da escola, só espero que ele deixe a mágoa de lado e venha se encontrar comigo. Pois não gostaria de decidir sozinha, o rumo que darei à minha vida e à vida de nosso filho.