Anotações de Rory Montpellier
Mandei a carta ao Ty, pela coruja e no dia combinado fui até o café e esperei por ele. Meus irmãos e meu pai me acompanharam, e Angelique queria ficar comigo, mas pedi que fosse encontrar Jean, como eles haviam combinado. Meu pai iria até alguns clientes receber seu pagamento pelos produtos orgânicos que vende e Lucian foi com ele.
Cheguei no café e faltavam ainda 5 minutos para o horário combinado.De lá de dentro saia um cheiro maravilhoso de bolo com calda de canela e pensei em entrar. Olhei meu relógio pela quinta vez, achando que talvez ele estivesse adiantado demais, quando ouvi uma voz conhecida:
- Ele não virá.
Era Savannah Bouvier, parada na minha frente com um ar de triunfo.
- Olá Savie. – cumprimentei e tornei a olhar no relógio.
- Olá Rory, não perca seu tempo. Ele não virá.
- Savannah, eu não sei o que você veio fazer aqui. Estou esperando por alguém, e agradeço muito se você continuar a seguir o seu caminho.
- Nossa quem houve você falar assim com este nariz empinado, até acredita que você é como nós. Mas você não é. – como suspirei para conseguir um pouco de paciência, ela continuou:
- Para sua informação eu sei que você está esperando o Ty, e aviso que ele não virá. Eu estava com ele quando sua cartinha chegou e como ele jogou o papel no lixo, eu decidi vir aqui, pois fiquei com pena de ver você levar um bolo.
- Savie, eu não tenho nada a falar com você. Não me interessa se você estava com o Ty ou não. Não banque a boazinha, porque nunca fomos amigas. - disse irritada e ela riu.
- Ora a quem eu quero enganar, não fiquei com pena queria ver com meus próprios olhos você ficar plantada esperando por alguém que não quer te ver nem coberta de ouro. Eu disse que você era um passatempo para ele e que em alguma hora ele iria perceber que estar com você é como pintar um alvo nas costas, alguma coisa ruim iria acontecer.
Tentei contar até 3 e entrar no café, mas ela segurou o meu braço e continuou a dizer naquela voz enjoada:
- Você acha que ele viria aqui encontrar você, quando sua mãe matou o pai dele e quase o matou? Acha que ele iria vir aqui para sua mãe tentar matá-lo novamente? E você não vale nada, deve ser igual à sua mãe...
PAFT! - foi o barulho que minha mão fez ao encontrar o rosto dela. As marcas de meus dedos começaram a avermelhar a sua bochecha e ela me olhava de olhos arregalados. Algumas pessoas começaram a cochichar aqui e ali e quando ela fez menção de sacar a varinha para reagir, mas eu já estava com a minha a postos e ela recuou:
- Nunca mais ouse aparecer na minha frente novamente, ou eu não respondo por mim. Saí dali e caminhei de cabeça erguida até o ponto de ônibus que me levaria para casa. A viagem transcorreu tranquilamente, e olhar aqueles rostos diferentes e alheios a mim, me acalmaram e pude refletir com calma. Ao chegar em casa, encontrei-a toda revirada. Sabia que minha mãe havia estado ali, e pela quantidade de coisas que ela destruiu, eu já não tinha mais dúvidas de que ela não hesitaria em destruir nada que entrasse na frente dela. Comecei a limpar a casa e após algum tempo eles chegaram e se assustaram.
- Você está bem? Está machucada?- perguntou papai preocupado.
- Estou bem, quando cheguei, ela já tinha ido embora. Deve ter vindo atrás de dinheiro e artigos para poções, o meu kit sumiu e algumas raízes também.
- Como foi com o rapaz?- papai perguntou ansioso.
- Ele não apareceu. – respondi.
- Ora aquele covarde... - começou Lucien e Angelique o segurou.
- Vocês não o viram no hospital quando ele foi resgatado. Mamãe o torturou por horas, ele tem razão em ter medo de se encontrar comigo.
- Mas você nunca o machucaria mana, não foi sua culpa. – disse Angelique.
- Infelizmente foi. Se eu tivesse contado tudo a ele, não estaríamos nesta situação. Eu me decidi: Vou embora para a América.
- Mas Rory, vocês vão ter um filho. Ele tem o direito de saber disso. - falou Lucien.
- Sim, mas não enquanto nossa mãe não for presa. Imagine se ela descobrir que vou ter um bebê do Ty. Ela pode fazer mal ao bebê. Já perdi o Ty, não vou perder o filho dele também.
- Mas a família dele pode proteger ao Ty e a você também. – argumentou Lucien.
- O castelo estava cheio de aurores e olha o que aconteceu. Não pretendo arriscar. - respondi.
- Quando ele souber... Ele vai odiar você. - tentou Angelique.
- Ele já me odeia, eu me acostumo, mas pelo menos nosso filho estará a salvo.
- Você acha que isso é o melhor a fazer?- perguntou meu pai.
- No momento sim papai. Você viu como ela deixou a casa. Acha que ela nos pouparia?
- Não. Acho que você tem razão. – ele disse triste.
- Bem, então vamos fazer as malas. – disse Lucien e como eu o olhasse espantada, ele disse:
- Você não acha que nós iríamos deixar você numa terra estranha e sozinha não é?- e meu pai e meus irmãos me abraçaram com força. Senti meus olhos cheios de lágrimas. No momento, só o que posso fazer é esperar e depois darei um jeito de contar ao Ty sobre nosso filho, mesmo que ele não queira saber.
Longe dali uma edição do Le Prophet, era jogada de um lado a outro pelo vento, quando abriu num pequeno artigo, que quase ninguém reparou:
"Correio Coruja atacado".
Uma coruja foi atacada perto de Paris, e o Ministério francês nos informou que foi apenas um incidente isolado, pois a ave pode ter sido atacada por falcões. Agora que o Lord das Trevas foi derrotado, não corremos mais perigo de termos nossa correspondência vigiada e saqueada...
E o vento levou aquelas noticias para bem longe.
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