Friday, August 17, 2007

Anotações de Ty McGregor

Após o treinamento com tio Lu, eu voltei para casa exausto. Ele e tia Mirian tinham uma energia fora do normal, e Griff também. Fiquei pensando que se Seth estivesse lá, eu teria que voltar numa maca rsrsrs.
Cheguei na casa da minha avó através do pó de Flú, e ela estava ansiosa me esperando. Notei que seu olhos estavam úmidos ao me ver.
- Que bom que você chegou. – e me abraçou forte e começou a contar as novidades:
- Brain e Brianna estão lá em cima com os elfos tomando um banho bem demorado. Acredita que conseguiram irritar um gambá? O batismo para ser meu neto está completo. - demos risada porque Ariel, Riven, e eu quando pequenos, encontramos um filhote de gambá na floresta e cismamos que ele seria um excelente bichinho de estimação. Claro que a mamãe gambá não aceitou isso muito bem e deixou isso bem claro. Nada tirava aquele cheiro, até que vovó nos jogou numa banheira cheia de sopa de tomate. Ficamos conversando na cozinha que era meu lugar favorito da casa e não demorou a ouvir os gritos alegres de meus primos de 8 anos. Eles pararam de falar e como não soubessem o que fazer, eu abri os braços e Brianna fez o mesmo de quando era pequenina: veio correndo e se atirou neles. Brian sorriu e começou a contar as coisas que fez neste tempo em que estivemos separados, e os planos deles para pregar peças nos outros primos que iriam chegar e comecei a dar sugestões de como melhorar aquilo e comecei a pegar coisas da cozinha para utilizarmos. Em dado momento Brianna, me olhou séria e disse:
- Sabe Ty... Eu estava sentindo falta do titio, mas com você aqui, eu não sinto tanta falta mais. Mamãe disse que depois de algum tempo você voltaria a ser como antes. Olhei ao redor e minha avó nos observava. Sorri e disse:
- É... Eu estou de volta. Sabe, aprendi a fazer uma meleca verde que ficará ótima num jogo de paintball, vamos fazer? – e eles gritaram alegres e vovó riu.
Eu me sentia realmente bem.


I’m here without you baby but you’re still on my lonely mind
I think about you baby and I dream about you all the time
I’m here without you baby but you’re still with me in my dreams
And tonight it’s only you and me


A janela do quarto estava aberta, esperando que uma brisa soprasse aliviando todo aquele calor, que o ar da noite não conseguia afastar. Ela dormia profundamente, mas sua boca sorriu quando ele se aproximou e vagarosamente ela abriu os olhos na direção dele. Olhos de um azul tão profundo, que era fácil se perder neles. Quando ela se sentou uma alça da camisola caiu, deixando um ombro descoberto. Ele inspirou com força e junto veio o cheiro do perfume dela, algo tão familiar quanto respirar.
Ela não se moveu, mas cada pedaço dela parecia convidá-lo a se aproximar mais e mais. E ele se aproximou, levantou a mão para tocar aquele rosto e matar as saudades, ele sentiu uma dor aguda no peito. Olhou para baixo e viu seu peito coberto de sangue. Olhou novamente para ela e ela murmurava pedidos de desculpas e pedia que ele voltasse para ela, mas quando ele esticou a mão para tocar seu rosto...

COF, COF, COF... - acordei suando.
- Que foi Ty? Engasgou dormindo?- perguntou Declan do outro lado do quarto.
- Tá... Tudo bem... Era um pesadelo...
- De novo? A tia Alex sabe que você não anda dormindo? – perguntou John e sentou-se na cama preocupado.
- Não é nada sério. Devo ter comido demais no jantar. Voltem a dormir. – disse rápido e me levantei para ir até a cozinha. Abri a geladeira e comecei a tomar um copo de leite frio pensando em meus sonhos. Era a terceira noite que sonhava a mesma coisa e isso estava me irritando. Vi quando Riven, entrou, ainda usando as vestes de viagem, pegou o pote de biscoitos e começou a beber o leite direto da garrafa.
- Voltando agora? – perguntei.
Ele após engolir um biscoito e beber mais um copo de leite, respondeu:
- Sim, não consegui sair do hospital mais cedo. Deste jeito Desireé vai terminar comigo, não consigo chegar na hora aos nossos encontros.
- Ela está apaixonada por você, basta se desculpar. Você não iria ser Auror? Era o que vivia dizendo ao meu pai.
- Cheguei a pensar nisso sim, mas quando ele morreu, eu percebi que não duraria um dia na Academia. Aí vovó me mostrou a carta dele para nós.
- Ele deixou uma carta para vocês?- perguntei.
- Estava guardada com a vovó. Ele deixou uma carta a cada um dos sobrinhos. E nela ele dizia o que admirava em cada um de nós, e nos pedia para seguirmos as nossas verdadeiras aspirações, lembrando de episódios de nossa infância. Então percebi que eu só queria um motivo pra bancar o rebelde e que sendo auror, estava afrontando ao meu pai, sem me importar com a minha felicidade. Ele me lembrou de que eu sempre gostei da arte da cura. Então fiz as pazes com meu velho e pedi o estágio do hospital. Vem comigo.
Fui com ele até o seu quarto e vi a carta de meu pai para ele. Pensei que fosse sentir ciúmes, mas o que senti quando toquei aquele pergaminho foi apenas saudade, e de repente ele disse:
- Eu quero pedir um favor a você. É sobre Durmstrang.
- O que é?
- Se em algum momento você precisar de ajuda lá, quero que procure o meu amigo. Ele não é muito popular e com o tempo você vai descobrir o porquê, mas é uma boa pessoa, e vai ajudá-lo mesmo que você não consiga o que quer lá.
- Acha que não vou conseguir?- perguntei.
Ele após me olhar respondeu:
- Vai conseguir sim... Ou vai morrer tentando não é?
- É. – olhei e vi o seu pequeno laboratório e perguntei:
- Riven, o que eu conversar com você como médico você não pode repetir não é?
- É uma consulta de verdade? Posso cobrar? – brincou e como eu permanecesse sério ele respondeu com ar profissional:
- Qual o problema?
- O que você sabe sobre bloquear sonhos com determinada pessoa. - e contei os sonhos que andava tendo desde que voltei para casa e o que queria que ele fizesse. Após algum tempo ele disse:
- Não são sonhos, parece uma projeção. Você deseja estar com a Rory e se sente culpado por isso. Acho que você deveria dar um jeito e se encontrar com ela e se ambos quiserem, que fiquem juntos. Você é doido por ela ainda.
- Não sou doido por ela. Você deve estar lendo as revistas teen da Sophia. E aí vai me dar alguma coisa pra eu dormir sem sonhar ou vou ter que pedir ao seu pai?
- Ok, vou dar o que você quer. Pena que bom senso não vem em frasco. - resmungou e me deu um vidro com uma poção azulada.
Voltei para o meu quarto e antes de tomar a poção pensei ter sentido um perfume familiar. Tomei todo o vidro de um gole só. Pelo menos por uma noite, eu não vou sonhar com ela.

N.Autora: trecho da música Here without you, 3 Doors Down

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