- PONTO! – Gina gritou erguendo os braços – 80 a 40, desistam!
- Não senhora! – Griffon emparelhou com ela – Jogue a goles de novo!
- Vamos Gina, se eles gostam de apanhar, o que podemos fazer? – falei brincando e ela riu
Miyako voou até o chão e apanhou a goles, tomando impulso outra vez e atirando para Griff. Estávamos na colina perto da Toca jogando quadribol 2 x 2: Miyako e Griffon contra Gina e eu. Eles diminuíram a vantagem para 10 pontos depois de meia hora de jogo e a voz da Sra. Weasley nos chamando para almoçar fez com que encerrássemos a partida.
Já estávamos na casa de Gina há uma semana, e Griff havia chegado hoje para passar o dia conosco. Ele contou do treinamento que passou com o Ty, e Miyako torcia o nariz todas as vezes que o nome dele era mencionado. Queria que ela parasse com isso, mas sabia que os dois só fariam as pazes quando ela cedesse, pois se dependesse dele a briga nem teria acontecido.
Faltavam apenas mais duas semanas de férias, e hoje era nosso último dia na Toca. Tinha alguns planos para a semana seguinte, mas não podia compartilhá-los com Miyako, ou ela daria um jeito de voltar para o Japão. Como não queria isso, deixei apenas Gina ciente de que estaríamos indo embora naquele dia à noite. Almoçamos depressa e depois que a Sra. Weasley conseguiu nos fazer comer todos os doces da face da Terra como sobremesa, voltamos ao jardim. Havíamos prometido uma visita a Luna, que morava há algumas jardas de distancia dos Weasley.
A casa dos Lovegood era bem diferente. Era uma torre, e não uma casa comum. Paramos na cerca e Gina chamou-a por três vezes, mas não obtivemos resposta. Já pensávamos em voltar, quando o Sr. Lovegood apareceu com aquele ar engraçado dele, sempre distraído, e nos recebeu.
- Se é a minha Luna que estão procurando, receio que chegaram alguns minutos atrasados – ele sorriu e caminhou até o portão – Ela acabou de sair com o Seth, foram até o rio ver se conseguiam pescar mais plimpies para o jantar. O rapaz apreciou muito minha sopa, e resolvi fazer outra vez.
- Obrigado Sr. Lovegood, nós vamos até lá encontrá-los – Gina respondeu
- O que são plimpies? – Mi perguntou parecendo intrigada quando nos afastamos
- Não faço idéia, mas se quer um conselho, não tentem entender – respondi rindo e Gina, que a conhecia tão bem quanto eu, também deu risada
- Bom, essas coisas ai, plimplim, podiam ter gosto de bosta de dragão que meu irmão ia dizer que pareciam manjar turco – Griff falou debochado – Tudo para agradar o sogrão
- Plimpies, Griff – Miyako o corrigiu rindo
- Ah tanto faz, devem ser inventados de qualquer forma, não? – ele deu de ombros e rimos
Caminhamos pelos terrenos vazios de Ottery St. Catchpole rindo da imitação do Griff de quando o Seth reencontrou a Luna e logo chegamos ao rio. Os dois estavam sentados de costas para onde estávamos parados, os pés descalços dentro da água, rindo. Griff puxou um cilindro minúsculo e de cor laranja berrante do bolso e puxou a tampa. A coisa saltou da mão dele e subiu feito um foguete, estourando no ar. Um clarão imenso atingiu quase toda a área vazia onde estávamos. Nossa reação imediata foi tapar os ouvidos com as mãos para abafar a explosão que seguiu o clarão, mas Luna e Seth que não nos viram chegar levaram um susto tão grande que ela deixou a vara de pescar cair dentro da água. Seth, por outro lado, saltou para cima de Griff e caiu em pé em cima dele.
- Sai de cima de mim, Di-Luo, ou vou iluminar você um pouco... – ouvi Griff falar baixo e Seth saltou para o lado
- Brincadeira idiota, Griffon! – Seth esbravejou – Onde comprou essa porcaria?
- George me deu para testar, produto novo da loja!
- Onde está a Luna? – ele olhou alarmado para os lados, mas ela já estava do meu lado, abraçando a mim e Gina
- Efeito interessante... – falou divertida – George está cada dia mais criativo nas invenções
- Você se machucou? O idiota do meu irmão tem mania de pregar peças e não pensa nas conseqüências
- Ah estou bem, mas acho que o barulho espantou todos os plimpies – falou desapontada – Acho que não teremos sopa no jantar. Vocês vão ficar para jantar, não? – falou se virando para o nosso lado
- Claro! – falei rindo. Se não teríamos que comer enguia, claro que poderíamos ficar – Mas acho que temos que avisar a mãe da Gina
- Mamãe não vai se importar, depois aviso a ela – Gina falou animada, puxando uma caixinha colorida do bolso - Quem quer jogar snap explosivo?
ººº
- Gabriel, será que eu posso falar com você um instante? – Seth me abordou depois de meia hora de snap explosivo – em particular?
Levantei do gramado e caminhei atrás dele até estarmos fora do campo de visão dos outros. Seth parecia tenso, e começava a imaginar o que ele ia me falar para estarmos nos afastando tanto assim. Quando já estamos longe o suficiente, ele parou e me encarou muito sério.
- Qual o problema, Seth? Você ta esquisito...
- Preciso, ahn, mostrar uma coisa a você – disse sem jeito – Quero sua opinião, saber o que você acha
- O que eu acho do que? – disse confuso – Não está falando coisa com coisa
- Expectro Patronum!
Seth puxou a varinha do bolso e apontou para o chão, murmurando o encantamento. Uma luz prateada saiu ponta dela e o que a principio parecia querer se transformar em uma águia virou um coelho. Fiquei olhando o bicho pulando na grama de um lado para o outro ainda sem compreender aonde ele pretendia chegar com aquilo, mas quando ele sacudiu a varinha e o coelho se dissolveu, olhei para a expressão aflita dele e entendi. Luna havia me contado das aulas da AD e de como seu patrono assumira a forma de um, nas palavras dela, coelhinho serelepe. E agora o patrono dele havia mudado.
- Cara, você ta gostando da Luna? – olhei para ele espantado e mantive a voz baixa, embora não precisasse
- Era isso que eu temia – disse desanimado - Que você dissesse isso
- Mas porque temia isso? Ela é legal, é ruim gostar dela?
- Não, claro que não! – disse depressa – Mas ela é minha amiga, não quero estragar as coisas
- Deixe de besteira, Seth! – falei começando a rir – Tome coragem e fale com ela. Os melhores namoros começam com uma amizade...
- Não vai contar a ninguém?
- Claro que não, não se preocupe – ele pareceu aliviado – Griff já vai pegar no seu pé o suficiente quando você confessar a ela o que sente, então é melhor poupá-lo das gozações até você criar coragem – e ele riu – Vamos voltar, ainda vamos ao Beco Diagonal hoje comprar os materiais
ººº
Já estávamos caminhando pelo Beco Diagonal há algumas horas, cada um com sua lista de materiais na mão. Os livros que eu usaria na Califórnia eram completamente diferentes dos livros que usava em Beauxbatons, mas por sorte alguns deles eram os mesmos usados em Hogwarts, e pude encontrar a maioria na Floreios e Borrões. Perdi a maior parte do tempo dentro da livraria, pois não me contentei em comprar apenas os livros da lista, e caminhava entre as prateleiras desorganizadas escolhendo alguns para ler nos tempos vagos na escola, entre as aulas e os treinos.
Gina, Miyako, Griff, Luna e Seth já estavam cansados de tanto tomar sorvete na Florean Fortescue quando apareci com as mãos carregadas de sacolas com livros. Miyako me entregou um sorvete verde já quase derretendo e descemos a rua apertada, cheia a duas semanas da volta às aulas, direto para a Gemialidades Weasley. A loja estava apinhada de gente como sempre, lotada de alunos se preparando para voltar para suas escolas. George sorriu animado ao nos ver entrar e abriu caminho entre os clientes, trazendo uma caixa cheia. Ele indicou o balcão com a cabeça e o seguimos curiosos.
- Produtos novos! – disse fazendo alarde – Preciso de gente disposta a testá-los, querem se oferecer para o trabalho honroso?
- Por que não testou com o Ron? – Gina perguntou
- Não é a mesma coisa. Preciso saber como ele vai funcionar nas escolas. Preciso que alunos testem entre as aulas. Gabriel, aposto que aqueles americanos branquelos nunca viram um produto das Gemialidades, acertei?
- Provavelmente não, você precisa expandir mais o seu mercado... – falei rindo, pegando um cilindro igual ao que Griff usou mais cedo – Esse eu sei o que faz, é muito bom!
- Estou pensando mesmo em expandir os negócios – ele pegou duas caixas fechadas de dentro da caixa maior e entregou uma pra mim e outra pra Mi – Mas para isso, quero que você faça o grande favor ao seu amigo aqui e apresente essas maravilhas aos yankees, e Miyako pode introduzir os fazedores de biquinho ao mundo dos logros e brincadeiras. Topam?
- Não precisa pedir duas vezes! – Mi pegou a caixa da mão dele, os olhos brilhando
- Maravilha! Griffon também tem um kit, vai ajudar você a vender em Beauxbatons – Griff e Mi trocaram um sorriso maroto. George pegou uma terceira caixa e me entregou – Essa caixa é para o Ty, soube que ele vai para Durmstrang e seria bom levar um pouco de alegria àquele país gelado! Pode entregar a ele pra mim?
- Pode entregar em mãos, George! – ouvimos a voz do Ty se aproximando do balcão e George fez uma saudação maluca, empurrando a caixa na mão dele
Ele estava um pouco abatido, mas bem melhor do que da última vez que nos vimos. Imagino que ainda vá demorar até que ele fique bem por completo, mas já dava indícios de estar voltando a ser o Ty de sempre. Nos abraçamos e ele sorriu cumprimentando todo mundo, mas parou quando chegou em Miyako. Ela mantinha a expressão séria e parecia irredutível em não falar com ele. Ty deu um sorriso fraco e se virou pra mim.
- Essa semana vai ser um estouro! – Miyako olhou desconfiada para nós dois e rimos. Ou eles se entendiam na próxima semana, ou se matavam. Mas arriscaria dizer que as coisas iriam voltar ao normal...
No comments:
Post a Comment