Lembrança de Seth K. C. Chronos
Após a volta de papai e de Griffon da caçada, faltavam apenas os preparativos finais para nossa volta à Inglaterra. A Inglaterra era nosso lar, nascemos e crescemos ali, por mais que ela tivesse mergulhado no caos e quase destruição, eu ainda sentia sua falta.
Decidimos que iríamos visitar meus avós que vivem em York antes de ir para a aldeia perto da casa dos Lovegood. Eu também sentia falta dos meus avôs e é sempre bom revê-los. Aparatamos nas redondezas da casa dos meus avôs e andamos calmamente por lá, mesmo que eu olhasse o relógio a todo momento e não tirasse os dedos de meu pingente de lua. Vovô e vovó nos aguardavam com sorrisos nos olhos no portão da mansão. Notei que eles tinham cicatrizes e machucados que antes não possuíam e junto de Griffon, corremos para abraçá-los.
- O que aconteceu com vocês!? – Griffon perguntou assustado.
- Nós lutamos ao lado de seus pais para defender sua antiga escola. Acha que deixaríamos de lutar? – Vovó respondeu com um sorriso jovial.
- Mas por que não se curaram? Mamãe cura qualquer ferimento! – perguntei ainda abraçado a vovô e ele respondeu.
- Não somos tão jovens quanto ela e não queríamos que o sofrimento dos outros passassem assim sem serem lembrados...
Isso me tocou de certa forma e uma onda de preocupação cresceu em mim. Ela não havia dito nada na carta, mas será que ela estava bem? Durante o reinado do Lorde das Trevas no Ministério, me recusei a ler o Profeta e não sabia do que tinha acontecido. Sabia do ataque a Hogwarts, pois papai e mamãe lutaram também e nos contaram, mas fora isso não sabia mais nada. Vou perguntar à Luna, depois de ter certeza que ela está bem. Mas sei que ela está, se algo a acontecesse acho que eu sentiria.
Depois de nos despedirmos de meus avós, aparatamos nas redondezas de Ottery St Catchpole, a vila trouxa que ficava próximo da casa dos Lovegood e dos Weasley. Griffon resmungou de ter que aparatar com papai, mas ficou feliz de saber que logo também estaria aparatando. Fomos andando para a vila e a cada passo minha ansiedade aumentava. Apurei meus instintos para localizá-la e nos limites da vila eu a vi, antes de qualquer um.
O perfume que ela usava chegou a mim, senti o pulsar acelerado de seu coração e notei o quanto o meu próprio coração estava acelerado. Por que isso agora?? Nunca me senti assim...Mas deve ser saudade...Apurei a vista para a praça central da cidade e a localizei no meio dos trouxas olhando sonhadora para o céu, sentada em um dos bancos. Ao seu lado estava o Sr. Lovegood, mas pouco reparei nele, voltando os olhos para Luna. Sem nem notar direito andei mais depressa, ignorando as risadas de Griffon. Os trouxas em volta olhavam para mim e meu sobretudo, mas muito mais trouxas notavam as roupas de Luna e seu pai, que incluíam o velho amuleto. Agora mais perto notei que ela havia crescido tanto, estava mais alta e mais madura. Senti meu coração ficar ainda mais rápido quando cheguei nas imediações da praça e seu perfume me atingiu mais forte ainda. Não conseguia tirar os olhos e um sorriso largo.
Ela não me via, mas parecia ter me notado porque se levantou e andou pela praça, buscando na multidão com seu olhar sonhador. Me aproximei dela sorrindo e falei atrás dela, com a voz meio rouca:
- Luna?
Ela se virou e me olhou lentamente, pensei que ela não havia me reconhecido. Mas um sorriso se abriu em seu rosto e ela se jogou em cima de mim me abraçando com força.
- Kam!!
Eu a abracei com força também e por alguns minutos ficamos assim apenas abraçados. Ela descansando a cabeça em meu ombro, com os braços em volta de mim. Senti meu corpo inteiro se alegrar ao abraço dela novamente e ao perfume dela que invadia cada célula do meu corpo. Depois de um tempo finalmente nos soltamos e ficamos nos olhando, eu com um sorriso bobo e ela com um sorriso sonhador.
- Você cresceu. Cresceu muito. E também parece mais maduro que nunca. Eu não o reconheci por um momento, e se fosse algum Mimicorer?
- Você também cresceu muito, está tão diferente. Mas eu a reconheci de longe!
- Eu senti você se aproximando...Por isso levantei para te procurar melhor.
- Seth! – Era o Sr. Lovegood que vinha em nossa direção com um sorriso também. Eu sempre gostei dele e ele de mim e hoje eu gostava ainda mais dele.
- Mal o reconheci, Seth. Fiquei até assustado quando vi minha Luna abraçando uma pessoa desconhecida. E seus pais onde estão? Muito tempo sem falar com eles.
- Estamos aqui, Xeno. – Papai avançou pelos trouxas, atraindo ainda mais olhares para a sua palidez. O Sr. Lovegood abriu um largo sorriso e apertou a mão de papai com energia. – Vejo que já se recuperou dos problemas do ano passado.
- Sim, sim, se sobrevivo a caçada aos Chifres Curvos, sobrevivo à Azkaban.
- Mas sua prisão deixou todos preocupados, e o Pasquim ficou muito tempo sem ser publicado – Era mamãe saldando-o também sorrindo. Os três ficaram conversando por um tempo, lembrando vários eventos e Griffon veio falar com Luna.
- Ah, olá, Di...Quer dizer, Luna.
- Olá Fuuma, você não cresceu nada, é mesmo irmão do Kam?
- Quer parar de me chamar de Fuuma, Di-Lua? – Griffon fechou a cara, ele não gosta da franqueza da Luna – E cresci sim, não tenho culpa se você só tem olhos pra ele...E ainda bem, eu que não quero esse olhar vago e maluco em cima de mim – Ele murmurou a última frase, mas eu a ouvi e olhei feio pra ele. Ele deu de ombros e conteve o riso. Eu o ignorei e me virei para meus pais que já estavam de partida.
- Desculpe, Xeno, ainda vamos ao Beco Diagonal. Outro dia nos falamos mais. – Papai se desculpou abraçando o Sr. Lovegood e mamãe se despedindo também, Griffon deu um aperto de mão de cara emburrada, sem tirar os olhos dos vários amuletos que para ele eram estranhos.
- Tudo bem, tudo bem, mas não é todo dia que posso falar com um Meio-vampiro adulto. Mas terei muito tempo para entrevistar o Seth. E não se preocupem, minha casa está equipada com todas as proteções contra Nagarés, Zonzóbulos e qualquer outra coisa.
- Eu sei que está, Xeno. Ah, obrigada pelos amuletos que nos enviou, estão na nossa casa em Paris. E Seth, sei que não preciso pedir, mas comporte-se e qualquer coisa só nos chamar – Mamãe me beijou e em seguida beijou Luna também, sorrindo para ela. Novamente, parecia que ela pressentia algo...Mas eu senti algo também, algo muito bom vindo de mamãe.
- Mãe? Que iss...Não acredito!!!
- Agora não querido. Você é mais esperto que seu pai realmente...Depois te conto quando confirmar. – Ela sorriu e parecia estar mais linda e jovial que nunca.
- Boa viagem, Sr. Chronos. Obrigada por deixar o Kam passar as férias conosco. E eu mesma tenho vários amuletos contra os zonzóbulos, ele está bem conosco! – Luna respondeu ao abraço a mamãe e papai.
- Boas férias, Di-LuO Kamui – Griffon falou pra mim ao me abraçar rindo. Eu e os Lovegood ainda esperamos eles sumirem de vista para tomarmos o caminho para a casa da Luna.
Íamos conversando os três, sobre aparições de Chifres Curvos, de Zonzóbulos e tudo mais. Eu e Luna íamos de mãos dadas e sem notar muitas vezes as apertávamos, quando nossos olhares se cruzaram. O Sr. Lovegood avisou que estávamos chegando e já ia perguntar o que era aquela torre negra que eu via a longe quando vi que era a casa deles com um sorriso. Era uma torre negra e perfeitamente circular e os jardins estavam cheios de flores berrantes e de amuletos das mais variadas formas e cores. Entramos pela porta principal e notei que todos os móveis se ajustavam à curvatura da casa, e fomos na direção da escada de ferro em espiral que subia pela torre. A todo lado eu via maquetes e projetos de animais que eu já tanto havia conversado com a Luna, identificando alguns.
- Luna, se importa de mostrar o quarto para o Seth? Preciso terminar a última edição do Pasquim.
- Não pai, fica no meu quarto mesmo.
Continuamos subindo até o último andar conversando. Eu simplesmente imaginei que ela queria dizer que meu quarto ficaria no mesmo andar que o dela, então não liguei para o que ela tinha dito. Perto do último degrau levantei os olhos e olhei para o quarto dela. Senti meu humor indo lá embaixo quando vi o desenho do Potter. Mas fiquei um pouco aliviado ao ver os rostos de todos eles, da Hermione, do Harry, do Neville, do Ron, da Gina e do Gabriel. Mas meu humor despencou novamente quando notei que eu não estava entre eles. Parei no alto da escada sem saber onde descontar meu mau humor. Luna continuou o caminho cantarolando feliz e entrando no quarto. Quando demorei a entrar, ela me chamou e com uma reviravolta do meu coração e do meu estômago dei de cara comigo mesmo, tomando a parede inteira de frente a cama dela. E em letras douradas estava escrito “Best Friend” ao redor do desenho que parecia pulsar. Me senti culpado por ter ficado de mau humor antes e ao mesmo tempo fiquei muito vermelho, sem saber para onde olhar. Notei então que além do meu imenso desenho, haviam fotos minhas sozinho ou minhas com a Luna por todo o quarto e senti ainda mais com vergonha. Me virei para falar com a Luna e vi quando ela conjurou uma cama na outra parede do quarto. Na fronha da cama se lia “Kam”, e havia uma réplica do meu pingente desenhada abaixo de meu nome.
- Prontinho, sua cama, Kam.
- Er..Meus parabéns pela ótima Conjuração, mas não conjurou no lugar errado?
- Por que? Você vai dormir aqui comigo.
- Mas, não é certo. Eu sou um garoto. Não posso dormir no mesmo lugar que uma garota.
- Mas você é meu amigo, não há problema. E mesmo se fosse algo mais eu não me importaria. A não ser que você possa sentir algo ma...
- Não! – A cortei antes que ela disse que eu sentia algo mais, mas para confirmar a mim mesmo que para ela...Ela estava tão linda, como sempre fora...Balancei a cabeça querendo tirar esses pensamentos da minha cabeça e tive que concordar – Está bem, também não vejo problema...Ah muito bonita a decoração do seu quarto. – Falei ainda mais vermelho.
- Eu sei, fui eu mesma que pintei e encantei as letras. A noite então fica lindo. Ai parece como a primeira vez que nos vimos. Porque posso olhar o seu rosto e a lua ao mesmo tempo...Vamos descer? Quero te mostrar a cratera que ficou depois que Comensais vieram prender papai. Era lá que estava o Chifre Curvo, ele foi destruído na invasão, mas em breve terá se regenerado já!
- E você tem muito o que me contar ainda! – apressei a dizer, querendo detalhes do que mais acontecera com ela e com a escola no ano passado.
Deixamos o quarto com meu rosto e dos outros e descemos as escadas, ela correndo a minha frente quase saltitante enquanto ficávamos de mãos dadas. Eu a olhava admirado, cada vez mais notando como ela era linda...Agora sei porque o Neville a procurava tanto, e com certo ciúme pensei em quem mais a perseguiu nos últimos meses que não estive perto. Balancei novamente a cabeça tentando apagar esse tipo de pensamento, mas mal podia segurar a vontade de abraçá-la...
Lembranças de Griffon F. C. Chronos
Depois de finalmente termos deixado a família Di-Lua com meu irmão Di-Luo, aparatamos em Londres perto do Caldeirão Furado e entramos no Beco Diagonal. Ele ainda tinha alguns indícios do domínio do Lorde das Trevas, mas a maioria das lojas já se reerguiam e as vitrines voltavam a ter as cores vivas de sempre. Andamos pelas ruas com bruxos de várias idades e meus pais cumprimentavam alguns, em especial o Sr. Ollivanders, depois dele finalmente ter retornado aos negócios. Eu olhava em todas as direções esperando ver algum conhecido de Hogwarts, ou mesmo da Beauxbatons, mas era início de férias, duvido que houvesse alguém ali. Procurava também algum indício de aurores, uma delas em especial, queria tanto ter a sorte de encontrar a Emily.
Seguimos pelas ruas, indo em direção à Loja Weasley, e com certo aperto no peito eu me lembrava de como Fred trabalhara ali e senti um pouco a sua falta já. A vitrine da loja estava colorida e apinhada de fregueses como sempre, e no alto da vitrine multicolorida lia-se um cartaz
“Em homenagem a Fred Weasley. Por você essa loja continua de pé”
Não resisti a emoção e senti meus olhos lacrimejando, mas controlei-me. Lá dentro parecia ainda mais cheio, jovens e até mesmo adultos se empurravam para comprar os diversos produtos da loja, desde truques trouxas até os já famosos Kit Mata-Aula. E lá no fundo da loja vi o George conversando com o Ron, pelo visto ia continuar um negócio de irmãos. Ele parecia um pouco menos feliz do que o normal, e notei que a perda de seu irmão o afetara muito. Mas ele era forte e ia continuar em frente. Ele me viu também e junto do Ron, abriu caminho pelos fregueses da loja falando alto.
- Griffon seu monte de bosta de Dragão! Demorou para reaparecer!!
- George seu cabeça de vento cheio de bosta de hipogrifo! - Nos abraçamos rindo alto e os fregueses se assustaram, mas voltaram as compras rapidamente.
- Olá Griffon, pensei que estava na França. E seu irmão não está aqui não?? – Ron me cumprimentou e falou no Seth com certa amargura. Ele sempre teve ciúmes do Seth.
- Estou sim na França. Mas viemos visitar Londres novamente. E o Seth está na casa da Di-Lua...
- Sr. Chronos, Sra. Chronos, muito prazer revê-los. Desculpem como chamei seu filho. – Cumprimentou George alegre para papai e mamãe.
- Não precisa pedir desculpas George, e pode nos chamar pelo nome. – Papai respondeu, pegando um barulho dos truques trouxas.
- Griffon, vamos dar uma passada em Gringotes, daqui uma meia hora nós voltamos para irmos visitar a sua Tia Celes. – Mamãe falou cumprimentando George. Eles saíram logo em seguida e no mesmo momento George me pegou pelo braço arrastando para o fundo da loja.
- Então, continua com bosta de dragão na cabeça literalmente? Beuaxbatons já foi demolida? – Ele perguntou rindo enquanto ia enchendo meus braços com fogos Weasley e kit mata-aulas.
- Continua de pé! Estou me comportando...Só levei uma detenção até agora. – Falei fingindo estar sério quando entramos no depósito e George caiu na gargalhada.
- Você? Sério e comportado?
- Ta bem, é uma detenção por dia...
- Viu? Quando você for comportado, o Fred vai estar se revirando no túmulo por ter um discípulo tão retardado...Aff eu sinto falta dele, Griff.
- Eu sei, George, eu também sinto falta dele. Ainda parece que ele vai aparecer por aqui me xingando também. – Nós dois ficamos um pouco cabisbaixos mas logo ele sorriu alto.
- Mas vamos deixar de ficar assim! Ele não ia gostar, pelo contrário iria querer nos ver rindo ainda mais alto...Viu o buraco que arranjei no lugar da orelha!! To pensando em colocar enfeites nele. Que acha?
- É claro! Flores iam ficar lindas! Viu como você é cabeça de vento mesmo? Bem quer uma ajuda na loja?
- Quero sim, só assim você paga pelo que ta levando e não se sente mal se eu lhe der elas. Vem, vou lhe apresentar a balconista e te pôr pra ralar um pouco.
Enquanto passava o tempo esperando meus pais, ajudei o George na loja, atendendo fregueses, demonstrando os produtos que eu já conhecia tão bem e vigiando roubos. Há muito tempo não tinha uma meia hora tão divertida e ela passou voando. Fiquei até desanimado quando vi meus pais voltando de Gringotes. Eles cumprimentaram George de novo e me chamaram para ir.
- Bem, já que não tem jeito. Eu volto quando puder, George. – Falei abraçando-o.
- É, estou perdendo um ótimo ajudante. E estou precisando, a loja ta desfalcada sem o Fred. Griff! Tive uma idéia! Por que não trabalha aqui comigo? É sério! Pode até virar meu sócio se quiser. Ai poso escravizar você e o Roniquinho!!
- Adorei a idéia! Com exceção da escravidão!! Eu aceito!! Posso né pai, né mãe?
- Pode sim, mas não agora. Você está em treinamento esqueceu? E o Ty vai lá em casa por um tempo, treinar também e você vai fazer companhia a ele. – Mamãe falou sorrindo. – Mas pode sim, assim que puder o mandaremos voltar George.
- Ótimo! Estarei esperando! Ah, mandem um abraço pro Seth por mim, ele continua caladão?
- Continua. Ele está perto da casa dos seus pais, na casa dos Lovegood. – papai respondeu se despedindo.
- Ok. Se eu for em casa eu passo lá pra dar um alô para ele. Até mais então, Griff.
Voltei ainda mais feliz pra casa, com a perspectiva de trabalhar com o George, de treinar mais e de passar um bom tempo com o outro cabeça de vento que é o Ty! Tomara que a Emily queira ir visitar o irmão...N.A.: Texto escrito com o auxílio da Tandinha (Amanda)
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