Lembranças de Griffon F. C. Chronos
Desde que voltamos de Londres tenho passado os dias treinando com mamãe, ou com papai e o Ty. Nas raras horas em que não estamos envolvidos em duelos com meus pais, eu e o Ty aproveitamos para conversar e lembrar da escola e tudo mais. Tomo cuidado para não mencionar os nomes da Rory e do Tio Kyle, tornou-se um tabu entre nós, mesmo que nenhum dos dois tivesse combinado nada.
Quando treinava com papai e o Ty, os treinos eram como sempre. Nos trancávamos no salão de treinamento no subterrâneo da casa e passávamos horas duelando e aprendendo novos feitiços e maldições. Papai insistia em mostrar as maldições mais perigosas que ele conhecia, o que não eram poucas, com o discurso de preparar o Ty para Durmstrang e a mim para a vida. Os momentos mais tensos eram os que ele nos ensinava a usar as Imperdoáveis ou outras maldições também malignas. Papai se tornou ao longo dos anos um conhecedor de todas elas e daria um ótimo professor de D.C.A.T.Vou sugerir que ele vá dar aula em Hogwarts, pelo menos nele o cargo amaldiçoado não faria efeito.
- Agora vou lhes ensinar uma maldição perigosa e bem maligna. Ela foi criada por um bruxo que apesar do passado atualmente eu o admiro, devido aos sacrifícios que ele foi obrigado a fazer... – ele apontou a varinha para um boneco que ele conjurara antes de começar a falar. Como ele mesmo havia dito, o boneco que ele conjurara tinha o corpo feito de algodão, mas ele o modificara para que tivesse a mesma consistência e resistência que um corpo humano e gritou “SECTUMSEMPRA!” enquanto abaixava a varinha rapidamente em um arco no peito do boneco.
No mesmo momento um corte muito profundo surgiu no lugar por onde a varinha avisa apontado, mesmo que ela estivesse a uma boa distância do boneco. Ty se aproximou do boneco e passou o dedo pelo corte, se assustando e me mostrando a profundidade do corte, que ia até o final da unha dele.
- Esse feitiço, faz um dano monstruoso se usado no lugar certo. E para observação, é um feitiço não-verbal, apenas gritei o encantamento para que vocês o conhecessem...E é algo extremamente necessário se querem matar um lobisomem, um vampiro... – papai foi falando e riu apontando o dedo para ele próprio.
- Pode matar qualquer coisa na verdade... – completei ainda meio assustado.
- E vocês vão aprendê-lo.
- Mas, tio, entendo que temos que conhecê-lo. Mas eu e o Griffon não pretendemos ser açougueiros.
- Sim porque isso deve cortar carne muito bem... – comentei e nós três rimos um pouco.
- Sim, não vão ser açougueiro, mas precisam conhecê-lo. E já aprenderam a Avada Kedava, não vejo porque não esse....Comecem a praticá-lo, primeiro verbalmente, depois não-verbalmente.
Passamos o resto da tarde praticando e depois que já abríamos buracos profundos no boneco, fiquei aliviado quando mamãe me chamou para treinar com ela. Eu é que não queria ver o próximo feitiço da linha seja-você-mesmo-o-jack-estripador... Os treinos com mamãe eram mais leves e mais voltados para defesa e cura do que para o ataque. O que não quer dizer que eram fáceis e que mamãe não sabia lutar, acho que eu teria mais medo de mamãe lutando do que de papai, só por ser uma cena difícil de se imaginar...Quando íamos treinar, geralmente era durante o dia, principalmente nas primeiras horas da manhã e ficávamos no terraço. No primeiro dia de treinamento, mamãe apenas me explicou a natureza dos poderes de nós dois, me mostrando um pouco da história desse dom e tudo mais.
- Esse poder que você possui, Griffon, vem da minha família. Nós os Capter descendemos de famílias de bruxos muito antigas, que tinham um dom: conseguiam usar e controlar magias antigas que na época ocorriam de forma natural, e o mesmo se aplica a hoje. Nossos antepassados passaram pelo Egito, pela Grécia, pela Alemanha, França e finalmente se fixaram na Inglaterra na época sendo invadida pelos povos vikings do norte. Na verdade nossa família era uma família viking invasora. Por isso você e seu irmão têm nomes relacionados a mitologias dos locais onde passamos. Seth vem da mitologia e cultura egípcia, era o deus do poder, o rei dos deuses até seu irmão, Osíris, tomar o seu lugar quando fora revivido por Isís, sua irmã e esposa. Griffon se relaciona aos grifos como você pode muito bem deduzir, que tem grande participação na mitologia grega. Muitas vezes símbolo de pureza, coragem e confiança, apesar de perigosos.
- E quanto a Fuuma e Kamui?
- Idéias do seu pai, ele sempre teve interesse pela cultura japonesa e pelos bruxos orientais. Kamui significa algo como Emissário de Deus ou Maldição de Deus, mas Fuuma não me lembro bem e você deveria perguntar ao seu pai para mais informações. Voltando, nossa família tem esse poder ligado a Luz e ao Sagrado. Seu avô acredita que somos descendentes de Gaia, a Deusa-Mãe Grega, e de Uranos, o Céu Grego, pois alguns ramos de nossa família mais antigos estão na Grécia, particularmente antigos. Enquanto eu acredito que somos descendentes de Isis, pois outro ramo da família também é egípcio e igualmente antigo. De qualquer forma, somos uma família marcada pelo sagrado. por isso eu quase matei seu pai quando meus poderes começaram a surgir e se eu não os controlasse, teria matado a ele quando nos casamos e ao seu irmão quando fiquei grávida. Isso ocorre porque o dom de seu pai e de seu irmão é um dom das trevas, de origem negra e maligna. Vampiros são seres das trevas, e meio-vampiros não escapam dessa definição, com a sorte de ter a maldição abrandada. São raros meio-vampiros. Então, o normal seria meu poder sagrado, simplesmente aniquilar seu pai e seu irmão. Seu avô quase incinerou o Lu a primeira vez que o viu, seu avô sempre foi ciumento. Nossos poderes vão desde a invocação e uso da luz e de seres sagrados. A projeção astral dos Mcgregors tem uma semelhança com a nossa, pois nós também podemos usar nossa alma como ferramenta.
- Mãe, sempre tive essa dúvida, por que papai não virou um vampiro completo quando Hellion o atacou?
- Eu sabia que um dia você ia perguntar isso. Sua Tia Celes e eu fizemos algumas pesquisas na época e depois também e temos duas teorias, que se completam. A primeira diz respeito ao senso de justiça, orgulho e profundo rancor e repulsa as trevas. Esses sentimentos sempre foram muito fortes na família de seu pai, de modo que acreditamos que ele virou quase uma característica sanguínea. Nunca houve um Chronos maligno ou adepto das trevas, pelo contrário, todos eles sempre foram orgulhosos e com um senso de justiça imenso. A outra teoria, tem a ver com a descendência dos Chronos. Mas antes me diga, por que acha que a família se chama Chronos?
- Bem porque seria o nome do clã? Estou brincando mãe. Eu já havia pensando nisso desde que me interessei por mitologia. Chronos é o nome do Rei dos Titãs, o grande senhor do tempo, pai de Zeus, filho de Gaia com Urano, que recebeu uma foiça forjada pela própria mãe para separá-la do Céu. Então imaginei que os criadores do clã, eram devotos de Chronos e do tempo. Fora que um dos símbolos do clã, é uma ampulheta e você, papai e Tia Celes assumem a forma de uma águia quando animagos e seus patronos também são semelhantes, sendo que em alguns lugares, Chronos era representado sob a forma de uma águia.
- Surpreendente querido, a Emily faz um ótimo trabalho...Pois bem, é quase isso. Na verdade, sua tia descobriu que os Chronos, descendem com grande possibilidade, do próprio Chronos. Quando Zeus e os Deuses do Olimpo teriam derrotado Chronos, alguns de seus filhos sobreviveram, formando os primórdios do clã. Sua tia e eu temos quase certeza dessa teoria...O que faria eu e seu pai parentes. Na verdade eu seria tia dele...Algo estranho de se pensar não? – Mamãe riu do pensamento – Desse modo, o sangue dos Chronos tem sangue sagrado também e isso impossibilitou que o sangue maldito de Hellion tomasse todo o corpo de seu pai, mas se pai é descendente muito distante, então o sangue está enfraquecido, prova disso é que os Chronos atuais não são imortais. Assim o vampirismo foi barrado apenas parcialmente. Mas voltando a falar de nós dois, querido.
Nós podemos erguer barreiras que nos protegeram de quase tudo, poderemos curar pessoas com uma eficiência enorme, poderemos criar feitiços escudos mais fortes que qualquer um. Somos como curandeiros, mas nossas habilidades são naturais. Acreditamos que nossos ancestrais foram os criadores dos feitiços do Fiel e do Protego, pois nós mesmo podemos executá-los facilmente. Por exemplo, sabia que você e seu irmão são protegidos por mim? Você e seu irmão são protegidos por vários feitiços meus e de seu pai, inclusive um feitiço Fiel, onde eu sou a fiel do segredo de ambos. Mas ele só é ativado em caso de perigo de morte extremo, então o local onde vocês estiverem se torna inalcançável. A maioria dos meus feitiços de proteção tem como agente, os pingentes que vocês carregam desde criança. Enquanto estiverem com eles, vocês estarão protegidos de um numero enorme de feitiços, com exceção das Imperdoáveis. E se vocês estiverem em perigo, eu e seu pai somos avisados , para que possamos aparatar para ajudá-los. A partir de hoje, e por um longo tempo, vou lhe ensinar todas essas formas de proteções. Na época da primeira ascensão do Lorde das Trevas, os membros da Ordem receberam lições de proteção avançadas, e eu tive aulas com o professor Dumbledore. Irei passar-lhe tudo que aprendi e tudo que eu mesma descobri com meu dom, mas não será fácil. E lembre-se querido, nosso dom não pode ressuscitar os mortos e apesar de poderosos, não vão parar todos os feitiços, então você tem que continuar treinando, e muito duelos e feitiços de combate.
A partir de então em todas as manhãs, treinávamos juntos. Alguns dias eram apenas de conversa e explicação, mas a maioria envolvia exercícios de concentração e auto-controle, que eram coisas essenciais para que os feitiços funcionassem. Mamãe também deixava claro o quão importante bons sentimentos, como amor e amizade, eram importantes para nos fortalecer. Ela chegou a brincar dizendo que éramos o inverso dos dementadores, quanto mais alegria, mais fortes estaríamos. Notei também o quanto ela admirava o professor Dumbledore e pela primeira vez tomei conhecimento da perda que ele foi para mamãe e papai. Mamãe também me ensinou a controlar a luz, me ensinando até mesmo a conjurar a luz, o que eu fazia sem saber como quando cuidava de alguém. Depois de uma manhã árdua de treinamento, fiquei me sentindo um farol, de tanta luz que saia de mim e tive que aturar o Ty rindo de mim e se aproximando para brincar de fazer sombras nas paredes com as mãos.
Então em uma das tarde em que duelávamos, o modo como ela me obrigava a aprender a usar os encantamentos rapidamente e de forma eficaz, duelávamos usando inclusive a luz, na forma de raios de luz e tudo mais. Nós dois emitíamos luzes de nossos corpos, apesar de a de mamãe ser muito mais intensa. Ela parecia tão jovial e mais linda do que o normal, mas teve um momento em que ela conjurou uma barreira para meu feitiço e se ajoelhou por um momento. Corri na direção dela preocupado e com medo, mas ela sorria.
- Vai chamar o seu pai, agora, rápido! – Ela me pediu e sai correndo, pulando o terraço para chegar mais rápido ao térreo (ela também me ensinou a usar a luz para controlar quedas e aumentar velocidades). Desci correndo as escadas para o salão de treinamento e encontrei papai e o Ty duelando ferozmente. O Ty melhorava cada vez mais! Conjurei barreiras para parar o combate e corri pra papai.
- Pai, rápido!! Mamãe caiu no chão e me mandou vir correndo atrás de você!
Ele ficou pálido, se é possível ficar mais pálido do que ele já era, e em um piscar de olhos ele subia correndo as escadas comigo e com o Ty em seu encalço, os três de varinha em punho. Papai escancarou a porta do terraço e correu para mamãe, que estava sentada no mesmo lugar de antes, sorrindo ainda mais.
- O que houve meu amor?
- Lu, vem cá! – Papai se aproximou ainda preocupado, mas há uns 3 passos de mamãe também abriu um imenso sorriso e correu pra ela, pousando a mão em sua barriga, como se esperava sentir algo. Ele gargalhou alto e beijou mamãe com felicidade, e vi que ela tinha um rosto radiante e chorava de felicidade. Eu e o Ty ficamos sem entender nada até ele perguntar:
- Ér...o que houve?
- Queridos, eu estou grávida!
- O QUE?! – eu e o Ty ficamos sem saber o que fazer ou falar por um momento.
- Que coisa maravilhosa meu amor!! – nunca vi papai tão feliz desde a morte de tio Kyle, e como se lesse meus pensamentos ele correu para o Ty e eu, nos abraçando cheio de alegria e depois segurando as mãos de Ty. – Se for um homem, vai se chamar Kyle, Ty, em homenagem ao melhor homem que eu já conheci e meu melhor amigo. E seja menino ou menina, você vai ser o padrinho!
- QUE?! – Ty exclamou novamente meio sem jeito.
- Sim, você vai ser o padrinho! Iríamos adorar, querido – Mamãe falou sorrindo para o Ty.
- Tudo bem! Eu adoraria! E papai ficará muito feliz pela homenagem, tio. E me sinto honrado por essa homenagem.
- Vou correndo para contar a Alex, a Lou, o Scott e a Yulli. E o Seth!
- Ele já sabe, Lu. Ele notou muito antes de você. Mas vá confirmar para ele também.
- Sempre soube que o Seth era mais inteligente e observador que eu! Ótimo! Vou correndo avisar a ele, e o pessoal das antigas, precisamos de boas notícias. Vou avisar também os Weasley, já que vou estar nos Lovegood. A Molly vai adorar, ela sempre achou que devíamos ter mais filhos.
Ele beijou novamente mamãe e saltou do telhado, aparatando assim que pode. Fiquei imaginando as reações dos outros, será que ficariam tão impressionados quanto eu e o Ty? Nós dois nos aproximamos meio solenemente de mamãe e a abracei com felicidade. Eba! Vou ganhar um irmãozinho ou irmãzinha! Será que consigo persuadi-lo a me idolatrar e ser meu servo pessoal?? Só quero que ele ou ela não puxe o Seth, já chega um caladão, doido por doidos....
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