Tuesday, October 31, 2006

O primeiro dia do ano mais louco da minha vida

Das memórias de Gabriel Graham Storm

Nosso Bateaux havia aportado na Pont de la Concord às 19hs e madame Maxime e todos os professores foram escoltando os alunos até a parte bruxa de Paris, onde uma grande festa de Halloween acontecia. Os mais novos estavam fantasiados e seriam assessorados por alguns alunos do 6° e 7° ano que se candidataram para sair pelas ruas da parte trouxa coletando doce. Eu, Miyako e Ty não tínhamos planos, a não ser curtir um pouco a festa, sem confusões. Ty logo avistou uma Rory empolgada com os variados drinks e disse que ia dar uma volta.

- O que vamos fazer? Deveríamos ter nos inscrito para a coleta de doces, ao menos estaríamos do lado de fora. – Miyako falou entediada
- Se querem sair, a hora é agora...

Virei para ver de quem era a voz e vi Dominique, um dos batedores da Nox, parado com uma garrafa de whisky de fogo na mão acompanhado de Viera, Manuela e Madeline. Ela também carregava uma garrafa e Viera parecia ocupado observando a movimentação dos professores.

- O que vocês têm em mente? – Miyako perguntou animada
- Vamos dar o fora daqui, se quiserem vir, são bem vindos.
- E os professores não vão perceber? - perguntei
- Os professores estão ocupados bebendo e dançando, não vão dar falta de seis alunos no meio de mais de 100. – Mad falou
- Vamos, né Biel? Isso aqui ta morto! – Mi falou já parando do lado deles
- Tudo bem... Vamos chamar o Ty, onde ele se meteu?
- Seu amigo ta ocupado, deixa ele – Manu falou rindo, apontando para Ty cercando a Rory.
- Ok, estamos no esquema, depressa!

Viera voltou com mais uma garrafa de whisky de fogo e abriu a porta apressado, empurrando os demais para fora. O som da musica alta foi abafada assim que ele fechou a porta: estávamos no lado trouxa de Paris. Muitas pessoas circulavam pelas ruas, sua maioria sendo crianças fantasiadas, e nos misturamos a elas para sairmos de fora do alcance de algum professor.

Os quatro iam andando pelas ruas bebendo e cantando alto, e logo Miyako e eu estávamos fazendo parte do couro. Quase todas as musicas eram parodias com os professores e de deboche com o tamanho da diretora. Fomos beirando o Rio Senna até que paramos no meio da Pont Neuf e Viera sentou na mureta dela, puxando Manuela pra perto dele. Miyako e eu encostamos perto deles, ainda meio calados, e Madeline e Dominique abriram cada um uma garrafa de whisky de fogo, bebendo.

- Argh, preciso de um cigarro ou vou enlouquecer. Ainda sobrou algum Nick? – Mad falou impaciente
- Sim, reforcei o estoque na ultima visita. Aqui... – ele puxou um maço inteiro do bolso e entregou a ela, que passou aos outros.
- Na obrigado, não fumo. – falei quando Viera me ofereceu e vi que Miyako ficou tentada em pegar um, mas recusou ao ver minha cara pra ela.
- Qual é Gabriel, se a Miyako quer um, deixa ela! – Dominique falou
- Não, eu não quero não, sério! – ela falou depressa
- Não liga pra ele, vocês não precisam fumar ou beber pra andar com a gente... – Mad falou entregando o maço a Dominique
- Sim, não esquentem a cabeça com isso. – Manu falou - o Ian não fuma também, Samuel também não... Bernard não fuma e nem bebe!
- Ei, Bernard bebe sim! – Viera a corrigiu
- Bernard bebe como a minha avó, não conta – Dominique falou e todos riram.
- Enfim, não se preocupem com isso, não é requisito pra entrar pro grupo.
- Mad, Mad... Por que você não me da mais confiança?
- Sai pra lá Nick, não começa!

Ela o empurrou rindo e sentou na mureta, me puxando para ficar na frente dela, longe dele. Miyako olhou pra minha cara e como ela devia estar da cor dos meus cabelos, abafou o riso. Dominique continuou fazendo graça e os outros riam incentivando, então ela envolveu os braços em volta do meu pescoço, apoiando o queixo na minha cabeça.

- Se afasta tentação! Estou acompanhada do Gabriel hoje, não quero nada com você.
- Mas você sabe que eu sou apaixonado por você, né? – ele falou fazendo graça
- Vou dizer algo bem infantil, mas que serve: figurinha repetida não completa álbum! – ela falou e Manu e Viera caíram na gargalhada
- Bom, eu poderia colar sua figurinha no meu álbum repetidamente, se é que você me entende... – ele rebateu provocando
- Você é ridículo! – ela falou, mas riu em seguida.
- Estou com calor... Sou só eu ou vocês também estão sentindo o tempo quente?
- Que calor, Dominique? – Miyako falou espantada – Está esfriando!
- Liga não, Mi, é fogo! – Viera falou rindo
- E já que a Mad não quer apagar ele... – Dominique completou, tirando a camisa.
- Aonde você vai? – perguntei vendo ele se afastar
- Dar um mergulho...

Dominique deixou a camisa em cima dos sapatos e subiu na mureta da ponte, saltando em seguida. Viramos todos juntos a tempo de vê-lo cair na água. Ele era maluco! A temperatura devia estar quase 20º! Dominique começou a gritar para pularmos também e Viera e Manuela foram logo tirando os sapatos e casacos, pulando atrás dele. Mad chutou a sandália dela pra longe e largou o casaco em cima da ponte, pulando também. Ficamos apenas nós dois.

- Vamos também? – Mi falou sorridente
- A água deve estar fria!
- Gabriel, Miyako, pulem logo antes que a policia apareça! – eles gritaram da água
- Se quiser ficar ai, à vontade... – falou já arrancando os sapatos – mas se quiser impressionar a Mad, é melhor pular!
- Quem falou que eu quero impressionar ela??
- Ninguém, só a sua testa! Vem ou não?
- Bom, ficar sozinho aqui é que eu não vou!
Tirei meu casaco e deixei perto do tênis, pulando atrás de Miyako. O espaço entre a ponte e a água era curto e num instante já estávamos dentro do rio Senna. A água estava gelada e não consegui evitar gritar quando bati nela. Essa provavelmente foi a coisa mais louca que já fiz, mas me senti melhor do que nunca!

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