Move your body like a hairy troll
Learn' to rock and roll
Spin around like a crazy elf
dancin' by himself
Do The Hippogriff
Depois da apresentação da peça, que foi um sucesso, os Duendeiros voltaram a tocar. Ainda estávamos todos empolgados por termos conseguido ir até o fim com todos aqueles diálogos imensos e pulávamos no meio da multidão, sem aparentar sinal de que cansaríamos tão cedo. Empurramos Gabriel para o palco, ele jogou uma conversa fiada no tio e cerca de cinco minutos depois, Benjamin O’Shea apareceu com um microfone na mão, cantando ‘Do The Hippogriff’. Para quem é fã, ver o ídolo cantar na sua frente até meia música já é bom, imagina um inteira!
Gabriel voltou para o meio do nosso grupo e girou Mad no ritmo da musica, animado de ter convencido o tio a cantar com a banda. Dominique passou correndo do meu lado e quando olhei, ele estava em cima do palco pulando feito um macaco. Benjamin O’Shea começou a rir e passou um microfone pra ele, que cantou quase a música inteira junto deles. Nossa turma ria e gritava fazendo palhaçada para Dominique, e quando a música estava quase no fim, ele devolveu o microfone e se atirou do palco por cima da gente. Por sorte já esperávamos que ele fosse fazer algo do tipo, e o agarramos no ar! Fomos passando Dominique de mão em mão até que não tivesse mais quem segurar e ele voltou ao chão, correndo na nossa direção gritando empolgado.
- Eu cantei com os Duendeiros, eu cantei com os Duendeiros!! – ele repetia feito uma criança
- Sim, nós vimos! – falei rindo – E a escola toda também viu!
- Eu cantei com os Duendeiros!! – Dominique agarrou Isa pela mão e saiu girando ela feito um pião pelo salão, dançando uma valsa em ritmo de rock. Dava pra ver que ela tentava acompanhar ele, mas as risadas atrapalhavam bastante
- Acho que vou pegar alguma coisa pra beber, minha garganta está seca de tanto gritar – Bernard falou alisando a garganta e resolvemos acompanhá-lo
Algumas famílias começavam a ir embora e ocupamos uma das mesas vazias, enquanto Samuel, Bernard e Viera vinham trazendo várias canecas da recém liberada cerveja amanteigada para todo mundo. Dominique e Isa, um pouco tonta, se juntaram ao grupo na mesa e ficamos conversando durante bastante tempo. Percebi que aquela seria a última vez, por um bom tempo, que estaríamos todos juntos em volta de uma mesa batendo papo, sem preocupações. Cada um falou um pouco dos planos para Setembro, quando todos começariam a trabalhar, e reforçamos os planos para as férias. Viera lembrou que a Copa do Mundo trouxa já estava quase no fim, e que seu pai estava tentando conseguir ingressos para assistirmos a alguns jogos da França. Todos confirmaram presença na casa dele e os Duendeiros começaram a tocar uma seqüência de musicas mais lentas.
- Me daria à honra desta dança, doce donzela? – estendi a mão para Marie e ela segurou sorrindo
- Com muito gosto, meu belo cavalheiro...
Conduzi Marie para o meio da pista e ela envolveu os braços em torno do meu pescoço, encostando o rosto no meu. Meus amigos foram levantando aos poucos e seguindo nosso exemplo, e logo a pista estava cheia outra vez. Dançamos naquele ritmo lento por um tempo, quando entre uma volta e outra, meus olhos pararam na mesa da família Lestel. Marie me encarou confusa quando parei de dançar.
- O que aconteceu?
- Marie, será que você se incomodaria se eu convidasse outra pessoa para dançar um pouco?
Os olhos dela acompanharam os meus e quando viu para onde eu olhava, voltou me encarar sorrindo.
- Claro que não, fique à vontade
- Eu te amo! - dei um beijo demorado nela e corri até o outro lado do salão – Será que eu poderia ter a honra de dançar uma música com você?
Amélia ergueu os olhos assustada e eu estava parado na frente dela, a mão estendida esperando que ela a pegasse. Ela olhou para os lados para ter certeza de que eu falava com ela e abriu um sorriso, segurando minha mão. A mãe de Bernard sorriu para mim quando Amélia finalmente levantou da mesa e a levei para o meio da pista.
Enquanto dançava com ela as músicas lentas da banda, vi meu avô passar dançando com Marie e piscar para mim. Ela parecia estar se divertindo dançando com o velho Renoir, acho que perdi meu par para o coroa. Vovô era muito animado, e girava Marie pelo salão como se estivesse em um musical do Gene Kelly. Logo arrastei Amélia para perto deles e imitávamos os dois. Eu fazia os passos antigos do vovô e rodava ela pra lá e pra cá, enquanto Marie e Amélia riam. Não tinha a mesma técnica do meu avô, mas até que não me sai mal. Vovô abraçou uma das árvores da decoração fingindo ser um poste e imitou um filme velho que ele é fã, e fiz o mesmo. As meninas já não tinham mais forças para dançar de tanto que estavam rindo. Beijei a mão de Amélia, vovô repetiu o gesto com Marie, e destrocamos os pares.
A seqüência lenta chegou ao fim e eles voltaram a tocar musicas agitadas. Bernard fez sinal para nos juntarmos a eles outra vez e corremos para perto do palco. Já estávamos todos sem sapatos e com metade da roupa medieval largadas pelas mesas das nossas famílias. Dominique tinha um canivete na mão e terminava de raspar alguma coisa em uma estátua de madeira do fundador da escola que devia ter, no mínimo, 800 anos! Quando ele terminou, me entregou o canivete e pude ver o que ele fazia.
- Vamos, deixem seus nomes ai também!
- Maxime vai ficar uma arara quando perceber que gravamos nossas iniciais nessa peça de museu... PORÉM, ela não pode mais nos dar detenção!
Procurei um espaço vazio perto do nariz do bruxo que fundou Beauxbatons e marquei com IL. Entreguei o canivete a Marie e ela deixou sua marca também. Viera e Manu voltaram correndo com várias taças de abóboras espumantes em duas bandejas e cada um pegou uma. Bernard ergueu a dele primeiro.
- À melhor turma de Beauxbatons, e que as amizades feitas aqui durem para a vida toda!
Todos ergueram as taças junto à dele para selar o brinde e viramos a bebida de uma só vez. Aquela era a única certeza que tínhamos, de que manteríamos as amizades aqui feitas. E agora era mais do que oficial: estávamos enfim, livres.
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E sendo assim, encerro aqui a participação desse personagem que entrou para o blog há dois anos atrás como um moleque inconseqüente e travesso, e que sai hoje ainda como um garoto travesso, mas mais responsável e com um jeito diferente de encarar a realidade, que não é sempre fácil como ele imaginava =)
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