Lembranças de Griffon F. C. Chronos
A noite caíra e sentíamos a presença deles. Pelo visto eles achavam que os dementadores haviam nos despistado e pararam para descansar. Eles se reuniram em volta de Stonehenge e fizeram uma fogueira surgir em sua frente, onde conversavam em voz baixa.
- Não podemos subestimá-los! – Um dos comensais falou com energia, era um homem alto e de aparência inteligente, mas pesada.
- Deixe de medo, Jugson. Era um único perseguidor e seu filho. – respondeu outro comensal, mais baixo, porém mais forte que o primeiro.
- Sim, mas era aquele Chronos e o filho dele. Você por acaso esqueceu que um dos filhos dele quase o matou no sequestro, Carrow? – o último comensal entrou na discussão e era o mais baixo dos três, mas o de aparência mais cruel.
- Eu não seria derrotado por um garoto, Nott!! Acha que sou fraco ou algo assim? – Carrow respondeu furioso.
- Sim eu acho. Se Cibelle já não tivesse terminado o serviço e nós não batêssemos em retirada, você estaria morto agora. Fico com raiva de não ter sido eu a matar o McGregor.- Nott riu maldosamente e senti um ódio tremendo por ele.Primeiro por meu padrinho e segundo por que eles sujavam um local sagrado.
- Nott, você não pode falar nada, você e eu juntos não fomos capazes de derrotar o Chronos. Aquela família é estranha, por isso devemos ir embora, e logo!
Os outros dois o ignoraram, e aproveitamos o momento. Sem que eles notassem fiz surgir uma barreira ao redor deles, me aproveitando das energias de Stonehenge. Papai injetou os olhos de vermelho e com um pequeno silvo fez com que lobos e cães das redondezas o ouvissem. Ao longe ouvimos o uivar de lobos misturados com cães. Os comensais se puseram de pé assustados, mas varinhas à mão. Notei que eles tentaram aparatar, mas não conseguiram e ri com certo orgulho e prazer. Olhei para papai um instante aguardando o comando de ataque. Ele me olhou e vi novamente selvageria e ódio em seus olhos e ele acenou com a cabeça positivamente. Iríamos fazer os assassinos de Tio Kyle pagar um preço alto.
Papai saltou para o ar desaparecendo ainda no meio do pulo. Levantei a varinha e corri para onde os três comensais estavam. Eles viraram as varinhas para mim imediatamente e gritaram maldições contra mim, mas erraram, e os três jatos verdes passaram por mim. A matilha de cães e lobos se aproximou e os cercou, impossibilitando a fuga por terra. Apontei a varinha para o mais próximo de mim e gritei.
- Estupefaça!
Carrow voou para trás e caiu no chão xingando. Nott e Jugson apontaram suas varinhas para mim e também gritaram estuporamentos, mas consegui conjurar feitiços escudos a tempo e por pouco os feitiços não os atingiram também. Refugiei-me atrás de uma das pedras de Stonehenge enquanto me perguntava onde papai estava. Como uma resposta ouvi os gritos dos comensais e me arrisquei uma olhada. Vi uma matança...
A matilha inteira atacara de uma vez só. Os cães pareciam retornar a seus tempos de selvagens e os lobos deliciavam-se. Os comensais gritavam feitiços e maldições a todo momento, um coro de “estupefaças”, “impedimentas”, “avada kedavas”, “petrificus totalis”, “expelliarmus”, e os corpos dos animais às vezes sem vida caiam no chão e misteriosamente desapareciam. Então entendi o que acontecia. Os comensais haviam caído em um dos mais poderosos e cruéis golpes de papai, uma ilusão. Ele havia os hipnotizados e os fazia lutar com o ar, pensando enfrentar uma orda de animais famintos. Mas o mais cruel das ilusões era que os animais podiam atacar de verdade e os comensais estavam cheios de mordidas e arranhões em seus braços e pernas. E vi que eram na verdade os ataques de papai, que correndo entre os feitiços atacava sem dó. Sua sombra se mesclava as sombras da noite e ele parecia um lobo faminto e enraivecido enquanto mordia e perfurava com suas mãos todos os lugares próximos.
Eu tremia e cai no chão encarando a cena com horror. Mas certo prazer crescia em mim em ver aqueles assassinos sofrendo o que mereciam. Papai acho que querendo se divertir mais, terminou com a ilusão quando os comensais já estavam muito feridos e parou a frente deles, com a roupa, boca e punhos ensangüentados com o sangue dos inimigos. Eu decidi me mostrar também e me coloquei ao lado dele, ainda tremendo, mas tentando me controlar.
- Então, achavam que eu e meu filho éramos poucos? Agora imagino que sabem que não... Achavam mesmo que alguns dementadores iriam nos impedir de achar vocês?
Os comensais nada disseram, mas vi medo em seus olhos e como uma fera isso alimentava papai. Nott se recuperou do choque e apontou a varinha para meu pai gritando com ódio.
- AVADA...
Mas a maldição ficou inerte em sua boca quando o atingi com um estupefaça cheio de raiva e jogando-o longe. Agora sem medo, avancei atrás dele ignorando os outros dois. Mas estes não me ignoraram, e tentaram me lançar maldições, e as não letais apenas ricochetearam em meus feitiços escudos que eu invocava sem prestar muita atenção. Meus olhos brilhavam em branco e com ódio também apontei minha varinha para os outros dois gritando
- EXPELLIARMUS!!
A varinha dos dois voaram de suas mãos e eles caíram ao chão tentando pegá-las. Eu finalmente alcancei Nott quando ele se levantava apontando a varinha para mim, mas fui mais rápido que ele. Apontei a varinha para seu peito e gritando “EXPELLIARMUS” o joguei longe. Notei que uma luz saia de minhas mãos e foi essa luz que o empurrara com tanta força. Ouvi os barulhos da luta de papai, mas não me interessei muito, me reaproximando de Nott. Ele estava caído ao chão, tentando se aproximar da varinha.
- Accio Varinha.
A varinha dele voou para minha mão e apontei a minha própria para ela ainda no ar e murmurando soltei um raio vermelho que a destruiu. Sorri ao ver o ódio de Nott.
- Então, sou tão fraco quanto você imaginou? Imagino que tenha conhecido o meu irmão. Ele é bondoso, mas eu não. Isso é por ter matado o meu padrinho! – E o chutei com força no lado direito da barriga e ele gemeu alto. – E isso é por ter feito a Emily chorar.
Dei-lhe outro chute ainda com mais força em seu rosto, arrancando a máscara e fazendo-o rolar pelo chão indo bater nas pedras de Stonehenge. Ele tentou sair de meu campo de visão, mas apontei minha varinha para ele murmurando “estupefaça” e o estuporei. Voltei-me então para a luta de papai em tempo de vê-lo acabar com ela. Carrow estava com os olhos vidrados enquanto papai agarrava seu pescoço, sufocando-o até a morte, mas sabia que papai não ia matá-lo assim. Virei os olhos para Jugson para não ver a cena, mas vi o medo dele enquanto ouvia o último grito de Carrow quando teve seu pescoço perfurado por papai. Jugson cambaleou para trás e tentou fugir, mas apontei a varinha para ele gritando “petrificus totalis”. Ele caiu duro no chão, com o rosto virado para a grama. Nesse momento ouvi um riso por trás de mim e me virei com pressa. Nott sorria para mim e agarrou meu pescoço tentando me sufocar. Tentei lançar-lhe um feitiço, mas o aperto na garganta me impedia de falar. O aperto ia ficando cada vez mais forte e por um momento achei que ia morrer sem rever meus amigos... Mas o aperto parou e os olhos de Nott estavam vidrados e brancos. Eu não podia ver o que acontecera, mas caí no chão quando o aperto diminuiu e vi meu pai com uma das mãos perfurando o ombro de Nott.
- Você subestimou a mim e a meu filho. E matou meu melhor amigo... A você eu deveria dar algo pior do que a morte, mas não crio maldições como eu... Então você terá apenas a morte.
Ao terminar de falar isso papai levantou o outro braço livre e perfurou as costas de Nott, matando-o da mesma forma que Tio Kyle fora assassinado. Eu senti medo, mas papai se aproximou de mim lentamente e me abraçou com força. Vi que ele chorava e o acalmei abraçando-o também. Choramos abraçados por alguns minutos enquanto lembrávamos de Tio Kyle. Jugson continuava petrificado e após algum tempo papai e eu nos separamos e ele foi encarar o ultimo comensal ainda vivo. Ele levantou a varinha e apontou para o peito do ainda petrificado comensal.
- Avada...
- NÃO!! Não pai, não faça isso também. Não quero que seja como eles... - Gritei enquanto o abraçava novamente. Ele relaxou e apenas fez surgir cordas para prender o comensal.
- Desculpa por tê-lo feito ver essas coisas todas meu filho... Desculpa...Mas você lutou bem, estou orgulhoso de você. E seu padrinho também. Vamos, vou mandar um aviso para o ministério.
Uma águia prateada saiu de sua varinha e alçou vôo na direção de Londres. Perguntei se ele iria avisar mamãe também que estávamos voltando, mas ele falou que ela tinha meios de saber que estávamos voltando. Ele esperou apenas até o primeiro estalo de aurores chegando e apenas lhes explicou que duelara com os comensais. Nos afastamos e ele passou o braço pelo meu ombro.
- Você agora vai treinar com sua mãe. E aprenderá aparatação. Seu irmão fez os testes ontem e já passou, agora só falta você. Enquanto isso...
Senti um puxão forte e reconheci que ele aparatava comigo. Surgimos em frente a rua da casa da França e corri para a porta de casa, apesar de cansado e sonolento. Abri a porta com saudade e mamãe e Seth já me esperavam na sala, mesmo que passassem da 1 da manhã. Seth parecia mais feliz do que nunca, mesmo a me ver todo sujo de terra e sangue. Mamãe soltou um gemido de preocupação e me abraçou com força. Deixei ser abraçado enquanto sentia o perfume de casa. Papai chegou em seguida e mamãe o beijou calorosamente,e os dois choraram, como se tivessem tido medo de perder um ao outro. Falei que ia mandar uma coruja correndo e corri para pegar Hermes. Redigi quatro cartas dizendo que eu estava bem e as mandei para o pessoal. Uma em especial era para a Emily, dizendo-lhe que cumprira a promessa...
No dia seguinte passamos o dia preparando as malas da viagem do dia seguinte. Seth iria para a casa da amiga dele, a Di-Lua Lovegood (ai de mim se ele ouvir isso...) e eu, papai e mamãe iríamos ao Beco Diagonal. Eu ainda me recuperava das cenas da noite passada, e ainda tinha alguns pesadelos... Mas queria parar de pensar nessas coisas e sair com meus pais, portanto propus que fossemos rever Tia Celas e visitar Londres, aproveitando para visitar o George Weasley. Seth poderia ter ido sozinho aparatando, mas meus pais não queriam deixá-lo viajar sozinho e iríamos todos juntos deixá-lo com os Lovegood. Eu tinha esperança de cruzar com Emily pelo Beco Diagonal, talvez ela fosse comprar algum material e na carta que lhe enviara a noite, disse que eu iria estar no Beco Diagonal... Será que eu poderia encontra-la lá? Ou alguém da Beauxbatons? Acho difícil, mas quem sabe...
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