- Seu trabalho está feito, pode receber a marca negra com louvor...
As palavras do Ty ainda me magoavam profundamente, mas optei por tentar esquecer. Fomos embora de Beauxbatons no mesmo dia que o Ty saiu da escola para cuidar do funeral do pai. Meu pai foi nos buscar porque havia sido chamado por Madame Maxime, ela achou que com os interrogatórios, era bom ter algum responsável por nós, por perto. Coitado, ficou extremamente constrangido quando contamos a ele sobre o que nossa mãe havia feito aos McGregor’s. Como já haviamos feito nossas provas de final de ano, pudemos antecipar nossas férias, e voltamos para casa mais cedo. Eu estava triste demais por causa de tudo e meus irmãos, estavam chateados comigo, por eu não haver contado nada a eles sobre nossa mãe. Lucien era o mais revoltado e estava fazendo uma greve de silêncio comigo, e Angelique estava triste por causa de Jean Savoy, que havia tomado as dores do Ty. Não podia culpá-los. Mas já estava cansada de carregar tanta culpa sozinha. Quem sabe em casa, as coisas começassem a melhorar.
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Aluns dias depois tivemos a visita de uns aurores procurando minha mãe, e eles nos informaram que iriam vigiar nossa fazenda por um tempo, pois minha mãe podia aparecer pedindo ajuda. Claro que a pessoa que tinha este pensamento era o senhor Regalski, que antes da história do Lobo era arrogante, mas pelo jeito ele havia sido promovido, e fazia questão de alardear isso e intimidando os mais novos que estavam com ele. Eu entrei em casa e ele estava intimidando meu pai e meus irmãos:
-..Falem logo, ou usaremos métodos de interrogatório mais severos...
- O senhor não pode fazer isso. Já fomos interrogados pelo seu pessoal, e não descobriram nada.- respondi farta daquelas maneiras rudes.
- Mas sua mãe deve vir pedir ajuda a vocês, e duvido que vocês não a ajudem novamente, fizeram isso por anos. Vou obrigá-los a tomar Veritasserum e acabaremos logo com isso..
- Você vai deixá-los em paz, Regalski. – olhei apra a porta e era o senhor Menken, padrinho do Ty, olhando friamente para o outro auror. Um dos novatos pareceu soltar o ar, aliviado.
- Isso é investigação do meu departamento Menken, você não tem jurisdição aqui. – disse o pai do Dave contrariado.
- Então leia a carta do Ministro Berbennot, passando o comando desta investigação a mim. Se não gostar, poderá reclamar com ele. Metade do pessoal fica comigo.
O senhor Regalski não gostou muito de ser desafiado e guardou nas vestes o frasco com a poção clara como água e após olhar para nós com desperezo, saiu porta afora, seguido por alguns que ele chamou o nome. O padrinho do Ty após cumprimentar os outros, assumiu um tom profissional e começou a falar com papai.
- Peço desculpas senhor Montpellier, mas a morte de um dos nossos mexe com os ânimos do departamento.- e após meu pai assentir ele disse:
- O senhor já foi informado que se colaborar com sua esposa, poderá responder a processo como cúmplice e...
- Eu não vou ajuda-la, ela prejudicou aos nossos filhos, e por isso não farei nada por ela, já estavamos tratando do nosso divórcio quando tudo isso aconteceu.- e pela primeira vez vi meu pai falar com rancor de minha mãe e ficamos chocados ao descobrir que eles iriam se separar.
Mais tarde, papai veio conversar conosco e se explicar. Disse que eles haviam decidido se separar quando ela reencontrou os amigos e que ele havia pedido a ela que esperasse a nossa volta para casa, para conversar conosco.
Claro que ela teve pressa, em se livrar do casamento com um trouxa e não passar vergonha perante os amigos comensais dela. (pensei).
- E eu? O que o senhor quer que eu faça? Quer que eu vá embora como ela?- perguntei incerta.
- Como assim?
- O senhor sabe que não sou sua filha não é? Que não tenho o seu sangue, portanto não tem nenhuma obrigação comigo e eu posso ser um fardo...-e pela segunda vez naquele dia vi papai irritado:
- Você acredita mesmo não ser minha filha? Acredita que um filho só é nosso quando tem o mesmo sangue? Você é tão minha filha quanto Angelique e Lucien. Levantei para cuidar de você quando ficava com febre, da mesma forma que fiz com eles, observei seu primeiro dente cair, fui eu que limpei seus joelhos quando deu os primeiros passos e perdeu o equilíbrio, era a mim que você chamava a noite quando tinha medo do bicho papão, então não venha me dizer que não é minha filha. Ser pai é mais do que ter o mesmo sangue, é criar com amor e isso mocinha, eu tenho em partes iguais pelos meus três filhos. Acho que sempre demonstrei meu amor por você...
- Sim, demonstrou papai. Mas... Lucien está tão zangado porque eu não falei nada... E Angelique... Talvez seja melhor para eles me ver longe...
- Olha aqui maninha, não pense que você vai se livrar de nós assim tão fácil ok? Se o Jean se atrever a terminar comigo por causa do que houve, é porque ele não me merece. E entre ele e você, eu escolho você. – disse decidida e rimos, e meu irmão rompeu o silêncio:
- Fiquei zangado porque você não confiou em nós, ficou carregando este fardo sozinha, mas irmãos são como eu: ficam de bico á toa não é? Desculpe. – e meus irmãos me abraçaram e juntos, nós quatro descobrimos que independente do que Cibelle Lestrange, ex- Montpellier havia feito, ela não havia conseguido: destruir nossa família.
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- Você vai comer de novo Rory? Nunca vi você gostar tanto de picles. Aliás você sempre odiou picles.- dizia Angelique enquanto colocava as cartas do correio coruja na minha frente.
- Pois é, não entendo o que eu tinha contra estas delicias. - e peguei mais um picles do vidro e um envelope pardo com um lacre azul com uma estrela em relevo atraiu minha atenção. Meu queixo caiu, enquanto lia a carta:
"Cara senhorita Montpellier,
Gostariamos de convida-la a fazer parte do nosso corpo discente, uma vez que seus artigos para o Le Sourcier, foram muito apreciados por nossos professores responsáveis pelo jornal da nossa escola.
Sabemos que é uma aluna exemplar, e nossa grade curricular é semelhante á da Academia de Magia de Beauxbatons, portanto se quiser tiver interesse em efetuar sua transferência, ficariamos muito felizes em tê-la conosco. Caso tenha interesse em fazer-nos uma visita, entre em contato conosco para providenciarmos transporte e acomodações.
Escola de Magia do Texas
Paige Lee Warrick Carter
Diretora"
Mostrei a carta ao meu pai e ele achou uma ótima oportunidade para conhecer um outro país com segurança e nos afastarmos um pouco dos problemas dos últimos tempos e acabou me convencendo a aproveitar a oportunidade oferecida, disse que na pior das hipóteses eu poderia dizer não ao convite da senhora Carter, e vi que ele tinha razão. Enviei minha resposta e dali alguns dias as passagens de avião chegaram junto com instruções sobre como chegar até a escola texana e sobre o que levar. Isso me deu a desculpa perfeita para não ter que explicar a toda hora porque às vezes eu ficava sozinha no meu quarto. Ficava pensando se devia ou não escrever uma carta ao Ty.
Não era para ser, era o que eu sempre pensava e desistia, mas porque ainda doía tanto?
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