Das lembranças de Ian Lucas Renoir Lafayette
- Acho que ele está acordando...
- Luke? Pode nos ouvir?
- Mas que barulho é esse? Fora, fora, todos vocês!
Abri os olhos devagar e me deparei com o rosto de madame Magali muito próximo ao meu. O susto fez com que eu saltasse da cama e caísse deitado outra vez, dolorido. Meu corpo doía, tinha a impressão de que um carro havia passado por cima de mim e que a marca do pneu estaria no peito. Olhei para o lado e vi meus amigos parados na porta, parecendo aflitos. Provavelmente foram eles que madame Magali expulsou de perto da cama.
- Não fiquem aí parados! Vão procurar os pais de monsieur Lafayette, agora! – a enfermeira ordenou e ouvi passos saírem correndo pelo corredor. – Saiba que teve muita sorte... Se monsieur Storm não o tivesse encontrado, sabe Merlin o que teria acontecido!
Sacudi a cabeça, confuso. Quem me encontrou? E aonde? Não me lembrava de nada, minha ultima lembrança era de estar encurralado por comensais e um deles estar prestes a me matar, quando achei da caixinha que vovô me deu... Uma poção verde foi empurrada com força na minha boca e as portas da enfermaria se abriram em seguida, deixando meus pais entrarem. Mamãe veio correndo até minha cama, parecendo extremamente aliviada.
- Oh você está vivo! Não sabe como fiquei preocupada! – e abraçava e beijava minha cabeça.
- Ai mãe, ta me sufocando...
- Como se sente? – papai falou sério.
- Um pouco tonto... O que aconteceu?
- Não sabemos ainda, mas você foi encontrado por outro aluno na floresta e trazido para cá desacordado.
- Bom meu filho, já que está bem, vamos voltar ao serviço. Ainda precisamos descobrir o que aconteceu naquela floresta, o aluno que trouxe você disse que foi atraído por um clarão.
Minha mãe me apertou mais uma vez e saiu com papai agitada da enfermaria. Pelo visto estavam atolados de serviço. Meus amigos ainda estavam parados no mesmo lugar, em um claro dilema para saber se entravam ou não de novo. Madame Magali olhou para eles impaciente.
- Por Merlin, entrem logo antes que eu perca a paciência!
ML: Obrigada! Luke, você esta bem?? – Marie falou correndo na frente dos meninos.
BL: Pensamos que não fosse mais acordar...
IL: O que aconteceu?
DC: Você não se lembra??
IL: Só que estava encurralado por 5 comensais, não me lembro de mais nada que aconteceu ontem.
SS: Ontem não, já se passaram dois dias desde os ataques.
DC: Você estava em coma, cara!
IL: Mas como eu posso ter ficado dois dias desmaiado? O que aconteceu depois que o comensal me encurralou??
BL: Luke, você matou todos eles...
IL: Como é??
Saltei da cama outra vez e derrubei as cortinas com o pulo. Madame Magali olhou quase cuspindo fogo e deitei de novo. Michel então começou a contar o que havia acontecido, tudo que ele tinha visto enquanto estava em forma de lobisomem e tentava me socorrer. Olhava para eles incrédulos. Como uma caixa daquele tamanho quase mutilou 5 comensais?? Mas ninguém sabia responder, nem Marie encontrou uma explicação depois de passar dois dias lendo todos os livros da biblioteca atrás de algo parecido. Samuel falou que seu pai estava comandando um inquérito para descobrir como isso havia acontecido e senti meu estomago embrulhar. Tudo que não precisava agora era me encrencar, ainda mais se nem sei como me meti nessa!
- Já chega, acabou o horário de visitas! Fora! – madame Magali veio enxotando meus amigos e recolocou minha cortina no lugar, me empurrando outro cálice com poção fedorenta.
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Completei três dias na enfermaria, madame Magali me liberou somente no ultimo minuto. Sai apressado em direção à Sapientai e fiquei grato ao chegar no dormitório e ver que Bernard havia juntado todas as minhas coisas e amassado no meu malão, imaginando que eu não teria muito tempo para arrumá-las. Agradeci a ele e descemos as escadas rumo ao cais, onde o Bateaux já apitava, chamando os alunos atrasados para o embarque.
Sentamos em nossos habitais lugares ao fundo e quando o barco começou a se movimentar, me debrucei na borda para dar uma ultima olhada no castelo de Beauxbatons... Havia sido um ano e tanto! Quase fui expulso, ateei fogo em um acampamento, meu primo virou um lobisomem, estudei uma semana em uma escola trouxa, havia ficado com Marie na festa de dia dos namorados, quase morri em um ataque, fiz novos amigos... Esse com certeza foi um ano que será difícil de esquecer!
Estava tão distraído com as lembranças que nem percebi que já havíamos chegado ao porto de Paris. Foi o barulho de malões batendo no chão que me despertou. Arrastei o meu para o corredor e o larguei pelo caminho quando vi que Morgan estava quase saindo. Corri ate ela, a assustando sem querer quando saltei na sua frente.
MOH: Que susto Ian! Não faz mais isso!
IL: Desculpa, queria me despedir de você, não nos veremos mais ano que vem...
MOH: É verdade, agora sou uma bruxa formada!
IL: Bom, adorei te conhecer, de verdade! Você é muito legal!
MOH: Também adorei conhecer você Ian. Apesar de encrenqueiro, é um garoto legal. E quem sabe você não decide se tornar um auror... Assim podemos nos esbarrar de vez em quando.
IL: Vou estudar essa possibilidade...
Despedimos-nos ali mesmo e ela desembarcou indo ao encontro do namorado. Apanhei meu malão novamente e quando pisei do lado de fora, me lembrei que ainda faltava me despedir de uma outra pessoa... Estiquei o pescoço para enxergar por cima das cabeças e o vi quase saindo da estação. Corri até lá.
IL: Hei! Freckles, digo, Gabriel! Espera!
GS: O que foi?
IL: Er, é que... ahn... Bom, não é nada demais... Só queria agradecer por ter me levado de volta ao castelo ainda vivo...
GS: De nada... Apesar de você ser um pé no saco, não iria deixá-lo morrendo na floresta.
IL: Sei que sou chato, mas me enganei com você e sei admitir quando estou errado. Você é legal... Trégua? – e estendi a mão.
GS: Trégua... - falou apertando a minha. - Você deu sorte, se seu primo não tivesse lá vigiando você, outros comensais poderiam ter aparecido antes que eu pudesse lhe encontrar.
IL: Quem? Como que...
GS: Você guarda o meu segredo e eu guardo o seu, certo? Boas férias... Nos vemos em Setembro!
IL: Boas férias...
Gabriel saiu da estação com a mãe e fiquei parado olhando pra ele com cara de idiota. Como ele descobriu sobre o Michel? Será que agora eu falo mesmo estando desmaiado?? Não, impossível... Só tem uma explicação: ele viu Michel me devolvendo a caixinha no barco! Como estava lá e provavelmente viu o lobisomem levá-la embora sem nos machucar, deduziu que só poderia ser ele! Era só o que me faltava... Ele agora sabe dois segredos meus, sendo que um eu ainda nem descobri qual é! Bom, agora não tem mais jeito, ele não vai contar a ninguém mesmo... Melhor esquecer isso e aproveitar as férias. Voltei para junto dos meus amigos e terminei de me despedir deles, pois só nos veríamos daqui a dois meses, para passar nosso ultimo ano em Beauxbatons...
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