Monday, May 22, 2006

Danos permanentes de uma batalha

Das memórias de Gabriel Graham Storm

- O Dashwood? Um comensal?
- O próprio... Eu desconfiava, mas tive certeza ontem quando o vi com a varinha apontada pro meu filho.
- Aquele canalha! Ah se ele machuca uma das crianças...
- Ah Gabriel, Scott está procurando por você. Ele está no Grande Salão com madame Maxime tentando controlar os pais desesperados e sendo assediado pelas meninas... – tia Yulli falou rindo, arrancando gargalhadas de minha mãe e tia Alex.

Eu estava sentado nos jardins com minha mãe conversando sobre a confusão da noite anterior, ela me explicava o que aconteceu depois que nos separamos. A escola ainda estava um caos. Varias paredes tinham buracos feitos por feitiços fortes, pais apavorados querendo detalhes do ataque e muitos alunos na enfermaria, entre eles o Ian... Eu havia o retirado da floresta apagado e até agora ele ainda não tinha acordado. Seus pais, que eram aurores e tinham ajudado na noite anterior a conter os comensais, estavam preocupados e não saiam do lado da cama dele.

Levantei do banco e deixando-as sozinhas, me encaminhei para o Grande Salão. Ainda não havia visto meu padrinho desde que ele chegara, no meio dos ataques. Depois que consegui chegar vivo ao castelo e deixar Ian na enfermaria, um dos professores me trancou no salão comunal da Sapientai junto com os outros alunos da casa e só sai essa manha, quando tudo já estava sob controle. Passei a noite toda em pânico, sem saber onde Ty e Miyako estavam, só hoje de manha descobri que ambos estavam vivos, mas machucados na enfermaria. Tio Scott estava sentado numa mesa conversando com um grupo de pais, explicando alguma coisa e com um ar sério que raramente via nele. Assim que me viu ele acenou, encerrando a conversa com os pais e vindo ao meu encontro.

- Gabriel! Como está? Não está machucado, não é?
- Não tio, eu estou ótimo, foi só um susto mesmo. Mas se mamãe não tivesse chegado a tempo...
- Ela me contou... Aquele asqueroso acaba de ganhar dois grandes inimigos!
- De onde eles se conhecem??
- Estudamos junto com aquela praga em Hogwarts... Sempre soube que ele era um comensal, Louise que não queria acreditar.
- A Ordem da Fênix está de volta à ativa, não é? – falei indicando o broche em seu peito.
- Sim! E dessa vez, sem nos escondermos. Precisamos recrutar o máximo de gente possível e estava ficando difícil fazer isso sendo uma organização secreta.
- Posso me candidatar??
- Nem em seus mais loucos sonhos... Pode tirar o hipogrifo da chuva, sua mãe morre só de saber que você cogitou isso. E além do mais, você não tem idade suficiente.
- Isso é injusto! Eu... – parei antes de completar a frase. – Mas que risos são esses?

Olhei para trás incomodado e uma massa de alunas sufocava risadinhas enquanto olhavam sorrindo para meu padrinho. Isso era realmente irritante! Todo lugar que vou com ele é a mesma coisa. Ele não costuma ligar, normalmente acha engraçado, mas hoje pela primeira vez vi que estava sem graça. Não pude deixar de rir.

- Ela está olhando pra você Gabriel...
- Não seja ridículo, elas estão quase desmanchando ali por sua causa!
- Não, não, aquela ali não esta sorrindo pra mim não.
- Hã? Quem?

Virei rápido demais para ver quem ele indicava com a cabeça e me arrependi na mesma hora. Ainda tentei disfarçar, mas ele percebeu que corei quando vi quem era.

- Huuuum quem é ela?
- Não sei, não conheço...
- Por que não vai até lá?
- Não, obrigado. Vou dar uma volta, vem também?
- Não posso, ainda tenho muito que fazer. Nos vemos mais tarde.

Levantei depressa e sai do Grande Salão sem nem olhar para trás. Sabia que meu padrinho agora teria material para pegar no meu pé por um bom tempo. Ele voltou para um outro grupo de pais e eu fui ao encontro de minha mãe. Ela agora conversava com um casal que reconheci como sendo os pais do Ian. Ele devia estar melhor, pois ambos pareciam aliviados.

- Filho, o Sr. e a Sra. Lafayette estavam procurando por você.
- Você é o Gabriel?
- Sou eu sim senhor...
- Obrigado por trazer meu filho de volta ao castelo com vida. Não quero nem pensar no que teria acontecido se você não tivesse o encontrado.
- Não foi nada, não precisa agradecer. Ele já acordou?
- Ainda não, mas é só uma questão de tempo. Precisamos ir agora, muitas coisas a resolver ainda, só queríamos lhe agradecer.

Ele apertou minha mão e saiu com a esposa pelo gramado em direção ao castelo. O dia inteiro teve essa movimentação fora do comum, com aurores entrando e saindo, revistando todos que passavam pelo portão para visitar os filhos e avaliando os prejuízos. Mamãe me contava agora que havia recebido informação de que Beauxbatons não fora a única escola a ser invadida por comensais. Parece que todas as escolas de magia existentes sofreram um ataque na noite anterior, tudo muito bem planejado por você-sabe-quem e seus seguidores.

- Será que meus amigos de Hogwarts estão bem?
- Espero que sim. Não conseguimos fazer contato com as pessoas de lá, também estou preocupada...
- Lou! Até que enfim te encontrei!

Tia Yulli chegou com os olhos cheios de lagrimas onde nós estávamos. Tia Alex e tio Scott vinham logo atrás dela com as piores expressões que podiam fazer.

- O que aconteceu? Por que estão chorando?
- Temos notícias de Hogwarts e não são das melhores...
- Por Merlin, mas o que foi que aconteceu??
- Dumbledore... Ele... Ele... – ela soluçava enquanto tentava falar. – ele morreu...

Vi que minha mãe caiu sentada no banco outra vez, os olhos se enchendo de lagrimas instantaneamente. Olhei assustado para eles, ainda sem acreditar no que acabara de ouvir. Alvo Dumbledore, morto? Não sabia explicar o que estava sentindo naquele momento, mas uma enorme sensação de vazio se instalou em mim. Sabia que tio Scott agora explicava o que aconteceu, ouvia palavras soltas como “ataque”, “torre”, “Severo Snape” e “traidor”, mas não conseguia absorver nada. Dumbledore era de longe o melhor diretor que Hogwarts já teve, era um grande bruxo, conseguia fazer com que todos se sentissem à vontade sem se esforçar e tratava os alunos como se fossem seus netos. E agora deixara milhares de órfãos... Uma lagrima escorreu pelo meu rosto sem que eu percebesse. Essa seria sem duvida a maior perda dessa guerra sem fundamento.

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