Das anotações de Ty McGregor.
Duas horas de jogo, e a partida estava apertada. Toda vez que marcávamos ponto, o time da Lux encostava-se ao placar. Brenda após levar um balaço na cabeça estava meio zonza, e precisávamos do pomo o mais rápido possível. Rebati um balaço com força contra o goleiro da Lux, quando escutei o sussurro de espanto da multidão. Procurei Ian com os olhos e ele vinha levantando vôo com o braço erguido no ar.
- 250 a 100. E vence a Sapientai!
Foram as ultimas palavras que ouvi do narrador do jogo, antes de trombar com o restante do time e comemorar muito a vitória contra a Lux. Era a estréia de Ian como apanhador e dadas as circunstancias não poderia ter sido melhor. Meu maior receio era que ele se deixasse levar pelo nervosismo tanto pela estréia quanto pelo interrogatório no Ministério sobre a história do Lobo. Mas a dedicação dele aos treinos, me fazia ficar tranqüilo quanto à escolha dele.
Encontrei Rory na saída do vestiário e logo a beijei.
- Vamos pra semi-final! - disse girando-a e começamos a rir.
- Pára Ty, estou ficando mais tonta que o normal. Vocês foram ótimos. Agora vou ficar em dúvida: Para quem eu torço?- fingiu um ar de dúvida.
- Para o melhor é claro: Sapientai. – Respondi e notei o jeito que ela colocava o cabelo atrás da orelha. Senti seu perfume. Instintivamente olhei em volta antes de dizer:
- Estamos sozinhos aqui...
- Aham...
- Acho que mereço um prêmio pela vitória de hoje...
Aproximei-me devagar e antes que a abraçasse novamente, ela disse com um ar maroto:
- Pegue-o se puder. – e correu para o castelo dando risada.
- Ty...
- Hãã...
- Você está dormindo?
- Aham...
- Vou para o meu dormitório. Podem nos pegar aqui. - tentou levantar da cama e a segurei.
- O quarto é só meu, até o final do ano letivo. Relaxa. – respondi e encostei a cabeça em seus cabelos enquanto a abraçava novamente tentando dormir.
- Ty...
- hãã?
- Você acha que o Lobo pode ser algum aluno?
- Aparentemente sim. Durma, doçura...
- O que seus pais acham?
- Meus pais sabem tanto quanto os outros aurores, e agora que eles vão sair do Ministério, algumas informações não são passadas a eles. Meu pai falou que isso faz parte da segurança, mas minha mãe acha que os outros estão com medo que o papai volte atrás na decisão dele. E se ele fizer isso, alguns não ficarão felizes.
- Eles vão sair do Ministério? Por quê?
- Porque foram convidados a serem professores da Academia de Aurores, e resolveram aceitar. Fora o fato de terem ficado indignados com o fato de darem Veritasserum pros garotos sem a presença dos pais no interrogatório. Mas alguns aurores acham, que vale tudo para mostrar serviço para o Ministro. – respondi de olhos ainda fechados.
- Você acha que tudo que um auror faz é perdoável? – e ela perguntou virando-se para mim.
Vi que não conseguiria voltar a dormir e abri o olho resignado e a olhei enquanto ela puxava o lençol para se cobrir.
- Depende. Às vezes tem coisa que não dá pra evitar. - e puxei o lençol para baixo para alisar seu ombro.
- Seu pai já matou alguém? – e ela perguntou.
- Não que eu saiba. Mas se ele matou, foi por necessidade. Por exemplo, um comensal que o ameaçasse ou para salvar alguém...
- E porque matar é a solução? Ele poderia prender o comensal, não precisaria matá-lo. Nem todo comensal é ruim...
- Quem é comensal, não tem muita noção de certo e errado. É um caminho sem volta. Minha mãe costuma dizer que comensal bom, é comensal morto. Ela não acredita no arrependimento deles, e eu estou com ela.
- Mas eles podem se arrepender, e não fazer mal a ninguém. Todos merecem uma nova oportunidade, se minha mãe ou meu pai fizeram coisas erradas no passado eu...
- Se meus pais fossem comensais, eu sequer estudaria aqui, e nunca beijaria você com medo de me contaminar com alguém de sangue mestiço. Já pensou que desperdício? - Dei risada, enquanto me aproximava dela novamente.
- É isso que quero falar, sobre os meus pais...
- Agora que você me acordou, quero ouvir algo mais interessante que os seus pais. – ergui seus braços acima de sua cabeça, enquanto deitava-me sobre ela, e antes que ela voltasse a falar sobre seus pais, beijei-a. Teríamos muito tempo para conversar sobre eles depois.
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