Por Ian Lucas Renoir Lafayette
Acordei na manhã seguinte e minha reação imediata foi procurar por Marie, mas ela já não estava mais na cama. Suas roupas também não estavam em canto algum, e nem minha camisa. Afundei o rosto no travesseiro que ela dormiu e seu cheiro ainda estava presente. Não pude conter um sorriso. Estava tão concentrado em não perder o perfume dela que não percebi que Michel me olhava atentamente, prendendo o riso.
- O que foi? – disse levantando rápido
- Nada... Já fez as malas?
- Ainda não. Ia fazer ontem, mas- - parei de falar de repente e Michel riu
- Então é bom começar, o navio sai às 11hs
Meu primo saiu do quarto e comecei a juntar minhas coisas espalhadas. Será que ele sabia? Não sei que horas Marie foi embora e tão pouco que horas ele voltou para o quarto, então não poderia saber se ele a viu aqui. Mas se bem conheço Michel, tinha certeza que ele sabia o que tinha acontecido.
A maioria dos alunos já estava no restaurante do hotel tomando café da manhã quando desci. Dei uma olhada pelas mesas e não havia sinal dela. Sentei-me na mesa com Bernard, que estava com cara de poucos amigos, e puxei algumas torradas com café para perto, comendo sem conversar. Bernard me olhava calado e sabia que ele estava tentando ler minha mente, mas não o impedi. Estava fazendo exatamente a mesma coisa ele. Meu amigo deixou escapar um sorriso e balançou a cabeça, voltando à atenção para seu prato. Ia falar sobre o que tinha visto na mente dele quando um barulho na porta do restaurante chamou minha atenção. Marie tinha acabado de chegar e esbarrou em alguns pratos, quebrando no mínimo quatro.
Observei enquanto ela procurava uma mesa vazia e quando viu que Mad e Manu estavam sozinhas, foi se sentar com elas. Sua cara não era muito boa. Seus cabelos pareciam que haviam sido penteado às pressas, seu rosto estava pálido e os óculos escuros impediam que visse seus olhos. Esperei que ela se acomodasse na mesa e levantei, traçando uma reta até lá e sentando na cadeira vaga. Manu e Mad começaram a rir assim que sentei e logo entendi que elas já sabiam. Era comunicado público agora?
- Está tudo bem? – disse ignorando os risos enquanto elas saiam da mesa
Marie apenas balançou a cabeça lentamente, como se não conseguisse fazer qualquer tipo de movimento mais brusco. Continuei falando, entendendo que ela não ia responder mais nada.
- Quando você foi embora?
- Não sei, mas Michel já havia voltado e estava dormindo
- Isso explica a cara dele ainda agora
- Depois eu devolvo sua camisa, não consegui encontrar minha blusa
- Bem, acho que ela voou pela janela ontem... – disse sorrindo e ela corou
- Olha Ian, desculpa. Eu – ela fez uma pausa como se estivesse escolhendo as palavras – eu não estava bem ontem, bebi mais do que devia e acabei agindo sem pensar.
- Eu não me arrependo. Gostei do que aconteceu. Sei que você estava um pouco alterada, mas sei também que não estava bêbada a ponto de não saber o que fazia.
- Sim, eu sabia o que estava fazendo, mas- - Marie parou de falar quando Viera passou ao nosso lado falando alto
- Gostei de ver você ontem tomando uma atitude, Marie! Deu conta do recado, Luke? A mulher estava possuída!
O salão inteiro ouviu a brincadeira de Viera e foi só uma questão de segundos até que todos somassem 2 + 2 e entendessem do que ele estava falando. Dominique foi o 1º a fazer uma piada e Marie levantou da mesa furiosa, lançando um olhar mortal para Viera e outro para mim. Olhei incrédulo para ele e saí do restaurante atrás dela, alcançando-a perto da piscina. Agarrei seu braço com força para impedi-la de continuar andando e ela me encarou séria.
- Solta meu braço, por favor
- Não, ainda não terminamos de conversar
- Não tem o que conversar, já pedi desculpas por ontem, não devia ter ido até o seu quarto
- Do que você está fugindo, Marie? Sei que você não foi me procurar porque estava chateada, você usou isso como desculpa
- Você fala com tanta convicção... É muito convencido, sabia?
- Não sou convencido, você sabe disso. Mas eu gosto de você e sei que mesmo que você não admita, gosta de mim.
- Você não tem como- - mas a interrompi com um beijo demorado. Quando ela se afastou, parecia prestes a chorar
- Olha pra mim, Marie – e a forcei a me encarar – eu gosto de você, quero ficar com você. Acho que sou apaixonado por você desde o 5º ano, mas era idiota demais pra admitir isso. E eu sei que você gosta de mim, mas por alguma razão não confia ou não acredita que o que quero é sério, então vou provar a você que não estou de brincadeira. Você não precisa me responder e nem decidir nada agora, leve o tempo que quiser. Vou provar o quanto gosto de você até o fim do ano letivo. Você vai se formar como minha namorada, Marie Laforêt!
Marie riu do jeito que falei e respirei mais aliviado. Aproximei-me dela como se fosse beijá-la novamente e ela não recuou, mas desviei o beijo para sua bochecha. Ela ainda mantinha os olhos fechados quando me afastei e os abriu lentamente.
- Não vou mais te beijar enquanto você não for minha namorada oficialmente. Se quiser mais, vai ter que confiar em mim...
Sorri para ela e subi as escadas até meu quarto para continuar arrumando as malas, deixando-a sozinha na piscina. Mesmo de costas, sabia que ela estava sorrindo. Agora era só uma questão de tempo até que eu a conquistasse de uma vez por todas.
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