Tuesday, April 10, 2007

Contra a parede

Por Ian Lucas Renoir Lafayette

Já estávamos em Santorini há 4 dias e o clima entre a turma não poderia ser melhor. Ninguém brigava ou discutia, parecia até que éramos amigos de infância que se encontram uma vez ao ano para relembrar os velhos tempos. Até mesmo Nicole estava mais sociável e garotas como a Mad arriscavam uma conversa com ela por mais de 10 minutos sem querer cometer suicídio. Nem mesmo o Lobo era lembrado aqui, parecia que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto e que nenhum aluno havia sido atacado. Se ele estava ali, entre nós, certamente havia decidido curtir a semana de folga.

Os únicos que perturbavam os alunos eram os três patetas: Thierry, Antoine e Jean. O trio desagradável implicava com todo mundo, principalmente as meninas. E o alvo mor deles desde que saímos do castelo vinha sendo Marie. Eles sempre implicavam com ela dizendo que ela era certinha demais para andar com a turma que anda, e que ela nunca teria coragem de fazer algo sem pensar, por impulso, nunca teria coragem de fazer algo irresponsável. Coitados, se eles soubessem que ela participou do processo de criação do lobo...

- Idiotas... – falei sentando ao lado dela na praia – Não presta atenção neles, Marie. Eles só querem atenção.
- Eu sei disso, são três crianças – mas sua voz denunciava que ela estava chateada
- Ah não, você não vai ficar assim por causa deles, não é?
- Assim como? Eu não estou chateada, é sério!
- Está sim, conheço você muito bem. Quer dar uma volta? Sair daqui, de perto deles um pouco?
- Não, mas obrigada
- Você quem sabe. Vou ficar um pouco com o pessoal do outro lado da festa, qualquer coisa é só chamar

Deixei Marie sozinha na beira da água e fui me juntar aos meus amigos perto da fogueira. Estávamos fazendo um lual na praia perto do hotel como despedida da viagem, pois voltaríamos a Beauxbatons no dia seguinte. Enquanto comíamos e bebíamos coisas típicas da Grécia, fazíamos planos para depois da formatura. Embora todos estivéssemos contando os dias para nos vermos livres da escola, todos admitiam que iam sentir falta de tudo. Foram 7 anos estudando juntos, passamos mais tempo uns com os outros do que com nossos próprios pais nesses últimos 7 anos. Essa era a última vez que estávamos todos reunidos em uma festa, rindo, conversando e brincando, sem preocupações na cabeça. Por mais ridículo que parecesse, eu ia sentir saudades desses idiotas.

Já passava das 3hs da manhã quando me despedi do pessoal e fui para o quarto. Marie estava sentada com Mad e Manu e tinha uma expressão esquisita no rosto. Do outro lado, Thierry, Jean e Antoine riam olhando para ela. Controlei o impulso de ir até lá e bater nos três e passei direto por eles, entrando no hotel. Ainda não tinha nem trocado de roupa quando alguém bateu na porta. Sabia que não era Michel, pois além dele ter a chave, já tinha desaparecido com a Isabela da praia há muito tempo e isso significava que só apareceriam de manha no hotel. Quando abri a porta, dei de cara com Marie.

- Oi - Ela entrou segurando um coquetel e bebendo ainda
- Oi - respondi fechando a porta
- Já vai dormir?
- Acho que sim, já está tarde e não sobrou quase ninguém na festa. Marie, você está bem?

Olhei para ela com mais atenção e percebi que ela não estava em seu estado normal. Além dos cabelos estarem um pouco bagunçados, seus olhos estavam alertas demais. Que ela estava bêbada era obvio, mas tinha certeza que ela havia tomado algo além dos drinks que preparamos. Fiquei observando ela andar pelo quarto sem dizer nada, até que parou na minha frente e me encarou, tentando parar de piscar. Esperava tudo dela, menos sua próxima ação. Antes mesmo que eu pudesse perguntar novamente se ela estava se sentindo bem, Marie me beijou. Ela veio com tanta força para cima de mim que cheguei a recuar 3 passos. Afastei-a espantado e a encarei de perto. Ela nunca teria feito isso se estivesse raciocinando direito.

- O que você tomou? Suas pupilas estão dilatadas...
- Não tomei nada – disse tentando me beijar outra vez, mas me esquivei
- Você tomou uma daquelas porcarias que o Thierry estava oferecendo?
- E se tiver tomado?
- Por que você ia fazer algo tão estúpido?
- Cala a boca, Ian! Eu estou lhe dando a vantagem, aproveite!
- Como é que é?
- Não se faça de santinho agora, pois sei que você não é

Ela me empurrou com o pé na direção da cama e cai sentado no colchão. Mesmo que eu tivesse tentado levantar, algo que não fiz, não teria conseguido. Marie sentou em cima de mim e começou a beijar meu pescoço, me deixando sem a habilidade de me mover. Ela estava brincando com fogo, e sabia disso. Era exatamente isso que ela queria.

- O que está esperando? – ela encostou a boca no meu ouvido e terminou de falar – Eu sei que você quer...

Agarrei-a pela cintura e a girei, deixando ela presa entre meu corpo e o colchão. Ainda observei ela começar a desabotoar minha camisa antes que eu arrancasse sua blusa e a atirasse pela janela. Não era bem partindo desse tipo de abordagem que imaginei que seria esse momento, mas pro inferno, se era isso que ela queria, quem sou eu para negar?


It's a beautiful day
The sky falls and you feel like it's a beautiful day
Don’t let it get away

Beautiful Day – U2

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