Thursday, November 30, 2006

Bem longe de suspeitas...

- Tudo bem, por hoje é só... Podem descer!

Direcionei minha vassoura para o chão e encostei os pés levemente na grama molhada do campo. Todos os artilheiros dos quatro times de quadribol da escola estavam recebendo treino direcionado do professor, que agora, avaliava o desempenho de cada um. Quando ele finalmente terminou e nos liberou, Isa veio correndo até mim, parecendo aflita.

IM: Samuca, preciso falar com você!
SS: Tudo bem... Vamos conversar lá no lago, eu já imagino do que se trata.

Saímos caminhando juntos e em silêncio até o lago, então ela se virou de frente pra mim e disse sem rodeios.

IM: Foram vocês? Vocês que pegaram aquela menina?
SS: O QUÊ? Isa, eu gosto de brincadeiras, mas nunca seqüestraria alguém pra pregar uma peça! Esse “lobo” não é nenhum de nós! As coisas saíram de controle, eu também estou com medo. Medo inclusive de ficar conversando aqui a essa hora da noite, tão perto daquela floresta! – olhei em direção à floresta, onde as árvores escuras se erguiam.
IM: Eu não achei que tinha sido vocês, mas era a minha última esperança! E agora? E se ele atacar de novo?
SS: Duvido... Tem muitos aurores circulando aqui, ele vai dar um tempo, espero.
IM: É, imagino que sim, e enquanto isso, a menina fica desaparecida... – Isa tinha uma expressão triste, e olhou a floresta também. Ficamos em silêncio quando ela arregalou os olhos. – Eu devo estar ficando louca!
SS: Isa? O que foi? – olhei para a direção dos olhos dela, e meus olhos se arregalaram também, em choque. Vi nitidamente, saindo das árvores, uma única figura silenciosa. – É... ela?!
IM: Mathilde!!! – Isa saiu correndo até ela, e fui atrás, entrando em colapso.

Quando nos aproximamos, pude reconhecer a menina que estava desaparecida há quase uma semana. Estava com o uniforme sujo, e uns botões da blusa abertos. Os cabelos desarrumados e sujos de terra, e uns arranhões no rosto e nos braços, descalça. Olhou desconfiada para Isa, que estava a um palmo de distância dela, mas não parou de andar. Alcancei as duas ofegante.

SS: Mathilde! Você está bem? Onde você estava? Quem é ele? O que ele fez com você???

A menina parou me encarando como se eu fosse algo sobrenatural, e sorriu docemente.

- Oi?!
IM: Mathilde, você está bem?
- Quem são vocês? O que eu estou fazendo aqui? Eu estava com meu irmão, ele estava jogando bexigas e mamãe ainda não serviu o jantar! Vai ficar danada se eu não tiver em casa na hora do jantar!

Olhei pra Isa em desespero. Era a menina, eu tinha certeza, mas ela estava delirando. Isa estava com os olhos cheios de água, tremendo, enquanto segurava o braço da menina com força.

SS: Mathilde, você está no castelo, em Beauxbatons, se lembra? E alguém te levou pra dentro da floresta, você ficou lá quase uma semana! Consegue se lembrar de mais alguma coisa?
- Não, não estava no castelo, já disse! Estava com o meu irmão, jogando bexigas! Quem são vocês? Eu tenho que ir pra casa, depressa! Me solta! – ela puxou o braço com violência, se livrando da mão da Isa.

Continuou andando e ficamos atrás, perplexos.

IM: Ela está fora de si, ela não se lembra de nada! Samuca, o que “ele” fez com ela? – Isa não conseguiu segurar as lágrimas.
SS: Temos que anunciar que ela voltou, e levar até a enfermaria! Me ajude a arrastar ela até o castelo, está bem? – ela concordou com a cabeça e alcançamos Mathilde novamente, cada um segurando com força um dos braços dela e fazendo-a ir conosco até o castelo.

Estava na hora do jantar, e a maioria dos alunos, estavam reunidos no Salão Principal comendo. Assim que entramos, Isa gritou pedindo ajuda. Um dos aurores, o McGregor, veio correndo até nós ajudando a amparar a menina. O barulho chamou a atenção, e em poucos segundos, toda a escola se encontrava reunida em choque ao nosso redor. Máxime veio correndo e abrindo caminho.

MM: Por Merlin! Onde ela estava?

Isa começou a relatar como a tínhamos encontrado, e o estado de alucinação de Mathilde, que logo foi levada à enfermaria, parecendo desesperada agora em voltar para casa antes que sua mãe servisse o jantar...

***

IL: Ela não se lembra de nada?
SS: Nada, absolutamente nada! Estava delirando, falando que estava em casa jogando bexigas com o irmão enquanto esperava a mãe fazer o jantar!
BL: Mas como? Quem a pegou deve ter feito um feitiço ilusório ou alguma coisa assim, não consigo entender!
SS: Não sei o que fez com ela, só que não consigo me decidir se acho isso bom, ou ruim!
DC: E a máscara?
IL: A minha máscara, você quer dizer né? Eu não acredito que esteja usando a MINHA máscara para atacar as pessoas! – Ian deu um soco na mesa, frustrado. Madeline fez “shh” olhando ao redor parecendo alarmada.
OV: Bom, pelo menos ela está aparentemente bem, e viva, o mais importante. Quando Madame Magali conseguir recuperar a memória dela, ela vai nos dizer quem é o idiota...
MD: E quando ela nos disser quem é, eu faço questão de enforcá-lo com minhas próprias mãos. – Michel fez um sinal ameaçador com os punhos.

O clima de tensão estava óbvio na nossa conversa, enquanto eu relatava o que tinha acontecido para o restante. Respirei fundo, sentindo de repente um amargo no estômago.

SS: Não quero passar o Natal em casa, meu pai vai me mandar para Azkaban. Vai fazer um interrogatório, até me dar “Veritasserum”. Eu tenho certeza que ele sabe que a brincadeira partiu de mim também, ele sempre sabe...
MD: Não quero nem pensar nos meus pais...
IL: E nos meus! Meu pai vai me transferir de Beauxbatons para uma clínica psiquiátrica.
BL: E se não passássemos as festas em casa?
MV: O que você está querendo dizer com isso?
BL: E se viajássemos? Sozinhos...
SS: Depois do México? Esqueceu que eu voltei matrimoniado? Meu pai não me deixa viajar sozinho nunca mais, nem pra esquina de casa!
ML: O que você está planejando Ber? – Marie perguntou interessada.
BL: Bom, meu pai tem o barco, certo? E ele vai estar à disposição esse final de ano, porque eles não vão viajar. E eu sei velejar, o Luke também tem uma noção. Alguns aqui já são maiores de idade, então eu pensei...
OV: Você está oferecendo o barco do seu pai para viajarmos no final do ano? Sozinhos? Bernard, você está bem?
BL: Eu estou falando sério! Porque não vamos? Podemos sair de Paris direto para a...
MD: Alemanha! Sempre quis conhecer a Alemanha! E se saíssemos do Rio Sena, pararíamos lá, pegando a rota certa! – Manuela falou com brilho nos olhos.
DC: Cara, ótima idéia! Então, podemos fazer uma lista de quantos vão?

Em poucos segundos o clima de empolgação era tamanho que nem nos lembrávamos mais de Mathilde, lobo, máscara ou qualquer outra coisa tensa. Se der tudo certo... Paris, au revoir!

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